UM POUCO DE HISTÓRIA
SOBRE OS TEMPOS COMPOSTOS EM PORTUGUÊS
DE ONDE VEIO, PARA ONDE VAI
O PRETÉRITO COMPOSTO?

Ana Helena Vannier (PUC-Rio)

Ao estudarmos o complexo paradigma verbal do português verificamos uma lacuna no tocante às pesquisas de um de seus tempos compostos, a saber, o pretérito perfeito composto do indicativo. Talvez nossa atenção tenha recaído sobre ele devido a dificuldade que os aprendizes de português-língua estrangeira revelam face ao processo ensino-aprendizagem do tempo ora abordado. E não nos referimos aqui aos problemas de ordem mais formal, mas sim, ao fato de, dentre as línguas românicas, a singularidade do pretérito perfeito composto do português dizer respeito ao seu sentido, e não à sua forma. Sabemos que a história dos tempos compostos do português se funda no latim, mas é importante reconhecermos também que essas estruturas, quanto ao valor, seguem caminho diferente do das demais línguas neolatinas. Assim, partiremos de um estudo mais geral sobre a história dos tempos compostos para, então, enfocarmos o pretérito perfeito composto e, principalmente, o processo lingüístico de concordância que um dia já o envolveu. Apresentaremos também algumas considerações sobre uma analogia referente a construções verbais compostas de particípio e de gerúndio. Se em português moderno há uma diferença semântica sensível entre o pretérito perfeito simples e o composto, partimos em busca de informações mais concretas que contribuíssem para a descrição do tempo enfocado, além de subsídios que constituíssem formalmente as intuições disponíveis. Deste modo, propomos seu estudo em faixas diacrônicas sucessivas para podermos reconhecer e estabelecer fatores que tenham contribuído para a situação atual do pretérito perfeito composto em língua portuguesa no Brasil.

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