Vontade rebelada em Rubem Fonseca:
uma leitura nietzschiana
Gisele Batista da Silva (UERJ)
O homem é a única criatura que se recusa a ser o que é. A questão é saber se esta recusa não pode levá-lo senão à destruição dos outros e de si próprio (...) (Camus, 2005)
O homem a que se refere Camus no trecho acima é aquele que, inconformado com sua humanidade, se lança no dilaceramento que sua recusa engendra, esta carregada de dúvida e incompreensão. Esse homem quer a ordenação no caos, desordem a partir da qual é concebido. Ele quer transformar. Assim, se insurge contra essa caoticidade, buscando encontrar a unidade. O pensamento camusiano do “homem revoltado”, assim como a obra ficcional de Rubem Fonseca, como veremos, estão dialogando diretamente com o “espírito envenenado” do homem niilista, descrito por Nietzsche ao longo de sua produção filosófica. A grande preocupação deste filósofo foi analisar os caminhos que levaram o homem a se desencontrar da sua própria vida, pensando poder refazê-la, ou melhor, desfazê-la, invertendo o seu movimento necessário: o da pura imediatidade, da irreversibilidade. É esse o espírito de vingança que deseja corrigir a realidade, a vida, o homem mesmo. "'Eu fiz isso', diz minha memória. 'Eu não posso ter feito isso', diz meu orgulho, e permanece inflexível. Por fim - a memória cede" (Nietzsche, 2005: 62)[1].
Rubem Fonseca, desde as suas primeiras obras, já apontava para o pensamento nietzschiano que mostra esse espírito como crença norteadora da vida. A vida se torna, então, a prisão desse espírito, na qual só restam a inconformidade, a amargura, e, claro, a revolta. E na lógica do “ter direito a” – apontada por Nietzsche e retomada por Camus –, o homem se vinga, buscando legitimar o “mundo perfeito” legado pela tradição. Promove uma enfermidade pensando ser esta a sua tão sonhada e inatingível felicidade. Quer voltar no tempo, quer expiar seus erros no mundo da irreversibilidade. O caminho para chegar ao “mundo perfeito” se torna tortuoso, posto que permeado pela autopunição, mas é, ao mesmo tempo, o anestésico da vida, provocando conforto. Essa tensão explosiva reafirma o caos, construindo caminho para a ação fatal, para o assassinato, para a morte.
O livro Feliz Ano Novo, de Rubem Fonseca, publicado em 1975 em meio à efervescência política na qual se encontrava o Brasil, não fala de ditadura política, mas da ditadura existencial. Fala de homens que se sentem prisioneiros da/na vida, considerando-a uma limitação. E no exercício de exigir o que lhe é “de direito”, esse homem age contra a vida que o cerceia e contra o outro. O confronto é, portanto, inevitável. No conto O outro, assim como em Passeio noturno e Feliz Ano Novo, seus homens buscam sentido para uma existência dilacerante, na qual só há contradição.
Nos dois primeiros parágrafos do conto O outro de Rubem Fonseca, ora estudado, o protagonista, um executivo, já nos aponta uma ação indesejada, certa decepção pelo que foi feito e que se estendia, repetindo-se todos os dias:
Eu chegava todo dia no meu escritório às oito e trinta da manhã. O carro parava na porta do prédio e eu saltava, andava dez ou quinze passos, e entrava.
Como todo executivo, eu passava as manhãs dando telefonemas, ditando cartas à minha secretária e me exasperando com problemas. Quando chegava a hora do almoço, eu havia trabalhado duramente. Mas sempre tinha a impressão de que não havia feito nada de útil (Fonseca, 1994: 411, grifo próprio).[2]
O par útil/inútil latente no relato do personagem mostra um sentimento de incompletude ainda tímido no personagem, gerado por uma ação esvaziada de sentido, que se fazia e refazia quase que mecanicamente, sem paixão, sem vigor. O personagem não compreendia mais o que realizava, seu cotidiano lhe parecia agora estranho, beirava o absurdo: por que tantos telefonemas atendidos e cartas escritas? Por que complexos cálculos deviam ser refeitos e tantos papéis arquivados? O trabalho não mais o dignificava, como bem pregava a crença cristã, e na qual ele acreditava; agora, lhe causava taquicardia, tensão, cansaço.
