O
Lugar
do
Barroco
na Historiografia
Literária
Brasileira
Kellen
Violento
Esse
artigo é
fruto de
dois
anos de engajamento
em
um
projeto de
pesquisa de
Iniciação
Científica,
que foi
desenvolvido
nos
anos de 2001 e 2002,
sob a
orientação da professora doutora
Ana Lúcia
Machado de
Oliveira e
com o
apoio do
Programa PIBIC- UERJ.
Para
este
trabalho, tivemos
como
ponto de
partida a nebulosidade
reservada à
análise do
período
literário nomeado “Barroco”
e
suas
particularidades.
A
primeira
fase de
nossa
pesquisa se intitula: "A
literatura
impensável:
um
exame das
letras seiscentistas" e,
inicialmente, pudemos
perceber
que a
produção
literária
brasileira do
século XVII se apresenta, na
área
acadêmica,
como uma “Literatura
Impensável”, seja
pelo
pouco
interesse
que
lhe é
dada, seja pelas
interpretações permeadas
por uma
visão pós-iluminista,
que
freqüentemente induz a uma
análise
anacrônica das
obras
barrocas.
Tal
fato é
por
demais
inquietante;
não é
mais
possível
subestimar
tão
ampla e
rica
produção
textual.
Fez-se,
então,
necessário
abordar a
literatura seiscentista
levando-se
em
conta o
contexto e a
ideologia
sócio-política da
época.
A
proposta
inicial da
pesquisa
era a de uma
revisão do
conceito de
Barroco,
além da
reflexão
acerca da
conceituação desse
período na historiografia
literária
brasileira. Concentramo-nos,
então, na
leitura da
obra dos
principais
autores do
século XVII, à
luz de
grandes
críticos
que propõem uma releitura do
que foi a
produção
textual desse
período.
Para realizarmos uma
análise
adequada do
objeto
em
estudo foi
fundamental
que
penetrássemos no "espírito"
da
época, tentando
reconstituir o “horizonte
de
expectativas”
(cf. JAUSS, 1988: 24-26) dos
leitores
contemporâneos
das
obras
em
foco.
Para
tanto,
partimos
em
busca de
materiais
que
nos
fornecessem
tais
informações.
Percorremos
bibliotecas
que possuem
um
acervo de
obras dos
séculos XVII e
XVIII e consultamos
verbetes
dicionarizados
para
pesquisar a
definição de
alguns
conceitos
que,
atualmente,
pertencem ao
âmbito da
literatura. Descobrimos
que muitas
dessas
palavras
sofreram modificações
quanto ao
seu
significado ao
longo dos
anos,
concluindo
que o
conceito de
literatura daquela
época
não
corresponde ao
atual.
Desataquemos
os
verbetes “Arte” e “Literário”
do
Vocabulário
português e
latino, de 1712,
portanto
início do
século XVIII:
ARTE
–
Regras, &
methodo,
com
cuja a
obfervação fe fazem muitas
obras,
aggradaveis, & neceffaria à Republica. Nefte fentido
Arte se differença de
Sciencia,
cujos
pricipios confiftem
em
demonftraçoens, & nefte proprio fentido fe divide a
Arte
em dous
ramos, a faber
o das
Artes Liberaes,
que fão fete,
Grammatica, Rhetorica, Logica, Aritmetica, Mufica, Architetura, Aftrologia, &
Fe cõprehendem nefte verfo:
Lingua, Tropus, Ratio, Numerus, Tomus,
Angelus, Aftra, & o das
artes
mechanicas,
que tambem fão
fette principaes, das quaes dependem todas as
mais,
Agricultura,
caça,
guerra,
todos
os oficios fabris, a
cirurgia,
as
artes
de
tecer, &
navegar.
LITERÁRIO
–
Concernente às
letras. Às
humanidades.
Às fciencias humanas.
Ou divinas.
Percebemos,
com
isso,
que o
conceito de
arte
tinha uma
abrangência
muito
maior
que a
atual,
englobando uma
série de
atividades
humanas e
que a
literatura correspondia à
produção
escrita
como
um
todo, sendo
diretamente
relacionada às
ciências
humanas.
