QUINTILIANO: IDÉIAS ATUAIS – APESAR DE ANTIGAS
Maria Lucília Ruy (USP)
A proposta do presente trabalho consiste na tradução comentada de um trecho da Instituto Oratoria, do gramático Quintiliano – escolhido levando-se em conta, dentro do possível, a linha de pesquisa de nossa dissertação de Mestrado – com as devidas anotações sobre as questões por ele abordadas ao longo do texto apresentado.
Inicialmente, tínhamos intenção de estudar a natureza do acento latino, tendo em vista a dificuldade, para nossos ouvidos, de perceber as diferenças tonais – hoje quase imperceptíveis – tão importantes para a definição da sílaba sobre a qual deva recair o acento gráfico (obrigatório em Latim). Mas não apenas para isso, pois essa definição é importantíssima para se estabelecer o sentido – e mesmo a classe gramatical – adequado de algumas palavras latinas, cujo significado só pode ser definido justamente por essa diferença tonal. Uma pequena mudança de timbre é suficiente para modificar o sentido – e sua classe – de tais palavras. Por isso tão importante para o entendimento do texto. Esse tema levou-nos à escolha do capítulo V, itens 22-64, livro I, da obra citada acima.
Contudo, ao longo da pesquisa e do estabelecimento da tradução, observamos a abordagem de vários outros assuntos – além da questão de acentos e tons. Todos eles – variação de tons, acentuação gráfica, solecismos, vícios de linguagem, figuras, influências estrangeiras, empréstimo, dialetos etc – são tratados com bastante acuidade, com um texto altamente esclarecedor em relação aos mesmos a quem se interessar pelo tema.
Quintiliano, ao abordá-los, apresenta um assunto maior: pode o uso corrente da língua prevalecer sobre a norma padrão (ou lei antiga, como ele a chama)? Tema candente ainda hoje e também na época de nosso autor, pelo que parece. Essa questão tem ligação com todos os temas tratados ao longo do trecho escolhido; por isso a abordagem dos mesmos. Eles são apresentados como que uma espécie de argumento para comprovar o que afirma nosso gramático – ou, como ocorre em alguns itens, simplesmente para colocar o tema em debate ou chamar a atenção para o mesmo.
Dessa forma, nosso interesse voltou-se à investigação sobre esse assunto, tendo em vista a mesma não descartar a possibilidade do estudo de todos esses outros temas apresentados nos itens destinados à tradução comentada.
Com relação à tradução, propusemo-nos ao estabelecimento de um texto consensual de modo que não ferisse o sentido original e nem resultasse numa estrutura gramatical portuguesa estranha aos nossos padrões atuais – sendo o original em Latim anexado ao final deste trabalho.
Por fim, este estudo consiste na tradução do trecho acima mencionado, à qual são apostas notas com explicações, esclarecimentos, apontamentos sobre pontos presumivelmente obscuros, ou termos específicos ou técnicos, comentários e opiniões por nós estabelecidos, com o objetivo de divulgar informações não acessíveis. E isso não apenas pela barreira da língua latina – da qual o conhecimento é de extrema importância para professores de gramática e língua estrangeira, em geral –, mas também pelo total desconhecimento da obra em si, do escritor, da época etc. A divulgação da obra de um escritor tão importante como Quintiliano torna-se essencial, ainda, para pesquisadores e estudiosos de gramática portuguesa – e mesmo de línguas estrangeiras, pelo fato de esta abordar temas comuns no que se refere a estudos lingüísticos e filológicos em geral.
Infelizmente, devido ao Latim ser conhecido por poucos, há grande variedade de textos relegados ao esquecimento em enormes prateleiras das muitas bibliotecas espalhadas pelo país. Pela mesma razão, acima exposta, optamos por incluir nas notas de rodapé não apenas os possíveis pontos obscuros abordados por nosso escritor. Estes podem o ser para uns, mas não para outros. E, do mesmo modo com relação aos pontos aparentemente óbvios.
Passemos, então, à tradução propriamente dita dos itens 22-64 e, em seguida, às Considerações Finais.
A Educação Oratória
Marco Fábio Quintiliano[1]
[Tradução do Livro I – Capítulo V – itens 22 a 64]
(...) 22.
Até
agora
é
mais
difícil
a
observação
dos
tons[2]
(os
quais
descobri /serem/
ditos
“tonores” .... )
ou
acentos[3],
aos
quais
os
gregos
chamam ..... (“prosódia”)[4],
porque
o /acento/
agudo
e o
grave
são
empregados
um
23.
como
“Cethegys” (e
este
com
a
primeira
/sílaba/
aguda;
de
fato,
assim
a /sílaba/
aguda
é modificada);
ou a
circunflexa
pela
grave,
como
em “
24.