Também o hábito era tema presente em O estrangeiro, de Albert Camus. Acostumar-se aos acontecimentos do cotidiano era ensinamento familiar, passado da mãe a Meursault. Ela o repetira diversas vezes em vida. Tal postura causava em Meursault inércia, a perpetuação de um “tanto faz, já que é assim...”. Já no personagem brasileiro, também a inércia era provada, acompanhada, porém, da perplexidade que se apresentou em resposta ao absurdo. Esse comportamento, que aparece em ambos os personagens, o francês e o brasileiro, é para Nietzsche um vício do raciocínio de causalidade, visto crer que o costume, por ser ação legitimada, traz em si um bem coletivo. O que se dá, na realidade, é um mascaramento de utilidade aparentemente superior que não corresponde à multiplicidade da vida (Nietzsche, 2005: 68).
Mas não somente a preocupação com a utilidade de seus atos perturbava o personagem de Rubem Fonseca – o tempo também lhe era escasso e devorador:
As cartas eram tantas que no fim do dia a minha secretária, ou um dos assistentes, assinava por mim. E sempre no fim do dia, eu tinha a impressão de que não havia feito tudo o que precisava ser feito. Corria contra o tempo. Quando havia um feriado, no meio da semana, eu me irritava, pois era menos tempo que eu tinha. (p.411, grifo próprio)
O tempo era pouco. Era necessário correr contra ele. Mas correr contra o tempo era, para o personagem, correr contra a sua própria saúde, contra a sua própria vida. Quanto menos tempo, menos vida ele vivia. E esse relógio que regulava sua vida o irritava, pois a exigência do “precisava ser feito” o limitava, restringia sua vida ao trabalho massacrante, repetitivo e sem sentido.
O dia-a-dia tenso do executivo se agrava quando um novo personagem é apresentado: um sujeito, que lhe pede “uns trocados” à porta de seu trabalho. E num movimento similar ao “tanto faz” perpetuado por Meursault, o executivo dá o dinheiro num gesto espontâneo e resignado, com naturalidade, como se o fizesse todos os dias, e retoma o seu cotidiano. No entanto, aquela figura, num dia estressante de trabalho, só fez aumentar seu mal-estar: ele se sentia extenuado, tonto, suava incessantemente e quase havia perdido a consciência. Mas essa é ainda uma “história-apêndice”, com um “personagem-acessório”, que só ganharão importância no movimento repetitivo e ostensivo do pedinte. A sua primeira descrição é sóbria: “homem branco, forte, de cabelos castanhos compridos”, simplesmente alguém que pede ajuda.
Com as constantes súplicas por dinheiro, os sintomas físicos do executivo pioram a cada dia de trabalho, a cada encontro com o pedinte: irritação, mãos trêmulas, aperto no coração. “Mas todo dia?”, dizia o executivo ao pedinte. A revolta começa a reivindicar transformações. O médico pede ao executivo que mude de vida, pois aquela não lhe trazia saúde, pede-lhe que faça diferente:
Ele me fez um exame minucioso, inclusive um eletrocardiograma de esforço e, no final, disse que eu precisava diminuir de peso e mudar de vida. Achei graça. Então, ele recomendou que eu parasse de trabalhar por algum tempo, mas eu disse que isso, também, era impossível. (p. 412)
Mas mudar de vida era impossível. Aquela era a sua vida, a única que conhecia e que desenvolvia todos os dias. Em casa, sem trabalho – seu vício, sua ação levada ao extremo –, nada tinha sentido, o mal-estar e a irritação continuavam, e o tempo era agora lento e entediante. Essa situação instransponível em que se encontrava o executivo aumentava seu sentimento de incompletude, posto que ele nada podia fazer. Era necessário que fosse daquela maneira. Começa, então, o impasse no qual vive o homem que agora é todo espírito de vingança.
