APONTAMENTOS
PARA
UMA ANÁLISE
DA
UNIDADE
LEXICAL
IBÉRICA NA AMÉRICA
Luiz Antônio
Lindo
(USP)
“...e nós com os
castelhanos que somos mais vizinhos concorremos muitas vezes em umas mesmas
vozes e letras” (Fernão de Oliveira, Grammatica da Lingoagem Portuguesa,
cap. VII, 369-371)
A
linguagem
é a
manifestação
externa
do
conhecer
discursivo. O
pensamento
produzido
pela
faculdade
discursiva
encontra
na
linguagem
o
meio
de se
exteriorizar.
A multiplicidade dos
fenômenos
do
pensamento,
como
a
dúvida,
o
entendimento,
a afirmação, o
querer,
etc. se fazem
conhecer
exteriormente
por
meio
da
linguagem.
O
ato
individual
que
permite
exercer
a
função
da
linguagem,
por
sua
vez,
é a
fala.
Exprimir-se
verbalmente
mediante
o
uso
de
regras
e
disposições
sistematizadas implica
usar
uma
língua.
Meios
sociais
com
certo
grau
de
organização
interna
mostram-se
propensos
a
desenvolver
sistemas
lingüísticos
próprios,
através
dos
quais
desenvolvem
mecanismos
de exteriorização do
seu
modo
de
viver
e
conseqüentemente
de
pensar.
As
suas
escolhas
lingüísticas
particulares,
feitas
em
obediência
ao
sentimento
comunitário
que
os aglutina e
lhes
confere
identidade,
representam uma
determinada
percepção
da
realidade
do
mundo
e fundam as
bases
sociais
das
chamadas
línguas
naturais.
A
unidade
de uma
língua
é uma
tendência
que
se
manifesta
na
medida
em
que
as
forças
que
a mantêm funcionando tomam uma
direção
coincidente
com
os
objetivos
do
agrupamento
social
que
a utiliza. A
tendência
para
a aglutinação aparece
concretamente
como
tensão
aplicada
por
forças
externas,
de
caráter
precipuamente
sociais,
que
agem continuamente
sobre
ela.
Vale
dizer
que
a
idéia
de
construção
de uma
língua
reside
em
algo
que
se
acha
além
dela
própria.
Entregue
a
si
mesma,
a
língua
fica
sujeita
ao
desaparecimento
ou
ancilose
por
falta
de
uso.
Os
obstáculos
que
a
língua
tem de
vencer
para
se
apresentar
unitariamente levam-na a defrontar-se
primeiro
com
a
natureza
vicária
da
linguagem
em
face
do
pensamento,
mais
que
movente, movida;
em
seguida,
com
a
sua
estrutura
de
coisa
plural,
forçada
a
encontrar
constantemente
expressão
para
a
infinidade
das
coisas
e das
atividades,
além
de
depender
das
intenções
dos
seus
praticantes,
sempre
ocasionadoras de mudanças. A
única
maneira
lícita
pela
qual
cremos
poder
entender
a
unidade
de uma
língua
é concebê-la
como
uma
unidade
de
pluralidades.
A
unidade
interior
se revela na
harmonia
que
rege os
seus
elementos
díspares,
assegurando-lhe organicidade. A
unidade
determinada
exteriormente
tem
por
motor
o
próprio
pensamento
e
por
extensão
o
mundo
das
coisas
reais,
mas
também
e
principalmente
a
pressão
e o
controle
exercidos
pelos
seus
elaboradores e
praticantes
no
sentido
de
lhe
garantir
uma
identidade
conforme
aos
seus
desígnios
institucionais,
fatores
esses
que
se mostram
essenciais
não
só
para
o
funcionamento
do
seu
mecanismo
interno,
mas
também
para
o
seu
desenvolvimento.
O
vínculo
essencial
da
linguagem
com
o
pensamento
e as
coisas
faz
com
que
a
sua
exteriorização
por
meio
duma
palavra
ou
frase
pressuponha
sujeito
e
objeto
colaborando
para
a
expressão.
Os
blocos
de
expressão
que
chamamos
palavra
ou
frase
constituem uma
pluralidade
que
toma
por
meio
dessa
colaboração
a
forma
de uma
unidade.
Assim,
cada
realização
lingüística
cumpre
esse
ditame
da
função
intelectual
do
pensamento
discursivo
que
é o de
pôr
a
fluir
o
seu
conteúdo
numa
forma
expressiva.
Sabemos
que
a materialização da
linguagem
numa
língua
tem
início
na
intenção
de
exteriorizar
o
pensamento.
A
linguagem
subsiste
como
função
do
pensamento
e adquire
expressão
exterior
através
da
palavra.
A
língua,
por
sua
vez,
é a
expressão
verbal
do
pensamento
de uma
forma
sistemática,
ou
seja, apresenta-se
como
um
todo
constituído de
partes.
As
partes
que
estruturam o
sistema
da
língua
compreendem
um
repertório
de
fonemas,
um
vocabulário
definido,
sincategoremas,
ortografia
para
o
uso
escrito,
etc. A
ordenação
do
conjunto
está a
cargo
de
um
dispositivo
teórico
apto
a
orientar
com
regularidade e
método
o
manejo
das
partes,
ou
seja, de uma
gramática,
cuja
aquisição
permite
ademais
o
seu
ensino
disciplinar.
Dizer
que
a
língua
constitui
um
todo
não
é
simplesmente
dizer
que
é
algo
composto
como
um
mero
conglomerado
de
partições.
Se
assim
fosse, o
seu
estudo
seria conduzido possivelmente
em
termos
da
análise
das
proporções
entre
as
partes
constitutivas, e
nos
aferraríamos,
como
já
ocorreu na
história
da
lingüística,
à
noção
de
um
“sistema”
da
língua
auto-subsistente.
