O
PLANEJAMENTO
NA
PRODUÇÃO DE
MATERIAL
EM
LEITURA
INTERATIVA
Ana
Cristina dos
Santos
(UERJ e
UVA)
Considerações
iniciais
Toda
a
ênfase
do
processo
de
ensino
e aprendizagem está na
etapa
que
antecede à
entrada
do
professor
em
sala
de
aula:
o
planejamento.
Nela encontra-se as
orientações
para
o
docente
com
relação
à
metodologia,
aos
conteúdos
e aos procedimentos
que
irá
utilizar
em
sala
de
aula.
Entretanto,
no
que
se refere ao
processo
de
ensino
e aprendizagem de
espanhol
como
língua
estrangeira
(E/LE)
este
tema
por
muitas
vezes
torna-se
motivo
de
controvérsia,
pois
alguns
professores
planejam as
suas
aulas
orientando-se
somente
pelos
conteúdos
que
o
livro
didático
lhe
fornece,
não
levando
em
consideração
as
reais
necessidades
de
seu
grupo.
Dessa
maneira,
ao
invés
do
livro
didático
ser
uma
ferramenta
auxiliar
na
mão
do
professor
o
que
encontramos é
justamente
o
contrário:
torna-se o
guia
das
suas
aulas.
O
professor,
em
uma
atitude
inversa ao
que
deveria
ser
feito,
passa
a
confeccionar
o
seu
planejamento
a
partir
do
material
didático
escolhido. O
livro
é
que
determinará
quais
serão
os
conteúdos,
os procedimentos e a
metodologia
utilizados
com
os
alunos
ao
longo
do
período
letivo.
Vários
são
os
motivos
explicitados
pelos
docentes
para
esta
prática:
a
falta
de
tempo
para
preparar
as
aulas,
a
falta
de
interesse
dos
alunos
em
aprender
o
que
não
está no
livro
didático,
a
falta
de
conhecimento
do
professor
do
plano
político
pedagógico
da
instituição
onde
trabalha
ou
dos
Parâmetros
Curriculares
Nacionais
que
servem de
pauta
para
o
ensino
fundamental
e
médio
no
país
e,
em
casos
mais
graves,
o
despreparo
para
confeccionar
o
planejamento
do
curso
segundo
a
metodologia
adotada.
Este
problema
torna-se
ainda
mais
grave
quando
constatamos
que
a
grande
maioria
dos
professores
não
escolhe os
livros
didáticos
que
usarão na
sala
de
aula
baseados
em
critérios
metodológicos. Os
critérios
passam
por
dois
filtros
fundamentais:
a
facilidade
de
aquisição
do
livro
por
parte
dos
alunos
e o
preço
acessível.
Assim
sendo,
nem
sempre
o
material
adequar-se-á ao
grupo
a
que
está destinado.
Entretanto,
há
outra
questão
no
que
se refere à
material
didático.
Algumas
vezes
o
docente
planeja as
suas
aulas,
delimita os
objetivos,
especifica o
seu
público
e os
conteúdos,
mas
não
encontra
um
material
didático
adequado
para
usar
em
sala
de
aula.
Geralmente,
quando
isso
acontece o
professor
decide
ele
próprio
elaborar
o
material
que
usará
com
seus
alunos.
Essa
escassez
de
material
didático
é
comum
no
que
se refere ao
ensino
de E/LE
com
fins
específicos,
onde
o
professor
trabalha
todas as
habilidades
comunicativas (ler,
escrever,
ouvir
e
falar)
dentro
de uma
área
determinada
(jurídica,
turismo,
financeira,
entre
outras)
ou
enfoca o
ensino
em
apenas
uma das
habilidades
comunicativas (a
mais
comum
é o
enfoque
direcionado ao
ensino
de
leitura).
Nesse
universo
de
ensino
também
deparamo-nos
com
um
problema
comum
no
que
concerne ao
planejamento:
o
professor
confecciona o
seu
material
muitas
vezes
sem
o
conhecimento
detalhado do
enfoque
metodológico
que
orienta a
prática
docente.
Desta
maneira,
tanto
o
professor
que
elabora o
seu
material
didático
quanto
o
que
utiliza o
material
elaborado
por
outrem
ocorrem no
mesmo
erro
se
não
possuem o
conhecimento
teórico-prático
que
fundamente
a
sua
atuação
docente.
