COESÃO
TEXTUAL
UM
PROBLEMA A
MAIS
NA
PREPARAÇÃO DE
MATERIAL
DIDÁTICO
PARA
LEITURA
INTERATIVA
EM
ESPANHOL/ LE.
Ana Elizabeth Dreon de Albuquerque
(UERJ e CPV)
A
disciplina de
Prática de
Ensino de
Espanhol IV, ministrada na UERJ, tem
como
um de
seus
objetivos a
elaboração,
pelo aluno-mestre, de
seu
próprio
material
didático
para o
ensino de
espanhol/
língua
estrangeira –
ensino
médio.
Tais
exercícios fazem
parte do
conjunto de
tarefas a serem executadas no
decorrer do
curso,
que tem a
duração de
um
semestre.
Dentre
esses
exercícios, encontra-se a
elaboração de
material
didático visando à
leitura
interativa:
textos
ora
com
questões discursivas,
ora
com
questões
objetivas,
ora
sem a
presença de
perguntas e
que trabalhem,
por
exemplo, a
coesão
textual.
O
objetivo desta
última
tarefa é
fazer
com
que os alunos-mestre tomem
contato
com a
variedade de
exercícios
possíveis
para se
lidar
com a
leitura
interativa e
que se desprendam
um
pouco da
idéia de
que
só é
possível
avaliar a
leitura
através de
perguntas –
fato
este
corriqueiro na
maioria dos
livros
didáticos.
O
fato é
que,
ainda
que
esses
exercícios pareçam
ser de
fácil
execução, o
material produzido, numa
primeira
versão, tem se mostrado
bastante deficitário no
entendimento do
que seja
trabalhar a
coesão
textual. O
presente
trabalho
visa
discutir
esses
erros
recorrentes na
elaboração de
tais
exercícios.
Entendendo
a
coesão
textual
Ao se
buscar uma
terminologia
para o
que seja
coesão e
como se apresenta
formalmente, o
que se observa é
que
não há
consenso
entre
diversos
autores.
Muitos deles discutem
inclusive o
fato de
coesão e
coerência estarem
ou
não dissociados,
ainda
que admitam a possibilidade de
haver
coerência
sem
coesão.
De
qualquer
modo, há uma
concordância
quando se entende
que
coesão "é uma
relação
semântica
entre
um
elemento no
texto e
algum
outro
elemento
que é
crucial
para a
sua
interpretação" (Halliday & Hasan,
1976, p.8).
No
que diz
respeito à
referência
que se dá
dentro do
texto (denominada endofórica), Halliday & Hasan
apontam
cinco
tipos de
elos coesivos:
a)
referência (Ele
quer
qualquer
tarefa,
menos
esta),
b)
substituição
(Carlos participou da
campanha
contra
a
fome.
Tito e Júlia fizeram o
mesmo),
c)
elipse (João
trabalhou
com
adolescentes
e Maria, (0)
com
crianças),
d)
conjunção (Assim
que
você
arrumar os papéis,
eu organizo
o
fichário), e
e)
coesão
lexical (Betinho
encabeçou a
luta
contra a
fome. O
sociólogo acreditava na
mudança da
situação do
país)
Assim, ao
nos depararmos
com a
frase "Ela foi ao
teatro",
só poderemos
entender a
quem se refere o
pronome
ela, se houver
algum
elemento
próximo
que explicite de
quem se
trata.
Caso se anteponha a
frase "Maria saiu", de
forma a
termos a
seqüência "Maria saiu.
Ela foi ao
teatro", Maria será a
forma referencial e se poderá
afirmar,
então,
que
ela é
um
elemento de
referência
que se remete à Maria.
Fávero (1991) e Koch (1990) ampliam o
conceito de
coesão referencial, abrangendo os
casos de “referência,
substituição e
coesão
lexical”, abordados
por Halliday & Hasan.
Segundo Fávero,
além dos
tipos de
coesão apontados
por Halliday & Hasan,
existem
ainda a
coesão recorrencial (que
diz
respeito a
certos
artifícios comumente utilizados na
linguagem
poética) e a
coesão
seqüencial (que
“faz
progredir o
texto”
sem
que haja
retomada de
itens,
sentenças
ou
estruturas).
Fávero subdivide a “coesão
seqüencial”
em seqüenciação
temporal e seqüenciação
por
conexão. Esta diz
respeito às “conjunções”
apontadas
por Halliday & Hasan,
enquanto aquela se remete ao
tempo do “mundo
real”.
