Como vai a sintaxe do português
Nas escolas brasileiras?
Mayra Cristina Guimarães Averbug
(ISERJ-FAETEC e UFRJ
fmaverbug@terra.com.br
Este
trabalho é um estudo empírico, centrado no desempenho dos usuários, a partir de
um corpus constituído pela própria
pesquisadora. Trata-se da produção escrita, em sala de aula, por cem alunos de
Ensino Fundamental (Classe de Alfabetização, 4a e 8a
série), Ensino Médio (3a série) e Superior (turmas de Português
Instrumental). Recolheram-se as amostras em duas instituições da rede pública —
vinte informantes de cada segmento escolar.
OBJETIVOS
ð Verificar até que ponto o
objeto nulo e o sujeito pronominal pleno, fenômenos de natureza sintática que
caracterizam a “gramática brasileira” (cf. Galves,
1998: 80, 91), já se encontram implementados na língua escrita.
ð Investigar como evolui a aprendizagem do clítico
acusativo de 3a pessoa, quais os contextos em que ele é facilmente aprendido e quais aqueles em que necessita
ser mais bem trabalhado pelos
professores, como também em que circunstâncias o sujeito nulo na escrita
resiste à mudança (cf. Cyrino, Duarte
& Kato, 2000).
HIPÓTESES
ð
Uma das hipóteses
que orientam o trabalho, com relação ao objeto,
é a de que textos dos menos escolarizados deverão apresentar maior freqüência
do pronome nominativo, a variante estigmatizada, assim como do objeto nulo. À
medida que aumenta o tempo de permanência dos estudantes na Escola, cresce
também o uso de clíticos e diminui gradativamente o emprego do pronome ele em função acusativa, tão fortemente
perseguido pela correção dos professores. Quanto ao objeto nulo, tende a
decrescer seu emprego, enquanto a estratégia de SNs anafóricos deverá sofrer
ligeiro aumento.
ð
Quanto à variável
sujeito, o uso do sujeito nulo
deverá crescer também com a pressão normativa e o hábito de leitura,
apresentando maior freqüência do que em amostras de língua falada. Os contextos
que mais favorecem o sujeito nulo deverão ser aqueles mais resistentes à
implementação do sujeito pleno na fala, entre eles: as estruturas coordenadas e
as subordinadas com sujeitos correferentes e as seqüências com tópico
discursivo claro.
A VARIÁVEL
OBJETO DIRETO ANAFÓRICO
O pronome oblíquo (ou clítico
acusativo) é a variante padrão indicada pela norma gramatical e pela Escola,
quando um antecedente é retomado na posição de objeto direto:
A – CLÍTICO ACUSATIVO:
(1) Um dia ela estava indo para
“contrabandiar” quando o fiscal da “alfandega” a parou. (4ª Série – NAT28)[1]
Apesar disso, outras formas
variantes são encontradas no português brasileiro, seja na fala, seja na
escrita, como em:
B – PRONOME LEXICAL:
(2) Ele disse para ele mesmo essa velha “e” muito
suspeita. (...) No dia seguinte ele também parou ela. (...) Até que um dia ele chamou ela. (8ª Série – LEA44)
(3)
(...) enquanto
isso os
“contrabandista” passavam pela “frontera” sem o fiscal “ve” eles “contrabandiando” com as
mercadorias. (4ª Série – THI35)
C – SN ANAFÓRICO:
·
Representado por
SNs lexicais idênticos:
(4) É claro, — respondeu a senhora
entregando-lhe o saco (...) Desconfiado do sorriso que recebera, o fiscal
imediatamente abriu o saco
(...) (Ensino Superior – PAT91)
· Representado por SNs lexicais idênticos com
determinante ou complemento modificado ou por expressão sinônima:
(5)
Quando
deu 1:00 h da tarde uma velhinha passou de moto (...) Mário percebeu que não era a
primeira vez que tinha visto esta
senhora passar de moto. (Ensino Médio – MAN61)
·
Representado pelo
demonstrativo isso ou aquilo:
(6)
Então
ele resolveu vistoriar e (...) Durante um mês ele fez isso. (8ª Série – DAV45)
(7)
(...)
viu um anúncio interessante. Precisa-se de ajudante para carregamento. Obs:
Estima-se idade acima de 70 anos. Quando leu aquilo achou estranho. (Ensino Médio – GLA68).
