TRANSCRIAÇÃO: A TRADUÇÃO EM JOGO

Cristina Monteiro de Castro Pereira (UFRJ)

Diante da dificuldade da tradução de textos literários, alguns teóricos chegaram a uma saída possível: a tradução criativa. A idéia, que pode ser melhor entendida com Jakobson, é a de que um tradutor que lida com textos em que predomina a função poética da linguagem, tem que, necessariamente, preocupar-se com os processos estéticos e estruturais da obra.

Assumir a impossibilidade de se resgatar o original e transformá-la em trampolim para a criação é a solução apontada e adotada por Haroldo de Campos. O "impossível de se dizer" do original se transforma em espaço para a recriação artístico-tradutória. Opondo-se à visão tradicionalista, que colocava o tradutor e seu texto numa posição secundária e subserviente em relação ao autor e do original, teóricos como Walter Benjamin e Haroldo de Campos conquistam, para a tradução, sua autonomia.

A partir das traduções de Haroldo de Campos de alguns cantos do Paraíso de Dante Alighieri, pretendemos apontar e discutir a presença do jogo de aproximação e distanciamento desse método em que a tradução reivindica para si o estatuto de um novo original.

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