A
LÍNGUA
POÉTICA DO
BARROCO
ESPANHOL
Patricia Festini (CiFEFiL)
(pfestini@gmx.net)
Ementa
Caracterização e
análise da
língua
poética do
Barroco
espanhol
sob
textos dos
autores
mais
relevantes do
período.
Justificativa
A
leitura dos
textos poéticos espanhóis do
período
Barroco pode
apresentar
dificuldades
para o
leitor de
hoje. A
expressão
barroca revela
um
ideal de
língua
literária
dado
que,
para os
poetas do
período, a
língua
oral
não podia
ser a
mesma
que a da
poesia.
Luís de Gôngora (1561-1627) e Francisco de Quevedo
(1580-1645)
são os
principais
expoentes da
poesia
barroca espanhola e apresentam, na
sua
produção,
poemas
complexos
em
que a
língua é trabalhada
até o
limite.
O
propósito deste minicurso é
analisar as
características da
expressão de
ambos os
autores
como uma
aproximação à
problemática da
língua
poética do
Barroco
espanhol.
Questões
Liminares
O
caminho
até o
Barroco
Baltasar Gracián,
em
seu
Agudeza y
arte de ingenio (Madrid, 1642), define á
palavra
barroca
como uma
hidra bocal:
Es
como
hidra bocal
una dicción,
pues a más de su propia significación,
si la cortan o
la transtruecan, de
cada
sílaba renace
una
sutileza ingeniosa y de
cada
acento un
concepto. (apud
EGIDO, 1990: 9)
É,
precisamente, neste
sentido
que queremos
apresentar a
língua
poética do
Barroco
espanhol.
Palavras
que geram outras
que,
por
sua
vez, voltam a
gerar
novos
vocábulos.
Mas esta
modalidade
barroca
não nasce de
repente. É o
resultado do
caminho recorrido
pela
literatura
entre os
séculos XVI e XVII.
O
maior
poeta do
Renascimento
espanhol foi Garcilaso de la Vega.
Sua
poesia é
muito elaborada,
não apresentando ao
leitor
moderno as
dificuldades dos
poemas do
século XVII.
Ele
manifesta
seu
ideal
lingüístico numa Carta-prólogo de 1534,
que escreve
para a
tradução ao
espanhol de Il Corteggiano de
Baltasar de Castiglione,
feita
por Juan de Boscán.
Ali louva o
trabalho do tradutor e se refere ao
ideal da
língua neste
modo:
Guardó
una cosa en la
lengua castellana
que muy pocos
la han alcanzado,
que fue huir
del afetación sin
dar
consigo en
ninguna sequedad, y con gran limpieza de
estilo usó de
términos muy
cortesanos y muy admitidos de los buenos oídos y no nuevos ni al
parecer
desusados de
la
gente. (apud
PROYECTO BOSCÁN)
Este
parágrafo funciona
como uma
definição do
estilo do
Renascimento:
naturalidade,
claridade,
vocabulário adequado e pertencente à
língua
em
uso.
Porém,
já
avançado o
século XVI, algumas
coisas começariam a
mudar. A
obra
poética de Garcilaso foi
objeto de
um interessante
comentário filológico. Estamos fazendo
referência às Anotaciones a las
obras de Garcilasso de la Vega,
compostas
por Fernando de Herrera.
Herrera
não
só é
comentarista,
mas
poeta, e
pertence, literariamente, ao
que poderíamos
denominar de
Segundo
Renascimento.
Seu
trabalho,
desde
sua
ótica de
poeta, é uma
reflexão
sobre a
arte de
fazer
poesia. E é
ali
que os
conceitos louvados
por Garcilaso começam a
ser questionados.
Em
princípio,
ainda
que continue defendendo a
claridade, aparecem
certas
limitações. É
assim
que, ao
definir o
soneto, afirma
que:
Su
verdadero sujeto y materia debe
ser
(...) descrita de suerte
que
parezca propia y nacida en aquella
parte,
huyendo la oscuridad y
dureza,
más de suerte
que
no descienda a
tanta
facilidad,
que
pierda (...) la dignidad
conveniente,
y en
este
pecado
caen muchos,
que
piensan
acabar
una
grande
hazaña cuando escriben de la manera
que
hablan (...) (apud
GALLEGO
MORELL, 1966: 282)
Este
é
um
conceito
fundamental:
não
escrever
poesia
da
maneira
que
se
fala.
O
modelo
procurado no
primeiro
Renascimento
era
escrever
do
modo
mais
natural
possível.
Entretanto,
o
segundo
considera o
fato
de
trabalhar
a
língua
literária
para
distingui-la da
língua
falada.
Isso
daria
dignidade
à
criação
poética.
Refere-se
também
à
língua
espanhola, a
qual
considera
muito
apropriada
para
a
poesia,
dizendo
que:
Por
nuestra ignorancia habemos estrechado los términos
extendidos de nuestra lengua, de suerte
que
ninguna es más corta y menesterosa
que
ella; siendo la más abundante y
rica
de todas las
que
viven ahora.
