HIPOCORIZAÇÃO EM PORTUGUÊS
UMA ANÁLISE BASEADA EM RESTRIÇÕES
Carlos Alexandre Gonçalves (UFRJ)
Ao estender a esfera de atuação dos restritores de fidelidade, a Teoria da Correspondência (McCarthy & Prince, 1995) possibilita descrever operações não-concatenativas de modo bastante natural, permitindo explicitar e explicar diferenças entre processos morfológicos de encurtamento bastante semelhantes, como a Hipocorização (‘Xande’, por ‘Alexandre’) e o Truncamento ( ‘delega’, por ‘delegado’). A Simpatia (McCarthy, 1998), surgida no final da década de 90, oferece instrumentos igualmente eficazes para analisar não só a opacidade fonológica, como também processos morfológicos que parecem fazer referência a um nível intermediário de representação, como é o caso da formação de hipocorísticos em português.
Nesta comunicação, defendo a idéia de que o molde da Hipocorização constitui instância específica da opacidade, nos termos de Kiparsky (1973), uma vez que vem a ser o pivô de uma série de modificações fonológicas. Tomando a formação de hipocorísticos como exemplo, pretendo mostrar que a Simpatia pode dar conta dos efeitos de opacidade envolvidos na Morfologia Não-Concatenativa, possibilitando abordar fenômenos tratados, na Morfologia Prosódica, através de procedimentos como a circunscrição e o molde.
Durante a exposição, procuro mostrar que se for atribuído algum status formal ao molde, é possível fazer com que restritores de fidelidade monitorem a semelhança entre ele e os demais concorrentes a output, sem recorrer ao serialismo. Por fim, intento destacar que a Simpatia, além de estabelecer uma diferença entre hipocorísticos opacos e transparentes, leva a generalizações bem mais consistentes, possibilitando expressar, com naturalidade, as relações de identidade envolvidas nos processos morfológicos não-concatenativos.
........................................................................................................................................................... |
Copyright © Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Lingüísticos |