Pelo
contrário,
a
língua
nos
aparece
como
um
conjunto
em
constante
ideação
determinado
interna
e
externamente.
Melhor
seria
falar
em
todo
representativo da
língua,
o
qual
deve
ser
buscado
em
outro
aspecto
da
sua
composição
que
não
o do
mero
arranjo
das
partes,
conquanto
seja
possível,
abstraindo da
sua
dinâmica
transformadora e dirigindo o
foco
para
um
momento
estagnado do
seu
evolver,
isto
é,
para
o
estado
sincrônico,
averiguar
as
proporções
dos
elementos
que
entram na
sua
composição,
colecionando-os e separando-os
concomitantemente
para
encontrar
nas
suas
diferenças
mútuas a
chave
da
sua
organização.
Entendemos
que
tratar
os
elementos
da
língua
como
uma
mistura
de
elementos
estruturalmente arranjados
leva
a
passar
por
alto
as
suas
características
reais.
Cremos, ao
contrário,
que
o
todo
verdadeiramente identificador de uma
língua
é da
espécie
de
algo
cuja
homogeneidade
é
antes
uma
aspiração,
porque
pressupõe a
ação
de uma
vontade
externa.
A
possível
homogeneidade
da
língua
é a das
partes
que
são
iguais
entre
si
na
medida
em
que
estão todas
presentes
de
maneira
indissolúvel
na
constituição
do
todo.
A
língua
homogênea
seria a
resultante
da
associação
de
elementos
que
concorrem
para
a
sua
finalidade.
Esses
elementos
ou
partes
da
língua
adquirem
funções
voltadas
para
a
realização
dessa
finalidade.
Com
isso,
pode-se
pensar
na
língua
como
produto
de
outra
língua
distinta
e
capaz
de
gerar
novas
produções
distintas de
si
mesma.
Pode-se
pensar
também
na
língua
que
se desenvolve de
acordo
com
os
ditames
nascidos na
consciência
de
um
grupo
social.
A
íntima
associação
do
sistema
lingüístico
com
a
ordem
social
se faz
necessária
para
a
função
institucional da
língua.
O
seu
enraizamento
na
psicologia
individual
e
social,
a
relação
íntima
entre
o
pensamento
e o
discurso,
donde nasce propriamente a
fala
humana,
se desdobra no
meio
social
como
um
instrumento
de
comunicação
e de
defesa
de
valores
culturais. As
partes
da
língua
são
assim
vistas
como
meios
de
perseguir
os
objetivos
do
grupo
social
ao
qual
ela
serve. Daí
que
seja
tanto
mais
homogênea
quanto
mais
se
apresentar
como
o
instrumento
de
um
meio
social
coeso
em
plena
atividade.
Línguas
como
o
português
ou
o
espanhol
se enquadram nessa
perspectiva:
elas
servem aos
seus
respectivos
sistemas
sociais,
quais
sejam as respectivas
nações,
em
todos
os
seus
aspectos
e
âmbitos,
sendo
empregadas
de
maneira
sistemática
com
vistas
à
realização
de
fins
particulares,
incluindo a
comunicação
interna
e
externa.
O
emprego
de uma
língua
por
um
segmento
social,
do
mais
restrito ao
mais
amplo,
pressupõe
um
aperfeiçoamento
contínuo
dos
seus
meios
de
expressão,
de
conformidade
ao
interesse
precípuo
do
grupo.
A
língua
tem o
caráter
de uma
formação
lingüística
correspondente
à
formação
social
em
que
ganha
vida
e pode
ser
considerada
um
instrumento
estratégico
do
agrupamento
humano.
Cada
uma de
suas
partes
atua organicamente
segundo
o
esquema
de
desenvolvimento
e aperfeiçoamento das
práticas
sociais
voltadas
para
a
realização
dos
objetivos
próprios
da
formação
social
que
a utiliza.
O
português
e o
espanhol,
enquanto
línguas
nacionais,
acham-se
por
isso
tão
separados
um
do
outro
na
atualidade,
tanto
quanto
se pode
pressupor
que
estavam
para
um
observador
arguto
situado
nos
primórdios
de
sua
formação,
quando
começaram a se
desenhar
com
nitidez
as
suas
respectivas
funções
institucionais.
Chama
a
atenção,
no
entanto,
que
algumas de
suas
particularidades
do
período
inicial
de
sua
formação
tenham sido notadas
por
alguns
observadores
como
traços
de
união
prenunciadores de uma
hipotética
unidade
lingüística
primordial.
Por
falta
de outras
indicações,
ou
devido
à
dificuldade
de
estabelecer
nexos
seguros
em
domínios
menos
permeáveis
às mudanças,
como
o da
fonética,
as
aproximações
são
feitas
sobretudo
à
volta
dos
exemplos
lexicais.
Por
exemplo,
ao
estudar
uma
série
conceptual
abrangente
que
lhe
permitisse
tirar
conclusões
sobre
a
evolução
especial
de
cada
romance,
G. Rohlfs falava num
fundo
lingüístico
específico
ao
português
e ao
espanhol
e lembrava
que
“as
diferenças
entre
o
espanhol
e o
português
são
mínimas:
port.
esquecer
em
vez
de esp.
olvidar
(esp. ant. escaecer),
alfaiate
por
sastre (esp. ant. alfayate),
fonte
por
sien”. I. Iordan (in Rev. Fil. Rom. Germ., I, 1957, p. 104),
como
notou Rohlfs,
também
concluiu
pela
unidade
léxica
de
castelhano
e
português[i].
K. Baldinger reiterava o
valor
da
expressão
“relativa
(grifada no
original)
unidade
lingüística
da
Península
Ibérica”,
empregada
por
R. M. Pidal
em
referência
ao
período
de
implantação
do
castelhano
como
idioma
nacional.