D – OBJETO NULO (categoria vazia):
·
Cujo referente é
um SN:
(8)
E o fiscal falou
“pa” a velha o que você tem “mesa bousa” (...) Abra __ para eu “ve” __. (Classe de Alfabetização –
CAR03)
·
Cujo referente é
um pronome:
(9) Ao ligar foi-lhe explicando tudo;
não era bem carregamento, era contrabando mesmo; mesmo assim a velhinha achou __ o máximo. (Ensino Médio –
GLA68)
·
Cujo referente é
uma oração:
(10)
—
Olha, por favor, diga-me qual é o tipo de contrabando. Eu não
vou falar __ com ninguém.
(Ensino Superior – MAR88)
ANÁLISE DOS
RESULTADOS
Na distribuição geral das
variantes de objeto direto anafórico, foram computadas 513 ocorrências, dentre
as quais 178 são de objetos nulos (35%), 169 de SNs anafóricos (33%), 120 de
clíticos (23%) e apenas 46 de pronome lexical (9%), como pode ser visualizado
no 1º gráfico a seguir. Do total de clíticos, dois (0,4%) são casos de dativo
empregado pelo acusativo. Se comparados aos resultados apontados para a língua
oral (de no máximo 5%), vai constatar-se um aumento significativo do emprego do
clítico acusativo, variante prestigiada pela Escola, e a reduzida expressão da
variante estigmatizada, o pronome nominativo ele. A ocorrência de objetos nulos (35%) e de SNs anafóricos (33%)
chega a patamares bem próximos.
|
Através do 2o
gráfico é possível acompanhar toda a evolução da aprendizagem do aluno, relativa
ao emprego do objeto direto anafórico, a partir de sua entrada na Classe de
Alfabetização, passando pelas séries terminais de cada segmento escolar do
Ensino Fundamental e Médio, até atingir o nível universitário.
Fatores significantes para a ocorrência de objetos
nulos |
Como era previsto, a
freqüência do clítico cresce gradativamente de inexpressivos 2%, na Classe de
Alfabetização, para 40% no Ensino Superior, assim como, por força da ação
efetiva da escolarização, o pronome lexical cai de 19% para nenhuma ocorrência.
Já o emprego de SNs lexicais plenos parece não ser afetado, mantendo-se entre
30 e 37%, aparecendo como uma estratégia neutra. O objeto nulo é a variante
preferida até a 3ª série do Ensino Médio, principalmente pelo 1º segmento do
Ensino Fundamental (próximo aos 50%); porém, no último estágio de escolaridade
(23%), perde para o clítico acusativo (40%) e o SN anafórico (37%). A
implementação do objeto nulo em língua oral, sem sombra de dúvida, atinge
também o registro escrito, confirmando afirmação de Kato de que a força da
oralidade marca a escrita. Os resultados revelam que, até certo ponto, a escola
recupera certas formas ausentes da língua oral, embora essa “recuperação” seja
apenas parcial. Se a escrita dos alunos consegue reproduzir o padrão,
implementa também variantes da língua oral, particularmente em contextos já
consagrados na fala.
Para a análise binária de
regra variável do programa VARBRUL, juntaram-se todas as ocorrências de objeto
preenchido (clítico acusativo, pronome lexical e SN anafórico) em oposição às
de objeto nulo. O objetivo foi destacar que fatores favoreceram o emprego do
objeto nulo no PB escrito, assim como quais os contextos mais favoráveis à implementação
da mudança em curso na língua oral.
FATORES
|
Nº
|
Total
|
% |
Peso Rel. |
Traço Semântico do Referente
|
|
|||
[neutro] |
102 |
121 |
84 |
.91 |
[– animado] |
58 |
130 |
45 |
.77 |
Transitividade Verbal
|
|
|||
Estrutura
OD + predicativo |
2 |
5 |
40 |
.76 |
Estrutura OD oracional + OI |
71 |
78 |
91 |
.74 |
Estr. Complexa (c/ subord.) |
9 |
75 |
12 |
.69 |
Estrutura do Predicador
|
|
|||
Forma Complexa |
49 |
115 |
43 |
.64 |
Escolaridade
|
|
|||
Classe de Alfabetização |
21 |
43 |
49 |
.73 |
4ª Série |
44 |
98 |
45 |
.57 |
Ensino Médio |
42 |
115 |
37 |
.54 |
A tabela anterior apresenta
os grupos de fatores mais relevantes, por ordem de seleção, o número de
ocorrências de objetos nulos, o
total de dados, os valores percentuais e, finalmente, os pesos relativos. Numa
confirmação de pesquisas anteriores (cf. Corrêa, 1991; Cyrino, Duarte &
Kato, 2000), o traço semântico do referente do objeto mostrou-se o mais
importante entre os fatores selecionados. Quando é o traço é [neutro], ou seja,
o referente é uma oração (cf. exemplo 10), há a maior significância em relação
aos demais condicionamentos para o apagamento do objeto: .91. O traço [– animado] (cf. frase 8) também é muito marcante: .77.