Mas
isso
acontece
freqüentemente
em
nomes
gregos,
como
“Atreus”[7]
que
os
velhos
sábios
costumavam
25. Estas
coisas
sobre
os
acentos
/são/
ensinadas. De
resto,
/eu/
já
conheço uns
eruditos,
e
também
uns
gramáticos,
assim
ensinarem e falarem a
fim
de
por
vezes
determinarem a
palavra
26.
27.
28. Acontece
porque
também
a estipulação do
metro
mude o
acento[15]:
“pecudes pictaeque uolucres” (“animais
alados
e
pintados”)[16].
De
fato,
/eu/
lerei “uolucres”[17]
com
/acento/
agudo
na /sílaba/
29.
Com
toda
certeza,
separadas, estas /palavras/
de
nossa
regra
não
se desviarão;
ou
se
não,
se o
uso
30. e de
fato
em
toda
palavra,
até
a
31. Há,
contudo,
em
toda
palavra,
principalmente
uma /sílaba/
aguda,
mas
nunca
mais
do
que
uma e
não
/há/
jamais
na
última;
por
32. E ocorrem
pelos
sons
aquelas
falhas
de
linguagem
e de
língua,
as
quais
não
podem
33. Há,
ainda,
alguns
sons
particulares
e
inenarráveis,
com
os
quais
algumas
vezes
descobrimos as
nações[25].
Nestas
circunstâncias,
removidos os
vícios[26],
entre
todos
os
que
falamos
acima,
haverá
aquele
que
é chamado “ortoépia”[27].....,
isto
é, uma
interpretação
dos
sons
corrigida
com
suavidade:
de
fato,
assim
pode
34.
Todos
os
demais
vícios
existem a
35.
Quando,
quer
/em/
“amarae corticis”[29]
quer
/em/
“medio cortice”[30],
ocorre
solecismo
36. A
isso
mais
conhecimento
é exigido
caso
em
palavras
isoladas
também
possa
37. A esta
opinião
não
adiro
inteiramente
e
nem
/dela/ divirjo
completamente;
de
fato,
38.
Contudo,
39.
por
inversão,
em
que
a
ordem
é perturbada, “quoque
ego”
(“também
eu”),
“enim hoc uoluit” (“
40.
Alguns
separam
estes
três
gêneros
de
solecismo
e chamam “pleonasmo”[41]......
o
vício
de
acréscimo,
“elipse”[42].......
/o/ de supressão, “anástrofe”[43]......
/o/ de
inversão:
este,
se se
aplique
a uma
espécie
de
solecismo
pode
também
41. Há
42.
além
disso, /nele ocorrem
solecismos/
de
números,
nos
quais
nós
temos
singular
e
plural;
os
gregos
também
/têm o/ ......... (“dual”)[46].
Aliás,
houve
aqueles
que
43.
Entre
nenhum
dos
nossos,
na
44.
Quê?
Não
diz
freqüentemente
Lívio[49]
45.
Semelhantemente
ocorrem
em
vocábulos
e
nomes
solecismos
em
gênero
e
número;
no
entanto,
propriamente,
nos
casos
sucede
tudo
aquilo
que
/ocorre/
46. De
fato,
o
vício
que
ocorre /em
expressão/
de
47. No
particípio[51]
se
erra
em
gênero
e
em
caso,
como
no
substantivo;
em
tempo,
como
no
verbo;
em
número,
como
em
ambos.
O
pronome[52]
também
possui
gênero,
número,
casos,
todos
os
quais
recebem
48. Ocorrem
solecismos
também,
certamente
muitos,
por
entre
as
partes
do
discurso,
mas
49. De
fato,
são
alguns
/solecismos/
cognatos,
como
dizem,
isto
é, de
mesma
espécie,
nos
quais
terá errado
não
menos
do
que
sendo
trocado
o
gênero,
tal
que
convém
50.
Realmente,
tanto
“an” (“acaso”,
“ou”,
“se”)
quanto
“aut” (“ou”)
são
conjunções;
todavia,
se pergunte
mal
/em/
“hic aut ille sit” (“este
ou
aquele
seja”). E “ne” e “non” /são/
advérbios:
aquele
que,
porém,
disser “non feceris” (“não
terás
feito”,
“não
farás”)
por
aquele
“ne feceris” (“que
não
tenhas
feito”,
“que
não
faças”)
51. As mesmas
coisas
acontecerão
em
variedade
pronomes,
interjeições,
preposições.