W. Wartburg,
como
lembrou Baldinger,
também
fez
menção
a uma
relativa
unidade
lingüística
ibérica,
ao
afirmar
que
“d’abord la Hispania est
relativement (grif. no
original)
uniforme,
et se signale
par
des traits conservateurs” (Actas
del VII Congreso
Internacional
de
Lingüística
Románica, 2, 1955, p. 36).
Já
em
Les Origines des Peuples Romans fazia
conhecer
onde
situava a «langue ibérique»: «parlée dans la péninsule ibérique et encore
relativement une».
Em
La Fragmentation Linguistique de la Romania,
contudo,
Wartburg deixou
claro
que
não
se pode
falar
em
homogeneidade
lingüística
na
Península
na
época
românica:
“Il ne semble pas
que
l’Ibéroromania ait constitué une unité linguistique homogène aux époques romaine
et wisigothique. Les recherches de ses quarante dernières années ont fourni la
preuve manifeste d’une différenciation dialectale considérable.
Mais
cette fragmentation initiale n’a pas
eu
de
grande
importance pour la division ultérieure et définitive de la Péninsule. Le facteur
décisif fut ici, on le sait, l’originalité linguistique de la Castille, combinée
avec la
grande
force d’expansion de cette province sur le plan politico-militaire.”
(p. 135)[ii].
A
construção
pelos
romanos
de uma Europa mediterrânica, cultural e
lingüísticamente
una,
muito
além
dos
limites
da
antiga
cidadela
latina,
incluiu necessariamente a
Península
Ibérica,
em
razão
das
suas
disposições
naturais
e
políticas.
No
vasto
território
da Hispania agiam
desde
um
longínquo
passado
forças
internas de
desenvolvimento
que
tanto
conduziam à
conciliação
aglutinadora das
diferentes
tribos
e
povos
quanto,
ao
contrário,
à
dissolução
dos
enlaces
preexistentes. Sobrevindos
sob
a
égide
das
relações
de
vizinhança
permanentes,
os
romances
dali trilham o
caminho
da coexistência,
enquanto
consolidam
ou
lutam
para
não
perder
as
suas
respectivas
identidades.
A coexistência é a
sua
condição,
independentemente
do
que
se entende
ser
a
sua
particular
situação.
A
expressão
mais
notória
da coexistência
são
obviamente os
pontos
comuns,
sobretudo
em
matéria
lexical,
que
no
âmbito
ibérico
muitas
vezes,
por
sua
estreita
homologia,
dão a
impressão
de serem
repetições
dum
mesmo
signo
e
não
colaterais
difundidos
internacionalmente
e intercambiados
mediante
empréstimo.
A
quantidade
de
pontos
comuns
ligando os
idiomas
ibéricos
reflete muitas
vezes
a
maneira
como
o
latim
veio
a
fazer
a
sua
morada
na
Península.
As
palavras
ali
chegam transplantadas
em
bloco,
num
dado
momento
da
romanização,
gerando
ocorrências
exclusivas
em
face
de
outros
romances[iii].
A “exclusividade”
então
pode
ser
rotulada de “conservadorismo”,
quando
a
forma
exclusiva
transplantada
remonta
a
épocas
arcaicas. Os
arcaísmos
peninsulares
podem
ainda
servir
para
“demonstrar”
que
a
Península
constitui uma “área
lateral”
quando
comparada
com
as “áreas
centrais”
irradiadoras de
cultura
e
linguagem,
o
que
lhe
acresce a especificidade[iv].
No
plano
fonético-morfológico, impõe-se a tipificação dos
hábitos
lingüísticos
na
formação
de
sílabas
(por
exemplo,
a
prosódia
trocaica).
Outros
fatores
que
contribuem
para
a
noção
de uma
comunidade
lingüística
hispânica
podem
ser
encontrados na
estratigrafia
lingüística
da
região.
Primeiro,
é de
notar
a
possível
influência
de
um
substrato
pré-romano de
ação
universalizante no
desenvolvimento
do
latim
vulgar
da
região.
Em
seguida,
o superstrato visigótico,
que
forneceu
vocábulos
e
traços
fonéticos
próprios
tanto
ao
espanhol
como
ao
português[v].
Finalmente,
o adstrato
árabe,
que
faz
mostra
de
grande
relevância
no
século
X, ao
lado
do
dialeto
moçárabe,
quer
na Espanha,
quer
em
Portugal.
Cada
um
desses
fatores
tem a
sua
ação
universalizante explicada
em
última
instância
pela
capacidade
demonstrada
pelo
poder
político
em
exercer
a
sua
supremacia
e
assim
impor
a
sua
língua.
Guardadas as devidas
proporções,
pode-se
dizer
que
cada
um
dos
grupos
que
sucessivamente
disputam
ou
empalmam o
poder
após
a
decadência
romana
revela-se
capaz
de
fornecer
aquisições
à
língua
românica
em
formação.
A coexistência intramuros dos
falares
hispânicos
é
um
dado
que
se impõe na
aproximação
dos
diferentes
falares
que
por
vias
naturais
se desenvolveram
desde
sempre
nas
diferentes
sedes
regionais.
Assim,
quando
falamos
em
grandes
unidades
encerradas
em
si
mesmas,
como
o
português
e o
espanhol,
estamos
nos
referindo ao
que
resultou de
um
longo
processo
de
homogeneização
lingüística
atuante
interna
e
externamente,
o
qual
teve
êxito
em
apagar
muitas das
diferenças
passadas
encontradas
nos
falares
regionais
e
em
enriquecer
o
patrimônio
próprio
com
contribuições
alheias,
até
constituir
uma
língua
de
caráter
universalizante,
cuja
força
de
coesão
reflete a
ação
hegemônica
exorbitada de
um
poder
político
ostensivo.