No
desenvolvimento da
pesquisa, notamos,
ainda, a
necessidade do aprofundamento de várias outras
questões
acerca do
período
literário
em
estudo.
Diante de
um
imenso e
complexo
acervo de
autores
como Antonio Vieira e Gregório de
Matos,
infelizmente
pouco estudados
nos
cursos de
graduação,
nos deparamos
com uma
série de
elementos
ainda
desconhecidos.
Nos dedicamos,
então, à
codificação de inúmeros
códigos
particulares a uma
época
remota,
que
em
muito se distancia dos
modelos
literários
atuais. Dessa
forma,
muito
mais
que
desvendar
um
texto, tivemos
que
investigar uma
época e
seus
paradigmas
para
que pudéssemos
fazer uma
leitura condizente
com a
obra,
nos precavendo de
lançar
um
olhar
anacrônico
sobre uma
literatura
tão
rica.
A
partir
dessa
investigação
pudemos
perceber
que
o
século
XVII
era
configurado
sobre
pilares
completamente
diversos
dos
atuais.
Toda
a
atividade
de
produção
intelectual
estava a
serviço
de uma
moral
cristã.
Desde
a
anatomia
até
a
poesia
era
possível
perceber
a
influência
da
Igreja,
o
que,
no
entanto,
não
impedia a
eclosão
de múltiplas
manifestações
artísticas –
desde
que
estivesse a
ela
subordinadas.
A
concepção
de
arte
na
época
era
extremamente
codificada, baseando-se
em
preceitos
retóricos
e na
prática
da
emulação
de
textos
consagrados, contrapondo-se,
com
isso,
ao
conceito
de
originalidade
autoral,
que
viemos a
construir
após
o
século
das
Luzes.
Dessa
forma,
destacamos
que,
para
uma
análise
pertinente
da
literatura
seiscentista, é
necessário
realizar
uma
aproximação
do
pensamento
configurador do
século
XVII,
que
muito
se distancia dos
paradigmas
atuais.
Já tendo
feito o
reconhecimento
minucioso do
objeto de
estudo, analisando
também o
conjunto de
produções
críticas
acerca do
Barroco, chegamos a preciosas
conclusões
que vieram a
capacitar a continuidade de
nosso
trabalho numa
segunda
fase da
pesquisa.
A
partir do
projeto: “A
Literatura
Impensável II:
configurações do
Barroco na historiografia
literária
brasileira”, analisamos o
posicionamento dedicado ao
Barroco na historiografia
literária
brasileira.
Iniciamos
nosso
trabalho partindo de
um
campo
ainda
insuficientemente explorado: a historicização do
conceito de
literatura,
que,
como
já esclarecemos, é uma
invenção
recente, tendo
em
vista
que
só assumiu o
significado
que
lhe atribuímos
atualmente, no
século XIX.
Esse
dado
nos foi de
suma
importância
para uma
análise
mais acertada das historiografias literárias
brasileiras,
que reservam ao
Barroco
um
lugar
instável,
justamente
por
este
traduzir uma
tradição
retórica objetivista
em
um
contexto subjetivista,
que emergiu no
século XVIII e
que
ainda rege uma boa
parte dos
pensamentos
contemporâneos.
As
historiografias literárias brasileiras têm
origem no
século XIX,
portanto o
conceito de
literatura
que as
guia é regado
pela
questão da subjetividade.
Este
fato acarreta uma
série de
equívocos
quanto à
análise do
Barroco no Brasil.
Pois,
como
dito
anteriormente, as
Letras seiscentistas estavam a
serviço de uma
moral cristã,
além de
seguir
preceitos
retóricos
que visavam a
persuasão dos
leitores e
ouvintes (no
caso dos
sermões) da
época. A
vida, de
acordo
com os
modelos
que regiam o
pensamento
nos XVII,
era
um
eterno
Sacramento,
que deveria
ser decifrado
pelos
homens de
Deus
para o
entendimento do
povo.