Com
o
objetivo
de
rever
esta
prática,
o
curso
de Especialização Instrumental
para
a
Leitura
do
Instituto
de
Letras
da UERJ discute
questões
relativas ao
planejamento
e a
elaboração
do
próprio
material
didático
para
as
aulas
de
língua
espanhola
com
base
no
modelo
sociointeracional de
leitura.
Esta
discussão
faz-se
necessária
porque
não
se pode
elaborar
um
material
sem
antes
pensar
em
seu
planejamento.
Ao
produzir
o
seu
material
didático,
o
professor
deve necessariamente
considerar
dentro
de
sua
atuação
docente
os
fatores
implicados no
processo
de
ensino
e aprendizagem: o
público,
os
objetivos,
os
conteúdos
e o procedimento.
Somente
com
a
integração
deste
conjunto,
o
seu
material
poderá adequar-se ao
nível
dos
alunos
e tornar-se
eficiente.
Dessa
maneira,
as duas
atividades
– o
planejamento
e a
elaboração
de
material
–
não
podem
ser
pensadas
em
separado
pois,
dentro
do
processo
de
ensino
e aprendizagem, uma
complementa
a
outra.
É
necessário
saber
o
que
se
espera
alcançar
e
como.
Estas duas
perguntas
só
podem
ser
respondidas no
processo
de
ensino
e aprendizagem
através
do
plano
de
curso.
Sob
este
ponto
de
vista,
o
planejamento
de
um
curso,
pede algumas
considerações
básicas
que
teceremos a
seguir.
O
planejamento
e o
modelo
sociointeracional de
leitura
Antes
de
determinar
o
enfoque
que
utilizará
em
sala
de
aula,
o
professor
especificar
a
sua
clientela
escolar
e os
seus
objetivos;
ou
seja,
quem
são
os
seus
alunos
e
para
quê
querem
aprender
a
língua
espanhola. Deve
determinar
se o
grupo
que
está envolvido nesse
processo
de
ensino
e aprendizagem necessita uma aprendizagem centrada nas
quatro
habilidades
(ler,
falar,
escrever
e
ouvir)
ou
se o
objetivo
do
grupo
é
específico,
centrado
apenas
em
uma dessas
habilidades.
Essa
tarefa
é
importante
porque
permitirá ao
professor
definir
as
habilidades
que
terão
mais
atenção
no
curso
e
não
fará
que
o
objetivo
do
ensino
do
idioma
se distancie do
objetivo
do
aluno
em
aprendê-lo. As
respostas
encontradas permitirão ao
docente
indicar
o
enfoque
metodológico
que
orientará o
seu
processo
de
ensino.
Uma
vez
definidos
a
clientela,
as
necessidades
e o
enfoque
metodológico, cabe ao
professor
pensar
nas
formas
de
aplicar
estes
elementos
em
sala
de
aula.
Nesta
fase,
o
professor
define os
materiais
que
utilizará
para
implementar
a
proposta
pedagógica.
Geralmente
é neste
ponto
em
que
ocorre o
divórcio
tão
comum
na
prática
docente:
ora
se enfatizam os
conteúdos
em
detrimento
dos
modelos
teóricos,
ora
se apresenta
um
conteúdo
que
não
se relaciona
com
os
modelos
teóricos
aplicados
ou
vice-versa.
O
planejamento
ideal
de
um
curso
é
aquele
que
supera o
divórcio
entre
conteúdos
e
modelo
teórico
e estabelece uma
correlação
entre
ambos.
Estabelecidos os
objetivos,
os
conteúdos
e os
materiais,
é
chegada
a
vez
de
descrever
os
conteúdos
e a
ordem
em
que
se apresentarão nesse
contexto
específico
de
ensino
e aprendizagem. Faz-se
necessário
estabelecer
um
inventário
de
temas,
de
tipos
de
textos
e de
conteúdos
lingüísticos
necessários
para
implementar
a
compreensão
e/ou
a
produção
de
determinados
conhecimentos.
Fecha-se
assim,
o
círculo
da planificação:
em
sala
de
aula
se implementam as
técnicas
destinadas a
colocar
em
prática
o
método
que,
por
sua
vez,
deriva
da
abordagem
adotada.