Dessa
força
e dessa
ação
nucleares
dependeram
ambos
os
idiomas,
como
é
fácil
verificar.
Nesse
contexto,
as
relações
entre
o
português
e o
espanhol
estão marcadas
ora
pela
consciência
lingüística
moderada das similaridades,
ora
pela
expressão
hipercaracterizadora das
diferenças
mútuas. As
oscilações
têm a
ver
em
grande
parte
com
a
retórica
imprimida à
caracterização
da
nacionalidade,
mas
sabemos
que
os
movimentos
espontâneos
de
natureza
precipuamente
lingüística
tendem a
acarretar
a
regionalização
dos
falares,
com
o
relativo
encerramento
nos
próprios
limites.
Os
governos
e
suas
políticas
culturais, do
mesmo
modo,
costumam
buscar
a afirmação de uma
mesma
língua
nos
limites
do
seu
território
jurídico,
e o fazem à
custa
dos
hábitos
lingüísticos
particularizantes. Expressam
assim
o
seu
“nacionalismo”
lingüístico
por
meio
da
coarctação
dos
direitos
dos
demais
dialetos
porventura
vistos
como
concorrentes,
dando
assim
à
política
cultural
oficial
a
função
de
preservar
o
idioma
nacional,
o
qual
passa
a
ser
visto
como
o
modelo
que
exclui os
demais.
Sem
pretender
entrar
no
mérito
da
discussão,
vemos
que
a
política
cultural
para
a
língua,
mais
precisamente
a adotada
em
todos
os
estados
em
formação
na
Idade
Média
européia, transformou-se numa
questão
estatal,
isto
é, fez
parte
da
luta
pela
formação
de
cada
Estado.
O chamado Estado-mosaico
europeu
teve de
tomar
as
medidas
para
unificar
não
só
o
seu
território,
mas
também
a
sua
linguagem.
O
resultado,
a
língua
standard,
representa no
plano
dos
usos
e
funções
dos
segmentos
organizacionais
aquilo
que
no
plano
jurídico,
como
projeção
da
ordem
constitucional,
representa a
nação
como
um
todo[vi].
Vale
dizer,
todos
os
esforços
passam a
ser
no
sentido
da
criação
de uma
língua
de e
para
todos
os
nacionais
e
com
propósitos
de universalização a
reboque
da
eventual
política
imperialista do
Estado.
Falar
em
relativa
unidade
lingüística
da
Península
Ibérica,
como
apontaram
alguns
estudiosos
(Wartburg a
sustenta
até
por
volta
do
ano
mil,
in Les Origines des Peuples Romans, p. 193), tomando
por
base
certos
traços
comuns
introduzidos
durante
a
romanização
das
províncias
hispânicas,
só
pode
fazer
sentido
se entendermos “relativo”
em
referência
às
forças
coesivas da coexistência
lingüística.
Fora
daí,
falar
em
unidade
lingüística,
ainda
que
“relativa”,
é
assumir
a
mesma
perspectiva
que
norteia a
elaboração
do
standard,
ou
seja, é
defender
a possibilidade duma
língua
de
uso
geral
apta
à
comunicação
em
todas as
particularidades
da
vida
social,
a
qual,
para
cumprir
essa
função,
deve
ser
regulamentada
convenientemente
por
usuários
especiais,
dotados dos
requisitos
culturais legitimados
por
um
poder
que
se supõe consensual.
Ora,
a
verdade
é
que
uma
tal
língua
não
existe e provavelmente
nunca
existiu nas
sociedades
tradicionais. A
prova
disso é a
constante
forja
de
novas
variantes,
na
forma
de
gírias,
jargões,
calões
e outras
modalidades
periféricas,
recorrentes
em
todos
os
tempos,
realizada
por
grupos
cujas
práticas
sociais
levam-nos a se
afastar
das
convenções,
seja
por
necessidade,
seja
por
outras
razões.
A
tendência
para
amalgamar
na
linguagem
responde ao
princípio
de
funcionamento
do
todo
que
é a
língua,
como
já
tivemos
oportunidade
de
mencionar.
Se tomarmos uma
variedade
idiomática,
desde
a
mais
abrangente e refinada
como
a
standard
até
a
mais
restrita e despojada
como
o patois
caipira,
a
fim
de
conhecer
o
seu
funcionamento
ou
talvez
defender
os
seus
valores,
o
que
nos
restará
diante
dos
olhos
será
sempre
algo
dotado de uma
dinâmica
centrípeta,
inclinado a se
fechar
nos
seus
limites
e a se
separar
dos
seus
contrários.
Nesse
sentido,
toda
variedade
lingüística,
por
mais
exaltada
ou
depreciada
que
seja, sê-lo-á na
medida
em
que
for percebida
como
capaz
de
satisfazer
aos
valores
defendidos
pelo
conjunto
institucional a
que
pertence.
Não
importa
tanto
saber
se as
partes
que
a compõem obedecem a
regras
ou
prescrições
estabelecidas
com
zelo,
mas
sim
se o
seu
uso
atende às
exigências
do
segmento
que
a defende,
até
para
com
ela
produzir
a
identificação
do
todo
social.
É
por
isso
que,
no
caso
dos
standards
português
ou
espanhol
da
era
moderna,
é
possível
até
testemunhar
uma
ou
outra
aspiração
isolada
em
defesa
do
seu
uso
indistinto
(sobretudo
literário),
como
ocorreu num
clima
bastante
moderado
por
ocasião
da
união
das duas
Coroas;
todavia,
tornou-se praticamente
impossível
ver
isso
acontecer
ao
ter
início
a
fase
verdadeiramente “moderna”
da
história
dos
dois
idiomas,
quando
a
promoção
do
standard
português
ou
espanhol
aglutinou
forças
demasiado
poderosas no
seio
das respectivas
nações
para
que
se levantassem
vozes
em
defesa
da “unidade”.