Interessante a incidência de
objetos nulos com antecedente [+ animado], mesmo que pequena (18 em 256 casos).
Isto comprova o avanço na implementação do objeto nulo no sistema. Em seguida
tem-se a transitividade verbal. A estrutura com predicativo (cf. exemplo 9), a
com objeto direto oracional seguido de objeto indireto e as estruturas
complexas, cujo objeto direto é sujeito da subordinada (cf. “ele sempre manda __ parar”, referindo-se à velha), apresentaram os pesos
relativos mais altos: .76, .74 e .69, respectivamente. Quanto à estrutura do predicador, observa-se
que as formas complexas, com .64,
favorecem o objeto nulo. Confirma-se também o papel relevante do fator
escolaridade. Na Classe de Alfabetização, na 4a série e no Ensino
Médio, este surpreendentemente com peso superior ao da 8a, há
preferência pelos objetos nulos, com pesos relativos de .73, . 57 e . 54, respectivamente.
Não foram selecionados como
significativos na representação da variável objeto direto anafórico, os fatores
a seguir, na ordem de maior para menor importância: a função do referente do
objeto, a forma verbal do predicador (finita ou não finita), a estrutura
inicial da oração, o tipo sintático da oração e a representação do sujeito
(nulo ou pleno) na oração.
A VARIÁVEL SUJEITO
PRONOMINAL
A – SN NOVO:
(1) A “venha” “pasava” na rua com a sua motoca e tinha um
saco na motoca. O “pulisiau”
mandou __ “para”. (Classe de Alfabetização – WIL18)
Quando o sujeito tem um referente, podem aparecer as seguintes formas
variantes:
B – SN ANAFÓRICO:
(2) Um dos policiais observou que todas as tardes passava “um” velhinha de
moto (...) Um dia, então, o policial
resolveu pará-la. (Ensino Superior – LUC86)
C – PRONOME PLENO:
(4)
Ela foi para o “medico” e ele “mando” ela
“tira” os “ocros” / “tiro” / e “mando” ela lava o rosto) / ela lavou. (4a Série
– DIO40)
(5)
Então
todos os dias que ele “à” via andando de moto na fronteira com aquela sacola
atrás da moto ele “à” parava
para verificar e era sempre a areia. (8a Série – LIN49)
(6)
O
fiscal da alfândega ficou
muito curioso (...) e __ reparou que
ela trazia sempre nas costas um saco, até que um dia desconfiado ele parou aquela simpática
senhora. (Ensino Superior – PAT91)
D – PRONOME NULO:
(7)
A “velinha”
passava com a moto todo dia com uma sacola de areia e o fiscal “estraiou” e __ parou a “velinha” (Classe de
Alfabetização – CAR04)
(8) (...) e perguntou: — O que você contrabandeia? Eu
juro que __ não conto para
ninguém. (8ª Série – MAR60)
|
ANÁLISE DOS
RESULTADOS
Na distribuição geral das
quatro variantes de sujeito pronominal, computaram-se 500 ocorrências, dentre
as quais 237 são de pronomes nulos (47%), 138 de pronomes plenos (28%), 94 de
SNs anafóricos (19%) e apenas 31 de SNs novos (6%), como pode ser visualizado
no 1o gráfico.
Numa visão geral do corpus há 47% de sujeitos nulos,
variante estilisticamente prestigiada, contra 53%, computado o total de
preenchimento. Em comparação com os resultados apontados para a fala
espontânea, a variante pronome nulo encontra-se com freqüência bem mais
acentuada do que em trabalho de Duarte (1995), que registra um total de 29%.
