Metáfora conceptual: uma análise crítica
Sérgio Nascimento de Carvalho (UERJ e EN)
As obras tradicionais sobre figuras de linguagem nos levam a observar que a metáfora sempre esteve na poesia e na retórica ao contrário de hoje. No próprio Aristóteles já encontramos que metaphorá tinha um pé em cada campo, como lembra Filipak (1983). Fazia-se uma distinção entre a linguagem poética e a linguagem do dia-a-dia.
A partir desses estudos da metáfora, temos: a metáfora lingüística que se materializa verbalmente pelo falante e a metáfora conceptual, estruturada no pensamento humano (cf. Lakoff & Johnson, 1980/2002). As metáforas lingüísticas podem ser tradicionalmente classificadas como: “mortas” (dead) e “vivas” (live). A “metáfora morta” não é mais uma metáfora e sim, uma simples expressão sem uso metafórico. Dessa feita, um leitor competente de inglês não compreenderia a expressão familiar “falling in love” (estar apaixonado) como uma metáfora (cf. Black, apud Ortony, 1979).
Entretanto, pesquisadores afirmam que a linguagem do cotidiano é plena de metáforas. Usamos esse tropo sem nos apercebemos de sua existência (Cf. Cohen, 1975; Lakoff & Johnson, 1999). Coracini (1991) afirma que mesmo a linguagem científica é rica em metáforas: células como idosas, mães, filhas, companheiras, nas ciências biológicas.
A observação de que a linguagem é repleta de metáforas levou estudiosos (Lakoff & Johnson, 1980/2002; Kövecses, 2002, Cameron, 2003; Deignan, 2003) a terem uma nova visão de mente. Ela é importante no entendimento da compreensão humana.
Para Lakoff & Turner (1989), a metáfora liga domínios semânticos diferentes fazendo com que percebamos novos caminhos para a compreensão do sujeito.
Outros (Pollio et al., 1990) comentam que a construção da metáfora se dá na tentativa de fazer o mundo abstrato compreensível ou em traze-lo para dentro de nós mesmo ou de irmos até ele.
Cacciari (1998) diz que o ser humano ao pensar em proferir uma sentença, ele tem as suas escolhas entre elas a de que forma ele deseja se expressar: literalmente, ironicamente, metaforicamente entre outras. Entretanto, pouco é conhecido sobre a escolha do registro preferido.
A metáfora estende as capacidades de comunicação e conceitualização. Ela é uma “janela” para os sistemas do conhecimento primordiais em uma cultura.
Ainda, a metáfora carrega argumentos emocionais que nos levam a alguma ação ou pelo menos apoio àqueles que a usam (cf. Mio et al., 1996). Enfim, a metáfora é um elo entre os argumentos lógicos e emocionais. Esta capacidade da metáfora de persuadir tem apoio de vários pesquisadores como Bowers e Osborn (1996) e Read et al. (1990), conforme afirma Mio (1996).
Mas a verdadeira quebra de paradigma dos estudos da metáfora foi além dos seus “elogios” em termos do seu papel lingüístico/comunicativo - a noção de um tropo de pensamento.
Caberiam, então, as pergunta de como o lingüista cognitivo passa da metáfora lingüística para metáfora conceitual e se existe um procedimento claro para se identificar uma metáfora conceptual quando se encontra uma linguagem metafórica. Acredita-se que determinadas metáforas na linguagem refletem determinadas metáforas no pensamento. Isto não quer dizer que não existam elementos lingüísticos apoiando as metáforas conceptuais. Isso se evidencia através dos exemplos clássicos em Lakoff & Johnson (1980/2002), Johnson (1987), Lakoff e Turner (1987, 1989, 1993).
O divisor de águas no estudo da metáfora é a obra de George Lakoff e Mark Johnson (1980/2002), - Metaphors we live by (Metáforas da vida cotidiana) - onde argumentam que a metáfora é conceptual e presente no pensamento e raciocínio do ser humano. Contestam os pressupostos até então estabelecidos de que a linguagem convencional é literal, de que tudo pode ser descrito e entendido sem usar metáforas e de que apenas a linguagem literal pode ser falsa ou verdadeira (cf. Lakoff, 1993).
