O PEJORATIVO NA SUFIXAÇÃO
PROPOSTA DESCRITIVO-PEDAGÓGICA
PARA O PORTUGUÊS L2

Bruno de Andrade Rodrigues (PUC-Rio)

 

O aprendizado de uma segunda língua não se dá apenas pela internalização da estrutura gramatical; depende do conhecimento sócio-cultural que regula a prática lingüística de uma comunidade. Não basta ao aprendiz estrangeiro, portanto, produzir e compreender sentenças gramaticais (no sentido de Chomsky) numa determinada língua, para interagir de forma satisfatória com os falantes nativos dessa língua. Grande parte do significado de expressões e de sentenças de uma língua, seja o descritivo, seja o social, seja o expressivo, é não-universal, a saber, só pode ser compreendido mediante o conhecimento da cultura (Lyons, 1989: 292).

No ensino de português para falantes nativos, pouco se enfatiza o aspecto cultural como influenciador da prática lingüística do dia-a-dia. Isso, decerto, se deve ao fato de que todos os falantes nativos de português, sendo membros de uma mesma sociedade, compartilham uns com os outros um conhecimento cultural do qual se valem naturalmente durante as mais variadas situações de interação verbal. Por conseguinte, em se tratando de um conhecimento quase “inconsciente” e, evidentemente, já disponível aos falantes, não merece destaque no ensino de português L1 (conquanto seja interessante também nesse caso discutir a inter-relação entre a língua e a cultura).

Investigando, todavia, como se realiza o ensino de português para falantes estrangeiros, percebemos claramente que a prática pedagógica empobrece, se o professor não atentar para o aspecto cultural, fator bastante relevante ao ensino-aprendizagem do português L2.

A essa altura, urge que apresentemos como o termo “cultura” é compreendido em nosso trabalho. Em Língua(gem) e Lingüística (1989), John Lyons, citando Hudson, apresenta a seguinte definição de “cultura”: “conhecimento que uma pessoa tem em virtude de ser membro de determinada sociedade” (Hudson, 1980: 74. apud, Lyons, 1989: 274)

Compreendido assim o termo “cultura”, pode-se afirmar que falantes de uma determinada comunidade lingüística dispõem do conhecimento cultural que lhes é herdado socialmente; esse conhecimento os norteia na prática lingüística em sua comunidade, de duas maneiras: em primeiro lugar, é o conhecimento graças ao qual eles sabem o que é e o que não é aceitável em sua cultura; em segundo lugar, é o conhecimento que lhes permite interagir socialmente por meio da língua, sem malogros (conhecimento prático).

A interferência do aspecto cultural no nível lingüístico está evidente, por exemplo, numa palavra como “pedofilia”, a cuja estrutura morfológica não se deve o fato de designar uma prática sexual condenável em nossa sociedade. Ou seja, constituída dos radicais gregos “pedo-” (criança) e “-filia” (amizade), a palavra “pedofilia”, no mundo helênico, não parecia ter a conotação negativa que tem em nossa sociedade atual: lembre-se que era comum a prática de relações sexuais entre os “mestres” (filósofos) e seus discípulos, que, supomos, eram bem mais jovens.

Outrossim, em virtude desse conhecimento cultural, uma palavra como “criançada”, numa frase como “Hoje vamos comer uma criançada no jantar”, é inadmissível, visto que, não pertencendo a uma sociedade antropofágica, não há condições, no mundo extralingüístico, que permitam aos falantes a confirmação da veracidade dessa frase. Veja-se que o sufixo “-ada”, pode formar substantivos que designam alimentos cujo principal ingrediente é o alimento designado pela base[1], como, por exemplo, “bananada”, “macarrão”, “macarronada”, “goiabada” e “marmelada”, derivados de “banana”, “goiaba”, “macarrão” e “marmelo”. A base das formações, portanto, já designa um alimento. Não se admitindo, em nossa cultura, que crianças sirvam como alimentos, “criançada” não pode figurar em contextos como aquele[2]. É perfeitamente possível, todavia, que figure num contexto como “Vou trazer a criançada!”, no qual “criançada” denota ‘aglomeração de crianças’, a saber, o sufixo “-ada” acrescenta à base a noção de ‘coletividade’.