O “personagem-acessório” passa a ganhar, então, importância. Ele não está mais escondido, longe dos olhos alheios; agora ele se mostra, também ele quer transformar, quer pedir, ter, ser alguém. Quer ser um outro. Aliás, não por acaso, o título do conto é esse. Rubem Fonseca assinala, com o título, alguém que quer ser entendido a partir dele mesmo. Sua narrativa apresenta um outro – que não tem nome, mas designação de pedinte, isto é, só o que faz é pedir – que, também ele, está inconformado com a falta de reconhecimento de sua alteridade. Ele só é visto a partir da narração do um, o executivo, que só admite entendê-lo a partir de si próprio. A revolta, segundo Camus, é a reivindicação do próprio ser. O pedinte não quer mais ser acessório, mas um “personagem-integrante” e atuante na história, assim como o executivo busca seu lugar, seu sentido.
Para Nietzsche perder a orientação e o sentido na vida é perder o chão, é vivenciar a própria experiência do terror. É por esse movimento que é levado o executivo, modificando a imagem do homem de rua aos seus olhos. De homem-pedinte, ele é agora ameaçador, súplice, cínico e vingativo.
Por cinco mil cruzeiros ele enterrava a mãe. Não sei por que, tirei um talão de cheques do bolso e fiz ali, em pé na rua, um cheque naquela quantia. Minhas mãos tremiam. “Agora chega”, eu disse. (p.412, grifo próprio)
A perplexidade do personagem, tão-somente reflexão ressentida, que não se move para além da própria inércia, já não lhe permitia explicar suas atitudes, tomado que estava pelo horror da situação.
Mas não foi a última vez. Todos os dias ele surgia, repentinamente, súplice e ameaçador, caminhando ao meu lado, arruinando a minha saúde, dizendo é a última vez doutor, mas nunca era. Minha pressão subiu ainda mais, meu coração explodia só de pensar nele. Eu não queria mais ver aquele sujeito, que culpa eu tinha de ele ser pobre? (p. 413, grifo próprio)
Olhos que não enxergam, a imagem do revoltado está formada: todos os sentimentos negativos que o executivo aplicava ao trabalho agora são direcionados a um homem ameaçador, que arruinava a sua saúde, atribuindo-lhe uma culpa que não lhe pertencia; nem mesmo a semelhança com o um, mas um não-outro. Com o sentimento de temor e de revolta tomando-o por completo, ele não foi capaz de enxergar a outridade do mendigo.
Os pares de opostos, implícitos na relação do executivo com o pedinte, estão formados na narrativa fonsequiana: útil/inútil, culpa/redenção, bom/mau e apontam para a incerteza, para uma confusão mental. A conclusão a que chegara o executivo – “que culpa eu tinha de ele ser pobre?” – é determinante para a sua atitude final. Resolvido a perpetuar e justificar a sua paz, ele cai na total desmedida, isto é, na completa exacerbação da razão. Sem nenhuma prudência julga que aquela situação deve acabar e se insurge contra o intruso, uma imagem que o incomodava. O “medo do próximo”, segundo Nietzsche, é o medo de que o outro chegue aos nossos mais profundos segredos (Nietzsche, 2005: 186). O homem de negócios não queria mais ver aquela imagem, queria restabelecer o seu direito à tranqüilidade. É esse o ato insensato praticado pelo espírito de vingança, imprimindo a alguém um mal que se julga que ela mereça em nome de um direito. O executivo defendeu o seu direito à saúde, à tranqüilidade. E, para isso, sacrificou a vida alheia, imagem que ele queria destruir. O seu objetivo era legitimar a imagem de si, da qual gostava e tinha orgulho, esquecendo-se do outro, com sua figura aterrorizante.