Para
o
professor
de
língua
espanhola
que
trabalha
com
o
ensino
de
língua
espanhola no
ensino
fundamental
ou
no
ensino
médio,
outro
fator
além
das
necessidades
do
aluno
deve
ser
levado
em
consideração
ao
planejar
o
seu
curso:
o
tempo
e o
espaço
reservados
na
grade
curricular
para
o
ensino
de
língua
estrangeira.
Neste
contexto,
a
hierarquia
da
leitura
sobre
as
demais
habilidades
lingüísticas
deve
ser
estabelecida, evitando
assim
o
fracasso
em
se
atingir
resultado
palpáveis.
Ademais,
o
ensino
de
língua
espanhola
através
da
leitura
levará o
aluno
à
fonte
de
informações
novas,
que
na
maioria
da
vezes,
não
é vinculada ao
ensino
em
língua
portuguesa.
Quando
o
professor,
ainda
na
primeira
fase
de
seu
planejamento,
define
como
seu
objetivo
principal
o
desenvolvimento
prioritário
da
leitura,
ele
deve
definir
objetivos
reais,
passíveis
de serem atingidos e
definidos
a
partir
das
condições
sociais
também
reais
que
situam o
aluno
enquanto
indivíduos
concretos.
Deve,
assim,
orientar
o
seu
processo
de
ensino
e aprendizagem
para
o
modelo
sociointeracional de
leitura.
Neste
contexto,
o
professor
encontra
mais
um
problema
para
implementar
a
sua
proposta:
não
há no
mercado
material
didático
em
E/LE direcionado
para
este
modelo
de
leitura.
Por
conseguinte,
o
professor
deve
confeccionar
o
seu
material.
Para
tanto,
deverá
conhecer
a
metodologia
empregada
para
que
não
ocorra o
divórcio
entre
teoria
e
prática
que
mencionávamos
anteriormente.
O
modelo
sociointeracional considera a
leitura
como
um
saber
de procedimento. A
leitura
é
um
ato
em
que
o
leitor
compreende a
mensagem
global
para
conseguir
um
propósito
determinado
e,
por
tanto,
utiliza
determinados
procedimentos - as
estratégias
de
leitura
-
que
lhe
permitirão
este
propósito.
Este
modelo
valoriza a
interação
entre
leitor,
texto
e
escritor
e,
desde
uma
perspectiva
discursiva, considera
que
tanto
quem
escreve
quanto
quem
lê
o
texto
produz
significados
e
sentidos;
ou
seja,
esses
são
produzidos a
partir
das
relações
entre
leitor,
escritor
e
texto.
A
situação
e o
contexto
social
e
histórico
dos
leitores
determinam os
sentidos.
Desta
forma,
a
leitura
pode
ser
definida
como
um
processo
interativo,
cognitivo e está situada
socialmente.
O
ensino
do
idioma
espanhol
desde
uma
perspectiva
sociointeracional,
tratar
de
definir
os papéis
sociais
e discursivos das
pessoas
que
participam do
processo
interacional, estabelecendo as
correlações
entre
os
enunciados
e os
contextos
históricos
e
sociais
em
que
são
produzidos e os
diferentes
propósitos
do
discurso
sejam
eles
orais
ou
escritos,
uma
vez
que
todo
discurso
se produz
com
uma
determinada
intenção
comunicativa
e uma
necessidade
de
transmitir
informação
e,
portanto,
possui
regras
de
organização
e
circulação
no
mundo
social.
Para
que
o
processo
de
construção
de
significados
de
natureza
socionteracional se produza
são
necessários
o inter-relacionamento dos
três
tipos
de
conhecimentos
que
compõem a
competência
comunicativa:
o
sistêmico,
o
prévio
ou
de
mundo
e o da
organização
textual.
No
ensino
direcionado à
leitura,
o
aluno
tem de
projetar
os
seu
conhecimento
prévio
e o de
organização
textual
sobre
os
elementos
sistêmicos
do
texto.
Neste
aspecto,
não
podemos
deixar
de
incluir
alguns
fatores
que
facilitam a
tarefa
do
professor
de
língua
espanhola
em
promover
as
habilidades
de
leitura
e de
estratégias
em
particular:
tanto
a
língua
estrangeira
estudada (o
espanhol)
como
a
língua
materna
(o
português)
possuem o
mesmo
alfabeto
latino,
o
mesmo
sistema
semântico,
palavras
com
significados
semelhantes,
radicais
idênticos
e
um
sem
número
de
palavras
transparentes
que
facilitam a
compreensão
de
textos
nessa língua-alvo. Nesse
tipo
de
trabalho,
deve-se
enfatizar
que
não
é
necessário,
portanto,
que
o
aluno
conheça o
significado
de todas as
palavras
do
texto,
pois
através
da
estratégia
de
inferências
poderá
completar
os
seus
significados.