Ignorando
esses e
tantos
outros
fatores, muitas historiografias literárias reservam
ao
Barroco
um
lugar
menor,
quando
não o excluem da
História da
literatura de
nosso
país.
Apesar do
oblíquo
enfoque
dado às
Letras seiscentistas, muitas
linhas se dedicam ao
estudo do
Barroco,
pois
este,
além de
trazer a polemica de
ser
ou
não
um
estilo de
época,
também traz a “questão da
origem”. Teria sido o
conjunto de
obras de
autores
como Gregório de
Matos e Antonio Vieira
que marcariam o
berço de
nossa
arte
literária?
A
despeito de determinadas historiografias
literárias,
que têm uma
visão substancialista da
evolução
literária, respondendo a
um
ideal
metafísico de entificação do
nacional,
que converteu o
interesse
particular do
Romantismo
em “verdade” historiográfica
geral, entendemos
que às
Letras seiscentista
não pode
estar
reservado
um
espaço
menor
em
nossa
História,
pois estas
são configuradas
por
um
maravilhoso
acervo
repleto de
qualidades artísticas
extremamente
particulares e significativas
para o
desenvolvimento
literário
brasileiro.
Entendemos
que as
Letras seiscentistas
são o
lugar da
ruptura,
talvez
este seja
um dos
aspectos
mais
relevantes do
Barroco: a possibilidade de
pensar uma
experiência
estética
fora dos
paradigmas românticos.
Analisando
os
materiais
historiográficos a
que
tivemos
acesso,
percebemos
que
a
maioria
desses
modelos
de
trabalho
apresenta
características
muito
mais
informativas
que
críticas.
Talvez
isso
se
dê
pela
própria
configuração
do
modelo
de
História
que
as norteia. Haroldo de
Campos
desenvolve uma interessante
reflexão
acerca
da “perspectiva
histórica”
adotada
por
determinados
críticos.
A
visão
histórica
que
se destaca é
fundamentalmente
organicista,
já
que
espera
a
construção
de uma
linearidade
evolucionista
entre
as
produções
literárias; e
ontológica,
por
alimentar
a “metafísica
da
presença”,
esperando
localizar
em
determinados
períodos
pontos
significativos
no
desenvolvimento
histórico,
como
a
origem,
por
exemplo.
O
Barroco
apresenta
pontos
de
tensão
nas duas
forças
motrizes
desse
modelo
histórico.
Quanto
ao
fundamento
organicista, destaca-se a
questão
da
influência.
De
acordo
com
a
teoria
evolucionista,
cada
elemento
interfere
diretamente
na
formação
do
seguinte,
construindo-se, dessa
forma,
a
própria
evolução.
Sendo
assim,
as
Letras
seiscentistas,
segundo
determinados
autores,
em
nada
teriam influenciado na
formação
do
modelo
seguinte,
pois
suas
obras
obtiveram
um
alcance
mínimo
de
público,
o
que
não
teria
permitido
que
suas
vozes
ecoassem ao
longo
dos
demais
anos
de
produção
artística.
Já
no
fundamento
ontológico
encontramos a complexidade da
presença,
pois,
dentro
dessa
lógica,
seria
impossível
atribuir
ao
Barroco
o
marco
inicial
de
nossa
literatura,
pois
este
não
apresenta
caracteres
genuinamente
brasileiros
para
se
afirmar
o
início
da
formação
da
arte
literária
brasileira,
além
de
não
podermos
atribuir
uma
existência
cabal
de
autores
como
Gregório de
Matos,
por
dois
motivos:
o
primeiro
seria a
irregularidade
da
obra,
sob
o
aspecto
da
atribuição
de autoria,
visto
não
se
conhecer
a
assinatura
do
autor
e as
cópias
dos
poemas
terem circulado
apenas
em
forma
manuscrita
no
século
XVII. O
segundo
seria o
desconhecimento,
e
conseguinte
“inexistência”,
das
produções
do
autor
no
período
setentista,
como
Gregório
só
teria sido redescoberto no
século
XIX,
em
nada
teria contribuído
para
o
desenvolvimento
da
literatura
árcade.