Porque
la
rudeza
y poco entendimiento de muchos la han reducido a
extrema
pobreza;
excusando
por
delicado
gusto, siendo muy ajenos del buen conocimiento, las dicciones puras, propias
y
elegantes;
una
vez
por
no
ser
usadas y comunes, otras
por
no incurrir en la ambigüedad de la significación. (op. cit.: 316)
Dessa
forma, contradiz
outro dos
postulados de Garcilaso,
já
que privilegia a
utilização de
vozes
em desuso.
Ele acredita
que,
para
ser
um
bom
poeta,
não deve
ser compreendido facilmente e declara-o
assim:
Y
si es alabado
en los
poetas
latinos el
uso y
artificio de las
figuras,
también será en los nuestros y acertado declaráis en éstos
como en
aquellos. Y
si la novedad
causare extrañeza en el lenguaje español, el
trato las hará
domésticas y parecerán propias
como son. (op.
cit.: 317)
De
fato,
em
seus
poemas,
usa
neologismos,
porém
eles
não foram incorporados à
língua espanhola.
A
concepção
poética de Fernando de Herrera tende ao
que se
chama de
poética cultista, a
qual entende a
literatura
como uma
amostra de
erudição. A
norma é a
imitação da antigüidade
greco-latina,
não
só
nos
temas e
gêneros
mas
também no
léxico, na
sintaxe e nas
alusões mitológicas.
Por
isso, é uma
peça
fundamental na
transição
entre aquela
poesia de Garcilaso de la Vega e a dos
maiores
expoentes do
Barroco
espanhol.
O culteranismo e o conceptismo
(de
escolas opostas a
estilos
irmãos)
Antes de centrarmos na
problemática da
língua
poética
barroca, devemos
nos
deter
em
certas
considerações
críticas
que limitam a apreciação do
fenômeno.
Durante
muito
tempo, os
estilos de Luis de Góngora y Francisco de Quevedo
foram apresentados
como
diametralmente
opostos. A
origem desta
consideração deve-se a Marcelino Menéndez y Pelayo
(1884: II, IX)
que apresentou as
escolas de Góngora e Quevedo
como contrárias. E
esse
modo de apresentá-las tergiversou o
verdadeiro
enfrentamento poético da
época: a
polêmica
que surgiu
com a
aparição das
Soledades do
poeta
andaluz. Os
defensores da
claridade
nos
poemas atacaram a nueva poesía e os
cultos,
seus
seguidores. O
vocábulo culteranismo lembra
luteranismo e traz a
idéia de
heresia
literária
que se deve
combater. A
raiz é
culto,
particípio do
verbo
cultivar
que
já
tinha o
significado de
douto
ou
erudito. A
poesia construía-se
conforme uma
tendência latinizante no
léxico e na
sintaxe.
O
vocábulo conceptismo é
posterior ao
período
que estamos estudando e surge da
palavra concepto num
intento de classificação das
escolas literárias.
Gracián define o
termo, na
obra citada,
como "un acto del entendimiento
que exprime la correspondencia
que se halla
entre los
objetos" (apud
LÁZARO CARRETER, 1966: 14-15). O
poeta,
então, elabora uma intricada
rede de
relações, acumulando
mecanismos conceituais,
tais
como comparações,
metáforas, dilogias
ou
jogos de
palavras
que dificultam a
compreensão
tanto do
léxico
quanto da
sintaxe
gongórica.
Ambas as
manifestações apresentam
um
denominador
comum
que determinou Ramón Menéndez Pidal (1945: 221)
dando
fim ao
problema da
oposição
entre gongoristas y conceitistas.
Ele ressalta a
obscuridade
como o
princípio
fundamental
em
ambos os
estilos,
que considera
irmãos.
Anos
mais
tarde, esta
idéia é reafirmada
por Fernando
Lázaro Carreter (1966: 59) ao
definir o culteranismo
como
um
movimento radicado numa
base conceitista.
Além da
obscuridade, Celina
Sabor de Cortazar (1987: 78) distingue
um
segundo
denominador
comum: a
preocupação
com a
palavra
em
si,
com o
verbo
em
ato
criador.
Em Góngora, a
palavra eleva a
natureza e o
mundo
cotidiano a uma
esfera
quase
mágica e transfigura no
verso a
realidade de
todos os
dias. Emquanto
em Quevedo o
poder da
palavra dá à
língua uma corporalidade
quase
física.
É
nosso
objetivo, neste minicurso,
estudar as
principais
características de
ambos os
autores e
analisar
sua
função no
interior dos
textos,
precisamente
quando se
manifesta essa
preocupação
com a
palavra
em
si ,
com o
verbo
em
ato
criador.
