A linguagem dos mass media
Uma análise sob o prisma da Pragmática

Historicamente, o homem vem tentando entender e dominar os elementos à sua volta através da linguagem, utilizando-a como um instrumental necessário ao conhecimento e, conseqüentemente, como forma de poder.

Assim surge a Lingüística, que vai dedicar-se ao estudo concreto da linguagem, dividindo-se em formalista - buscando o que é universal e constante na linguagem - e sociologista - que vai enfatizar a diversidade e a multiplicidade, acreditando numa relação intrínseca entre língua e sociedade. É justamente dessa interação com o falante que surgem os estudos pragmáticos, que vão estudar as condições que governam a utilização da linguagem na prática lingüística.

O presente trabalho visa mostrar como a mídia impressa (partindo da análise das manchetes e do lead de dois jornais cariocas) utiliza a linguagem, seu instrumento de poder. Dessarte, mostraremos como os conteúdos implícitos dos enunciados comunicam mais do que verdadeiramente dizem (baseados na Teoria dos Atos de Fala, de John Austin, 1999) e como os jornais violam as máximas conversacionais propostas pelo Princípio da Cooperação de Paul Grice (1982), no desejo de preservar suas faces (Teoria das Faces, de Brown e Levinson, 1987), posto que, na interação social, o indivíduo procura salvar a sua face, ao mesmo tempo em que procura manter a face do outro para não pôr em perigo a sua.