Carmem Praxedes (UERJ)

Umberto Eco é um escritor italiano que se tornou bastante conhecido com a publicação de O Nome da Rosa (1980), apesar de nesta época já possuir uma considerável obra crítica, teórica e literária.

Neste trabalho voltaremos o olhar para Eco, considerando o relato contido em Pós-escrito a O Nome da Rosa (1985), em que o autor estabelece, direta ou indiretamente, um paralelo entre o seu trabalho como escritor com aquele do pesquisador.

Segundo Eco é necessário ter uma idéia seminal para pôr-se a narrar: Entendo que para contar é necessário primeiramente construir o mundo, o mais mobiliado o possível, até os últimos pormenores. (1985:21).

Ao nosso ver, é este o mesmo caminho a ser percorrido pelo pesquisador. Quantas vezes um aluno de graduação não se sentiu angustiado por não ter tido aquela idéia que possibilitasse a construção de sua monografia de final de curso? Algo que desencadeasse “o fato cosmológico”, pois pesquisar não é, sobretudo, criar? O problema é construir o mundo, as palavras virão quase por si sós (op. cit: 22).

Certamente, esta facilidade narrativa é privilégio de poucos, sejam eles escritores ou pesquisadores. Contudo, Eco reconhece que as dificuldades fazem parte do mundo narrativo e também do mundo da pesquisa. O primeiro ano de trabalho do meu romance foi dedicado à construção do mundo. Longas listas de todos os livros que podiam ser encontrados em uma biblioteca medieval.(id.,ib.).

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