A
seqüenciação
temporal se dá
por:
a)
ordenação
linear dos
elementos:
“Acordou, tomou o
café da
manhã e leu
o
jornal”;
b)
expressões
que
assinalam a
ordenação
ou
continuação
das
seqüências
temporais: “Primeiro
arrumou a
mesa,
depois
a
estante”;
c)
partículas
temporais: “À
noite,
foi ao
cinema”;
d)
correlação
dos
tempos
verbais: “Disse
para chegarem
cedo”.
Além
desses
elos
coesivos,
também
podemos
incorporar
os ordenadores discursivos,
tais
como
“para
começar,
em
seguida,
por
outra
parte,
em
resumo,
finalmente”.
Há
ainda
quem amplie essa
noção de
coesão
para
além do
texto (denominada exofórica),
quando a
referência está
sujeita ao
conhecimento
prévio do
leitor/ouvinte.
Por
exemplo, na
manchete “Daiane
encanta Atenas
com o Brasileirinho” (O
GLOBO, 13/8/2004,
esportes, p.3), há
que se
saber
quem é Daiane (ginasta
brasileira),
que Atenas é a
cidade
que está sendo
sede das
olimpíadas de 2004 e
que Brasileirinho é a
música escolhida
pela
atleta
para a
sua
apresentação na
ginástica de
solo.
Cada uma dessas
conexões é
entendida
como
coesão exofórica.
O
que
se percebe é
que
o
estudo
é
amplo,
e
sujeito
a
discussões,
por
essa
razão,
ao se
elaborar
os
exercícios
de
leitura,
parte-se do
senso
comum
do
que
seja a
coesão
para
um
leitor
competente.
É
importante
lembrar
que,
além
da
coesão,
deve-se
ainda
lidar
com
a
tipologia
textual
e os
gêneros
de
texto,
visto
que
a
sua
estrutura
muitas
vezes
tende a
comandar
a
ordenação
dos
parágrafos.
Trabalhando a
coesão
textual.
Como
já se disse
antes (cf.
introdução),
são
poucos os
livros
didáticos
que apresentam
exercícios diversificados
para
trabalhar a
leitura
interativa. O
exercício a
seguir (a) faz
parte do
livro “Síntesis” da SGEL (cf.
nota 1) e tem
como
objetivo “reordenar
partes de
um
mesmo
parágrafo”, baseando-se
para
isso nas várias
formas de se
fazer
um
texto coeso.
Exemplo (a)
Segundo
párrafo
a)
tras 100 años de batallas,
que
habían comenzado en 1.390.
b)
pero,
según algunos cronistas,
c)
Los
españoles lograron conquistarlos a
finales
del siglo XV,
d)
Los
guanches se instalaron, en un principio, en la
costa
e)
por
miedo a los cazadores de esclavos.
f)
después del año 1200
se retiraron al
interior
Letras
maiúsculas,
sinais de
pontuação
são
sempre
indícios de
início, continuidade
ou
final de
texto. É
claro
que essas
informações
não
são dispensadas.
Além delas,
cada
um dos
elementos
em
negrito é
um
gancho
que se une a
outro
mais.
Assim,
quando o
texto utiliza a
forma “em
princípio”,
deixa
claro
que haverá mudanças – da “costa”
para o “interior”. Os
marcadores
temporais
também direcionam o
texto: después del año 1200 – tras 100 años – 1390
(siglo XIV) – siglo XV. E ao
final, temos a
seguinte
ordem: d – b – f - e – c - a
Se no
exercício
anterior (a) as
frases faziam
parte de
um
mesmo
parágrafo, no
próximo veremos
parágrafos
inteiros
que estão
fora de
ordem (b).
Exemplo (b):
Los párrafos abajo están
desordenados. Enuméralos de
modo
que
el
texto
recupere el orden
original
Robó, se Cortó, Escapó,
Pero en el Camino Dejó Huellas
que
lo Mandaron
Preso
( ) El individuo, identificado
como
Flash
Rombo
Silva Brozzoni, con
antecedentes
penales
por
similares
ilícitos,
acusó a otro
que, también
detenido, recuperó luego su libertad, hallando la policía en el domicilio de
Silva Brozzoni tres
guitarras y
un órgano electrónico.
( ) Al
romper la
vidriera se lastimó tres
dedos de los
que manó
sangre, la
suficiente
para
que el poco
avisado
caco fuera
dejando su
rastro
desde
la calle San José y Río
Negro
hasta
su cercana vivienda de la calle Soriano.