Nesse
modelo
de
ensino
é
importante
a
integração
de uma
informação
nova
a
outra
antiga,
já
que
os
conhecimentos
se sobrepõem. A aprendizagem dos
conteúdos
sistêmicos
não
se faz
através
das
normas
e
paradigmas
gramaticais,
mas
sim
pelo
estabelecimento
de
elos
coesivos ao
longo
da
narrativa.
É
importante
também
que
o
aluno
possa
ser
capaz
de
distinguir
entre
as
informações
centrais
e as secundárias do
texto.
O
professor
necessita
levar
em
consideração
todas essas
características
inerentes
ao
modelo
socionteracional
leitura
quando
elabora o
seu
material
para
as
aulas
de E/LE.
A
organização
do
material
de
leitura
Ao
elaborar
o
material
de
leitura
uma das primeiras
preocupações
do
professor
deve
ser
quanto
aos
critérios
de
seleção
de
textos
que
podem
estar
agrupados
por
temas,
tipologias,
nível
lingüístico,
interesses
dos
aluno,
entre
outros.
Entretanto,
devem
seguir
alguns
princípios
básicos
para
que
podam
treinar
as
habilidades
e
estratégias
específicas exigidas
para
a
construção
do
significado
para
o
discurso
escrito.
Um
dos
princípios
básicos
que
o
professor
deve
atentar
ao
elaborar
o
seu
material
em
leitura
interativa
é
respeitar
os
conhecimentos
prévios
ou
de
mundo
que
o
aluno
possui. Os
textos
selecionados
para
trabalhar
em
sala
de
aula
não
podem
ser
culturalmente
distantes
do
aluno.
A
dificuldade
em
compreender
o
texto
pode
ser
maior
se o
aluno
não
possui o
conhecimento
prévio
sobre
o
assunto
a
ser
tratado.
Muitas
vezes
não
lhe
falta
o
conhecimento
sistêmico,
compreende todas as
palavras
do
texto,
mas
não
consegue
construir
um
significado
coerente
para
ao
texto
porque
não
possui
conhecimento
anterior
sobre
o
assunto.
O
texto
não
deve
somente
possuir
significado
no
universo
de
conhecimento
do
aluno,
mas
também
deve
pertencer
ao
seu
universo
de
interesse.
Deve
tratar
de
assuntos
que
motive o
seu
engajamento no
ato
de
aprender.
Em
um
primeiro
momento,
o
professor
deve ater-se a
textos
que
o
aluno
seja
capaz
de
relacionar
a
um
conhecimento
de
mundo
anterior
e, de
maneira
gradativa,
inserir
textos
diferentes
que
ampliem o
conhecimento
de
mundo
do
aluno.
Assim,
a
falta
do
conhecimento
de
mundo
não
será
um
elemento
desestimulante
para
a
leitura
do
texto.
Outro
princípio
é o
que
se refere à
tipologia
dos
textos
selecionados.
O
professor
deve
escolher
textos
os
mais
variados
possíveis,
de
diferentes
tipologias
para
que
o
aluno
se familiarize
com
as
diferentes
marcas
discursivas
inerentes
a
cada
discurso:
o
espaço
que
ocupa
em
uma
página,
se possui autoria
individual
ou
coletiva,
se está
em
colunas,
porque
o
autor
destaca determinadas
palavras
em
detrimento
de outras.
Determinar
o
gênero
de
um
texto
será
importante
para
o
aluno
compreender
as
unidades
composicionais
que
formam o
discurso:
o
tipo
de estruturação e de
conclusão
de
um
todo,
bem
como
a
relação
entre
o
locutor
e os
outros
companheiros
da
comunicação
verbal.
O
docente
não
deve
somente
restringir-se aos
textos
ou
narrativos,
mas
apresentar
uma
gama
tipológica
para
que
o
aluno
tenha o
conhecimento
necessário
de
como
deve
organizar
a
informação
e
saber
que
esta se organiza
segundo
os
objetivos
a
que
se propõe na
prática
social.