Parte deste resultado pode estar fortemente condicionado ao fato de a escrita
dos textos ser realizada em ambiente escolar.
No 2º gráfico, pode-se observar
que a variante considerada padrão para a representação de sujeito, o pronome
nulo, cresce conforme aumenta o tempo de permanência do aluno na escola. De
certa forma, se mantém até a 8ª série com freqüências próximas (31% e 39%),
passa a quase metade das ocorrências no Ensino Médio (49%) e se consolida como
estratégia preferencial entre os universitários (65%). Esses resultados
confirmam a formalidade do sujeito nulo, condicionada pelo estilo.
|
Nota-se uma diminuição no
uso do sujeito preenchido por pronome pessoal, de
Outra estratégia de preenchimento, o
emprego de SNs anafóricos, apresenta uma variação descontinuada, ora subindo
(de 19% para 25%), ora diminuindo em freqüência: de 25% para 15%, na 8ª série,
ou para 11%, do Ensino Médio para o Superior. A leitura do gráfico permite
concluir que o uso de SNs anafóricos não sofre grande influência do fator
escolaridade, portanto se revela como estratégia neutra, sem estigma.
O emprego de
SNs novos mostra mais alto índice no texto dos recém-alfabetizados (19%). Nas
demais séries, gira em torno de 5%. Por se tratar de introdução de um novo
referente no discurso, naturalmente não revela a opção do usuário pelo
preenchimento ou esvaziamento do sujeito, daí ser eliminado dos dados.
Fatores
significantes
para a ocorrência de sujeitos plenos
Para a análise binária de
regra variável do programa VARBRUL, que revela os contextos mais significativos
e os mais resistentes à implementação da mudança, juntaram-se todas as
ocorrências com sujeito preenchido, seja com pronome pleno, seja com SN
anafórico, em oposição aos sujeitos nulos. O objetivo é verificar quais os
fatores que favoreceram o emprego, na produção dos alunos, de sujeito pleno —
variante em crescente emprego no português brasileiro (cf. Duarte, 1995, 2000;
Kato, 1994).
A tabela a seguir apresenta
os grupos de fatores por ordem de seleção, o número de ocorrências de sujeitos plenos, o total de dados, os valores percentuais e finalmente a expressão
dos pesos relativos.
As condições de referência
revelaram-se como o condicionamento lingüístico mais atuante na realização do
sujeito pleno, destacando-se os níveis 5, 6 e 4, todos acima de .80, correspondentes a estruturas em
que o referente do sujeito não está facilmente acessível. O modificador
adjetival aposto, como “desconfiado”, exemplificado
na frase 6, contrariando expectativa inicial, é relevante: com .96. O adjunto adverbial em adjunção a
IP, isto é, entre a estrutura
inicial da oração (CP) e o sujeito, também: .72.
FATORES
|
Nº
|
Total
|
% |
Peso Rel. |
Condições de
Referência
|
|
|||
Nível 5
|
18 |
19 |
95 |
.94 |
Nível 6 |
95 |
116 |
82 |
.84 |
Nível 4 |
24 |
32 |
75 |
.83 |
Elementos
Adjuntos ao Sujeito
|
|
|||
Modificador Adjetival |
6 |
9 |
67 |
.96 |
Adjunto Adverbial |
80 |
108 |
74 |
.72 |
Estrutura do
Predicador
|
|
|||
Forma Simples |
179 |
314 |
57 |
.56 |
Escolaridade
|
|
|||
4ª Série |
52 |
81 |
64 |
.64 |
8ª Série |
60 |
99 |
61 |
.63 |
Classe de Alfabetização |
20 |
33 |
61 |
.55 |
Tipo Sintático
da Oração
|
|
|||
Principal |
34 |
47 |
72 |
.80 |
Inicial,
Indep. ou 1ª Coord. |
116 |
169 |
69 |
.55 |
3ª
Coordenada |
8 |
27 |
30 |
.52 |
Adverbial |
15 |
20 |
75 |
.52 |
Relativa
(Adjetiva) |
2 |
3 |
67 |
.51 |
Tempo Verbal
|
|
|||
Pretérito Imperfeito |
31 |
48 |
65 |
.74 |
Futuro do Pretérito |
15 |
33 |
45 |
.66 |
Quando
a forma verbal é simples, preenche-se mais o sujeito com .56. O condicionamento social revela que, nas séries iniciais de
escolarização, ou seja, em todo o Ensino Fundamental, da Classe de
Alfabetização à 8a série, há maior tendência ao preenchimento do sujeito,
variando os pesos de
Não
foram selecionados como relevantes na representação da variável sujeito
pronominal, na ordem de maior para menor importância: a pessoa do discurso, a
representação do objeto direto (nulo ou pleno) na oração, a estrutura inicial
da oração e a presença/ausência de elementos entre o sujeito e o verbo.