Respondi com toda autoridade que pude colocar na voz, “arranje um emprego”. Ele disse, “eu não sei fazer nada, o senhor tem de me ajudar”. (...) “Não tenho de ajudá-lo coisa alguma”, respondi. “Tem sim, senão o senhor não sabe o que pode acontecer”, e ele me segurou pelo braço, cínico e vingativo. (p. 413, grifo próprio)
As palavras do pedinte tocaram negativamente o executivo. A imagem que fez dele, depois de pronunciada sua súplica, foi a de um homem vingativo. Mais uma vez não foi capaz de enxergar sua reivindicação. Não podia ele ser um executivo, trabalhar, “eu não sei fazer nada”, disse ele. Ele era diferente e alertava para sua diferença, para sua alteridade. Tentava mostrar-se a partir dela. Mas a frase “o senhor não sabe o que pode acontecer” tomou tons de ameaça. Para o executivo, o pedinte não estava requerendo, solicitando, mas exigindo, reclamando por algo – pelo seu dinheiro, pela sua saúde, pela sua paz.
O assassinato que o executivo está prestes a cometer impulsionado pela revolta é a própria não-aceitação do outro, que “prefere ao sofrimento de uma condição limitada a negra exaltação em que o céu e a terra se aniquilam” (Camus, 2005:18). O “homem doente do homem”, para o qual Nietzsche chama a atenção, quer corrigir a realidade que molesta, que agride espiritual e fisicamente, sem perceber ou admitir que é esta a única realidade em que vive. Para superá-la, não se pode ver a vida enquanto avanço, progresso, mas deve-se vivê-la até o fim, aceitando a sua força trágica até as últimas conseqüências. Mas o executivo não mais enxerga ou julga com prudência, deseja apenas matar seu sofrimento, sua doença.
Fechei a porta, fui ao meu quarto. Voltei, abri a porta e ele, ao me ver disse “não faça isso, doutor, só tenho o senhor no mundo”. Não acabou de falar, ou se falou eu não ouvi, com o barulho do tiro. (p. 414, grifo próprio)
O homem de negócios não ouvia assim como não enxergava. Estava preocupado em retomar sua pacata vida, seu bem-estar e, por isso, mata o outro que lhe tira esse “direito”, que tanto o molesta. O pedinte, ainda na esperança de ser compreendido, faz seu último pedido: “não faça isso, doutor, só tenho o senhor no mundo”; também ele era perplexidade naquele momento.
A terceira e última descrição que faz o executivo do pedinte, logo após o seu assassinato, muda completamente: de homem passa a menino, de alto e forte a franzino e com espinhas. Sua palidez agora ressaltava seu rosto e este não parecia mais ameaçador, mas inocente. O homem rebelado contra a dor da vida agora percebe como sua falta de sentidos o traiu, como seus olhos já não enxergavam, imbuídos que estavam de amargura e angústia. E não enxergar os outros homens é “pensar inexatamente”, diz Nietzsche (Nietzsche, 2005: 38).
O que era no início uma resistência irredutível do homem agora transforma-se no homem que, por inteiro, se identifica com ela [revolta] e a ela se resume. Coloca esta parte de si próprio, que ele queria fazer respeitar, acima do resto e a proclama preferível a tudo, mesmo à vida. (Camus, 2005: 27)
O homem-executivo era somente vingança e inconformidade e, impulsionado pela tensão “ser” e “querer-ser”, opta pelo último, pela insensatez. Sua vida era intranqüilidade, mas ele a queria calma, pacífica.
Finalmente os últimos opostos estruturalizantes da narrativa fonsequiana aparecem: encontro/desencontro, medida/desmedida. Eles se apresentam como o movimento de perplexidade e questionamento dos personagens. A ação fatal, praticada pelo executivo, se cumpriu com esperança de resposta, mas fato é que o homem de negócios continuou perplexo, agora com a diferença de cores que seus olhos imprimiam sobre menino franzino. Ficou, também ele, ferido de morte.