Góngora e
Quevedo
A
língua
poética
de Góngora
Em
meio à
polêmica da
aparição das
Soledades, Góngora defendeu-se
com uma
Carta … en respuesta a la
que le escribieron, na
qual afirma
que
Demás
que
honra
me ha causado
hacerme
escuro a los
ignorantes,
que esa es la
distinción de los hombres doctos, hablar de manera
que a ellos le
parezca griego; pues no se han de
dar las piedras preciosas
a
animales de
cerda. (apud
MARTÍNEZ ARANCON, 1978: 43)
Ali compara
seu
trabalho
com as Metamorfosis de Ovídio,
já
que considera
que
ambos os
textos apresentam
um
grado de
dificuldade
tal
que o
leitor
precisa
cooperar
para
sua
resolução.
Neste apartado vamos
nos
deter
em algumas das
características
que acentuam essa
dificuldade do
estilo de Góngora.
Cultismos
léxicos
São
palavras de
evolução não-tradicional, compreendendo
toda
voz
que
não foi
desenvolvida de
acordo
com as
normas
fonéticas
porque a
cultura atuou
como freadora da
evolução
ou
como
importadora da
palavra.
Cultismos tipicamente gongorinos:
adolescente,
adunco, adusto, alterno, anhelante,
aplauso,
argentar,
aura,
caduco, cálamo, caliginoso, cándido,
candor,
canoro,
caverna, céfiro,
cerúleo, cisura, cóncavo, concento,
conculcar,
construir,
coturno,
crepúsculo,
culto,
ebúrneo,
emular, émulo,
erigir,
errante,
esfera,
esplendor,
estrépito, fragante,
frustrar,
fugitivo,
ilustre,
libar,
líquido,
lúgubre,
meta,
ministrar, naufragante, nocturno,
ostentar,
pira,
pululante,
purpúreo, trémulo,
vulto.
O cultismo tem
também
um
valor
fonético
externo no
verso,
por
exemplo,
quando
usa
um cultismo
proparoxítono
em
que cai o
acento rítmico.
Isto
reforça a
expressão de
todo o
verso:
pintadas
aves,
cítaras
de
plumas
Em muitas
oportunidades, ao cultismo
proparoxítono une-se uma
sensação colorista
que ilumina
tudo:
de aljófares purpúreos coronado
O cultismo
gongórico tem
um
grande
valor
expressivo.
Cultismos
semânticos
São
palavras
que têm uma
acepção
vulgar e
outra
culta.
Estas
que
me
dictó
rimas
sonoras,
culta
sí, aunque
bucólica
Talía… (Polifemo)
Cultismos
sintáticos
Dentro dos
mecanismos
com
que Góngora pretende
acercar a
língua espanhola ao
latim, destacam-se procedimentos
sintáticos de
tradição
latina,
que repete
como cristalizações artificiosas.
Verbo
ser
como 'sirver' o 'causar'
Allí
una
alta
roca
mordaza es a
una
gruta,
de su
boca
[ser
como
servir]
(Polifemo)
pellico es ya la
que
en los
bosques
era
[ser
como
causar]
mortal
horror
(Polifemo)
Acusativos
gregos
Construção
muito
esquisita e
pouco
freqüente reproduzindo uma
fórmula
que
era
um cultismo na
poesia
latina:
Su
horrenda
voz,
no su dolor
interno,
cabras
aquí le interrumpieron, cuantas
-vagas al pie, sacrílegas el cuerno-
a Baco se atrevieron en sus
plantas.
(Polifemo)
cabras ... -vagas al pie, sacrílegas al
cuerno-: As
cabras
são movediças no
que se refere a
seus
pés; sacrílegas no
que se refere a
seus
cornos.
Hipérbato
Consiste na transposição o
mudança do
ordem
normal das
palavras. O
hipérbato
era
normal
em
latim
porque a
língua
escrita
era
muito
diferente da
falada. O
latim
literário conservou uma
colocação arcaizante
enquanto o
vulgar é
mas
simples.
Quando Góngora introduz
hipérbatos no
seus
poemas, aproxima a
língua espanhola à dualidade
que
tinha a
latina.
Os
hipérbatos de
uso
mais
freqüente
são:
separação do
substantivo do
seu modificador
direito:
Pasos de un
peregrino
son
errante
(Soledades)
un
monte
era
de miembros
eminente
(Polifemo)
separação do modificador
indireto do
substantivo:
Del siempre en la montaña opuesto
pino (Soledades)
anteposição da
proposição do
relativo
com
que a
seu
antecedente:
las
que
verdes
hamadrías
abortaron las
plantas
(Soledades)
Estas
que
me
dictó
rimas
sonoras (Polifemo)
Repetição de
fórmulas
estilísticas (fórmula
A,
si no B)
Numa
primeira
leitura dos
poemas
gongóricos, é
clara a
tendência a
repetição das mesmas
fórmulas sintáticas
que, Dámaso Alonso
chama de A,
si no B:
marino,
si
agradable no,
instrumento
(Polifemo)
…húmidas centellas,
si
no aljófares
líquidos
sudando,
llegó Acis… (Polifemo)
Léxico
colorista e suntuario
No
léxico
gongórico intensificam-se os
campos
semânticos relacionados
com os
cores.
