CAPITÃES DA AREIA: A RECEPÇÃO CRÍTICA

Benedito José de Araújo Veiga (UNEB e UCSal)

A análise e a interpretação de documentos de fontes primárias, com destaque nos dados recolhidos em periódicos, atestam que a década de 30 do século XX comporta reiteradas visitas na demanda de outras leituras pela importância que ela traz na compreensão de desdobramentos posteriores da cultura brasileira, e mesmo na persistência de certos impasses contextuais ainda hodiernos, como por exemplo: o Brasil não alcançar a plena modernidade ou a industrialização e não desfazer a desigualdade entre as classes por insistência do comando político, impasses esses que vêm esbarrar no idêntico problema sócio-político do País, dos anos trinta. No caso específico da literatura brasileira, expressa no estudo da narrativa Capitães da Areia de Jorge Amado - lançada em 1937 e, logo depois, na ditadura de Vargas, proibida -, esta obra, inscrita no ciclo da ficção nordestina do mesmo período, leva adiante a problemática, agora transposta para a tipicidade do romance urbano, quando são mostradas as dobras do ideário pequeno-burguês, repontando a hipocrisia de valores e a exclusão social da maior parcela da comunidade, com destaque sobretudo para a falência da família tradicional, ante a voracidade do desemprego ou do subemprego do capitalismo em voga, o que faz surgir, nos grandes centros citadinos, a presença dos menores abandonados: uma constância, questionada na linguagem amadiana, que indicia uma vigência social, tanto no momento de 30 como nos dias de hoje.

...........................................................................................................................................................

Copyright © Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Lingüísticos