O falante escolhe entre os recursos disponibilizados pelo sistema lingüístico os mais adequados às suas intenções discursivas e sua posição ideológica. Fazemos uma abordagem pragmática, com o concurso de teorias do discurso e da ideologia por ele veiculada, e colocamos em discussão a modalidade e o gerúndio, mostrando que o aspecto cursivo e/ou durativo da forma, a ausência de marcação de modo/tempo e pessoa e o seu funcionamento como transpositor favorecem a inserção discursiva do gerúndio como marcador de modalidade. Analisado em textos colhidos de jornais, revistas, anúncios publicitários e pronunciamentos políticos, visto na forma tradicional e na construção denominada de ‘gerundismo’, o uso do gerúndio implica o sombreamento de estruturas e produz um poderoso jogo de ambigüidades. Sendo as opções do falante ideologicamente determinadas, a presença do gerúndio no discurso resulta em mecanismo de controle social da informação, para o qual o professor deve despertar seu aluno.

O presente trabalho sintetiza pesquisa que constituiu dissertação de mestrado em Língua Portuguesa, aprovada com distinção em março deste ano pela Pós-graduação da UERJ.