Assim,
um
anúncio
num
jornal
terá
um
objetivo
diferente
de
um
verbete
de
dicionário
que
por
sua
vez
terá
um
objetivo
diferente
de uma
receita
culinária
ou
uma
notícia
de
um
jornal
ou
revista.
Conhecer
essas
marcas
textuais
é
perceber
que
os
discursos
são
organizados
segundo
os
objetivos
que
têm
em
mente
o enunciador.
Com
relação
à
escolha
de
textos,
o
docente
deve
manter
a estruturação
original
do
discurso
de
maneira
que
não
se rompa a
coerência
e
coesão
entre
os
parágrafos
e os
mesmos
não
devem
ser
adaptados
ou
simplificados,
pois
devem
expor
aos
alunos
a uma
variedade
de
exemplos
práticos
da
língua,
de
preferência
inter-relacionadas
com
as outras
matérias
do
currículo
(os
temas
transversais
de
que
tratam os PCN’s) e
capazes
de
receber
e
transmitir
informações
pelo
uso
da língua-alvo (propósito
do enunciador ao escrevê-lo).
Ao
selecionar
um
texto,
o
professor
precisa
verificar
se o
texto
selecionado
realmente
promoverá a
prática
da
habilidade
visada,
pois
o
aluno
não
pode
ser
forçado
a
executar
uma
tarefa
de
leitura
não-realista (esta
inclusive
fugiria à
proposta
metodológica)
porque
o
professor
decidiu
trabalhar
determinada
estratégia
naquele
ponto
do
planejamento
e
não
conseguiu
encontrar
um
texto
melhor.
Antes
de
iniciar
o
trabalho
com
os
textos,
cabe ao
professor
sensibilizar
o
aluno
para
a
leitura.
Mostrar
que
sempre
lemos
com
um
objetivo
(leitura
geral
ou
detalhada) e
que
estamos
constantemente
lendo a “palavra-mundo”.
Deve-se
conscientizar
o
aluno
de
que
ler
é
muito
mais
que
decodificar
palavras
em
um
texto,
é
um
processo
ativo
de
construção
de
sentidos
a
que
o
leitor
chega
a
ele
por
meio
de
habilidades
ou
estratégias.
Uma
vez
selecionado
os
textos,
outro
critério
a
ser
abarcado é o da estruturação dos
conteúdos:
deve-se
partir
dos
mais
simples
aos
mais
complexos,
graduando e aumentando o
grau
de
dificuldade.
A
cada
aula
o
aluno
aprende uma
estratégia
diferente,
partindo
sempre
do
mais
abrangente ao
mais
restritivo,
porém
abordando as praticadas
anteriormente.
Cada
exercício
apreende uma
estratégia
ou
habilidade
nova
e todas as aprendidas
anteriormente.
A
cada
nova
atividade,
o
professor
retira
os
suportes
e os
alunos
redefinem
eles
próprios
as
tarefas,
utilizando-as
em
seus
processo
de
leitura.
A
peça
fundamental
nessa
abordagem
metodológica é
realizar
um
trabalho
centrado no
aluno
que
é o
sujeito
da
ação
de
executar
e
reflexionar
sobre
a
sua
aquisição
de
conhecimento.
O
professor
somente
fornece os
instrumentos
para
que
o
aprendiz,
respeitando as
suas
próprias
limitações,
possa
estar
capacitado
com
a
linguagem
escrita.
O
seu
papel
é o de
mostrar
ao
aluno
as “pistas
do
texto”
que
deve
seguir
ou
as
estratégias
que
pode
utilizar
para
compreender
o
texto.
Neste
caminho
de
intermediar
a
compreensão
do
texto,
um
das primeiras
tarefas
do
professor
é
fazer
com
que
o
aluno
se aproxime do
texto
em
espanhol
da
mesma
forma
como
faria
com
um
texto
em
língua
materna:
através
do
levantamento
de
hipóteses.
A
partir
de
seu
conhecimento
prévio
e de
seu
conhecimento
sistêmico,
convida-se o
aluno
a
inferir
os
significados
sobre
o uma
determinada
parte
do
material
a
ser
lido (títulos,
ilustrações,
resumos,
entre
outros).