“Sua preocupação [revolta] é transformar. Mas transformar é agir, e agir, amanhã, é matar, enquanto ela ainda não sabe se matar é legítimo”. (Camus, 2005: 21)
A preocupação de Camus demonstrada na epígrafe deste trabalho diz respeito a essa repulsa em relação ao intruso que engendra destruição do um e do outro. Também Rubem Fonseca entende que é difícil retomar a tranqüilidade depois do caos. Para seu personagem-executivo a paz e a serenidade eram, agora, impossíveis. No entanto, para o escritor francês e, acreditamos, também para o escritor brasileiro não se podem evitar o questionamento e a ação revoltada. Eles fazem parte do movimento da vida moderna ocidental, da busca de seu equilíbrio. São eles a nossa realidade histórica – “O pensamento revoltado não pode, portanto, privar-se da memória: ele é uma tensão perpétua” (Camus, 2005: 35). Segundo Nietzsche, o sentimento de rebeldia, de revolta só não mais fará parte da vida do homem quando ele se submeter absolutamente ao devir, aceitando sua condição de criatura inacabada, finita.
O espírito de revolta nas sociedades ocidentais só é possível, para Camus, porque há uma igualdade teórica que encobre desigualdades de fato. Mas a desigualdade, no conto fonsequiano, não atinge somente o pedinte, também o executivo foi ferido por ela. Em ambos os personagens, a ação revoltada foi a tomada de consciência, na qual se questionou a tensa relação entre indivíduo e liberdade. Até que ponto o homem é livre para fazer suas escolhas numa sociedade em que o bem comum exclui a individualidade?
(...) existe em nossas sociedades um crescimento no homem da noção de homem e, pela prática dessa mesma liberdade, a insatisfação correspondente. A liberdade de fato não aumentou proporcionalmente à tomada de consciência do homem. (Camus, 2005: 33)
O resultado desse questionamento foi a negação da própria vida, porque considerada pelo personagem-executivo confusa e incoerente. Rubem Fonseca deixa implícito no conto que não é a revolta, entretanto, que engendra barbárie, mas certo movimento estranho e contrário à vida e ao homem. Vale ressaltar a consideração de Camus, que vê na revolta um movimento de amor “porque [ela] revela aquilo que no homem sempre deve ser defendido” (Camus, 2005: 32). No entanto, recordemos também que essa “força reativa”, de pura negação, acaba por se fundamentar no não, esquecendo-se de dizer sim à vida.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAMUS, Albert. O estrangeiro. Trad. de Valerie Rumjanek. 13ª ed., Rio de Janeiro: Record, 1993.
––––––. O homem revoltado. Trad. de Valerie Rumjanek. 6ª ed., Rio de Janeiro: Record, 2005.
FONSECA, Rubem. O outro. In: –––. Contos reunidos. São Paulo: Companhia das Letras, 1994, p. 411-414.
NIETZSCHE, Friedrich. Assim falou Zaratustra. Trad. de Mário da Silva. São Paulo: Círculo do Livro, 1978.
––––––. O niilismo europeu. In: Vontade de potência – parte 1. Trad. de Mário D. Ferreira Santos. São Paulo: Escala, s/d.
––––––. Humano, demasiado humano: um livro para espíritos livres. Trad. de Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.
––––––. Além do bem e o mal: prelúdio a uma filosofia do futuro. Trad. de Paulo César de Souza. São Paulo: Cia. das Letras, 2005.
[1] No que se refere às duas edições das obras de Nietzsche utilizadas neste trabalho – Humano, demasiado humano e Além do bem e do mal –, por terem sido editadas no mesmo ano, far-se-á uso, quando citadas, de siglas para distingui-las. Para a primeira, HDH e para a segunda, ABM.
[2] As próximas referências ao conto serão indicadas apenas pelas páginas no corpo do texto.