AS
NO
UMA
Mônica Tavares Orsini (UFRJ)
Neste
(1)
essa
Pretende-se
Foi
Desta
Os dados foram coletados do acervo sonoro do Projeto NURC-RJ. As amostras analisadas são separadas por um intervalo de cerca de 20 anos. Para o estudo de painel, foram ouvidos 11 indivíduos gravados na década de 70 e recontactados na década de 90. Para o estudo de tendência, os informantes são distribuídos de acordo com a faixa etária e o gênero.
As
Foram
identificadas 4
(A) Tópico-anacoluto (anac.) –
(2)
(B) Topicalização (
(3) aquiloi a
(4) o
(C)
(5) o
(6) vocêi
(D) Tópico-sujeito (Tsuj.)– nessas
(7)
(8) A
A
As
O
nas
No
(9) o boxei
(10) eui eui
Há,
As
A
De um modo geral, foram observadas, portanto, variações individuais que não comprometem o comportamento estável das estratégias focalizadas.
|
|||||||||||
Indi-víduo |
|
anac. |
|
DE |
Tsuj. |
|
|||||
|
% |
|
% |
|
% |
|
% |
|
% |
||
96 |
25 |
1 |
3% |
6 |
38% |
7 |
44% |
- |
- |
16 |
100% |
11 |
26 |
3 |
6% |
17 |
35% |
18 |
38% |
10 |
21% |
48 |
100% |
133 |
31 |
3 |
14% |
11 |
52% |
6 |
29% |
1 |
5% |
21 |
100% |
164 |
34 |
5 |
14% |
11 |
31% |
19 |
54% |
- |
- |
35 |
100% |
52 |
39 |
2 |
8% |
9 |
38% |
12 |
50% |
1 |
4% |
24 |
100% |
233 |
41 |
2 |
6% |
18 |
50% |
16 |
44% |
- |
- |
36 |
100% |
002 |
44 |
6 |
26% |
15 |
65% |
2 |
9% |
- |
- |
23 |
100% |
140 |
55 |
3 |
9% |
19 |
58% |
11 |
33% |
- |
- |
33 |
100% |
71 |
56 |
7 |
14% |
16 |
32% |
27 |
54% |
- |
- |
50 |
100% |
347 |
57 |
4 |
8% |
22 |
44% |
19 |
38% |
5 |
10% |
50 |
100% |
373 |
58 |
6 |
22% |
3 |
11% |
17 |
63% |
1 |
4% |
27 |
100% |
|
|||||||||||
Indiv-íduo |
|
anac. |
|
DE |
Tsuj. |
|
|||||
|
% |
|
% |
|
% |
|
% |
|
% |
||
96 |
45 |
1 |
3% |
10 |
34% |
18 |
62% |
- |
- |
29 |
100% |
11 |
46 |
3 |
7% |
13 |
29% |
24 |
53% |
5 |
11% |
45 |
100% |
133 |
50 |
4 |
22% |
5 |
28% |
7 |
39% |
2 |
11% |
18 |
100% |
164 |
53 |
4 |
31% |
5 |
38% |
4 |
31% |
- |
- |
13 |
100% |
52 |
59 |
6 |
29% |
8 |
38% |
7 |
33% |
- |
- |
21 |
100% |
233 |
59 |
- |
- |
4 |
31% |
9 |
69% |
- |
- |
13 |
100% |
002 |
65 |
1 |
3% |
21 |
54% |
13 |
33% |
4 |
10% |
39 |
100% |
140 |
74 |
1 |
4% |
12 |
46% |
12 |
46% |
1 |
4% |
26 |
100% |
71 |
79 |
3 |
12% |
14 |
56% |
7 |
28% |
1 |
4% |
25 |
100% |
347 |
79 |
5 |
13% |
12 |
31% |
21 |
54% |
1 |
3% |
39 |
100% |
373 |
76 |
5 |
13% |
14 |
35% |
13 |
32% |
8 |
20% |
40 |
100% |
Ao
- codifica superficialmente o tópico por meio de uma posição definida na sentença;
- prefere sujeitos plenos a vazios, que só ocorrem em línguas de proeminência de sujeito;
- apresenta construções semelhantes ao tópico chinês, estruturas prototípicas de tópico-comentário;
- estabelece uma relação de co-referência entre tópico e comentário, o mesmo não ocorrendo com o sujeito;
- não sofre restrições quanto à natureza do elemento topicalizado;
- define a
Tentando responder à questão que se coloca nesta seção, parece-nos relevante propor uma nova distribuição dos dados, com base no conceito de topicalização selvagem introduzido por I. Duarte (1996). Segundo a referida autora, as construções de topicalização com função oblíqua sem preposição (11), independentemente de esta ser apenas um marcador de caso ou ser semanticamente plena, são ocorrências deste tipo.
(11)
Somando-se,
Em (12), tem-se uma sentença em que há dois tópicos que passam por barreiras sintáticas.
(12) eui,
Desta forma, o comportamento das construções de tópico, não revelando restrições sintático-discursivas significativas, associado à característica de o sistema preencher boa parte dos requisitos descritos por Li & Thompson parece estar apontando para uma língua de tópico em que Top. e DE encontram-se em distribuição complementar, tendo em vista o encaixamento das mudanças por que passa o PB.
