Vanessa Chaves de Almeida (UFRJ)

Freqüentemente, ouve-se os alunos dizerem que “só caiu interpretação na prova”, em tom de reclamação, ou felizes, considerando que a prova estava fácil, porque “só caiu interpretação”. Isso mostra que algo deve estar equivocado: ou os professores não estão sabendo elaborar provas e/ou tanto professores e alunos não sabem o que é interpretação.

O que é isso que as pessoas estão chamando de interpretação? Se interpretar é desvendar os segredos do texto, desvenda-se “esses segredos” através dos elementos lingüísticos e do conhecimento de mundo, que são fatores, dentre outros, de coerência textual, segundo Koch e Travaglia (1990). Além disso, utilizam-se os elementos lingüísticos na interpretação, pois ao se fazer uma interpretação, faz-se primeiramente a leitura das palavras que o compõe e a sua estruturação sintática que vão estabelecer o sentido do texto.

Se pensarmos que conhecimentos gramaticais e literários também fazem parte do conhecimento de mundo, ao cobrar interpretação em uma prova, mesmo que indiretamente, estão sendo aferidos também esses conhecimentos.

Essas discussões, sem ainda uma conclusão definitiva, demonstram que é preciso estabelecer uma teoria sobre o que é interpretação e como esta deve ser cobrada em provas.