Sua
poesia é colorista
em
extremo e as
séries de
cores
mais
freqüentes
são:
Vermelho:
livor,
púrpura,
rubíes, rojo,
grana,
acanto,
carmesí, escarlata,
coral,
clavel,
rosa.
Branco:
lino, lana, lilios,
espuma, perlas,
nieve,
cisnes,
corderos, plata,
argentar.
Ouro:
oro, dorado, rubio, topacio, miel.
Azul:
azul, zafiro,
cerúleo.
O
verde,
que se
encontra
extensamente na
natureza, tem
um
valor
real. O
preto aparece
como
um
elemento
discordante
dentro da
harmonia do
mundo.
Recursos estilísticos
Na
poesia de Góngora, apresenta-se uma simplificação
enobrecedora do
mundo. Desaparece o
feio da
natureza e estiliza-se a
beleza. Esta estilização é
possível
pelo
contínuo e complicado
jogo de
metáforas
que
usa.
Por
exemplo, nas
Soledades, a
água do
rios,
mar,
fonte
ou
lágrimas
sempre é
cristal,
mas
cristal
também
são os
belos
membros de Galatea no Polifemo (al
sonoro
cristal, al
cristal
mudo).
Sua
linguagem
habitual é
sempre
um
jogo repetido de
metáforas,
sinédoques,
metonímias,
perífrases. Revisaremos o
uso
que
ele fez destes
recursos.
Metáfora e
imagem
A
imagem é a comparação
entre
dois
elementos:
um
real e
outro
irreal (por
exemplo, sus dientes eran menudas perlas).
Assim, o Polifemo
Un
monte
era
de miembros
eminente
no
entanto,
era
Acis un venablo de
Cupido…
A
metáfora designa
somente o
elemento
ideal (por
exemplo,
para
nomear os
dentes,
só escrevera perlas).
Assim, uma
coruja (um buho)
será:
grave,
de
pesadas
plumas
globo…
(Soledades)
e a
sensação do
vento
zéfiro:
Vagas
cortinas
de
volantes
vanos
corrió Favonio lisonjeramente… (Polifemo)
Metonímia e
sinédoque
A
metonímia é uma
substituição
similar à
metáfora. Designa uma
coisa
através de
outra,
com a
qual está relacionada.
Por
exemplo, o
instrumento
pela
coisa
significada:
y al cuerno, al fin, la
cítara suceda… (Polifemo)
para
designar
caça e
poesia.
A
sinédoque
também apresenta uma
substituição,
mas de
quantidade.
Assim,
para
designar os
navios, dirá:
de la Religión
seis
velas
Perífrases alusivas
Eis
outra
maneira de
substituição da
realidade
para
eludir a
representação
direita.
Conserva a
noção
real
mas
sem
utilizar a
palavra
correspondente.
Por
exemplo, nas
Soledades, o
macho cabrum será:
el
que
de
cabra
fue dos veces ciento
esposo casi un
lustro,
cuyo diente
no perdonó racimo aun en la
frente
de Baco, cuando más en su sarmiento…
e o
feio
pavão de Índias,
diferente do
pavão
real:
Tú,
ave
peregrina,
arrogante
esplendor
-ya
que
no bello-
del
último occidente...
Aliteração
Gôngora
usa
como
reforços
expressivos,
elementos
que vem
pelo
significante. A
aliteração é de
um
som
ou uma
série de
sons
semelhantes num
enunciado.
Assim, o
clamor dos
cornos
marinhos será:
Trompa
Tritón del agua a la
alta
gruta
Paronomasias
Consiste
em
colocar
próximos na
frases
dois
elementos
parônimos:
vendado
que
me
has vendido
Plurimembrações e
correlações
Outro
elemento
muito
importante na
poesia
gongórica é o
uso de bimembres
que podem
expressar
contraste (negras vïolas, blancos alhelíes)
embora
freqüentemente,
não tenha
oposição
lógica (gimiendo
tristes y volando
graves).
Esta
estética
dual contribui
para
formar
correlações:
Ni en
este
monte,
este
aire, ni
este
río,
corre fiera, vuela
ave,
o pece
nada
A
língua
poética
de Quevedo
A
linguagem utilizada
por Quevedo é
impossível de se
abarcar. Utiliza
toda a
escala sociolingüística de
seu
tempo: o
estilo
elevado dos
poetas, a
literatura
edificante, o
vocabulário
profissional de
médicos e
juristas, a
língua
familiar das
mulheres
ou os
términos da
gíria.
A multiplicidade é
um rasgo
importante do
estilo quevediano e manifesta-se,
em
particular,
em
sua
poesia satírico-burlesca.