Um exemplo de conceito metafórico é o da metáfora do canal proposta por Reddy (in Ortony, 1993), autor que teve influência sobre a obra dos primeiros (cf. Paiva, 1989). De acordo com essa metáfora:
As expressões lingüísticas (palavras, sentenças, parágrafos, livro, etc.) são comparadas a vasos ou canais nos quais pensamentos, idéias, sonhos são despejados e dos quais eles podem ser retirados exatamente como foram enviados, realizando uma transferência de posse. (Green, in Paiva, 1998, p. 15):
Até que enfim você conseguindo passar suas idéias para mim
Baseados na visão cognitivista da metáfora (conceitos que subjazem ao pensamento humano, norteando assim a linguagem e a maneira do ser humano ver o mundo e se referir aos objetos ), identificamos metáforas conceptuais, como:
1. Desejar é ter fome
Sente-se no ar também uma grande fome de chefes. (Estado de S. Paulo: 22/06/2004)
2. Um homem de negócios é um jardineiro
Fazer o jogo dos especuladores de plantão: plantar o caos para colher dividenda. (Revista Mercosul Magazine: 03/12/2001)
As metáforas são mapeamentos entre domínio fonte >domínio alvo. Levamos de um domínio para o outro nossos conhecimentos sobre o domínio fonte e todas as inferências que fazemos nesse domínio para o domínio alvo. Não confundir o nome do mapeamento com o próprio. Mapeamento é o conjunto de correspondências conceituais. Por exemplo, tempo é dinheiro refere-se ao conjunto de correspondências conceituais entre tempo e dinheiro.
Enquanto fenômeno, a metáfora envolve os mapeamentos conceituais e as expressões lingüísticas. Porém, da perspectiva da teoria da metáfora conceptual, a língua é secundária - mapeamento que sanciona o uso da linguagem e dos padrões de inferência do domínio fonte para o domínio alvo (cf. Lakoff, in Ortony, 1993). Assim, o termo metáfora (aplicado na poesia) refere-se ao mapeamento e não às expressões lingüísticas metafóricas. Portanto, a metáfora tempo é dinheiro, se refere ao mapeamento conceitual e a sentença “Não tenho tempo suficiente para gastar com você” (realização verbal) faz referência às expressões lingüísticas licenciadas pelo mapeamento.
O sistema conceitual do homem surge da experiência com o corpo e o ambiente físico e cultural em que vive. Tal sistema contém metáforas conceptuais, sistemáticas, geralmente inconscientes e altamente convencionais na língua – i.e., várias palavras e expressões idiomáticas dependem dessas metáforas para serem compreendidas (cf. Lakoff & Turner, 1989, p. 51).
Lakoff e Johnson (1980/2002, p. 57-8) nos mostram que grande parte das metáforas está relacionada à nossa orientação espacial: noções (como em cima / embaixo, dentro /fora, frente / atrás, centro / periferia) que emergem porque temos um corpo como o que temos e de interagirmos como interagimos com o ambiente físico. Por exemplo: Alegria é para cima x Tristeza é para baixo (Hoje estou me sentindo pra cima; Ela está pra baixo hoje).
Segundo a teoria, experiências físicas como essas não são inerentes ao nosso tipo de corpo, mas envolvem pressupostos culturais. Nos exemplos, a noção de em cima x embaixo envolve em vivermos em um campo gravitacional. Alguém que vivesse no espaço sideral não teria a mesma noção. Contudo, apesar de toda experiência ter uma base cultural, se faz uma distinção entre experiências mais físicas (como levantar) e experiências mais culturais (como participar de uma cerimônia de casamento).
Da mesma forma, a experiência do homem com seu corpo fornece subsídio para compreender conceitos em termos orientacionais (metáforas orientacionais). A experiência com objetos e substâncias físicas cria metáforas ontológicas. Identificamos nossas experiências como entidades ou substâncias que são categorizadas, agrupadas e qualificadas. Por exemplo, orientação dentro e fora (o resto do mundo está fora). Dessa experiência, a noção dentro e fora é projetada para outros objetos físicos que têm limites, tais como uma sala (Entrei em sala) ou uma clareira na floresta (Ficaram a noite inteira numa clareira).