As similaridades
lingüísticas
conhecidas
entre
o
português
e o
espanhol
a
partir
da
romanização,
encontradas
já
desde
os
primórdios
desse
processo,
no
século
III a. C.,
como
fazem
ver
as sobrevivências
lexicais
dessa
fase
inicial,
os
conhecidos
arcaísmos,
encontram
um
paralelo
nos
grandes
movimentos
homogeneizadores da
cultura
européia, os
quais
têm
por
efeito
intensificar
as
trocas
culturais
sobretudo
entre
os
povos
mediterrânicos.
Desde
a
época
clássica
até
a Romania
medieval
- e
depois
no
humanismo,
no
Renascimento,
no
Iluminismo,
para
não
falar
dos
seus
sucedâneos
mais
modernos,
como
a
Revolução
Industrial
e a
Revolução
Tecnológica,
estas últimas
mais
bem
ambientadas
em
áreas
situadas
além
da Romania propriamente
dita
-, os
grandes
movimentos
intelectuais
se mostraram
geradores
de
novos
conceitos
e
concepções
de
linguagem
que
promoveram uma
aproximação
entre
os
povos
e os
idiomas
por
eles
falados[vii].
Um
outro
momento
grandioso
da
história
do
Ocidente
que
foi a colonização da América
pela
Hispania
moderna,
a
qual
representou uma
ampliação
imensa
de
todo
o
horizonte
da
antiga
Romania,
também
teve
conseqüências
para
o
desenvolvimento
dos
idiomas
ibéricos
transplantados e
por
extensão
para
a
cultura
lingüística
ocidental.
Ao serem trazidos
para
a América, o
português
e o
espanhol
gozavam do
estatuto
de
idiomas
maiores,
previamente submetidos à
prova
de
sociedades
complexas repletas de
exigências
no
campo
da
comunicação
oral
e da
literatura,
conquanto
se achassem no
fim
de
um
ciclo
que
estava
para
colocá-los no
limiar
de uma
fase
ainda
mais
plena
de
desenvolvimento.
Os
seus
princípios
evolutivos
se faziam
sentir
na
altura
por
um
aprimoramento
da
morfologia
e da
ortografia,
alterações
fonéticas
e
sobretudo
um
aperfeiçoamento do
vocabulário.
As modificações encontravam o
seu
modus operandi basicamente na
adaptação
casuística da
linguagem
às
necessidades
reais.
Duas
modalidades
de renovação do
léxico,
porém,
pareciam
predominar.
Uma comandada
pelo
recurso
ao
patrimônio
léxico
da antigüidade
clássica,
através
sobretudo
da
tradução
dos
autores
canônicos,
os
quais
eram reinterpretados
com
finalidade
renovadora
segundo
as
lições
do
humanismo;
a
outra,
de
índole
prática
e
natural,
fez
eclodir
uma
grande
quantidade
de
termos
destinados a
expressar
os
novos
valores
culturais e os
novos
inventos
da
técnica,
de
acordo
com
o
espírito
racionalista da
época.
A
descoberta
do
Novo
Mundo
participa do
crescendo
de
aquisições
gerais
da
civilização
ocidental
descortinando
novos
horizontes
que
esboçam o
potencial
criador
de uma
periferia
intimamente
ligada
ao
seu
centro
irradiador. O
contato
com
a
natureza
americana,
mas
sobretudo
com
os
povos
da América e
seus
inúmeros
falares,
representa
um
desafio
para
os
idiomas
ibéricos,
o
qual
é vencido, a
princípio
com
hesitação,
mediante
a
adaptação
dos
termos
indígenas
designadores das
coisas
inusitadas da
vida
americana.
Enquanto
alguns
vocábulos
se espraiaram
por
áreas
geográfica
e culturalmente
mais
amplas,
outros
ficaram
até
certo
ponto
confinados à
região
onde
os
contatos
foram
mais
intensos.
A
entrada
dos
americanismos
no
português
e no
espanhol
da América no
século
XVI constitui a
nosso
ver
um
capítulo
da
história
desses
idiomas
capaz
de
elucidar
a
maneira
como
uma
língua
standard
se
comporta
diante
das
dificuldades
que
se
lhe
deparam no
momento
em
que
precisa
adaptar-se a
condições
externas
particularmente
adversas. A
relação
dos
romances
com
os
idiomas
americanos
a
partir
do
século
XVI,
como
se sabe, foi
tensa,
tendo sido contornada,
durante
um
largo
período
de
convivência
entre
os
diferentes
tipos
lingüísticos,
com
a
adoção
das
chamadas
“línguas
gerais”,
verdadeiras koinés americanas difundidas
por
grandes
regiões
da
colônia.
As “línguas
gerais”
chegaram a
predominar
enquanto
os
idiomas
adventícios
não
contavam
com
um
número
suficientemente
grande
de
falantes
para
fazer
frente
à
ameaça
dos
idiomas
da
terra.
No Brasil,
somente
após
a
expulsão
dos
jesuítas,
em
1.757, foi a
situação
resolvida
mediante
“a
extirpação
de
toda
a
influência
da caluniada
Companhia
[de Jesus],
inclusive
o
uso
da
língua
geral”
(grifado no
original)[viii].
Mas,
como
já
havia acontecido na
Península
Ibérica,
as
incipientes
formações
sociais
americanas garantiram a
supremacia
do
espanhol
e do
português
ao adotá-los
nos
negócios
administrativos,
já
que
só
neles “era
possível
entender-se
oficialmente
com
os
agentes
do
Estado”[ix].
Sobre
a
espontaneidade
dos
falares
crioulos
acabou prevalecendo o
prestígio
do
linguajar
do
grupo
dominante.
Enquanto
isso,
inúmeros
empréstimos
de
vocabulário
iam fazendo a
sua
entrada
nas
línguas
ibéricas.
