O
TEXTO
JORNALÍSTICO
EM
SALA
DE
AULA
LEITURA
E
PRODUÇÃO
EMENTA
Leitura e
produção de
textos
segundo os
PCN.
Projeto “O
jornal na
sala de
aula”.
Propostas de
atividades de
leitura e
produção
com
base
em
textos
jornalísticos.
Módulo
1
Leitura
de
textos
jornalísticos
Leonor Werneck
dos
Santos
(UFRJ)
Toda
educação
comprometida
com
o
exercício
da
cidadania
precisa
criar
condições
para
que
o
aluno
possa
desenvolver
sua
competência
discursiva (p. 23).
1 –
Lingüística
Textual e PCN
de
língua
portuguesa
para o
ensino
fundamental
(3º. e 4º.
Ciclos)
–
proposta dos
PCN:
leitura e a
produção de
textos
como a
base
para a
formação do
aluno;
língua
não é
homogênea,
mas
um
somatório de
possibilidades condicionadas
pelo
uso e
pela
situação
discursiva; o
texto =
unidade de
ensino; a
diversidade de
gêneros deve
ser privilegiada na
escola.
–
USO→
REFLEXÃO→
USO (p. 65)
2 – Interdisciplinaridade e
temas
transversais (ética,
pluralidade
cultural,
meio
ambiente,
saúde,
orientação
sexual,
trabalho e
consumo): o
papel do
texto
jornalístico
3 –
Práticas de
trabalho
com a
linguagem
–
objetivo =
desenvolver no
aluno “o
domínio da
expressão
oral e
escritas
em
situações de
uso
público da
linguagem,
levando
em
conta a
situação de
produção
social e
material do
texto (lugar
social do
locutor
em
relação ao(s)
destinatário(s);
destinatário(s)
e
seu
lugar
social;
finalidade
ou
intenção do
autor;
tempo e
lugar
material da
produção e do
suporte) e
selecionar, a
partir disso, os
gêneros
adequados
para a
produção do
texto,
operando
sobre as
dimensões
pragmática,
semântica e
gramatical”
(p. 49).
–
percepção de
fenômenos
lingüísticos e
sua
relação
com os
textos:
Quando se
toma o
texto
como
unidade de
ensino,
ainda
que se
considere a
dimensão
gramatical,
não é
possível
adotar uma
caracterização
preestabelecida. Os
textos
submetem-se `as regularidades
lingüísticas
dos
gêneros
em
que se
organizam e `as especificidades de
suas
condições de
produção:
isso aponta
para a
necessidade de
priorização de
alguns
conteúdos e
não de
outros (p.
78-79).
Sugestões
de
atividades
1) No
texto a
seguir, substitua “clorofila”
por “clorofila
e
inhame” e
reescreva o
texto fazendo
as
adaptações
necessárias
em
outros
elementos do
texto (Santos
e
Costa,
apud Travaglia,
2003:224-5).
De uns
tempos
para
cá, no
entanto, os
naturebas
começaram a
divulgar
que a
clorofila é
capaz de
operar
verdadeiro
milagre
também
nos corpinhos
que
não têm
caule,
folha e
frutos.
Ela limparia a
corrente
sangüínea, fortaleceria o
sistema
imunológico, revitalizaria o
cérebro,
diminuiria a
depressão, retardaria o
envelhecimento, evitaria a
ressaca e –
pasme –
até ajudaria
no
tratamento de
doenças
como o
câncer e a
AIDS” (Veja,
10 ⁄ 04 ⁄ 2002, p. 73).
1.1)
Observar o
papel dos
verbos no
futuro do
pretérito no
texto e
que
efeito de
sentido
esse
tempo
verbal
causa.
1.2)
Destacar
termos
que colaboram
com
esse
efeito de
sentido.
1.3)
O
fato de
esse
texto
ter sido publicado
em uma
revista
como a Veja
causa
que
impressão no
leitor?
Justifique
sua
resposta.
1.4)
Substituir o
futuro do
pretérito
pelo
presente do
indicativo e
observar
que
efeito de
sentido
isso
causa.
1.5)
Com essa
mudança de
tempo
verbal, é
necessário
fazer
mais alguma
alteração
para
deixar o
texto
mais
coerente
com o
efeito de
sentido
pretendido?
Qual (is) ?
