AS MARCAS DE ENUNCIAÇÃO
NO TEXTO JORNALÍSTICO POLICIAL
Patricia Alves do Rego Silva (UERJ .)
Este trabalho tem por objetivo identificar as marcas de enunciação nos textos do jornalismo policial da imprensa carioca. Por meio da escolha dos verbos dicendi, da aplicação dos discursos direto ou indireto, da seleção dos fragmentos da fala do entrevistado, o jornalista reforça ou apaga a sua marca como enunciador citante. Em comparação com o jornalismo policial de outras épocas, percebe-se que, cada vez mais, o repórter tenta se neutralizar em seu texto. Se já vinha deixando de emitir conceitos de valor, hoje vem tentando até excluir da sua escrita palavras que, por si mesmas, possam conter alguma significação além do valor de “dizer”. Todas as afirmações mais contundentes são claramente atribuídas ao enunciador citado, de preferência reproduzindo-se as palavras dele em discurso direto. Também é cada vez mais comum o emprego dos verbos no futuro do pretérito, para deixar claro que o jornalista não está afirmando, mas apenas levantando uma possibilidade ("fulano teria participado da morte de beltrano" em vez de "fulano matou beltrano"). Muitas vezes, o condicional é empregado junto com modalizadores, ou seja, nem ao enunciador citado é permitido afirmar. ("Segundo o delegado, fulano teria roubado seis carros").
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