MAQUINAÇÕES MIMÉICAS
DE BIOY CASARES (A MÁQUINA DE MOREL)
E DE ALAIN RENAIS (O ANO PASSADO EM MARIENBAD)
Ulysses Maciel de Oliveira Neto ( UERJ)
O propósito dessa comunicação é analisar os recursos empregados por Bioy Casares, na novela A invenção de Morel, a fim de produzir a ilusão de humanidade na personagem que é tão-somente imagem, Faustine. Serão utilizadas, como instrumental teórico, as teorias de G.E.Lessing (1729-1781) e de Roland Barthes sobre as relações entre texto e imagem. A máquina engendrada por Morel, geradora de imagens, serve como metáfora das maquinações textuais e discursivas que podem ser lidas nas entrelinhas da novela. Essa máquina textual apresenta-se oculta nos subterrâneos do texto e projeta, na imaginação do leitor, uma ilha mítica povoada por imagens de mortos que se assemelham a seres humanos e vivem repetida e eternamente a mesma semana das suas vidas, num eterno retorno. A pertinência do instrumental teórico citado acima para a análise de obras narrativas modernas será comprovado pelo estudo da tradução dos signos verbais dessa obra literária para os signos icônicos do filme O ano passado em Marienbad, de Alain Resnais. Conclui-se daí que os significados produzidos pela linguagem literária são admitidos em obras icônico-narrativas, se forem objeto de um processo de tradução não-literal, que deverá levar em conta os sentidos.
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