1.6)
Substituir “naturebas”
por
cientistas e
fazer as alterações
que forem
necessárias
para
que o
texto mantenha
uma
unidade.
1.7)
Um
texto
como
esse
poderia
ter sido publicado
em uma
revista de
divulgação
científica?
Justifique
sua
resposta.
2) Leia esta reportagem do
Jornal
do Brasil (02/02/96, p. 4.) e responda às
questões
propostas:
Contatos
imediatos
em
Varginha
Alexandre Medeiros
(...)O
contato
– A
tarde do
sábado, 20 de
janeiro,
era
tórrida
em Varginha –
a 313
quilômetros de
Belo
Horizonte.
Liliane de Fátima Silva, 16
anos,
sua irmã
Valquíria Aparecida Silva, de 14, e a
amiga Kátia de
Andrade Xavier, de 22, estavam voltando de
um
dia de
trabalho
como
domésticas.
Como moram no
vizinho
bairro de
Santana, resolveram
voltar a
pé. Às 3h da
tarde,
chegaram a
um
terreno
baldio e
decidiram
cortar
caminho.
Nem
bem andaram
alguns
passos e viram
a
criatura
encostada ao
muro de uma
oficina
mecânica.
Mesmo
entrevistadas
em separado,
as
três
descreveram a
mesma
cena. O
crânio
desenvolvido,
careca,
três
protuberâncias
na
cabeça, os
olhos
grandes e
vermelhos,
veias saltadas
pelo
corpo,
pés
enormes, a
pele
marrom
brilhando na
luz do
Sol,
como se
estivesse untada de
óleo.
“A Kátia,
que é
muito
nervosa, achou
logo
que
era o
capeta.
Eu e Valquíria
achamos
que
era
um
bicho,
não
era
gente”,
puxa Liliane
pela
memória. As
três correram
e
só foram
parar na
esquina na
rua
em
que moram,
onde
encontraram Luiza, a
mãe de Liliane,
que
as levou
para
casa.
O
mistério – A
notícia se
espalhou
com
rapidez.
Poucos
minutos,
dezenas de
moradores correram ao
terreno
baldio
indicado,
mas
nada viram.
Contudo,
em
um
outro
lote
abandonado, a duas
quadras do
primeiro,
um
grupo de
moradores se reuniu
para
ver
um
carro do
corpo de
bombeiros
retirando do
matagal
com uma
rede
um
outro
ser
não
identificado e levando-o
para o
hospital
local.
Logo se
espalhou a
informação
que
um
casal de ETs
tinha baixado
em Varginha.
A
partir daí, o
que se tem
são
histórias
desencontradas. O
corpo de
bombeiros
informa
que
não recolheu
qualquer
ser no
sábado
em
questão. O
Hospital
Regional do
Sul de
Minas divulgou
nota
oficial
ontem negando
a
internação.
Mas
um
grupo de
ufólogos
que atua
em Varginha há
pelo
menos 25
anos colheu
depoimentos de
funcionários
do
hospital
que afirmam
terem sido internados no
dia 20 de
janeiro
dois
seres
com as
características
descritas
por Liliane,
Valquíria e Kátia.
Estes
mesmos
funcionários
afirmaram
ter
visto
cientistas da
Universidade
de
São Paulo
(USP) no
domingo, 21 de
janeiro,
em uma
ala isolada do
Hospital
Regional.
O
mistério parece
estar
só começando.
1) Procure
identificar, no
texto
acima, a
seguinte
estrutura
narrativa:
apresentação, complicação,
clímax,
desfecho.
2) A
descrição, de
ambiente e/ou
personagens,
colabora
para
compor o
clima da
narrativa, às
vezes
proporcionando
um
clima de
suspense,
como ocorre no
texto
acima.
Destaque
passagens do
texto
que comprovem
essa
afirmativa e
comente-as.
3)
Em
um
texto
narrativo, muitas
vezes se
sobrepõem
pequenas
narrativas,
que servem
para
compor o
ambiente,
proporcionar
suspense
ou
mesmo
prender o
leitor.
Destaque as
pequenas
narrativas
inseridas na reportagem e procure
identificar
sua
utilidade
para o
conjunto do
texto.
4) Os
tempos
verbais do
passado,
pertencentes ao
mundo
narrado, costumam
ser utilizados nas
narrativas.
Já os
tempos
verbais do
presente e do
futuro,
pertencentes ao
mundo
comentado, aparecem
mais
em
textos
argumentativos.