( ) Los hombres de la Seccional 2 no
debieron aguzar
demasiado su
ingenio, limitándose a
seguir las
huellas dejadas
por el
gentil
ladrón a quien detuvieron cuando se hallaba descansando.
( ) Tras la instancia
judicial
ante el
magistrado
en lo
Penal de
Cuarto
Turno,
Silva fue
enviado a
prisión imputado del
delito de
Hurto.
( ) Recordará el lector el
insólito
caso del
sujeto de 19 años
que en las
primeras
horas de la
mañana del
domingo
rompió la vidriera del
local 012 de
la Galería De London y se apropió de
diversos
instrumentos
en exhibición.
Para
tentar
resolver o
exercício, o
aluno terá de
buscar
entender a
ordem
lógica do
texto e,
para
chegar à
ordem
correta dos
parágrafos, terá de
estar
atento aos ordenadores do
discurso, aos
marcadores
temporais, aos
conectores e aos
elementos
que estabelecem
relação
semântica
com
outros. Faz-se
necessário
para
tanto
um
bom
conhecimento lingüístico-discursivo.
No
exemplo (b), o
aluno deverá
observar
que
um dos
parágrafos se remete a
um
fato
já noticiado na
empresa,
também terá de
perceber a
existência de algumas
formas
que se repetem e
que estabelecem a “costura” do
texto (“rompió la vidriera x Al
romper la vidriera” / “rastro x huellas”).
Além disso, deverá
estar
ciente
que, ao se
mencionar –
por
exemplo - o
nome de uma
pessoa, a
primeira
menção tem de
ser
mais
completa do
que as
demais – “Flash
Rombo Silva Brozzoni” x “Silva Brozzoni” x “Silva”.
E, ao
reunir essas
informações, conseguirá
concluir
que a
ordem
original é: 4-2-3-5-1.
Vejamos
mais
um
exemplo desse
tipo de
exercício (c),
que foi elaborado
por
um aluno-mestre:
Exemplo (c):
Organiza la secuencia del
texto
que sigue
con el
objetivo de
lograr
cohesión y coherencia:
Adiós al acné
Una
limpieza facial
periódica
con un
experto,
además de mantener limpio
tu
cutis, le devolverá tono muscular,
frescura
y juventud
( ) Primero se desinfecta perfectamente
tu
rostro con
una leche
limpiadora
que permite
retirar
rastros de
maquillaje,
impurezas y
células
muertas. La exfoliación ayuda a combatir el acné,
regenerar
tu piel y
eliminar cicatrices de
acné,
varicela o sarampión.
Consiste en
aplicar
una
sustancia
que abre
tus
poros y
desincrusta las
impurezas
profundas
que no logró
eliminar la leche
limpiadora. El producto exfoliante se
retira con
esponjas
húmedas y en movimientos
ascendentes
que activan
la circulación de
tu piel.
( ) Mejor
optar
por
una limpieza
facial
periódica
con un
experto,
que además
de mantener limpio
tu cutis, le
devolverá tono muscular,
frescura y
juventud, explica la estetocosmetóloga Margarita Escamilla
Fragoso. A
continuación
te decimos
en qué consiste el proceso de
una limpieza
facial con un
experto.
( ) Enseguida se aplica
una
mascarilla
para
secar y
eliminar los brotes.
Se deja reposar
durante 20
minutos y se
enjuaga.
( )
Finalmente,
con
una loción
para
prevenir el acné, se
sella la piel
para
que esté
protegida
todo el día
contra las
bacterias del medio
ambiente y
los rayos
solares.
Esta loción se debe
continuar aplicando
todos los
días en
casa.
( ) ¿Estás cansada de
luchar
contra
barros y
espinillas, o
contra un
severo
problema de
acné? Ya no gastes más dinero en cremas
que prometen
eliminar los brotes de
tu
rostro, o
tiras
que aseguran
arrancar todas las
impurezas.
Neste
exemplo (c), os ordenadores do
discurso têm
um
importante
papel
para
poder identificar-se uma
determinada
ordem: Primero – Enseguida –
Finalmente.
Além do
conhecimento dos ordenadores, é
importante
que o
aluno
também tenha uma
vivência de
leitura, e
que
saiba
um
pouco
sobre
gêneros do
discurso e
tipologia
textual.
É
através dessa
vivência
que conseguimos
perceber
que o
último
fragmento é, na
realidade, o
primeiro
parágrafo.