Em
geral,
o
empréstimo
do
termo
indígena
preservou a
matéria
fônica
original,
até
onde
foi
possível,
isto
é,
mediante
uma
adaptação
que
levasse
em
conta
o
mecanismo
fonético
da
língua
tomadora.
Este
empréstimo
de
vocabulário
não
se confunde
com
os
neologismos
cultos
obtidos
por
justaposição
ou
aglutinação de
membros
indígenas,
os
quais
passaram a
predominar
no
século
XIX e
com
os
quais
os
seus
autores
procuraram artistificar a
matéria-prima
fornecida pelas
línguas
autóctones.
Os
empréstimos
de
vocábulos
indígenas
que
vieram a
fazer
parte
das
línguas
modernas entraram
primeiramente
no
espanhol
e daí se espalharam pelas
demais
línguas,
incluindo o
português.
O
primeiro
estabelecimento
espanhol
nas
Grandes
Antilhas,
portanto
o
lugar
do
primeiro
contato
de uma
língua
romance
com
outra
ameríndia,
mostra
isso.
Embora
não
tenha contribuído
com
o
maior
número
de
empréstimos,
a
língua
taino, do
povo
que
mais
privou do
convívio
com
os espanhóis
durante
os
primeiros
30
anos
da colonização, forneceu
aqueles
que
adquiriram
maior
grau
de universalização no
espanhol
e nas
demais
línguas
modernas.
Um
estudo
de Hugo A. Mejías (“Préstamos de lenguas
indígenas
en el español
americano
del siglo XVII”, 1.980), citado
por
Juan Clemente Zamora, afirma
que
63 de 69
empréstimos
tainos levantados no
dicionário
de M. A. Morínigo (Diccionario
Manual
de
Americanismos,
1.966) acabaram sendo usados
fora
das Antilhas,
contra
apenas
39
dentre
os 95 de
origem
náuatle, e destes
somente
10 tiveram uma
expansão
geográfica
maior;
para
os de
origem
quíchua
os
resultados
são
ainda
menos
expressivos:
somente
8
dentre
24 ultrapassaram os
limites
antilhanos,
e
apenas
3 se espraiaram
mais
amplamente[x].
Zamora pondera
que
o
prestígio
contou
como
o
fator
determinante
nesse
sucesso.
Não
o da
língua
ou
do
povo
taino,
aliás
logo
desaparecido,
mas
o da
experiência
das
coisas
americanas
que
aquela permitiu
transmitir
através
da
língua
espanhola. Dessa
forma,
os
empréstimos
daquela
língua
convertem-se de
signos
em
símbolos
(grifado no
original).
Passam
pois
a
constituir
emblemas
da
experiência
que
os
veteranos
conquistadores
carregam
por
todas as
regiões
por
onde
andam, alargando
assim
a
área
de
atuação
dos
empréstimos
até
estes
adquirirem uma
posição
preponderante
em
relação
aos
demais
oriundos
de outras
línguas
autóctones.
Vejamos
alguns
desses
vocábulos
e
sua
situação
por
vezes
concorrente:
Quíchua |
Taino |
Náuatle |
Maia |
|
Canoa |
|
|
|
|
Chocolate |
|
|
Maní |
Cacahuate |
|
Papa |
Batata |
|
|
Palta |
|
Aguacate |
|
|
Cacique |
|
|
|
|
|
Cigarro |
|
Hamaca |
|
|
|
Maíz |
|
|
|
|
Petaca |
|
|
Barbacoa |
|
|
|
Enagua |
|
|
Obs.: Conserva-se a grafia em
espanhol.
A
proporção
maior
dessas
palavras
dentro
do
português
atual
fica
com
as do
grupo
taino, à
exceção
de
cigarro,
que
não
se presta a
esse
tipo
de comparação
por
ser
ocorrência
única.
A
entrada
de algumas delas
em
nossa
língua
se deu
já
no
século
XVI,
como
o faz
ver
Gândavo,
que
empregou
canoa
(p. 130) e
batata
(p. 97) na
História
(publicada
em
1.576). O
destaque
das
vozes
tainas
dentro
duma
outra
língua
que
não
o
espanhol,
tal
no
português
e
em
outras, corrobora o
poder
de abrangência
maior
dessa
língua.
Outro
ponto
que
merece
atenção
é
que
as
denominações
do taino
não
são
na
sua
maioria
do
tipo
faunístico, diferenciando-se do
que
é
geralmente
característico
das
contribuições
ameríndias. A
palavra
“cacique”
e
sua
derivada “caciquismo” prestam-se
mesmo
a
matéria
abstrata,
visto
que
se referem a uma
classe
de
pessoas
e
sua
conduta,
podendo
assim
entrar
no
discurso
escolar
como
parte
duma quaestio
infinita.
Isso
mostra
que
as
palavras
das
línguas
acima
não
só
são
capazes
de
conservar
o
seu
sabor
original
que
as fazem
participar
no
jogo
dos
sentidos
presente
em
toda
experiência
estética,
mas
também
podem
simbolizar
a
necessidade
expressa
no
primeiro
castelhano
da América de condividir a
sua
linguagem
com
a
linguagem
dos
povos
americanos.
O
sentido
dessa acomodação,
que
a
etnologia
percebe
como
um
reflexo
do
assomo
de
liberdade
emanado da
massa
substancial
da
nacionalidade
euramericana, a
filologia
percebe
como
a
origem
da
história
lingüística
específica
dessa
mesma
massa.
Assim
como
as
instituições
sociais
indígenas
e ibéricas aglutinadas
nos
primeiros
estabelecimentos
coloniais constituem os
pilares
da
formação
social
especificamente
americana,
as
línguas
ameríndias e as ibéricas,
onde
os
contatos
são
mais
intensos,
dão
início
a uma
fase
ibero-indígena da
linguagem
americana,
marcada
pela
dialética
da coexistência
lingüística.