É, na
52.
Alguns,
todavia,
também
possuem
aparência
de
solecismo
e
não
podem
53.
Em
54. Na
mesma
espécie
estão,
mas
não
têm
figura,
como
/eu/
disse
acima,
os
nomes
femininos
usados
55.
56. /Eu/
me
calo
sobre
os
etruscos,
os sabinos e
também
os prenestinos (de
fato,
assim
como
Lucílio[56]
censura
Vétio[57]
que
usa
o
discurso
daqueles,
igualmente
Polião[58]
repreende aquela patavinidade[59]
em
Lívio): é
57.
Muitos
/termos/
gauleses permaneceram,
como
“raeda” e “petorritum”[60]
(60), dos
quais,
todavia,
Cícero
use
um e
Horácio
outro.
E “mappa”[61]
(61),
nome
também
usado no
circo,
os cartagineses reivindicam
58.
Mas
esta
minha
59. E se se
60.
Ainda
mais
também
/esse
gramático/
louvará a
virtude
daqueles
que
se esforçaram
por
61. Na
62. De
fato,
se tivessem
dito
“Sufenas” e “Aspenas”
como
“Maecenas”[73],
/esses
termos/
teriam terminado no
caso
genitivo,
não
com
a
letra
“e”,
mas
com
a
sílaba
“tis”. Daí,
em
“Olympus” e “Tyrannus”, proferiram a
sílaba
63.
Assim
produziu o genitivo “Ulixi” e “Achilli”[74],
assim
/fez/
com
muitos
outros
/termos/.
Agora,
os
mais
novos
estabeleceram
64. De
resto,
aquelas /palavras/
puderam
Considerações Finais
A tradução da Instituto Oratoria, de Quintiliano - ainda que de um pequeno trecho - para nós se mostrou importante por trazer à luz um tema ainda hoje tratado com as mesmas controvérsias de então - guardadas as diferenças de época, obviamente - bem como por todas as razões aludidas em nosso Introdução.
É certo que os estudos filológicos e lingüísticos sobre esse tema (a influência do ato da fala - ato corrente como diz nosso autor - sobre a norma padrão a ponto de determinar mudanças substanciais a esta última) se desenvolveram muito de lá para cá; contudo, o teor da discussão - aparentemente - permanece o mesmo. Nesse sentido, o estudo desse tema torna-se mais importante ainda porque nos ajuda a compreender a questão desde a sua raiz.
Quintiliano afirma ser o uso corrente da língua - por certo, o uso da parte de pessoas instruídas, consideradas autoridade no assunto, como sabemos - algo sobre o qual deveriam prestar mais atenção os gramáticos, ou melhor, os oradores aos quais o texto é dirigido. Para tanto, utiliza exemplos retirados de obras de escritores consagrados. E afirma, também, aparentemente, ter chegado o momento de a língua latina - e suas regras gramaticais - ser valorizada em detrimento do grego; embora reconheça a importância da influência desta última sobre aquela, pois muitas palavras gregas (conceitos gramaticais importantes) foram simplesmente transliteradas para o alfabeto romano, pelo fato de não haver termos equivalentes em Latim - como ele próprio afirma.
Tais conceitos, como sabemos, vigoram até hoje entre nós nas mesmas condições. Há vários exemplos apresentados ao longo do texto por Quintiliano. (Aliás, diga-se de passagem, muitas dificuldades de compreensão em relação ao estudo do Português, e mesmo de língua estrangeira, por parte de nossos alunos do ensino fundamental e médio, seriam facilmente sanadas se o ensino de Latim e Grego fosse obrigatório a nossos alunos desde as primeiras séries do Ensino Fundamental.)
Trata-se de um debate extremamente atual, não podemos negar isso. Quintiliano, no item 58 da tradução apresentada para análise, questiona de forma indireta: “por ventura pela mesma regra através dos casos convenham ser construídas as /palavras/ estrangeiras como as nossas”. Na verdade, aí se encontra implícito um tema atualíssimo sobre o qual se debatem nossos gramáticos, lingüistas e filólogos: as palavras vindas de fora - tomadas de empréstimo ou não - devem ou não ser “aportuguesadas” (ou “abrasileiradas”, como preferem alguns) ao serem incorporadas ao nosso léxico? Devemos buscar termos referentes em nossa língua para tal adaptação?