Isso
porque se sabe
que uma das
formas
possíveis de se
iniciar
um
texto, e
muito utilizada
em
revistas especializadas
em
moda e
beleza, é o
uso de
frases interrogativas –
retóricas - direcionadas ao
leitor, a
fim de atraí-lo
para o
texto. À
pergunta (retórica), se segue a
resposta – no
caso,
um
conselho.
Com
isso, o
texto fica
com a
seguinte
ordem: 3-2-4-5-1.
Cada
um desses
fatos,
assim
como
outros
tantos, devem
ser
passados ao
aluno
para
que
ele entenda
que o
trabalho de
coesão
não é
um
mero
exercício de
colocar
números, de “chutar uma
determinada
ordem”. É
um
exercício
que exige
raciocínio,
que faz
com
que o
aluno se torne
mais
consciente da
importância dos
elos coesivos e
que pode ajudá-lo
não
só na
leitura,
mas
também na
produção de
texto.
É
bom
lembrar
que a
tarefa fica
mais interessante se for
pedida ao
aluno a
justificativa
para a
ordenação dos
parágrafos -
após, é
claro,
um
certo
contato
com
esse
tipo de
material.
Quando
nem
tudo
são
flores
Ao se verem
diante da
tarefa de
elaborar
material
didático
para
leitura
interativa, boa
parte dos alunos-mestre opta
por
elaborar
pelo
menos
um
exercício
que envolva
coesão
textual, e
freqüentemente escolhem a reordenação dos
parágrafos –
exercício de
reconstrução do
texto,
cujo
objetivo é o de
recuperar a
ordem
original dos
parágrafos, baseando-se na “costura” do
texto.
Antes,
porém, de prepararem os
seus
próprios
exercícios,
são apresentados a
alguns
outros,
como os dos
exemplos (a), (b) e (c), a
fim de se
tentar
evitar
que incorram
em
erros
costumeiros na
preparação desse
material
didático.
Entretanto,
apesar de
apresentar
exercícios tidos
como
bem elaborados e de
me
preocupar
em
deixar
claro
que é
preciso
ter
atenção redobrada ao fazê-lo, o
que se observa é
um
alto
índice de
problemas encontrados na
tentativa de elaborá-los.
E
por
que
isso acontece?
A
meu
ver,
muitos deles escolhem a reordenação de
parágrafos
por acreditarem
que é
algo
fácil de
ser executado. A
partir daí,
cada
um seleciona o
seu
texto, “recorta” os
parágrafos, “mistura”,
dispõe
sobre uma
folha de
papel e se dá
por
satisfeito
com o
resultado do
seu
trabalho.
Com a
posse do
texto
original e nele se pautando,
cada
um dos alunos-mestre acredita
que
seus
futuros
alunos
não encontrarão
dificuldades
para
reconstruir o
texto.
Passado,
porém,
um
certo
tempo e, estando distanciado desse
original, percebe
que
não consegue
chegar à
conclusão da
ordem
correta.
Por
que
isso ocorre?
Na
tentativa de explicar-lhes a
razão do
insucesso, e
após
muita
discussão, conversando
individualmente
com
cada
um dos alunos-mestre
que tiveram
seus
exercícios marcados
com
um “refazer” – o
que indica “erro de
elaboração” -, pude
perceber
que havia,
pelo
menos, 5
grandes
problemas na
feitura dos
exercícios. E é
sobre
eles
que
passo a
discorrer
doravante.
Corte
indevido do
texto
O
primeiro
problema
talvez seja o
mais
gritante,
pois,
ainda
que o
texto seja
autêntico, o aluno-mestre apresenta
exercícios
em
que ficam
evidentes
cortes
indevidos no
texto.
Um
exemplo disso é o
exercício
que se segue (exemplo
d):
Exemplo (d):
Numera los párrafos del
texto
con la finalidad de ordenarlo:
( ) En
tanto, el
artículo 21 de la misma normativa señala
que “no se
otorgará licencia de conductor a quien carezca de aptitudes
físicas o
psíquicas
que lo
habiliten
para conducir un
vehículo motorizado o hagan peligrosa su conducción”. Agrega
que dicha
aptitud deberá
ser
acreditada
mediante
certificado
médico.
( ) El artículo 13 de la Ley de Tránsito
(18-290) indica
que
para obtener
una
licencia, el postulante debe
acreditar “idoneidad
moral,
física y
psíquica”.
( ) El doctor Francisco
Bravo
también se basó en las palabras del vicepresidente de la Sociedad Chilena de
Obesidad, el doctor Victor Saavedra,
que
considera la obesidad
como
una
enfermedad, cuestión
que quedó
decretada
como
tal en la
convención de Ginebra de 1997.