Portanto, só é possível falar e entender metáforas porque existem metáforas no sistema conceitual humano (Lakoff & Johnson, 1980/2002, p. 210). Conhecemos o mundo por meio dos objetos que o constituem; entendemos esses objetos por causa dos conceitos inerentes a eles e por meio das relações existentes entre eles; as palavras têm significados fixos; o conhecimento “objetivo” é o conhecimento verdadeiro). Então, na visão objetivista, “digerir” (uma idéia, por exemplo) não é mais visto como uma palavra metafórica, e sim, literal, homônima de uma outra palavra digerir.
Para a lingüística cognitiva, a linguagem literal está repleta de metáforas e de forma sistemática. Desse modo, “digerir uma idéia” não é uma metáfora isolada, mas parte de outras expressões em que idéias são faladas em termos de comida (ibid, p. 46).
Resumindo, para Lakoff e Johnson (1980/2002), as semelhanças surgem como resultado de metáforas conceptuais e devem, contudo, ser consideradas interacionais. Assim, estaríamos ampliando nossas habilidades em entender certos aspectos importantes da nossa interação com o mundo e da nossa realidade, como em: Não dá para engolir nenhuma dessas idéias/Ele devorou o livro.
Na metáfora conceptual identificada na nossa pesquisa ora em fase final (o acontecimento “x” é um ato de guerra), a motivação inicial foi o artigo “Quando as palavras perdem a força” (O Globo, 14/09/2001), baseado em um artigo de Howard Kurtz do Washington Post. No artigo estava a dificuldade dos jornalistas de expressar a estupefação diante do 11 de setembro. Havia o comentário da crítica do The New York Times, Michiko Kakutami, ao captar o acontecido: “As palavras falharam esta semana”. Expressões “além da compreensão”, “além da imaginação” foram ouvidas a exaustação. Enquanto lutavam para compreender e descrever aquela manhã, as pessoas usavam metáforas e analogias: “a erupção do Monte Santa Helena”, “à beira da cratera de um vulcão”.
Na manhã seguinte ao atentado, o Presidente Bush prometeu vingança: “Não faremos distinção entre os terroristas que cometeram esses atentados e quem os abriga”, sem identificar esse inimigo.
O “vazio semântico” mencionado levara as pessoas a se reportarem metaforicamente à situação vivenciadas ou conhecidas, já legitimadas lingüisticamente, para poderem preencher esse hiato de significação. Deu-se um processo de transformação semântica de (re) significações de um fato, a princípio “inominável”, que só podia ser referido e qualificado através de múltiplas metáforas e marcas lingüísticas, e que passou a ser visto como um “ato de guerra”:
1. “Bush has called Americans to war, but to win it will take years” (“Bush convocou os americanos par a Guerra, mas para ganhá-la levará anos”.) (Newsweek, 24/09/01)
2. “Why are the terrorists targeting us?” (“Por quê os terroristas nos têm como alvo?”) (NYT, 14/09/01)
O governo americano, “em estado de guerra”, teria um conjunto de medidas justificadas por essa significação.
Esse vazio deu lugar a elementos característicos do domínio da “guerra”. Um evento que passou a ser um “ato de guerra". Essa observação motivou-me a postular uma hipótese, ainda não teoricamente informada na época, de que poderia haver uma tendência de transformar determinado acontecimento em ato de guerra, para que certas medidas pudessem ser tomadas, justificadas, e socialmente aceitas e legitimadas. E assim o conceito de metáfora surge como ferramenta epistemológica para uma investigação sistemática em torno da questão presente como foco da pesquisa.
Abaixo, ilustramos evidências lingüísticas metafóricas, encontradas nas falas do presidente Bush e colaboradores a partir dos acontecimentos de 11 de setembro de 2001, originárias de diferentes metáforas conceptuais:
Ao invés de se fazer justiça aos responsáveis pelos acontecimentos, um sentimento de vingança se perpetua como observamos na marca lingüística metafórica oriunda da metáfora conceptual: justiça é retaliação.
1-“Mr. Bush told the vice president.... When we find out who did this, they are not going to like me as president. Somebody is going to pay.”, NYT, National Desk, After The Attacks: The Events; In Four Days, a National Crisis Changes Bush’s Presidency, 16/09/01 (Late Edition – Final, Section 1, Page 1, Column 5).
“O Sr. Bush disse ao vice-presidente... Quando descobrirmos quem fez isso, eles não irão gostar de mim como presidente. Alguém irá pagar.”