O
objetivo
dessa
estratégia
é
fazer
com
que
os
alunos
levantem
hipóteses
sobre
o
provável
assunto
do
texto
a
ser
lido. Uma
vez
levantadas as
hipóteses,
apresenta-se o
texto
completo
ao
aluno
para
que
ele
possa
comprovar
ou
não
as
hipóteses
levantadas.
Na
área
do
conhecimento
sistêmico
a
estratégia
de
inferência
deve
ser
usada
também
para
que
o
aluno
infira o
significado
de uma
determinada
palavra
no
texto,
sem
apoiar-se no
uso
do
dicionário
e identifique se esta
palavra
é
ou
não
uma palavra-chave
para
a
compreensão
do
significado
do
texto.
As
atividades
que
enfatizam o
conhecimento
sistêmico
devem
priorizar
os
elementos
de
coerência
e
coesão
dentro
do
texto,
a
gramática
textual:
as
relações
sintático-semânticas, os
elementos
de
referência,
os
determinantes,
os
verbos,
os
marcadores
do
discurso,
e as
marcas
textuais.
Na
gramática
textual
o
mais
importante
é o
significado
que
os
termos
possuem
dentro
de
um
contexto,
uma
vez
que
em
outros
adquirem
novos
matizes.
A
gramática
que
se
trabalha
com
os
alunos
está
em
nível
de
reconhecimento
e
não
de
produção.
As
ferramentas
de avaliação
também
devem
ser
contempladas no
planejamento
do
professor
de
leitura
instrumental. A avaliação é o
instrumento
fundamental
para
o
professor
saber
se atingiu
ou
não
os
objetivos
propostos no
planejamento
e
assim,
verificar
se deve
avançar
ou
retroceder
no
programa.
Para
o
aluno,
a avaliação é o
instrumento
para
saber
se alcançou
ou
não
os
objetivos
propostos. Dessa
maneira,a
avaliação é o
instrumento
primordial
para
saber
como
está o
trabalho
do
professor
e a aprendizagem do
aluno.
No
modelo
socionteracional de
leitura,
não
há
espaço
para
as
ferramentas
tradicionais de avaliação,
pois
quaisquer
exercícios
poderão
conformar
uma avaliação,
já
que
a aprendizagem da
compreensão
leitora ocorre
em
um
processo
espiralado:
cada
novo
conhecimento
se
assenta
sobre
o
antigo.
Assim,
se avalia todas as
estratégias
ao
mesmo
tempo.
Neste
enfoque,
a
atuação
docente
deve
focalizar
as
ferramentas
de avaliação
sobre
o
processo,
ou
seja;
como
o
leitor
faz
uso
das
estratégias
para
compreender
o
discurso
escrito.
Considerações
finais
O
conhecimento
teórico–prático
das
bases
metodológicas
que
o
docente
utiliza
em
sua
prática
torna-se
fundamental
para
o
sucesso
ou
o
fracasso
do
processo
de
ensino.
O
professor
que
conhece as
bases
metodológicas das
decisões
que
toma
em
sala
de
aula,
consegue
interagir
positivamente
com
os
alunos
obter
bons
resultados
no
processo
de
ensino
e aprendizagem.
Esse
conhecimento
converte-se
em
peça
fundamental
em
todas as
etapas
do
planejamento
da
atuação
docente.
Planejar
é,
por
conseguinte,
um
verbo
imprescindível
no
processo
de
ensino
e aprendizagem,
pois
orienta a
prática
docente
em
todos
os
níveis
de
atuação
do
professor.
Todas as
etapas
do
conjunto
de
decisões
que
toma
o
professor
em
sala
de
aula
–
objetivos,
conteúdos
e procedimentos – estão contempladas no
planejamento.
O
professor
não
pode
prescindir
do
planejamento
ao
elaborar
qualquer
proposta
para
o
seu
grupo,
seja de
um
exercício
ou
de
um
material
que
abarcará
todo
o
curso.
Planejamento
e
elaboração
tornam-se
dois
verbos
indissociáveis.
O
professor
que
correlaciona as duas
etapas
-
planejamento
e
elaboração
de
material
-
não
incorrerá na
incisão
entre
a
proposta
do
material
didático,
os
princípios
teóricos
que
o organizam e
principalmente,
na
maneira
de utilizá-lo
em
sala
de
aula.
Dessa
forma,
sua
prática
profissional
não
estará diminuída
diante
das
possíveis
dificuldades
que
encontrará ao
elaborar
o
seu
material
didático.
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