Este
exercício foi retirado de
um
texto
maior contendo a
matéria
jornalística e
vários
depoimentos a
respeito do
assunto
tratado.
Dentro do
texto
original, inserido no
conjunto de
informações
ali
presentes, os
parágrafos ganham
coerência e
lógica.
Fora dele, fica
difícil
entender o
que une os
parágrafos,
já
que fazem
referência a
informações
anteriores, das
quais
não disporá
aquele
aluno
que
tentar
resolver o
exercício proposto.
O
original é o
meu
guia
O
segundo
problema aparece
quando o aluno-mestre
parte da
premissa de
que
um
texto
original é
sempre
bem
escrito,
que apresenta
elos coesivos
visíveis e
que o
seu
futuro
aluno
não terá
dificuldades
em percebê-los. Sendo
assim, acredita
ser
suficiente
respeitar o
início de
cada
parágrafo
para
fazer o
corte,
ainda
que seja
avisado de
que esta
concepção é
um dos
fatores de
erro na
produção do
material.
O
exercício (e) a
seguir é uma boa
ilustração desse
tipo de
problema:
Exemplo (e):
Los párrafos están desordenados. Póngalos en
orden:
( ) Los equipos atacan y se defienden. El
Madrid se defiende con dos centrocampistas de
ataque: Guti y Beckham,
un antigua
interior
derecho y un antiguo media punta. ¿Es
funcional
utilizar a jugadores
para
realizar trabajos
que no se
ajustan a su naturaleza? Guti tiene
que hacer
más de Makelele
que de Guti.
¿Es posible
pedir a Beckham
que reedite
fuera de su posición lo
que le
caracterizaba
como
interior? A
Makelele nadie le exigía
que hiciera
de Guti. Cumplía la función
que
correspondía a su naturaleza: el trabajo
defensivo.
( ) Di Stéfano
era
insustituible. Ronaldo, también.
( ) Los defensas no venden
camisetas,
pero en el fútbol hay
unos
defensas mejores
que otros.
Los
goles de San
Mamés ayudan a recordarlo.
( ) El Madrid actual remite al Madrid de
Di Stéfano en muchos
aspectos.
También en sus fracasos en la
Copa. El
Madrid de las
cinco
Copas de
Europa (1956-1960) disputó dos
finales.
Perdió las dos,
frente al
Athletic (1958) y el Atlético de Madrid (1960). Los dos
partidos se
disputaron en el Bernabéu. El Madrid actual ha perdido las
finales
frente al
Deportivo y el Zaragoza.
( ) Ronaldo es el
máximo
goleador del
campeonato,
con 22
goles (38%
de los
tantos
que ha
marcado el equipo), pero sólo ha conseguido
uno de
cabeza.
O
que se
vê é
que,
mesmo
quando o aluno-mestre tem
ciência de
que
não se deve
simplesmente
misturar os
parágrafos
para se
elaborar o
exercício,
ainda
assim
ele incorre no
erro.
Avisos
não faltam,
mas
este é o
problema
que
mais ocorre e, a
meu
ver,
não ocorre
por
preguiça
ou
mera
displicência. A
impressão
que se tem é
que “experiências
passadas
não demovem
crenças arraigadas” e
que é
preciso “vivenciar
para
acreditar”.
Tenho de
conferir?
Testar
pra
quê?
O
terceiro
problema é uma
continuação do
segundo (3.2) e surge
quando o aluno-mestre
nem ao
menos
procura
conferir
ou
testar o
seu
material a
fim de
verificar se o
exercício proposto é
passível de
ser resolvido
ou
não.
Fundamenta a
sua
argumentação no
fato de o
original
apresentar
determinada
ordem, e “se
assim o é,
assim deve
ser”.
O
exercício
anterior (e), a
meu
pedido, foi testado
com 3
outros estagiários,
que tiveram
dificuldades
para
tentar
encontrar a
ordem
correta.
Nenhum dos 3 conseguiu e houve possibilidades
variadas de
ordenação.
Quem elaborou o
exercício custou a
aceitar
que
ele tivesse
problemas,
mesmo
depois de
ver o
resultado
desastroso obtido
por
seus
colegas.
Ao
final de
tudo, percebeu
que o
problema estava no
próprio
texto, procurou
um
outro e conseguiu
fazer o
seu
novo
trabalho
sem
que houvesse
nenhum
tipo de
transtorno.