As amostras estudadas permitem constatar que, em relação à Top. e DE, não há restrições quanto à estrutura do constituinte topicalizado, como se verifica na tabela 3.
|
topicalização |
DE |
||
OCO |
% |
OCO |
% |
|
SN (simples ou complexo) |
323 |
80% |
248 |
62% |
pronome; pronome + oração |
54 |
12% |
147 |
37% |
SP (simples ou complexo) |
31 |
7% |
1 |
0,5% |
sintagma oracional |
1 |
1% |
2 |
0,5% |
Total |
409 |
100% |
398 |
100% |
Tabela 3: Top. e DE X estrutura do tópico, considerando o total das ocorrências
Há complementaridade
|
topicalização |
DE |
||
OCO |
% |
OCO |
% |
|
sujeito |
30 |
7% |
314 |
79% |
objeto direto |
181 |
45% |
43 |
11% |
oblíquo nuclear |
86 |
21% |
13 |
3% |
oblíquo não nuclear |
70 |
17% |
15 |
4% |
complemento do SN |
42 |
10% |
13 |
3% |
Total |
409 |
100% |
398 |
100% |
Tabela 4: Top. e DE X função sintática a que o tópico está indexado
Essa complementaridade diferencia o PB do PE como se pode verificar na tabela abaixo que compara os resultados de Vasco (1999) aos do presente trabalho:
|
PB |
PE |
PB (Orsini, 2003) |
DEsujeito |
95 / 82,5% |
7 / 32% |
314 / 79% |
DEcomplemento |
20 / 17,5% |
15 / 68% |
84 / 21% |
Total |
115 / 100% |
22 / 100% |
398 / 100% |
(cf.
animacidade |
topicalização |
DE |
||
oco |
% |
oco |
% |
|
+ animado +/- humano |
32 |
8% |
239 |
60% |
- animado, - humano ou |
125 |
30% |
78 |
19% |
referente não individuado |
42 |
10% |
8 |
2% |
proposição |
3 |
1% |
3 |
1% |
termo abstrato |
88 |
22% |
35 |
9% |
referente espacial ou temporal |
119 |
29% |
35 |
9% |
Total |
409 |
100% |
398 |
100% |
Tabela 6: Top. e DE X traço semântico
Ao cruzarmos
(a) os
(13) o brasileiroi
a gentei tem aquela
(14) vocêi
(b)
(15) a provai
Esses resultados estão em consonância com a hierarquia de referencialidade, proposta por Duarte, Cyrino e Kato (2000), segundo a qual num processo de mudança, os itens [+ referenciais] e [+ humanos] são os primeiros a se tornarem plenos, enquanto os [- referenciais] são os primeiros a se tornarem nulos. A escala de referencialidade comporta-se segundo o esquema abaixo:
3ª pessoa 3ª pessoa,
2ª pessoa,
1ª pessoa
[- espec.] ------------------------------------------------------------------------- [+ espec.]
[- ref.] ----------------------------------------------------------------------------- [+ ref.]
(Duarte, Cyrino e Kato, 2000: 56)
No
Há uma
Em relação ao papel do tópico na organização do discurso, as construções de tópico mantêm a continuidade tópica do texto, não havendo, contudo, restrições à possibilidade de o referente topicalizado introduzir um novo tópico no discurso.
Há poucos dados em que o tópico aparece com valor contrastivo; porém, há maior freqüência dos mesmos em construções de topicalização. Vale ressaltar, contudo, que as construções de topicalização no PB não se limitam a contextos de focalização contrastiva, como ocorre em espanhol, sendo, portanto, a topicalização uma estratégia diferente da focalização.
O número de tópicos com preposição é bastante reduzido no corpus, confirmando uma tendência já apontada por Vasco (1999). O fato de haver construções de Top. vinculadas a funções oblíquas sem preposição sugere que essa estratégia não seja derivada de movimento, como tem sido proposto, e a aproxima das construções de duplo sujeito (anacoluto) do chinês;
As construções de tópico-sujeito, encontradas no PB, merecem comentário à parte. Uma hipótese para a sua penetração no sistema é a simplificação dos paradigmas flexionais, favorecendo a presença de um sujeito pleno, sempre acompanhando um verbo. Assim, além das construções de Tsuj. com referentes definidos (16), começam a proliferar sujeitos não referenciais preenchidos com elementos referenciais nominais (locativos) ou pronominais, como em (17), (18) e (19).
(16) o
(17) a
(18)
(19)
Os resultados aqui apresentados visam contribuir para uma melhor compreensão das estratégias de CT no PB, diferenciando-o do PE, particularmente no que se refere ao comportamento de Top. e de DE e à inserção das construções de Tsuj. no sistema em função das mudanças em curso no PB.
CALLOU, Dinah;
DECAT, Maria Beatriz Nascimento.
DUARTE, Inês. A topicalização
DUARTE, Maria Eugênia Lamoglia.
Sociolingüística Paramétrica:
––––––, CYRINO, Sonia M. L. & KATO, Mary. Visible subjects and invisible clitics in brazilian portuguese. In: KATO, M. A.& NEGRÃO, E. V. (orgs). Brazilain Portuguese and the Null Subject. Frankfurt am Main: Vervuert Verlag, 2000, p. 55-73
LABOV, William. Principles of linguistic change. Vol. I: Internal factors. Cambridge: Blackwell Publishers, 1994.
LI,
[1]O