A
análise de
alguns dos rasgos da expressividade da
poesia satírico-burlesca de Quevedo
nos permitira
compreender a
dimensão de essa multiplicidade.
A expressividade fônica
Como
em Góngora, é
importante o
jogo
que o
poeta fez
com os
sons. Isotopias,
aliterações e cacofonias acumulam-se
nos
poemas quevedianos.
Assim,
em
um
soneto
cujo
tema é uma
visão
pessimista da
vida, a
intensificação cacofônica contribui ao
sentido
lúdico:
La
vida
empieza en
lágrimas
y
caca,
luego viene la
mu,
con
mama
y
coco,
síguense las viruelas,
baba
y moco,
y luego llega el trompo y la
matraca.
A
criação
idiomática: o
neologismo
Criação
verbal
por
excelência é,
em Quevedo,
um
elemento
lúdico
que contribui
para o
efeito de comicidade.
Um
problema
que aparece ao se
estudar os
neologismos
em
sua
poesia é
que,
em muitas
oportunidades,
estes
só têm
sentido no
contexto
em
que figuram.
Assim
em:
son los vizcondes
unos
condes
bizcos
que
no se sabe hacia qué
parte
conden
condar,
que significaria "ser
conde",
não funciona se estiver separado do
verso
anterior.
Na
construção de
neologismos podemos
encontrar
alguns
que
são
paródia de uma
palavra e
outros
que remetem a
esquemas
comuns a várias
palavras.
Paródia de uma
palavra
Substitui-se
parte de uma
palavra
dada
por
outra
que impõe o
sentido do
contexto,
como de
mariposa = diabliposa.
Estes podem
ser:
Por
condensação:
quando condensam numa
palavra uma
idéia
que se formaria
com
um
grupo de
palavras. Ex.: quintacuerna,
que condensa "quintaesencia de la cuerna".
Por comparação condensada: condensa
uma comparação
entre duas
entidades:
aquilo do
que se
trata e
outra
coisa
qualquer
com a
qual se possa
relacionar. Ex.: libropesía,
que condensa "hidropesia"
com "libros"
Por
jogos de
palavras:
como
criar saca-agüelas a
partir de "sacamuelas"
Por
diferenciação
expressiva:
Expressa
em
forma
mais
agressiva a
mesma
coisa
que
com a
palavra
parodiada. Ex.: jerigóngora.
Imitação de
esquemas
Imitam-se
esquemas
comuns a várias
palavras, formados
por
derivação e
composição:
formações
com os
prefixos proto e archi (ex.:
protovieja, archidiablo);
com
sufixos e
resultados
nominais
ou
verbais (ex.: cornudería, merlincocaizar)
ou
compostos coordenativos e subordinativos de
substantivos,
verbos e
adjetivos (ex.: cultipicaña).
O conceitismo e Quevedo: a
agudeza
conceptual
Embora haja procedimentos conceptistas
em
toda a
literatura espanhola
desde a
Idade Media
até
hoje, é o
Barroco o
período
que fez do conceitismo o procedimento
criador
por
excelência.
Já temos
visto a
definição de Gracián
que entende
conceito
como
um
ato do
entendimento
que exprime a
correspondência
que se
acha
entre
objetos. A
base do
método baseia-se no
estabelecimento de
relações
entre
objetos
diversos. O
poeta
não isola
seu
objeto
mas o põe
em
relação
com
outros
objetos
muito afastados.
Ainda
que esta
definição englobe a
figuras
retóricas tradicionais
como a
metáfora, a comparação
ou a
alegoria, estas
figuras
serão
agudezas conceituais
quando apresentem a dificultad,
que é o
alma do
conceito.
Alguns
tipos de
agudeza
conceitual
em Quevedo
Agudeza
por
semelhança
A comparação e a
metáfora
são a
base da
agudeza
por
semelhança.
Em
muitos
casos, está fundamentada
em
elementos
visuais,
tais
como
assimilar a
testa de
um
calvo a calavera, melón
ou
casco,
ou
descrever uma
mulher
feia
que treme
pelos
ratos dizendo:
estás tan arrugada
que
pareces al queso
por
de fuera
Agudeza
por exageração
A
hipérbole é
um dos
recursos da
arte
barroca e
em Quevedo é
básico.
Assim,
ante
um
só
dia de matrimonio:
decidme, ¿cuánto
número
de edades
enfunda el matrimonio en sólo un día?
Jogos de
palavras
Em Quevedo,
todo
jogo
verbal
com
significantes implica
um
jogo
mental
com
significados.
Paronomasias
Podemos
encontrar
jogos
lúdicos
muito
simples,
como o
epitáfio de
um
cão chamado "Leal":
ladró al ladrón, pero calló al
amante
ou o relato
das desventuradas
aventuras
do Orlando.
Mas,
em
alguns
casos, é
possível
achar
um
neologismo
como
um dos
términos da paronomasia;
bien se puede llamar libropesía,
sed insaciable de pulmón librero
Dilogia
Consiste
em
usar uma
palavra
em
dois
sentidos
diferentes
dentro de
um
mesmo
enunciado.