Nem mesmo a identificação de um inimigo declarado, a administração Bush entende que os acontecimentos em Nova Iorque e Washington, D.C. eram um “ato de guerra”. Para tal a metáfora conceptual o acontecimento “x” é um ato de guerra se verbaliza através da marca lingüística em destaque:
2-“Gerhard Schröder called the attacks “ a declaration of war against the entire civilized world.” (G. Schröder, primeiro ministro da Alemanha), NYT, National Desk, A Day of Terror: The World’s Reaction; European Nations Stand With U.S., Ready to Respond 12/09/01 (Late edition – Final, Section A, Page 23, Column 3).
“Gerhard Schröeder chamou os ataques” uma declaração de guerra contra todo o mundo civilizado”.
A transformação dos Estados Unidos em “estado-pessoa” reforça o sentimento de identidade nacional da sociedade americana. Essa metáfora de base ontológica esclarece uma relação entre o domínio origem (a pessoa) e domínio alvo (o Estado). O Estado, como uma pessoa, se comporta como qualquer ser humano. Ele está sujeito as mazelas da vida. No caso, a metáfora conceptual nação è pessoa estrutura a marca lingüística assinalada:
3-“Today America has experienced one of the greatest tragedies ....” (John Ascroft, Ministro da Justiça): NYT, National Desk, A Day of Terror: Verbatim; Bush Aides Speak Out On Attacks, 12/09/01 (Late edition – Final, Section 4, Page 4, Column 6).
“Hoje a América experimentou uma das maiores tragédias...”.
A guerra é vista como um investimento financeiro e, assim, se faz presente a metáfora guerra é negócio:
4-And Senators Jon Corzine of New Jersey and Carl Levin of Michigan, both Democrats, asked the Senate Budget Committee to postpone its consideration of a budget until the administration provided an estimate of the cost of a war with Iraq., NYT, National Desk, Threats And Responses: Congress; Top Democrats Say a War Agaisnt Iraq Is Premature, 07/03/03 (Late Edition – Final, Section A, Page 15, Column 6)
E Senadores Jon Corzine de Nova Jersey e Carl Levin de Michigan, ambos democratas, pediram a Comissão de Orçamento do Senado para adiar a consideração de um orçamento até que a administração oferecesse uma estimativa do custo da guerra com o Iraque.
Como na narrativa do conto de fadas, a presença do vilão se faz necessária nos grandes conflitos. A justificativa de uma guerra justa, moral é importante para a comunidade interna e externa. Aqui a metáfora conceptual conto de fadas da guerra justa se materializa através do verbo “desarmar”. Entretanto, evidência de armas no governo de S. Hussein não foi encontrada pela ONU:
5- “A defeat would not deter him , he said, from disarming Mr. Hussien.”(Fala do Presidente Bush), NYT, Foreign Desk, Threats and Responses: The President; President Readies U.S. for Prospect of Imminent War, 07/03/03 (Late Edition-Final, Section a, Page 1, Colun 6).
“Uma derrota não o impediria/deteria, ele disse, de desarmar o Sr. Hussein”.
Existe uma relação entre indivíduos e entre países com base em transações monetárias. Essas relações estão subjacentes ao conceito ações morais são transações financeiras (Charteris-Black, 2005). Há uma preocupação moral em preservar os bens e, conseqüentemente, a análise de custos e benefícios é relevante. Dinheiro é a entidade mais valiosa e deve formar a base para a avaliação moral. Entretanto, a noção de “custos” pode se referir à perda de vidas como aconteceu nos incidentes de 11 de setembro e isso incorre em “débito”. Esse débito moralmente dever ser resgatado:
6-“We’ll win the war, and there will be costs,” Mr. Bush said, “...”. “ (Fala do Sr. Bush), NYT, National Desk, A Nation Challenged: The Military; Pentagon Activates First Wave of Guardesmen and Reservists, 18/09/01 (Late edition – Final, Section B, Page 7, Column 3).
“Venceremos a guerra e haverá custos”, comentou o Sr. Bush, ...”.