O
predomínio
de
um
lado
sobre
o
outro
com
o
resultado
que
se conhece faz
parte
do
processo
de
unificação
de
um
povo,
processo
esse
que
passa
necessariamente
pela
unificação
lingüística,
nos
moldes
da
experiência
européia e mundial das
línguas.
Entendemos
que
a
mútua
adaptação
lingüística
da
fase
ibero-indígena,
apesar
da
supremacia
alcançada
mais
tarde
pelas
línguas
dos
conquistadores,
deixou
suas
marcas
nos
falares
americanos.
Cremos
que
algumas das
particularidades
desses
falares
se devem
exatamente
a
influências
indígenas
infundidas
desde
os
primeiros
tempos
da coexistência,
por
mais
difícil
que
seja
proceder
à
sua
demonstração.
A estas devemos
atribuir
uma
parte
das
divergências
que
separam a
língua
falada
da
escrita
nas
diferentes
áreas
do
Continente.
Cremos
que
o
vocabulário
faunístico e florístico de
origem
indígena,
a
par
das
criações
toponímicas tardias, imprimem
traços
progressistas
e
individuais
à
língua
oficial
e
são
indícios
de
que
as
línguas
aclimatadas na América têm
um
destino
próprio
correspondente
ao
destino
dos
povos
que
as empregam. Da
mesma
maneira
que
as
línguas
européias modernas devem a
sua
unidade
substancial
distinta
ao
conjunto
de
fatores
internos
e
externos
que
agiram na
sua
formação,
cuja
especificidade cumpre
interpretar
através
do
estudo
da
sua
respectiva
história
interna
e
externa,
as
línguas
ibéricas transplantadas
para
a América
latina
entraram numa
fase
diversa
da
sua
evolução
a
partir
do
momento
em
que
começaram a
adaptar
os
seus
mecanismos
aos das
línguas
ameríndias
com
as
quais
passaram a
conviver.
Com
a
adoção
dos
americanismos,
a
constituição
da
unidade
caracterizadora da
identidade
lingüística
passou a
implicar
a
incorporação
de
produtos
lingüísticos
de
origem
distinta.
Tal
como
já
acontecera no
passado
europeu,
por
ocasião
do
empréstimo
de
vocábulos
por
via
da
ação
do
substrato
e do superstrato,
quando
novas
derivações
de
uso
passaram a
fazer
parte
e a
contribuir
para
uma reidentificação de
cada
todo
lingüístico,
na América
Latina
a
generalização
de
vocábulos
tainos,
por
exemplo,
põe
em
ação
o
mesmo
processo
nas
línguas
tomadoras dos
empréstimos,
revelando-se a
generalização
uma
prova
disso,
visto
que
o
que
confere
identidade
a uma
língua
é a
definição
dos
seus
mecanismos
de
expressão
e a correlata institucionalização do
seu
poder
de
comunicar.
O compartilhamento
pelo
português
das
vozes
tainas adotadas
primeiramente
no
espanhol
repete, respeitadas as devidas
peculiaridades,
as
condições
de
existência
de uma
comunidade
lingüística
ibérica,
desde
a
chamada
etapa
ibero-românica. Os
fenômenos
mais
abrangentes e
flagrantes
desta
vez
como
da
outra
mais
antiga
são
os
lexicais,
os
mais
aptos
a
transpor
fronteiras
e a acomodar-se da
outra
parte.
Acreditamos
que
a
situação
peculiar
de serem os
naturais
da
terra
os mutuantes deu
ainda
mais
força
à
interpenetração
das respectivas
línguas,
em
razão
de o
conhecimento
e a
experiência
serem
essenciais
à
nomenclatura,
por
isso
mesmo
reservada
ao nomothétes mencionado
por
Platão no Crátilo.
BIBLIOGRAFIA
ALVAR,
M. El Español de las Dos Orillas. Madri: Mapfre, 1991.
BARTOLI, M. “Fatti
caratteristici della romanità della Penisola Iberica”, in Atti del I
Congresso
Nazionale di Studi Romani.
BOURDIEU, P. Ce
que
Parler Veut Dire L’Economie des Échanges Linguistiques.
Paris: Fayard, 1982.
BUENO, R. S. «Le
Tupy et le Guarany et le Portugais du Brésil», in
Jornal
de
Filologia,
V, fasc.
1-2, 1960-1961, p. 22-40.
BUESCU, M. L. C.
Aspectos
da
Herança
Clássica
na
Cultura
Portuguesa.
Venda
Nova–Amadora:
Instituto
de
Cultura
Portuguesa, 1979.
CURTIUS, E. R.
European Literature and the Latin Middle Ages.
Londres: Routledge & Kegan
Paul,
1953.
DOMÍNGUEZ, A. G. Los
Orígenes del Español de América.
Madri: Mapfre,
1992.
FLASCHE, H. “Das
Wort raison im 16. Jahrhundert: Zur Methodik der modernen Wortforschung”,
Zeitschrift für Romanische Philologie, 1964, 80, p. 291-315.
GÂNDAVO, P. de M.
Tratado
da
Terra
do Brasil –
História
da
Província
Santa
Cruz.
Belo
Horizonte:
Itatiaia;
São
Paulo: EDUSP, 1980.
LAPESA, R. Historia de la
Lengua Española. Madri: Gredos, 1981.
LEITE,
S.
Novas
Cartas
Jesuíticas (de Nóbrega a Vieira).
São
Paulo:
Cia.
Ed.
Nacional,
1940.
LÜDTKE, H. Historia del
Léxico
Románico.
Madri: Gredos, 1974.
MATORÉ, G. Le
Vocabulaire et la Société Médiévale. Paris: Presses Universitaires de
France, 1985.