Como
assim “argumento”?
O
quarto
problema ocorre
quando o aluno-mestre
não percebe
que tem de
apresentar
bons
argumentos
para o
seu
futuro
aluno, ao
afirmar
que “a
ordem X é a
correta”.
Que
justificar
com a
ordem
original do
texto “não serve”.
Ou seja,
que, se
ele propõe
tal
exercício a
um
futuro
aluno,
ele –
futuro
professor -
também terá de
ser
capaz de resolvê-lo
sem o
auxílio do
texto
original, e
também de
ser
capaz de
explicar o
porquê de
tal
ordem.
E é
aqui
que se percebe, algumas
vezes, a
dificuldade do
futuro
professor
para
lidar
com o
ensino de
leitura
interativa,
pois,
quando
não dá
explicações,
em
geral o faz
por
falta de
conhecimento no
assunto.
Não vai
ficar
fácil?
O
quinto
problema se dá
quando o aluno-mestre
não percebe
que às
vezes pode
haver duas possibilidades de
leitura
para
um
mesmo
exercício e
que,
por
isso, deve
marcar
um dos
parágrafos “ambíguos”,
para
evitar a duplicidade de
leitura.
Em
geral,
ele questiona o
fato de
ter de
assinalar
um dos
parágrafos,
porque tem
em
mente o
item 3.2 – “o
original é o
meu
guia” - e
não se preocupa
com o
fato de
seu
material
estar
ou
não adequado (cf. 3.3).
Considerações
finais
As
observações
aqui relacionadas
sobre os
problemas encontrados
nos
trabalhos elaborados
pelos alunos-mestre visam
suscitar uma
reflexão
sobre o
ensino
que vem sendo
desenvolvido
com
alunos do
curso de
Letras ao
longo do percurso
acadêmico.
A
dúvida
que permanece é se as
falhas encontradas
não
são
fruto de
lacunas
já existentes no
entendimento do
que seja
um
texto coeso, e se essas
falhas
não se apresentam
também
em
produções de
textos argumentativos, monográficos, e
que precisam
ser sanadas.
De
qualquer
modo,
este é
um
assunto
que merece
estar
em
pauta
permanentemente
nos
cursos de
formação de
professores de
línguas –
materna
ou estrangeira-, a
fim de
que o
futuro
professor, no
trabalho
com a
leitura
ou na
produção
escrita, se sinta
seguro
para
lidar
com as diversas
formas de
coesão
textual.
Referências
bibliográficas
COIMBRA,
Rosa Lídia.
Para
além da
frase:
problemas de
coesão
textual na
produção do P/LE.
www.ii.ua.pt/cidlc/gcl/ divulgar/cader- nos_ple_1/ cadernos-artigo-RosaLidia.htm
Acessado em 10/8/2004
FÁVERO, Leonor Lopes.
Coesão e
coerências
textuais.
São Paulo: Ática, 1991.
KOCH,
Ingedore Vilaça. A
coesão
textual. 2ª ed.
São Paulo:
Contexto, 1990, 75 p.
HALLIDAY, M.A.K. & HASAN, Ruqaiya. Cohesion in English. London/New-York:
Longman, 1976
TROUCHE, Lygia Maria Gonçalves.
Aspectos da
coesão
textual
em
redações de
vestibular.
www.filologia.org.br/viicnlf/anais/caderno-07-03.html. Acessado em 10/8/2004
O
livro
Sínteses
–
curso
intermédio
de español (BELCHÍ ARÉVALO, Mercedes & CARTER,
Paul)
da
editora
SGEL é
um
dos
raros
exemplos
de
livro
didático
que
lida
com
diferentes
tipos
de
exercícios
para
trabalhar
leitura
interativa.
Infelizmente,
é
um
livro
caro
e de
difícil
acesso
para
a
maioria
dos
alunos.
Na
verdade
Halliday y Hasan chegam a
fazer
referência
ao
paralelismo,
constatando a
sua
existência
não
só
na
linguagem
poética,
mas
também
na referencial. Entendo
que
eles
tenham reunido
ambos
sob
um
mesmo
nome.
Fávero, no
entanto,
defende
que
há
diferenças
entre
uma reiteração e uma
recorrência,
pois,
conforme
ela,
o
último
contém uma
carga
semântica
muito
maior,
o
que
favorece uma
separação
mais
drástica.
Koch,
que
também
chama
a
atenção
para
esse
tipo
de
coesão,
prefere incorporá-lo à
coesão
seqüencial.