Alguaciles y alfileres
prenden
todo
cuanto agarran;
no
me
infundáis,
que
no soy almohadas
Nosso percorrido
por algumas das
principais
características da
língua
poética do
Barroco
espanhol
não pretendeu
ser
exaustivo. É
simplesmente uma
pequena
amostra da
grandeza
expressiva de Góngora e Quevedo, e das
possibilidades de essa
hidra
vocal
que
projeta a
palavra
barroca
até o
infinito.
Textos
para
a
análise
Luis de Góngora
Fragmento de
sua
primeira
canção
publicada à
frente da
tradução de
Os
Lusíadas
por Luis Tapia
(1580)
Suene la
trompa
bélica
del castellano cálamo
dándoles
lustre y
ser a Las
Lusíadas,
y con su
rima angélica
en el
celeste tálamo
encumbre su
valor
entre las
Híadas.
Napeas y Hamadríadas
con
amoroso
cántico
y espíritu poético
celebren nuestro bético
del
Mauritano
mar al
mar Atlántico,
pues vuela su Calíope
desde el
blanco francés al
negro
etíope.
(ALONSO, 1967: I, 99)
A CÓRDOBA (1585)
¡Oh
excelso
muro! ¡Oh
torres
coronadas
de honor, de majestad, de gallardía!
¡Oh
gran río, gran rey de Andalucía,
de
arenas nobles,
ya
que no
doradas!
¡Oh
fértil llano,
oh sierras levantadas
que privilegia
el cielo y dora el día!
¡Oh
siempre glorïosa patria mía
tanto
por
plumas cuanto
por
espadas!
Si
entre aquellas
ruïnas y
despojos
que enriquece
Genil y Darro baña,
tu memoria no
fue
alimento mío,
nunca merezcan
mis
ausentes ojos
ver
tu
muro,
tus
torres y
tu río,
tu llano y
sierra, ¡oh
patria!, ¡oh
flor de
España!
(ALONSO, 1967: II, 139)
ROMANCE
(1603) [fragmentos]
En los pinares de Júcar
vi
bailar unas serranas,
al son del agua en las piedras
y al son del viento en las
ramas.
No es blanco
coro de
ninfas
de las
que
aposenta
el agua,
o las
que venera
el
bosque,
seguidoras de Dïana:
serranas eran de Cuenca,
honor de aquella montaña,
cuyo pie besan dos
rios
por besar
de ella las
plantas.
……………………………………
|
Una
entre los
blancos
dedos
hiriendo negras pizarras,
instrumentos
de marfil
que las
musas le
invidiaran,
las
aves
enmudeció
y enfrenó el
curso del
agua;
no se movieron las hojas
por no
impedir lo
que
canta:
"Serranas de Cuenca
iban al
pinar,
unas
por
piñones,
otras
por
bailar.
Bailando, y partiendo,
las serranas bellas,
un piñón con otro,
si ya no
es con perlas,
de
Amor las
saetas
huelgan de
trocar,
unas
por
piñones,
otras
por
bailar.
(ALONSO, 1967 , II : 46-48) |
FÁBULA DE
POLIFEMO
Y GALATEA (1613)
1
Estas
que
me dictó
rimas
sonoras,
culta sí,
aunque
bucólica,
Talía
-¡oh
excelso
conde!-,
en las purpúreas
horas
que es
rosas la
alba y
rosicler el día,
ahora
que de
luz la
Niebla doras,
escucha, al son de la
zampoña mía,
si ya los
muros no
te ven, de
Huelva,
peinar el viento,
fatigar la
selva.
4
Donde
espumoso el
mar
sicilïano
el pie argenta de plata
al Lilibeo
(bóveda o de las fraguas
de Vulcano,
o
tumba de
los huesos de Tifeo),
pálidas señas cenizoso un
llano
-cuando no del
sacrílego
deseo-
del
duro
oficio da. Allí
una
alta
roca
mordaza es a
una
gruta, de
su
boca.
5
Guarnición
tosca de
este
escollo
duro
troncos
robustos
son, a cuya greña
menos
luz debe,
menos aire
puro
la
caverna
profunda,
que a la
peña;
caliginoso lecho,
el
seno
obscuro
ser de la
negra
noche
nos lo
enseña
infame
turba de
nocturnas
aves,
gimiendo
tristes y
volando
graves.
6
De
este,
pues, formidable de la tierra
bostezo, el melancólico
vacío
a Polifemo,
horror de
aquella sierra,
bárbara
choza es,
albergue
umbrío
y
redil
espacioso donde encierra
cuanto las cumbres
ásperas cabrío,
de los
montes,
esconde: copia bella
que un
silvo
junta y un
peñasco sella.
