O ITINERÁRIO DA CONSTRUÇÃO TEXTUAL NAVEANA

Edina Panichi

O presente trabalho tem por objetivo analisar o processo de construção textual do memorialista Pedro Nava e descrever os mecanismos que sustentam essa produção.O foco de atenção será o movimento responsável pela geração da obra, ou seja, o ir e vir da mão do artista.O processo de criação mostra o trabalho como partes e essa intervenção aparentemente parcial atua sobre o todo. Observa-se na intimidade da criação um contínuo movimento tradutário, ou seja, conversões ocorridas ao longo do percurso criador de uma linguagem para outra: percepção visual se transforma em palavras; palavras surgem como desenhos para depois voltarem a ser palavras e assim por diante.Há uma tendência a escrever o texto diretamente. São poucas as pessoas que conseguem fazê-lo. Portanto, é fundamental abandonar a crença de que um texto se constrói direto como texto. Na realidade é uma composição de formas que os autores convertem em texto. Essas formas preliminares são necesárias e devem ser tornadas suficientes para organizar e registrar a coleta de material que, depois de organizado, será apresentado em formas que se transmutarão.Sem uma apropriação instrumental da realidade, ou seja, sem recursos para um adequado direcionamento do olhar, de pouco valem os conhecimentos lingüísticos. Em outras palavras, é necessário aceitar que à frase não cabe o papel exclusivo de dar existência a um texto.O contato com os arquivos de Pedro Nava sela, definitivamente, a compreensão de que qualquer texto será sempre resultado de uma dimensão muito maior que ele próprio.

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