Este primeiro artigo sobre Classes de Palavras intenta apresentar as principais classificações semântico-contextuais dos inventários aberto e fechado da língua portuguesa praticada no Brasil. A inserção das classes gramaticais tradicionalmente listadas nas gramáticas na divisão entre os universos léxico e gramático constituiu principal preocupação.

Ao mesmo tempo, pretendeu-se desmistificar os conceitos de substantivo, adjetivo e advérbio enquanto classes, passando-se a encará-los como categorias da análise contextual, tanto para nomes quanto para pronomes. A estas duas classes de palavras somam-se o verbo (com suas flexões particulares) e o conectivo (com função contextual de preposição ou de conjunção).

Em se tratando de priorizar o contexto para a classificação de palavras, foi necessário discriminar os tipos de discurso. Ressaltou-se a importância das conclusões de J[oaquim] Mattoso Câmara Jr. sobre a definição do gênero pelo artigo masculino ou feminino que determina um nome ou pronome, com a devida ressalva aos nomes substantivos uniformes.

Priorizando as palavras lexicais, o artigo passa à análise dos nomes e dos verbos. Por esse caminho, apontou-se a natureza nominal do numeral, podendo, assim, funcionar como substantivo e como adjetivo. Segue-se um estudo sobre o nome adjetivo, demonstrando sua capacidade de especificação e sua rejeição em apontar a essência ou a totalidade do referente.

Quanto aos verbos, priorizou-se uma organização das diversas classificações, segundo o foco de análise (quanto à flexão, ao acento, à falta ou ausência de formas), numa tentativa de metodizá-las para uma exposição mais lúcida e menos aleatória da matéria. Uma lista, a contra-gosto muito reduzida, de verbos problemáticos encontra-se ao final da recensão.