UM CONFRONTO
ENTRE DUAS VARIEDADES DO LATIM FALADO
SERMO PLEBEIUS VERSUS SERMO URBANUS

Maria Cristina da S. Martins (USP)

O sermo plebeius é conhecido como “latim vulgar”, a língua falada pela imensa massa populacional do Império Romano, composta em sua maioria por estrangeiros, que não dominavam a variedade culta. O sermo urbanus é a língua culta, gramaticalmente correta, usada na conversação das pessoas que eram também as principais detentoras da norma literária, ou seja, o latim clássico (sermo classicus ou litterarius).

Mostrar-se-á que o sermo plebeius, quando comparado ao sermo urbanus e ao sermo classicus é: 1) mais simples em todas as áreas da gramática; 2) mais analítico; 3) mais concreto; 4) mais expressivo; 5) mais permeável a elementos estrangeiros. Quanto ao sermo urbanus, apontar-se-á que, a esta variedade de língua falada, pertencem todas as características do latim clássico. Todavia, o sermo urbanus, enquanto língua viva, apresenta aspectos de língua falada, tais como o fato de ser mais expressivo e de não apresentar a estilização sintática, principalmente as disjunções, do latim clássico. Na verdade, através do sermo urbanus é possível ver com clareza que o latim clássico não foi uma língua artificial, apesar de ser estilisticamente elaborado, pois tomou como modelo o sermo urbanus.

Trabalharemos com exemplos extraídos de seis cartas: três mais próximas do sermo plebeius, do início do século II d.C., exemplificado por duas cartas de Rustius Barbarus e uma do soldado tiberiano, e três do sermo urbanus, do Iº séc. a.C, representado por Cícero.

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