Entretanto, no
decorrer de uma
narrativa,
podem
aparecer
verbos
conjugados
em
tempos do
presente
ou
futuro.
Destaque
exemplos do
texto e
procure
perceber o
porquê desse
uso.
5)
Passe
todos os
verbos do 4º
parágrafo (exceto
a
última
locução
verbal)
para o
presente e observe as
diferenças
ocorridas na
narrativa:
6) O
texto é
um
elemento de
ligação
entre o
autor e o
leitor. As
intenções do
autor podem
ser percebidas,
por
exemplo,
através da
seleção
lexical (escolha
de
vocabulário).
Já o
leitor pode "ler
nas
entrelinhas" e
perceber se as
informações
contidas no
texto foram
manipuladas
ou
não,
interpretando as
palavras do
autor. Releia
a reportagem do JB e responda:
a –
Que
palavras do
texto podem
demonstrar
um
certo
descrédito,
por
parte do
autor,
com
relação ao
fato ocorrido
em Varginha?
b –
Com
base no
seu "conhecimento
de
mundo",
procure
elementos no
texto
que possam
ser considerados
indícios de
que a
história
contada pelas
três moças
talvez
não seja
verdadeira.
c –
Agora procure
indícios
que possam
comprovar
que a
história das
moças é verdadeira.
3) Leia o
texto a
seguir, publicado no
Jornal
do Brasil (06/06/87), e responda às
questões
propostas:
Os
ministros da
Fazenda,
Bresser
Pereira, e do
Planejamento,
Aníbal Teixeira, e o
presidente do
Banco
Central,
Fernando Milliet, se deslocarão no
final de
semana
para o
coração do
Nordeste
pobre e
seco.
Eles
vão,
com
deputados de
toda a
região e
governadores,
a
Patos e Souza,
na Paraíba,
onde terão p
retrato de uma
realidade da
qual
nenhum
cidadão de
São Paulo tem
a
mínima
idéia.
Isso faz
parte da
mobilização do
Nordeste
por
melhor
tratamento da
Constituinte.
a –
Que
vocábulo do
texto repete o
termo
ministros?
b –
Que
vocábulo do
texto repete
se deslocarão?
c –
Que
vocábulos do
texto repetem
o
termo
Nordeste?
d – A
que
termo
anterior se
refere o
vocábulo
isso?
e – A
que
vocábulo(s)
anterior(es)
se refere o
termo
uma
realidade e
como
esse
mesmo
termo se
repete na
seqüência do
texto?
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BEZERRA, Ma.
Auxiliadora (org.). O
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didático de
português:
múltiplos
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2ª ed.
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PARÂMETROS
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NACIONAIS –
TERCEIRO E
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LÍNGUA
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Para
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CARVALHO,
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Vozes, 1995.
TRAVAGLIA, Luiz Carlos.
Gramática e
interação:
uma
proposta
para o
ensino
de
gramática no 1º
e 2º
graus.
São Paulo:
Cortez, 1996.
––––––.
Gramática:
ensino
plural.
São Paulo:
Cortez, 2003.
Módulo
2
Produção
de
textos
jornalísticos
Claudia de
Souza Teixeira
(UNIG, CBNB e UFRJ)
O
jornal oferece
aos
alunos a
possibilidade de
entrar
em
contato
com
diferentes
gêneros de
textos.
Dada a
sua
diversidade
textual,
ele pode
ser utilizado
como
recurso
didático
em
todos os
níveis
escolares,
inclusive na
alfabetização,
em
que
manchetes e
pequenos
textos,
como os
anúncios e
classificados,
ajudarão os
alunos
não
só a
desenvolver a
escrita e a
leitura,
mas
também a
compreender a
importância
social da
escrita.
Desde o
Ensino
Fundamental, é
possível
colocar
em
prática
projetos
que visem à
produção de
um
"jornalzinho"
escolar
com
temas de
interesse dos
alunos e
fatos
relacionados à
comunidade.
Poderiam,
então,
ser produzidas
pelos
alunos "colunas"
como as de
notícias,
anúncios,
recados,
quadrinhos,
curiosidades,
etc. A periodicidade das
edições e a
forma de
apresentação dependerá de
fatores
como as
condições
oferecidas
pela
escola e a
disponibilidade
de
professores e
alunos. O
mais
importante, no
entanto, é
que
estes estejam
conscientes da
importância
desses
projetos
para o
desenvolvimento
social,
intelectual,
cultural,
lingüístico
dos
educandos.
