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O
EMPRÉSTIMO LINGÜÍSTICO VIROU NOTÍCIA

Vito Manzolillo (UNESA)

 No Brasil de hoje, na esfera dos estudos lingüísticos, é difícil apontar um assunto mais discutido e comentado do que a questão dos empréstimos.[1] Tal afirmativa, capaz, num primeiro momento, de provocar polêmica demonstra-se verdadeira a todo aquele que costuma ler com atenção os principais jornais e revistas do País, cada vez mais pródigos em artigos, reportagens e manifestações de leitores relativas ao tema.

Ao contrário de outros tópicos lingüísticos, cujo interesse, devido a suas  próprias especificidades, quase totalmente se restringe a lingüistas, gramáticos e filólogos, a utilização mormente quando considerada abusiva – de palavras estrangeiras é um daqueles temas capazes de seduzir variada gama de indivíduos, especialmente quando, na sociedade global, “reabrem-se debates sobre territórios e fronteiras, povos e nações, diversidades socioculturais e político-econômicas, línguas e religiões, nacionalismos e colonialismos, culturas e civilizações”.[2]

Na verdade, é bastante natural que as coisas se passem dessa maneira, principalmente nos dias atuais, caracterizados, graças a um significativo progresso científico e tecnológico, pelo encurtamento das distâncias entre países e pela interpenetração crescente dos diferentes povos do planeta, fatores facilitadores da ocorrência de empréstimos no campo lingüístico, que devem ser, de alguma forma, levados em conta quando da abordagem do assunto.

Questão espinhosa e multifacetada por natureza, a adoção de palavras estrangeiras não pode ser enfrentada com posturas maniqueístas e redutoras, que comportam juízos comocerto ou “errado” e mais nada. Como (quase) tudo na vida, ela também apresenta aspectos positivos e negativos .

Os textos a seguir alguns escritos por especialistas – foram extraídos da imprensa escrita nacional e nos ajudarão a entender melhor os meandros do empréstimo lingüístico.

 

 


 

[1] A atualidade da questão também é apontada por Faraco: “Fazia um bom tempo que, no Brasil, não se falava tanto sobre os chamados estrangeirismos, isto é, as palavras e expressões de outras línguas, usadas correntemente em algumas áreas do nosso cotidiano”. In: FARACO, Carlos Alberto (org.). Estrangeirismos: guerras em torno da língua. São Paulo: Parábola, 2001, p. 9.

[2] IANNI, Octavio. Língua e sociedade. In: VALENTE, André (org.). Aulas de português: perspectivas inovadoras. Petrópolis: Vozes, 1999, p. 12.