CONCLUSÃO
A maior freqüência do clítico acusativo
e o aumento do pronome nulo na posição de sujeito se devem mais à exposição dos
alunos a textos escritos, do que propriamente à ação direta do professor.
Pouquíssimos professores têm acesso aos resultados de pesquisas sobre o
português contemporâneo e continuam a corrigir as variantes desprestigiadas,
considerando-as erros gramaticais, enquanto algumas já implementadas no sistema
brasileiro passam despercebidas, principalmente pelos mestres mais jovens.
A inegável implementação do objeto nulo
na escrita e o emprego dos SNs anafóricos como formas legítimas de
representação de sujeito e de objeto direto não podem ser ignorados para uma
descrição gramatical mais completa do português brasileiro. Para constatá-la,
basta uma observação assistemática da escrita padrão em textos dos jornais de
maior circulação do país. Recentes pesquisas têm buscado investigar os avanços
da “gramática brasileira” (cf. Galves, 1998) também nesse corpus.
Necessita-se de um maior intercâmbio
entre universidades e escolas, pesquisadores, pedagogos e professores, para o
exercício consciente e responsável dos profissionais e para uma atuação mais
efetiva sobre o desempenho dos usuários da língua. Kato (1994) critica o ensino
unicamente centrado na aprendizagem de variantes mais formais, já ausentes no
período de aquisição — o que pode acentuar ainda mais a dissonância entre o
“pretendido” pelo professor e a competência e o desempenho dos estudantes.
Se, ao contrário, a Escola não
transmitir a língua prestigiada, equipando o alunado para um melhor desempenho
na vida em sociedade, não estará cumprindo sua função: a de ser o espaço maior,
democrático, de enriquecimento lingüístico do indivíduo. O que não se pode
perder de vista, entretanto, é a constatação de que a língua, entidade viva em
constante evolução através dos tempos, apresenta mudanças — como as decorrentes
da reorganização do sistema pronominal, refletidas na variação de sujeito
pronominal e objeto direto anafórico — e se adapta às mais variadas realidades
e necessidades de comunicação.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
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na produção oral e escrita e influência do ensino. Estudos da linguagem: atualidade & paradoxos; Anais do VII
Congresso da ASSEL-RIO. RJ: ASSEL-RIO, 1998, p. 680-687.
––––––. Objeto
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de Mestrado
CORRÊA, Vilma Reche. Objeto direto nulo no português do Brasil. Dissertação de Mestrado.
Campinas: UNICAMP, 1991.
CYRINO, Sonia M. L.,
DUARTE, Mª Eugênia Lamoglia. Variação e sintaxe: clítico acusativo, pronome lexical e categoria
vazia no português do Brasil. Dissertação de Mestrado. São Paulo: PUC,
1986.
––––––. A perda
do princípio “evite pronome” no PB. Tese de Doutorado. Campinas: UNICAMP,
1995.
––––––. The loss of
the Avoid Pronoun Principle in BP. In:
KATO, M. A & NEGRÃO, E. V. (orgs.). Brazilian
portuguese and the null subject parameter. Madri: Iberoamericana; Frankfurt am Main: Verveurt, 2000, p.17-36.
––––––. Ensino da língua em contexto de mudança. In: Cadernos
do IV Congresso Nacional de Lingüística e Filologia. Vol. IV, nº 12, 2001,
p. 51-61.
GALVES, Charlotte C. A gramática do português
brasileiro. Línguas e instrumentos
lingüísticos. Campinas: Pontes, Nº 1 – jan./jun. 1998, p. 79-96.
KATO, Mary A. Português brasileiro falado: aquisição
em contexto de mudança lingüística. Congresso
Internacional sobre o Português: actas Lisboa: Assoc. Port. de Lingüística,
1994.