TAMANHO DE SENTENÇA E UNIDADE DE ATENÇÃO
CONTRASTES ENTRE INGLÊS E PORTUGUÊS
NO GÊNERO EDITORIAL
Daniela Souza Constâncio (PUC-Rio)
Tânia Saliés (PUC-Rio)
Analisando relatórios anuais da indústria de petróleo em inglês e português, Saliés (1997; 2001) investigou a projeção do esquema-imagético TEXTO COMUNICATIVO no discurso institucional. Este trabalho dá continuidade a tais estudos, focando em um novo contexto institucional: o do “editorial” jornalístico.
O objetivo é verificar a aplicação do TEXTO COMUNICATIVO proposto por Saliés e, conseqüentemente, seu escopo de generalização. Para tanto, o estudo analisou quantitativamente dois atributos sintáticos - tamanho de sentença e unidades de atenção - em 46 editoriais de jornais brasileiros e americanos de influência regional.
Aparentemente, os resultados avançados em Saliés tendem a se repetir no corpus. O TEXTO COMUNICATIVO em inglês apresenta unidades de atenção mais longas (n=10 palavras) e sentenças mais curtas (n=19 palavras) quando comparado ao português (9 palavras por unidade de atenção e 27 por sentença). Da mesma forma, os resultados indicaram que o inglês utilizou mais sentenças (n=455) e um menor número de unidades de atenção (n= 841) do que o português (352 sentenças e 1067 unidades de atenção). Estes resultados replicam as conclusões de Saliés e sugerem que o gênero não parece ser fator de variação nas características lingüísticas analisadas.
Aparentemente, são os fatos gramaticais que regem o funcionamento de cada língua que levam o discurso a ser organizado da forma que o é. Como antecipado por Saliés (2004), a morfologia verbal e nominal e pela saliência perceptual das unidades autônomas no português compensam o uso de sentenças mais longas, não sobrecarregando a memória de trabalho. Já em inglês, a memória de trabalho tem necessariamente que trabalhar com um número maior de informação. Isso implica no uso de sentenças mais curtas e na retomada do tema. Este estudo tem aplicações imediatas no ensino de produção de texto, assim como na área de tradução.
........................................................................................................................................................... |
Copyright © Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Lingüísticos |