Por questões morais os Estados Unidos é o “bem” e seus opositores o “mal” (Lakoff, 1996). O “mal” é a coisa palpável. Para enfrentar o “mal” nos colocarmos de pé e ficamos moralmente fortes. Se formos fracos, o “mal” triunfará e assim a metáfora conceptual moral é bem e imoral é mal se justifica:
7-“We will stand together ... those who have brought forth this evil deed....” (J. Dennis Has tert, Speaker of the House), NYT, National Desk, A Day Of Terror: Verbatim; Bush Aides Speak Out On Attacks, 12/09/01 (Late Edition – Final, Section 4, Page 4, Column 6).
“Ficaremos juntos de pé... aqueles que trouxeram essa ação perversa, do mal.”.
Ao serem ameaçadas, pessoas se armam de forças e atitudes e assim a “nação-pessoa” fica de pé, certa de que enfrentará e se defenderá moralmente de uma situação de risco em que foi vítima. Daí, por - se de pé é agir moralmente, a metáfora conceptual que desencadeia a marca lingüística exemplificada abaixo:
8-“And we stand together to win the war agaisnt terrorism.” (Discurso do Presidente Bush na noite de 11/09), NYT, National Desk, A Day Of Terror; Bush’s Remarks to the Nation on the Terrorist Attacks, 12/09/01 (Late Edition – Final, Section A, Page 4, Column 1).“E estamos juntos (estamos de pé juntos) para ganhar a guerra contra o terrorismo”.
Em seguida vemos o exemplo da palavra “crusade”. O codinome cruzada usado por Bush contra os membros da Al Qaeda e do Talibã, no início do conflito no Afeganistão, e logo depois eliminado, por entender que se referia a um momento da história das relações entre o Ocidente e o Oriente, repleta de crueldades e traições. Ao usar tal termo é difícil para o mundo entender que os Estados Unidos estaria lutando contra uma situação barbárie liderada por um determinado grupo – 11 de setembro (Rajagopalan, 2003).
È sabido que o Talibã odeia a cultura americana. Eles têm uma visão diferente do mundo que os americanos e o mundo ocidental vivem, incluindo liberdade das mulheres, sexualidade, música, cinema e outros. Tudo isso os ofendem. Talvez essa seja a resposta que tantos americanos se perguntam: Por quê eles nos odeiam tanto? Além disso, esses fundamentalistas acreditam que os ocidentais deveriam se interferir menos ou mesmo nunca em territórios islâmicos. Essa incursão é considerada pelo grupo injusta e como se fosse as odiadas cruzadas da Idade Média:
9-“President Bush and his senior advisers ...it would be a war... that nations failing to join the crusade ..., as Vice President Dick Cheney put it.”(Vice Presidente, Dick Cheney), NYT, National Desk, After The Attacks: The White House; Bush Warns of a Wrathful, Shadowy and Inventive War, 17/09/01 (Late Edition – final, Section A, Page 2, Column 1)
“ O Presidente Bush e seus mais altos conselheiros... seria uma guerra ... que as nações que deixassem de unir-se à cruzada..., conforme colocou o Vice Presidente, Dick Cheney.”
Nessa perspectiva, evidenciamos nesse estudo como as metáforas transformam discursivamente, fatos/acontecimentos em “atos de guerra” e como outras metáforas conceptuais da política internacional subsidiam a metáfora dominante da pesquisa o acontecimento “x” é um ato de guera e que essas metáforas são freqüentemente usadas para identificar uma ação ou re-ação, como no ataque terrorista de 11 de setembro.
Pretendeu-se, desta forma, mostrar como essa metáfora é determinante na cultura americana, nutrindo como toda metáfora conceptual, não só a linguagem, mas também o pensamento e a (re) ação (cf. Lakoff & Johnson, 1989, 1996). Além da teoria da metáfora conceptual, a pesquisa fundamentou-se em teorias que seguem o paradigma sócio-cognitivista de base cultural (cf. Tomasello, 1999).
Finalmente, dizemos que a metáfora não é apenas uma questão de palavras simplesmente; ao contrário, o pensamento humano é fortemente metafórico. Assim, as metáforas são analisadas como relações estáveis e sistemáticas entre domínio alvo e domínio fonte. A estrutura conceitual e a linguagem do domínio fonte são usadas para retratar uma situação no domínio alvo. E essa correspondência entre esses domínios é entendida como estrutura de conhecimento que fica dentro da memória.
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