Para
que os
alunos possam
escrever
textos
jornalísticos
de
melhor
qualidade, é
necessário,
porém,
que os
professores
promovam
atividades
sistemáticas
de
produção
textual
em
que se
associem
teoria e
prática. Poderão,
por
exemplo,
ser realizadas
atividades
com
notícias e
editoriais,
como se verá
adiante.
a)
Atividades
com
notícias
As
atividades
com
notícias
poderão
ser realizadas no
Ensino
Fundamental.
Para
isso, os
alunos deverão
apenas
estar minimamente
habilitados a
reconhecer e
produzir
narrativas. A
partir daí, o
professor deverá,
primeiramente,
analisar
notícias,
evidenciando
suas
características,
inclusive
em
termos de
linguagem. Os
alunos deverão
saber
que uma
notícia deve
dar
respostas a 6
perguntas:
Quem? O
quê?
Quando?
Onde?
Por
quê?
Como?[1]
Segue
um
exemplo de
análise:
Estado
começa
a
equipar
salas
de
cinemas
de R$1
Onze
municípios
serão
beneficiados
até
o
fim
do
ano
O
governo do
estado iniciou
a
distribuição
dos
equipamentos
para as
salas
populares de
cinemas
que
serão
criados
em
municípios do
interior,
com
ingresso a
um
real.
Até o
fim deste
ano, devem
ser instaladas 11
salas.
As primeiras
cidades
beneficiadas
são
Mesquita,
Belford
Roxo,
São João de
Meriti e Japeri.
Já os
municípios de
Engenheiro
Paulo de Frontin, Mangaratiba, Carapebus,
Santo Antônio
de Pádua, Itaboraí, Duas
Barras e
Mendes
serão
atendidos
até o
fim do
ano.
As
prefeituras
oferecem os
espaços e
recuperam as
instalações e
o
governo do
estado fornece
os
equipamentos
necessários
para o
funcionamento
das
salas,
como
projetor, DVD
player,
videocassete,
uniforme,
caixas
acústicas,
tela de
projeção e
cortinas.
Em 2003, a
Secretaria
Estadual de
Cultura
realizou uma
pesquisa e
detectou
que, dos 92
municípios
fluminenses,
62 deles (67% do
total)
não tinham uma
sala de
cinema. (O
Globo.
12/06/2004)
Quem?
Governo do
estado do
Rio de
Janeiro
O
quê?
Iniciou a
distribuição
de
equipamentos
para as
salas
populares de
cinema
com
ingresso a
um
real.
Quando?
A
partir de
junho de 2004
até o
final do
ano.
Onde?
Em 11
cidades do
interior e da
Baixada
Fluminense.
Como?
As
prefeituras
oferecem os
espaços e
recuperam as
instalações e
o
governo do
estado fornece
os
equipamentos
necessários
para o
funcionamento
das
salas.
Por
quê?
Em 2003, a
Secretaria
Estadual de
Cultura
realizou uma
pesquisa e
detectou
que, dos 92
municípios
fluminenses,
62 deles (67% do
total)
não tinham uma
sala de
cinema.
O
professor poderá,
ainda,
promover uma
discussão
com os
alunos
sobre o
conteúdo da
notícia:
importância da
medida do
governo,
conseqüências
dela,
interesses
políticos,
etc.
Depois do
trabalho
conjunto de
análise de
algumas
notícias,
poderão
ser realizadas as
seguintes
atividades:
a)
pedir
que os
alunos
recortem
notícias de
jornal e
respondam as 6
perguntas e/
ou redijam
comentários
sobre os
fatos
narrados;
b) o
professor fornece
respostas
para as 6
perguntas e
pede
que os
alunos
escrevam
notícias;
c) o
professor pede aos
alunos
que façam
pesquisas (de
campo,
em
jornais e
revistas,
através de
entrevistas,
etc.) e
depois redijam
notícias
baseadas
nos
dados
colhidos.
É
importante
que, de alguma
forma, os
textos dos
alunos sejam
divulgados. Poderão
ser lidos
para a
turma
ou afixados
em
murais,
por
exemplo.
Uma
proposta
interessante, realizada
com
alunos da 6ª
série, foi a
produção de
notícias a
partir do
livro
"extraclasse". Os
alunos haviam
lido Romeu e Julieta (adaptação)
e foram
levados a
produzir a
notícia do
casamento das
personagens.
