DA PERDA DOS CLÍTICOS
NO FALAR COLOQUIAL DO RIO DE JANEIRO
Anderson da Silva Ribeiro (UERJ)
A evidência dos estudos lingüísticos a partir do século XX permitiu aos estudiosos da linguagem discutir com autoridade fatos gramaticais não questionados, por serem até então considerados como verdades absolutas. Não havia a noção de variação lingüística e a língua só era aceita e concebida levando-se em consideração a norma culta. Acreditava-se numa homogeneidade. Lingüistas notórios da história como Saussure, Benveniste, Chomsky, Labov e Coseriu deram contribuições consistentes para uma nova concepção de língua. Estabeleceram-se dicotomias importantíssimas, discutiu-se com precisão o inatismo da linguagem, argumentou-se com excelência o aspecto social e a existência de diversos falares, mostrando uma diversidade. Assim, o título deste trabalho sugere a delimitação da minha pesquisa. É um estudo analítico da queda dos clíticos em nosso idioma, tendo em vista o falar coloquial carioca. O corpus de que me utilizo é constituído por um grupo de sete falantes a quem foi proposto um debate cujo tema foi o escândalo político que envolveu a ex-Ministra da Assistência Social, Benedita da Silva. Além disso, a preocupação com o ensino da língua materna e a constatação da forte presença de uma tradição gramatical me motivaram a observar com maior atenção a diversidade lingüística brasileira. Nesse contexto, os pronomes constituem um ponto de partida do qual irei me servir para endossar os conceitos de língua histórica e funcional propostos por Eugênio Coseriu.
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