Quintiliano com relação a isso faz uma observação, com caráter de queixa, ao afirmar no item 64 do texto em estudo: “aquele que prefira seguir a estrutura grega não fala em latim /correto/ na verdade; mas, todavia, /fala/ sem repreensão”. Ou seja, ninguém reclama, nem mesmo os gramáticos considerados autoridade no assunto. Como se dissesse: “Não há como evitar as tantas influências sobre nossa língua, mas deveria haver alguma forma de isso ser regularizado, isto é, normatizado, dentro de um consenso entre as autoridades competentes para tanto”. Exatamente como ocorre em relação ao nosso Português.
Esses são apenas exemplos para confirmar a atualidade de escritores como Quintiliano.
Por tudo isso, estudar Latim - e o Grego, dentro das Letras Clássicas - torna-se extremamente necessário não apenas aos historiadores da língua (lingüistas e filólogos), mas também a professores de Português (bem como de língua estrangeira) a fim de transmitir os necessários conhecimentos - com muito mais autoridade, aliás - para uma boa formação de nossos alunos.
O conhecimento, como sabemos, passa pelo estudo de língua e cada língua tem, para seu uso, uma gama de termos e expressões que se estende à fala diária. Esta, no entanto, é mesclada de mutabilidades que revelam o dinamismo a que todo idioma está sujeito.
E essa mutabilidade, como diz Coseriu, “é característica essencial e necessária da língua” porque “a língua não está feita, mas faz-se continuamente pela atividade lingüística”.
BIBLIOGRAFIA
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VAANANEN, Veikko. Introducción al Latin Vulgar. Madri: Gredos, 1967.
XAVIER, Maria Francisca & MATEUS, Maria Helena. Dicionário de Termos Lingüísticos, 1980.
[1]
M. Fábio Quintiliano nasceu
em
Calagúrris, na Espanha Tarraconense,
entre
35-40 d.C. Foi
[2] Do latim tonus, -i, “tensão de uma corda; acento de uma sílaba”. (FARIA, 1956)
Os
sons
da
linguagem
podem se
[3]
Do
latim
accentus,
-us
–
Optamos
por
não
[4]
Prosódia
– é o
estudo
de
três
elementos:
o
acento
dinâmico
(acento
de
energia,
ligado à
maior
ou
menor
força
com
a
qual
o
ar
é expelido dos
pulmões);
o
acento
de
entonação
(acento
de
altura,
ligado à
maior
ou
menor
freqüência
do
som
fundamental);
e a
duração,
ou
[5]
No
latim
havia
três
tipos
de
acento:
grave,
agudo
e
circunflexo,
levando-se
em
Esse
uso,
exatamente,
é
[6]
(Obs.: A
sílaba
é uma
emissão
vocal
assinalada
por
um
[7]
Atreus –
mito
grego
sobre
o
qual
alguns
escritores
escreveram
poesia.
Da
poesia
trágica
de P. Pompônio
Segundo,
da
[8]
Nereus, -ei (subs.) –
deus
[9] In: Eneida, de Virgílio – IV, 254s.
[10] Do latim circus, -i – “círculo; circo; o grande circo de Roma”. (FARIA, 1956)
[11]
Do
latim
circumitus, -us
= circuitus
(subs.) –
circuito;
giro;
rodeio.
Circumitus,
-a,
-um
(adj.) – rodeado,
cercado
(Particípio
passado
de circumere
–
[12]
Do
latim
qualis,
-e
(adj.; pron.
Relativo
e interrogativo) – 1-
Relativo:
(com
“talis”
expresso
ou
subentendido),
tal
como,
da
natureza
que;
assim,
igualmente;
2- Interrogativo:
qual,
de
que
espécie,
de
que
natureza;
3-
[13]
Neste
item,
Quintiliano se refere às
palavras
átonas
que,
na
pronúncia,
se apóiam à
palavra
seguinte
ou
à precedente, denominadas,
respectivamente,
enclíticas e proclíticas.
Em
latim,
estas últimas
são
consideradas as
principais
palavras
átonas
por
formarem
com
a
palavra
seguinte
um
todo
fonético,
dando a
impressão,
como
o
[14] In: Eneida, de Virgílio – I, 1.
[15]
Neste
item
Quintiliano se refere ao
fato
de
que
o
escritor
ao
Na versificação, o
ritmo
é
elemento
essencial
do
verso,
[16] In: Geórgicas, de Virgílio – III, 243.