Um dos
textos
produzidos
por duas
alunas, apresentado
abaixo,
apesar de
simples,
demonstra
que
elas
compreenderam as
características
básicas da
notícia:
O
casamento
proibido
Romeu Montecchio e Julieta Capuleto se
casaram,
ontem, às
escondidas.
O
casamento ocorreu à
meia-noite, na
cela de
Frei Lourenço,
em Verona. Os
dois se casaram às
escondidas,
pois
seus
pais
jamais
aceitariam essa
união.
Talvez,
com essa
união, volte a
haver
paz na
cidade de
Verona, e
entre essas
famílias
inimigas. (Verona, 12/07/1600)
É
importante
destacar,
por
fim,
que
devido ao
fato de os
alunos estarem
mais
acostumados
com
narrativas
literárias, de
início,
eles poderão
ter
dificuldades
em
escrever
um
texto
mais
direto
como o da
notícia.
b)
Atividades
com
editoriais
No
final do
Ensino
Fundamental e
no
Ensino
Médio, o
professor poderá
utilizar
editoriais
para
desenvolver a
habilidade dos
alunos
em
produzir
textos
dissertativo-argumentativos.
Para
isso, os
alunos
precisarão
apenas
conhecer as
características
desse
tipo de
texto e a
diferença
entre
fato e
opinião.
O
trabalho deverá
partir da
análise de
alguns
editoriais,
em
que o
professor esclarecerá os
alunos
sobre algumas
questões
como o
tipo de
linguagem
utilizada e as
técnicas de
argumentação.
Deve-se
ter o
cuidado de
não
repetir
conceitos
tradicionais, encontrados
em
manuais de
redação,
que
não
correspondem à
realidade. No
editorial
atualmente,
embora se
obedeça à
norma
culta,
em
termos de
vocabulário, dependendo do
jornal, podem
ser encontrados
termos
coloquiais;
termos
estes
que costumam
ser "proibidos"
nos
textos
dissertativos.
Por
ser
um
texto
opinativo, os
critérios de
impessoalidade
e de
objetividade
jornalística
não podem
ser seguidos à
risca.
Além disso,
diferentemente
do
que se
ensina, a
tese
nem
sempre aparece
no
início do
texto.
Primeiramente
podem
vir os
fatos e
depois os
comentários e
opiniões.
Estas
nem
sempre
são
polêmicas,
pois tendem a
refletir os
pontos de
vista dos
leitores.
Como se pode
observar,
através da
leitura de
editoriais, o
professor poderá
também
discutir
com
seus
alunos
questões
relativas à
linguagem
jornalística e
às
formas de
argumentação.
Uma
proposta
interessante é a
produção de
editoriais a
partir de
notícias
ou
reportagens. O
professor deverá
primeiro
mostrar
um
exemplos
como o
que será
apresentado
abaixo:
Candidaturas
são
impugnadas
depois
de
teste
de alfabetização
da
Agência
Folha,
em
Bauru
O
juiz
eleitoral de
Itapetininga Jairo Sampaio Incane
Filho, 38,
impugnou 20 dos 80
candidatos a
prefeito e
vereador das
cidades de
Itapetininga, Sarapuí e Alambari, na
região de
Sorocaba (87
km a
oeste de
São Paulo).
A
impugnação foi
motivada
pelo
fato de os
candidatos
terem sido reprovados
em
um
teste de alfabetização
realizado
pelo
juiz, no
Fórum de
Itapetininga.
Incane
Filho disse
que fez o
texto
com
base na
exigência
contida na
Lei
Complementar nº 64/90, de
1992, do TRE (Tribunal
Regional
Eleitoral),
que proíbe
analfabetos de
serem
candidatos a
cargos
eletivos.
O
juiz afirmou
que convocou
os 80
candidatos
que disseram
ter 1º
grau
incompleto e
mostraram
dificuldades
no preenchimento dos
documentos
para o
registro de
suas
candidaturas.
Os
testes
com os
candidatos
foram
feitos
individualmente.
Seus
nomes
são mantidos
em
sigilo. ''Pedi
a
todos
que lessem e
interpretassem
um
texto de
um
jornal
infantil.
Em
seguida, pedi
que
cada
um redigisse
um
texto, expondo
sua
lógica'',
disse.
