A LÍNGUA DE MACHADO DE ASSIS
NAS GRAMÁTICAS REFERENCIAIS
DA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX
Carolina Rodrigues de Mendonça (UERJ.)
Claudio Cezar Henriques (UERJ, ABF e UNESA)
É perfeitamente lícito afirmar que uma atitude de independência em face de regras gramaticais cabe de direito aos literatos, antes que aos que usam a língua com objetivo prático. Tais palavras de Mattoso Câmara em seu Manual de Expressão Oral e Escrita são por ele mesmo relativizadas, pois é óbvio que há escritores que conseguem manter conciliar essa “atitude de independência” com “soluções novas e efeitos inesperados”. Afinal, “a língua é a sua preocupação primária e a matéria-prima de sua arte”. Desloquemos, então, essas considerações de Mattoso Câmara para o caso específico de Machado de Assis. Desnecessário dizer que sua obra seja tema de estudos dos mais variados campos e que sua produção literária é uma das fontes mais requisitadas para os pesquisadores da área de Letras, inclusive no que respeita aos estudos lingüísticos. Esta comunicação, que se insere na pesquisa “Cânones Lingüístico-Literários Brasileiros”, pretende demonstrar que a propalada “excelência lingüística” do Bruxo do Cosme Velho pode ser comprovada pela expressiva presença de suas escolhas frasais em gramáticas de referência, como por exemplo a Gramática Normativa da Língua Portuguesa, de Carlos Henrique da Rocha Lima (1957 a 1992); a Moderna Gramática Portuguesa, de Evanildo Bechara (1961 a 1999); e as três gramáticas de Celso Ferreira da Cunha (1968 a 1985). A observação dessas quase 800 frases oferece interessante material para se interpretarem, pelo menos, dois pontos: o primeiro diz respeito aos usos machadianos de estruturas lingüísticas exemplares; o segundo permite interpretar o olhar de estudiosos do campo lingüístico-gramatical acerca do trabalho do escritor.
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