Outro
elemento,
que
em
muito
contribui
para
o
menosprezo
direcionado ao
Barroco,
é o
esquema
AUTOR
–
OBRA
–
PÚBLICO
criado
por
Antonio Candido e
largamente
utilizado
por
outros
autores
como
Soares
Amora,
por
exemplo.
Segundo
essa
tríade,
só
há
sistema
literário
se houver
um
certo
engajamento de todas essas
três
partes,
o
autor
escrevendo uma
obra
específica
para
um
público
particular;
uma
obra
que
corresponda à
identidade
nacional,
guardando
caracteres
do
homem
daquele
tempo
(através
da
figura
do
autor)
e se enquadrando
nos
anseios
do
público;
e
um
público
mais
ou
menos
estruturado,
pronto
para
consumir
um
tipo
peculiar
de
produção
artística.
De
acordo
com
Candido,
todos
têm
que
estar
mais
ou
menos
conscientes
de
seu
papel
nessa
relação.
Para
Candido, as “ralas e esparsas
manifestações
sem
ressonância”
do
Barroco
não
conseguiram
construir
essa
tríade,
pelo
fato
de
considerar
as
Letras
seiscentistas
incipientes
e modestas (termos
largamente
utilizados,
para
a
referência
à
produção
letrada
do
século
XVII,
pelos
autores
de historiografias) e
por
não
visualizar
uma
certa
organicidade do
público
leitor.
Porém,
Haroldo de
Campos
questiona
esse
argumento,
analisando a
formação
do
público
de
leitores
nos
períodos
literários
seguintes,
o
crítico
afirma
que,
frente
a uma
nação
com
um
índice
de analfabetismo
como
o
nosso,
não
é
possível
estabelecer
uma
configuração
de
público
tão
coesa
como
a exigida
por
Candido.
Enfim,
diante
de
tantos
dilemas
de
fundo
histórico-estrutural, acaba-se fazendo
um
apanhado
de
informações
acerca
da
vida
dos
autores,
das
obras
que
escreveram, das
características
gerais
de
produção
e esquece-se do aprofundamento
crítico,
da
análise
minuciosa
das
construções
dos
períodos.
Dessa
forma,
muitas historiografias tornam-se personalistas e fazem
uso
do
juízo
de
valor
na
apresentação
dos
movimentos
literários.
Levados
por
essa “perspectiva
histórica”
os
críticos
selecionam uma
série
de
autores
que
caracterizariam
um
período.
No
caso
do
acervo
da
literatura
seiscentista, encontramos
mais
uma
dificuldade:
como
se
trata
de
um
tempo
muito
afastado historicamente,
não
se tem
noção
precisa
dos
autores
que
realmente
alcançaram
destaque
na
época.
Sendo
assim,
nos
deparamos
com
uma
gama
de
diferentes
autores
em
cada
historiografia
literária.
Salvo
determinadas
personalidades
que
estão
presentes
em
todas, encontramos
diversos
poetas
menores.
Outra
problemática
bastante
abordada nas historiografias literárias é a
relação
entre
Brasil e Portugal.
Até
que
ponto
a
literatura
produzida
em
terras
brasileiras, no
século
XVII,
era
um
reflexo
da
produção
portuguesa?
Já
teria, o Brasil,
marcas
fortemente
estabelecidas
para
a
construção
de uma
literatura
nacional?
As
opiniões
dos
críticos
divergem
muito,
há
aqueles
que
aceitam o
Barroco
na
estrutura
da
História
literária
brasileira
com
muitas ressalvas, há
outros
que
pretendem excluí-lo
por
não
ver
nele a
entidade
nacional
e há,
ainda,
um
terceiro
grupo,
que
enxerga nas
produções
seiscentistas uma
exaltação
do
nacional.
Quando
tratamos de
um
país
que
foi
colônia,
constituído
por
uma
imensa
miscigenação,
a
questão
da
identidade
nacional
se
torna
bastante
complicada. No
século
XIX,
quando
se deu a
declaração
de
independência
do Brasil, iniciou-se
um
processo
de
construção
dessa
identidade:
Que
país
independente
seria
esse?