Segundo Incane
Filho,
erros
gramaticais
não foram
levados
em
conta. ''Apenas
observei se o
candidato tem
condições de
entender
um
texto,
pois uma
vez eleito,
ele vai
ter de
trabalhar
com
leis e
documentos.''
A
assessoria de
imprensa do
TRE informou
que o
tribunal
transmitiu uma
recomendação
aos juízes
para
que ''em
caso de
dúvida'',
façam ''um
teste de alfabetização''
nos
candidatos. (Folha
de
São Paulo.
19/07/96)
ANALFABETOS
O
juiz
eleitoral de
Itapetininga impugnou 20 de 80
candidatos a
prefeito
ou
vereador das
cidades de
Itapetininga, Sarapuí e Alambari (interior
de
São Paulo e
relativamente
próximas à
capital)
pela
simples
razão de
que
não
conseguiram
ler e
entender
corretamente
um
texto
publicado
em
jornal
infantil. E
isso no
Estado
mais
rico da
União, o
que
leva a
imaginar
o
que
deve
ocorrer
nas imensas
regiões
menos
desenvolvidas do
país.
Isso significa
que 25% dos
candidatos
testados foram considerados
analfabetos.
Erros
gramaticais
não foram
levados
em
conta,
apenas a
capacidade de
compreensão de
um
texto
simples
escrito.
Parece
mais do
que
óbvio
que,
sem
negar a
conquista
democrática
que
representou o
direito de
voto
para o
analfabeto,
para
exercer
funções
executivas
ou
legislativas é
necessário
pelo
menos
poder
ler e
compreender
um
texto. De
outra
forma,
quem exercerá
o
poder de
fato será
um
assessor
sem
nenhum
mandato
eletivo,
ou seja,
ferindo o
princípio da
delegação
popular do
poder.
Infelizmente,
o Brasil está
ainda
muito
longe de
atingir os
níveis
minimamente desejáveis de erradicação do analfabetismo.
Em
que pese o
sucesso de
alguns
poucos
projetos
isolados, o
número de
brasileiros
que
não sabem
ler – e
isso
segundo os
pouco
rígidos
critérios do
IBGE – é
pouco
inferior a
25%,
ou seja,
quase
um
quarto da
população do
país.
Como indicam
diversos
estudos dos
mais variados
organismos
multilaterais,
o
investimento
em
educação é
acima de
tudo
um
investimento
na melhoria das
condições de
vida do
país, seja
em
termos de
produtividade
como
em
termos de
desenvolvimento
humano.
O
fato de
até as
pessoas
que almejam
cargos
eletivos
como
prefeito
ou
vereador serem
incapazes de
compreender o
que está
escrito num
jornal
infantil
mostra o
quanto o
Brasil
ainda tem a
fazer no
campo da
educação
básica. Revela
também o
quão
imatura
ainda é a
jovem
democracia
brasileira. (Folha
de
São Paulo.
22/07/96)
Depois, trará
uma
notícia
ou reportagem
e,
após
um
debate, proporá aos
alunos
que produzam
um
editorial
baseado nela. Num
outro
momento,
pedirá aos
alunos
para retirarem do
jornal
notícias
ou reportagens
e, a
partir delas, escreverem
editoriais. As
atividades
poderão
ser
feitas
individualmente
ou
em
dupla. É
importante
que os
trabalhos
sejam mostrados à
turma,
como
por
exemplo,
através de
murais.
Além de
melhorar a
qualidade dos
textos
em
termos
formais, o
trabalho
com
editoriais
associados a
notícias e
reportagens acarretará o
aumento do
conhecimento
de
mundo dos
alunos; o
que se
refletirá na
maior
informatividade de
seus
textos.
Referências
bibliográficas
CEREJA, W.R. e
MAGALHÃES, T.C.
Texto
e
interação:
uma
proposta de
produção
textual a
partir de
gêneros e
projetos.
São Paulo:
Atual, 2000.
CHIAPPINI, L. e CITELLI, A. (coord.).
Aprender e
ensinar
com
textos
não
escolares.
São Paulo:
Cortez, 1997.
FARIA, M.A. O
jornal
na
sala
de
aula.
São Paulo:
Contexto,
2000.
SANTOS, M.L.
A
expressão
livre
no
aprendizado
da
língua
portuguesa.
São Paulo:
Scipione, 1993.