[17]
Uolúcres, ao
invés
de Uólucres,
[18]
[19]
Verso
heróico,
ou
hexâmetro –
verso
dos
poemas
épicos
[20]
Uso
[21]
Lei
Antiga
– Quintiliano, ao
[22]
Neste
item
Quintiliano explica
Dialetos
– Do
[23]
Nos
itens
30 e 31 Quintiliano faz uma
espécie
de
(24) Jotacismo –
vício
auditivo:
quando
certas
vogais
e
ditongos
gregos
eram pronunciados de
maneira
prat6icamente
idêntica,
[24]
Jotacismo –
vício
auditivo:
quando
certas
vogais
e
ditongos
gregos
eram pronunciados de
maneira
prat6icamente
idêntica,
[25]
Aqui,
Quintiliano se refere ao
fato
de
cada
som
caracterizar-se acusticamente
por
certo
número
de
dados,
em
particular
a
rapidez
da
vibração
ou
freqüência,
a
amplitude
da
vibração
ou
intensidade,
a
duração
da
emissão
etc.
Cada
um
deles tem equivalentes
em
outros
níveis
da
transmissão
da
mensagem
(
[26]
Vício
–
Qualquer
desrespeito
à
norma
[27]
Ortoépia
–
linguagem
ou
estilo
correto;
ciência
que
define a
pronúncia
correta
de
um
fonema.
Aqui,
Quintiliano se refere ao
vício
de
linguagem
em
que
as
consoantes
são
mal-articuladas, chamado ortoépico. Ex.: abôbada ao
invés
de abôboda; carramanchão ao
invés
de
caramanchão
(
[28]
Do
latim
soloecismus,
-i
–
Vício
de
linguagem
que
consiste
em
erros
de
[29]
(29) “De
áspera
casca”.
No
latim,
cortex (no
texto,
genitivo
singular
corticis,
com
o
qual
concorda o
[30]
“No
meio
da
casca”.
Cortice
se
encontra,
no
texto,
no
ablativo
singular,
[31] Públio Virgílio Marão, 70-19 a.C., em Andes, aldeia próxima de Mântua. Entre suas obras destacam-se As Éclegas ou Bucólicas, As Geórgicas, Eneida. (PARATORE, 1983)
[32]
Neste
item,
Quintiliano, na
[33]
Há
solecismo
de
gênero
nesses
exemplos
de Quintiliano
porque
[34]
O
pronome
pessoal
do
caso
reto,
da
primeira
[35]
[36]
Barbarismo
–
vício
de
linguagem
que
consiste
em
erros
em
relação
às
palavras:
a) na
pronúncia;
b) na
grafia;
c) na
[37]
As
conjunções
nam (“efetivamente”)
e enim (“
[38] Dessas expressões foram suprimidos: “ambulo /per/ uiam”; “/ab/ Aegypto uenio”, “ne hoc /quidem/ fecit”.
[39]
As
conjunções
quoque,
enim,
e autem
não
são
usadas
em
início
de
frase
(ERNOUT, 1953).
[40]
Do
latim
igitur (adv.) – “nestas
circunstâncias,
[41]
Pleonasmo:
1) uma
seqüência
de
palavras
é pleonástica
desde
que
os
elementos
de
expressão
sejam
mais
numerosos
do
que
o exigido
[42]
Elipse
–
Em
certas
situações
de
comunicação,
ou
em
certos
enunciados,
determinados
elementos
de uma
frase
dada
podem
Elipse
situacional:
em
certas
situações
não
é
indispensável
Elipse
gramatical:
palavras
que
o
conhecimento
da
língua
(regras
sintáticas) permite
[43]
Anástrofe
– (do
grego
..... “
[44]
[45]
Os
modos
são:
indicativo,
imperativo,
subjuntivo,
[46]
Dual
–
caso
gramatical
da
categoria
do
número
que
traduz a dualidade (“
[47]
Formas
da
terceira
[48] Rufos – sobrenome romano; autor de comédias (GAFFIOT, 1934).
[49]
Tito Lívio (59-17 a.C.) – historiador
romano,
nasceu
em
Patavium (hoje
Pádua). A
base
de
sua
educação
foi o
estudo
de
retórica
e
filosofia.
Estabeleceu-se
em
Roma
em
30 a.C.,
onde
adquiriu
grande
prestígio
junto
a
Augusto,
sendo nomeado
preceptor
do
jovem
Cláudio,
futuro
imperador.
Manteve-se isolado da
política
e do
círculo
literato
que
rodeava o
imperador,
que
incluía Virgílio, Horácio e Ovídio.