7
Un
monte
era de
miembros
eminente
este (que,
de Neptuno hijo fiero,
de un ojo ilustra
el
orbe de su
frente,
émulo casi del mayor
lucero)
cíclope, a quien el
pino más valiente,
bastón, le obedecía, tan
ligero,
y al
grave
peso
junco tan
delgado,
que un día
era bastón
y otro cayado. |
8
Negro el
cabello,
imitador
undoso
de las obscuras aguas del Leteo,
al viento
que lo
peina proceloso,
vuela sin orden, pende sin aseo;
un
torrente
es su
barba
impetüoso,
que
(adusto hijo de
este
Pirineo)
su pecho inunda, o
tarde, o
mal, o en
vano
surcada aun de los
dedos de
su
mano.
13
Ninfa, de
Doris hija, la más bella,
adora,
que vio el
reino de
la
espuma.
Galatea es su nombre, y dulce en ella
el
terno
Venus de sus Gracias
suma.
Son
una y otra
luminosa
estrella
lucientes ojos de su blanca
pluma:
si
roca de
cristal no
es de Neptuno,
pavón de Venus es,
cisne de
Juno.
14
Purpúreas
rosas
sobre
Galatea
la
alba
entre
lilios cándidos deshoja:
duda el
Amor cuál
más su color sea,
o
púrpura
nevada, o
nieve roja.
De su
frente la
perla es, eritrea,
émula vana. El ciego dios se
enoja,
y, condenado su
esplendor,
la deja
pender en oro al
nácar de
su oreja,
23
La
fugitiva
ninfa, en
tanto,
donde
hurta un
laurel su
tronco al
sol
ardiente,
tantos
jazmines cuanta hierba esconde
la nieve de sus miembros, da a
una
fuente.
Dulce se queja, dulce le responde
un ruiseñor a otro, y dulcemente
al sueño da a sus ojos la armonía,
por no
abrasar con tres
soles el
día.
24
Salamandria del
Sol,
vestido
estrellas,
latiendo el Can del cielo estaba, cuando
(polvo
el cabello, húmidas centellas,
si no
ardientes aljófares, sudando)
llegó Acis; y, de ambas luces bellas
dulce Occidente viendo al sueño blando,
su
boca dio,
y sus ojos cuanto pudo,
al
sonoro
cristal,
al
cristal
mudo.
(ALONSO, 1967, III : 13-21)
|
SOLEDAD PRIMERA (1613) [fragmentos]
Era del año la
estación florida
en
que el mentido
robador de Europa
-media luna las
armas de su
frente,
y el
Sol
todos los
rayos de su pelo-,
luciente honor del cielo,
en
campos de
zafiro pace estrellas;
cuando el
que
ministrar podía la
copa
a
Júpiter mejor
que el garzón
de
Ida,
-náufrago y desdeñado,
sobre ausente-
lagrimosas de
amor dulces
querellas
da al
mar;
que condolido,
fue a las
ondas, fue al
viento
el
mísero
gemido,
segundo de
Arión dulce
instrumento.
(vv. 1-14)
(JAMMES, 1994: 195-201)
Bajaba
entre sí
el joven admirando,
armado a Pan o
semicapro a
Marte,
en el
pastor mentidos,
que con
arte
culto
principio dio al
discurso,
cuando
rémora de sus pasos fue
su oído,
dulcemente impedido
de
canoro
instrumento,
que
pulsado
era de
una
serrana
junto a un
tronco,
sobre un
arroyo, de quejarse
ronco,
mudo sus
ondas,
cuando no enfrenado.
Otra con ella montaraz
zagala
juntaba el
cristal
líquido al
humano
por el
arcaduz bello de
una
mano
que al
uno
menosprecia, al otro iguala.
|
Del
verde
margen otra las mejores
rosas
traslada y lilios al cabello,
o
por lo
matizado o
por lo
bello,
si
Aurora no
con rayos,
Sol con
flores.
Negras pizarras
entre
blancos
dedos
ingenïosa hiere
otra,
que dudo
que aun
los peñascos la escucharan
quedos.
Al son pues de
este rudo
sonoroso
instrumento
-lasciva el
movimiento,
mas los
ojos honesta-
altera otra,
bailando, la
floresta.
(vv. 233-258)
(JAMMES, 1994: 247-251) |
Francisco de Quevedo
A UN HOMBRE DE
UNA GRAN
NARIZ
Érase un hombre a
una
nariz pegado,
érase
una
nariz
superlativa,
érase
una alquitara
medio
viva,
érase un peje
espada
mal
barbado;
era un reloj
de
sol
mal encarado,
érase un
elefante
boca
arriba,
érase
una
nariz sayón y
escriba,
un Ovidio Nasón
mal narigado.
Érase el espolón de
una
galera,
érase
una pirámide
de Egito,
las
doce tribus de
narices
era;
érase un naricísimo
infinito,
frisón archinariz, caratulera,
sabañón
garrafal,
morado y
frito.