Os
primeiros
caminhos
tomados visaram a
paisagem
natural
como
traço
constitutivo da
nacionalidade,
pois
este
seria
um
ponto
não
maculado
pelas
influências
exteriores,
além
de
ser
um
elemento
que
em
muito
despertava a
curiosidade
dos
europeus,
pois
estes
sempre
nos
atribuíram o
rótulo
de “exóticos”.
Deu-se
início,
então,
ao
período
romântico,
que
assumia
esse
compromisso
de
construção
da
identidade
brasileira.
Esse
modelo
de
nacionalidade,
calcado
nos
caracteres
naturais
de
nossa
terra,
foi abraçado
também
pelos
historiadores
literários,
não
só
no
século
XIX,
como
no XX. Dessa
forma,
uma
obra
só
seria inserida na “Literatura
Brasileira”
se, de alguma
maneira,
correspondesse aos
paradigmas
pré-estabelecidos de
construção
da
identidade.
Esse
fato
denuncia
um
sério
anacronismo
na
interpretação
de
textos
pré-iluministas,
pois
se adota
um
critério
romântico
para
se
analisar
produções
literárias
que
ainda
não
correspondiam, (e
não
poderiam, no
contexto
histórico
no
qual
estavam inseridas,
corresponder)
a
um
modelo
que
ainda
estava
por
ser
criado.
Relembrando
Hans Robert Jauss:
para
compreender
um
texto
do
passado
em
sua
alteridade,
deve-se
reencontrar
a
questão
para
qual
ele
fornecia
originalmente
resposta,
buscando, a
partir
daí,
reconstruir
o “horizonte
de
expectativas”
de
seus
destinatários
contemporâneos.
Se há uma
obliqüidade
no
enfoque
dado
à
literatura
do
século
XVII,
ela
passa
pelo
anacronismo,
pelo
esquecimento
dessa
premissa
em
análises
historiográficas. Nesse
sentido,
vale
destacarmos
alguns
recortes
que
venham a
esclarecer
o
que
viria a
ser
esse
“olhar
oblíquo”
lançado
sobre
o
período
literário
em
estudo:
As
alegorias de
mau
gosto, as
imagens
despropositadas, o
sentimento
postiço de
todas as
coisas viciam
constantemente
o
lirismo de
seus
poemas. (CARVALHO,
1989)
(diante
de
um)
acervo
literário
pobre
como o
nosso,
não podemos
dar-nos ao
luxo de
desfalcar
nossa
mitologia
cultural de
qualquer
nome,
ainda
que ostentando
mera
importância
histórica.
(MOISÉS, 1987)
Como vimos,
esses
dois recortes,
cada
um a
seu
modo,
distanciam-se do
objeto
em
estudo,
não levam
em
conta a
configuração e
importância
das
práticas
letradas no
período
em
que foram
produzidas. Usam de
um
modelo
único
para
analisar
pensamentos e
produções
distintas. Ocorre
um
nítido
menosprezo
pelas
obras
que
não apresentam
os
reflexos de
uma subjetividade pós-iluminista criadora, e,
mesmo
quando se
considera a
ratificação do
lugar do
Barroco na
Historiografia
Literária
Brasileira, os
argumentos
são
quantitativos
e
não
analíticos.
Enfim, destacamos
que é
necessário
haver uma
reciclagem de
determinados
conceitos
para
que se faça uma
leitura adequada das
Letras seiscentistas; e
que,
especialmente, o
Barroco se apresenta
como uma
profunda
ruptura,
como
um desequilíbrio no
fio
condutor de
um
pensamento subjetivista predominante
após o
século das
Luzes.
Ele é,
portanto, uma
rica
oportunidade de desconstrução do
modelo
histórico
linear (que exclui
tudo
que nele
não se enquadra) e,
mais
ainda, uma
chance de
experiência
estética
não cristalizada
pelos
paradigmas oitocentistas.
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