Graças
a essa
[50] Quintiliano se refere a Ab Urbe condita, de Tito Lívio (I, 12, 1).
[51]
Particípio
– É uma das
formas
nominais
do
verbo
equivalente a
um
substantivo
ou
a
um
[52]
Todos
os
Pronomes
(pessoais,
possessivos,
demonstrativos,
indefinidos
e
relativos)
podem
[53]
Intro é
um
advérbio
que
se
emprega
com
verbos
de
movimento
e Intus,
indica
localização.
As
expressões
eo
intus
(“vou
dentro”)
e intro
sum
(“estou
[54]
Na
expressão
Tragoedia
Thyestes
o
segundo
termo
está no
caso
nominativo,
em
vez
de genitivo; deveria
A primeira expressão refere-se a Tiestes, personagem da famosa tragédia em que Atreu, rei de Micenas, devora os próprios filhos num banquete a ele servido. E a segunda, refere-se aos jogos Florais comemorados em fins de abril em honra de Flora, deusa da primavera e às Megalésias, que ocorriam no início de abril em honra da deusa Cibele, chamada Magna Mater.
[55]
Figura
–
[56]
Caio Lucílio (148-102 a.C.) –
amigo
da
família
de Scipiões e influenciado
[57] Vétio Filócomo, gramático lembrado por Suetônio em seu De Gramaticis (Apud PEREIRA, Marcos Aurélio. Quintiliano Gramático. São Paulo: Humanitas. 2000).
[58]
C. Asínio Polião (76 a.C. a 4 d.C.) – a
formação
cultural
que
recebeu
em
Roma foi
decisiva
[59]
Patavinidade –
modo
de
[60] Raeda, -ae (subs.) – carro de quatro rodas; carro de viagem. Petoritum, -i – carro, ou carroça ligeira, de quatro rodas. (GAFFIOT, 1934)
[61]
Mappa, -ae (subs.) – 1-
toalha
de
rosto;
guardanapo
de
mesa.
2-
sinal
que
se dava
nos
jogos
circenses
com
um
guardanapo
(pano)
[62] Gurdus, -a, -um (adj.) – 1- pesadão, grosseirão. 2- tolo, estouvado, inútil. (GAFFIOT, 1934)
[63]
Nesta
passagem,
Quintiliano se refere ao
fato
de a
língua
romana
[64]
Empréstimo
– Há
empréstimo
lingüístico
quando
um
sistema
A utiliza e acaba
por
[65] Do latim Castor, -oris (subs.) – 1-filho de Leda e irmão de Polux, com o qual representa a constelação de Gêmeos. 2- Meteoro ígneo (o santelmo) que aparece aos navegantes. (GAFFIOT, 1934)
[66]
Quintiliano, neste
item,
se refere ao
fato
de os
vocábulos
mudarem a
posição
do
acento
devido
à
desinência
que
recebem
nos
casos.
O
Nominativo
não
recebe
desinência,
mas
alonga a
vogal
do
tema
deslocando a
sua
sílaba
tônica.
Mas,
no
geral,
os
nomes
(substantivos,
adjetivos,
dêiticos) mantêm na
medida
do
possível
a
tônica
na
posição
do
Nominativo
singular.
O
[67]
Palemon, -onis (subs.) –
deus
do
mar;
gramático
e
[68]
Célio Antipatro –
[69] M. Valério Messala Corvino – autor de poesias bucólicas (58 a.C.). (PARATORE, 1983)
[70]
Marco
Túlio
Cícero
(106-43 a.C.) –
homem
de
Letras
e
homem
político,
propugnou o homo
novus
que
unia o otium
intelectual
às tradicionais
obrigações
[71] Por Hemagoras, nome de famoso retórico grego.
[72] Por Aeneas e Anchises, ou seja, Enéias, o herói da guerra de Tróia e protagonista da epopéia de Virgílio que teria, segundo a lenda, aportado em Roma; e Anchises, seu pai.
[73]
Nomes
romanos.
O
[74]
Ulixes, -is (subs.) –
herói
grego,
lendário
rei
de Ítaca;
[75]
Calypso, -us (subs.) –
ninfa
da
mitologia
grega,
de
extraordinária
[76] Juno, -onis (subs.) – irmã e mulher de Júpiter. Presidia aos casamentos e aos partos.
[77]
C. Júlio César (100-44 a.C.) – Ao
lado
de
Cícero
é considerado
como
mestre
de
prosa
latina
clássica
por