(BLECUA, 1981: 546)
RECETA
PARA HACER
SOLEDADES
EN UN DÍA
Quien quisiere
ser
culto en
sólo un día,
la jeri (aprenderá)
gonza
siguiente:
fulgores,
arrogar,
joven, presiente,
candor,
construye,
métrica
armonía;
poco, mucho,
si
no, purpuracía,
neutralidad,
conculca, erige,
mente,
pulsa,
ostenta,
librar,
adolescente,
señas traslada,
pira,
frustra, arpía;
cede, impide,
cisuras,
petulante,
palestra,
liba,
meta,
argento, alterna,
si
bien disuelve émulo
canoro.
Use mucho de
líquido y de
errante,
un poco de
nocturno y de
caverna,
anden listos
livor,
adunco
y
poro.
|
Que ya
toda
Castilla,
con
sola esta
cartilla,
se abrasa de
poetas
babilones,
escribiendo
sonetos
confusiones;
y en la
Mancha,
pastores y
gañanes,
atestadas de ajo las
barrigas,
hacen ya cultedades
como
migas.
(BLECUA, 1981: 1161)
|
MUJER PUNTIAGUDA CON ENAGUAS
Si eres
campana,
¿dónde está el badajo?;
si pirámide
andante, vete
a Egito;
si peonza al
revés, trae sobrescrito;
si pan de
azúcar, en Motril
te encajo.
Si chapitel,
¿qué haces acá abajo?
Si de
diciplinante
mal
contrito
eres el cucurucho y el
delito,
llámente los cipreses arrendajo.
Si eres
punzón, ¿por
qué el estuche dejas?
Si cubilete,
saca el
testimonio;
si eres
coroza, encájate en las viejas.
Si büida
visión de San Antonio,
llámate doña Embudo con guedejas;
si mujer, da
esas faldas al demonio.
(BLECUA, 1981: 548)
POEMA HEROICO
DE LAS
NECEDADES Y
LOCURAS
DE ORLANDO EL ENAMORADO (fragmento)
No bien la
reina del
Catay
famosa
había dejado el gran palacio, cuando
Malgesí, con la lengua
venenosa,
todo el
infierno está claviculando:
todo
demonichucho y diabliposa
en
torno de su
libro está volando;
hasta los
cachidiablos llamó a
gritos
con
todo el
arrabal de los precitos. (vv. 657-664)
(BLECUA, 1981: 1331)
MÉDICO
QUE
PARA UN
MAL
QUE NO QUITA,
RECETA MUCHOS
La losa en sortijón pronosticada
y
por
boca
una
sala de vïuda,
la habla
entre
ventosas y
entre ayuda,
con el "Denle a cenar poquito o
nada".
La
mula, en el
zaguán,
tumba
enfrenada;
y
por julio un
"Arrópenle
si suda;
no beba vino;
menos agua
cruda;
la hembra, ni
por sueños, ni
pintada".
Haz la cuenta conmigo, dotorcillo:
para quitarme un
mal, ¿me
das
mil
males?
¿Estudias
medicina o Peralvillo?
¿De esta
cura
me pides ocho
reales?
Yo
quiero hembra y vino y tabardillo,
y gasten
tu salud los
hospitales.
(BLECUA, 1981: 568)
AMOR
CONSTANTE
MÁS ALLÁ DE LA MUERTE
Cerrar podrá
mis ojos
la postrera
sombra
que
me llevare
el blanco día,
y podrá
desatar esta
alma mía
hora a su
afán
ansioso
lisonjera;
mas no, de
esotra
parte, en
la ribera,
dejará la memoria, en donde ardía:
nadar sabe
mi llama
la agua fría,
y
perder el respeto a
ley
severa. |
Alma a
quien
todo un
dios prisión ha sido,
venas
que
humor a
tanto
fuego han
dado,
médulas
que han
gloriosamente
ardido,
su cuerpo dejará, no su
cuidado;
serán ceniza,
mas tendrá
sentido;
polvo
serán,
mas
polvo
enamorado.
(BLECUA, 1981: 511-512)
|
Bibliografia
––––––. Góngora y el "Polifemo", Madrid:
Gredos, 1967.
Arellano, Ignacio.
Poesía
satírico
burlesca de Quevedo: Pamplona, Eunsa,
1984.
Blecua,
José Manuel (ed.). Francisco de Quevedo, Poesía
original
completa, Barcelona,
Planeta, 1981.
Menéndez
Pidal, Ramón. “Oscuridad, dificultad
entre
culteranos y conceptistas”, en Castilla, la tradición, el
idioma,
Buenos Aires, Espasa Calpe, 1945, pp.219-228.
Proyecto
Boscán [http://www.ub.es/boscan/]
Romanos,
Melchora (ed.), Selección
poética de Góngora: Buenos Aires,
Kapelusz, 1983.
Sabor
de Cortazar, Celina.
Para
una relectura de los clásicos españoles:
Buenos Aires,
Academia Argentina de
Letras, 1987.