MORENO
DE
ALBA,
J. G. El Español en América. México: Fondo de
Cultura
Económica, 1993.
MORÍNIGO, M. A. “Las Voces
Guaraníes del Diccionario Académico”, Boletín de la
Academia
Argentina de
Letras,
III, janeiro-março, Buenos Aires, 1935.
OLIVER, T. B. e UTRILLA, J. M.
E.
Léxico
del Español de América Su
Elemento
Patrimonial
e
Indígena.
Madri: Mapfre, 1992.
PAGLIARO, A. Sommario di
Linguistica Arioeuropea, Fasc. I, Cenni Storicie e Questioni Teoriche,
“L’Universale” Roma
Tipografia
Poliglotta, 1930.
PAUL,
H.
Princípios
Fundamentais
da
História
da
Língua.
Lisboa: Fund. Calouste Gulbenkian, 1966.
PIDAL, R. M. La Lengua de
Cristóbal Colón. Madri: Espasa-Calpe, 1978.
PIDAL, R. M. Orígenes del
Español
Estado
Lingüístico
de la
Península
Ibérica
Hasta
el Siglo
XI.
Madri:
Espasa-Calpe, 1950.
ROHLFS, G. Estudios
Sobre
el
Léxico
Románico.
Madri: Gredos, 1979.
SILVA
NETO,
S. da.
Introdução
ao
Estudo
da
Língua
Portuguesa no Brasil.
Rio
de
Janeiro:
INL, 1963.
SNELL, B. “La formazione dei
concetti scientifici nella lingua greca”, in La
Cultura
Greca e le Origini del Pensiero Europeo.
Giulio Einaudi, 1951.
SPITZER, L. “Semantica
storica”, in Critica Stilistica e Storia del Linguaggio. Bari: Gius.
Laterza & Figli, 1954.
STRAYER, J. R. As
Origens
Medievais
do
Estado
Moderno.
Lisboa: Gradiva, [s/d.].
VOSSLER, K.
Espiritu y
Cultura
en el Lenguaje. Madri:
Cultura
Hispánica, 1959.
WARTBURG, W. von.
La Fragmentation Linguistique de la Romania. Paris: Librairie C.
Klincksieck, 1967.
WARTBURG, W. von.
Les Origines des Peuples Romans. Paris Presses Universitaires de France,
1941.
WEINRICH, H. “La
conscience linguistique espagnole au Siècle d’Or”, in Conscience Linguistique
et Lectures Littéraires. Paris: Éd. de la Maison des Sciences de l’Homme,
1989.
ZAMORA, J. C.
“Amerindian loanwords in
general
and
local
varieties of American Spanish”, in Word Journal of the International
Linguistic Association, vol. 33, nº 1-2, abril-agosto 1982.
ZUMTHOR, P. «Pour
une histoire du vocabulaire français des idées», Zeitschrift für Romanische
Philologie, 1956, 72, p. 340-362.
[i]
(ROHLFS, 1983: 251 e n. 564)
[ii]
In La Formación de los Dominios Lingüísticos en la Península Ibérica,
p. 55 e n. 29.
[iii]
R. Lapesa dá vários exemplos de vocábulos incorporados ao vocabulário
ibérico, especialmente o espanhol e o português, provenientes do latim
arcaico de Névio, Plauto, Ennio e Terêncio ou de autores latinos de outras
épocas, os quais, não sendo encontrados fora da Península, lhes dão um “tom”
ora conservador, ora castiço. Op. cit., p. 88 ss.
[iv]
Como na tese de M. Bartoli expendida em tantos trabalhos, entre outros em
“Fatti caratteristici della romanità della Penisola Iberica”, in Atti del
I Congresso Nazionale di Studi Romani.
[v]
M. Pidal afirma a respeito: “...podemos afirmar que o romance mais comum da
época visigoda não apresentava como caracteres próprios os que depois
chegariam a ser distintivos da língua espanhola oficial. Pelo contrário,
ofereciam os traços em que hoje o Ocidente e o Levante se afastam do
castelhano para se conformarem com outros romances estrangeiros, porque
esses traços achavam-se também em todo o território moçárabe.” In
Orígenes del Español Estado Lingüístico de la Península Ibérica Hasta el
Siglo XI, p. 503.
[vi]
P.. Bourdieu discute a questão do ponto de vista sociológico in «La
production et la reproduction de la langue légitime», Ce que Parler Veut
Dire, p. 23 ss.
[vii]
O assunto é vasto e não pode ser convenientemente analisado aqui. Entre os
inúmeros trabalhos disponíveis, citamos os seguintes: R. M. Pidal, La
Lengua de Cristóbal Colón; R. Flasche, “Das Wort raison im 16.
Jahrhundert: Zur Methodik der modernen Wortforschung”, in Zeitschrift für
Romanische Philologie, 1.964, 80, pp. 291-315; P. Zumthor, «Pour une
histoire du vocabulaire français des idées», in Zeitschrift für
Romanische Philologie, 1956, 72, pp. 340-362; L. Spitzer, “Semantica
storica”, in Critica Stilistica e Storia del Linguaggio; E. R.
Curtius, European Literature and the Latin Middle Ages; K. Vossler,
Espiritu y Cultura en el Lenguaje; B. Snell, “La formazione dei
concetti scientifici nella lingua greca”, in La Cultura Greca e le
Origini del Pensiero Europeo; H. Weinrich, “La conscience linguistique
espagnole au Siècle d’Or”, in Conscience Linguistique et Lectures
Littéraires; M. L. C. Buescu, Aspectos da Herança Clássica na Cultura
Portuguesa; G. Matoré, Le Vocabulaire et la Société Médiévale.
[viii]
Serafim da Silva Neto, Introdução da Língua Portuguesa no Brasil, p.
66.