Do exposto sobre a relevância do fator cultural na língua, poder-se-ia contra-argumentar que existem certas noções “universais” que, com serem assimiláveis pelas faculdades cognitivas da mente humana, escapariam à determinação cultural. Na obra já mencionada, após nos informar sobre a incerteza da existência ou não de uma faculdade inata humana para a aquisição da linguagem, observa Lyons que: “o processo de aquisição da linguagem é de tal natureza que a transmissão de tudo o que é universal em linguagem depende também, para o sucesso, do processo de transmissão cultural”.

Do excerto da obra se depreende que, independentemente de haver certos conceitos que a mente humana é capaz de processar e que, portanto, podem ser inteligíveis a falantes de qualquer língua, sabendo-se que toda língua apresenta uma face gramatical e outra sócio-cultural[3], não se há de denegar que ter competência numa língua implica ter conhecimento da cultura em que ela está imersa. Ademais, é preciso lembrar que, uma vez imerso em uma comunidade lingüística “estranha” à sua, não basta ao falante estrangeiro compreender conceitos como ‘amor’, ‘liberdade’, por exemplo, sem dispor do conhecimento do modo como são codificados na língua com a qual está em contato. Assim é que, o fato de nós, falantes nativos do português brasileiro, termos por hábito externar nossos sentimentos e emoções lingüisticamente parece justificar a gama, relativamente lata, de palavras que designam esses conceitos (vejam-se “alegria”, “contentamento”, “felicidade”, “júbilo”, “regozijo”, “entusiasmo”; “raiva”, “ódio”, “cólera”, “fúria”, “ira”, etc.). Certamente, tais conceitos são compreensíveis ao falante estrangeiro, mas isso não é garantia de sucesso no uso da língua. Por exemplo, não basta apenas que o falante estrangeiro disponha do conhecimento do significado das palavras “raiva” e “ódio”, mas, mormente, que seja capaz de reconhecer o efeito semântico-discursivo suscitado em giros em que essas palavras co-ocorrem, tais como “Eu não sinto raiva dela; tenho ódio!”. Ou seja, ainda que, em português, exista uma série de palavras para designar ‘sentimento de inimizade’, como “raiva” e “ódio”, e ainda que possam alternar-se em determinados contextos, muita vez, a alternância, de mera questão de escolha do falante, passa a sugerir um efeito expressivo essencial à correta interpretação da mensagem. Destarte, dizer que sentimos “raiva” de alguém não é o mesmo que dizer sentir “ódio” de alguém, dependendo do contexto.

As expressões idiomáticas também representam um caso em que se patenteia a influência do fator “cultura”, tais como “tirar o cavalinho da chuva”, “história para boi dormir”, “cão que ladra não morde”, etc., cuja compreensão só é possível mediante o recurso ao conhecimento cultural, transmitido socialmente.

Antes de levar a cabo essa seção introdutória, veja-se o que nos ensina o lingüista J. Mattoso Câmara Jr., em seu livro Princípios de Lingüística Geral (1989: 21), acerca da inter-relação entre língua e cultura:

A sua função [da língua] é expressar a cultura para permitir a comunicação social. É, portanto, por meio da língua que se processa essencialmente o intercâmbio cultural na sociedade, ela se torna o acompanhamento de cada fato cultural de duas maneiras - 1) dando-lhe um aditamento lingüístico, como a oração na religião, as leis no direito, as regulamentações na indústria, etc.; 2) propiciando a atuação uns com os outros dos membros participantes de uma atividade cultural, com as ordens, explicações, etc.

 

O Pejorativo
nas Formações Sufixais do Português L1

Nossa pesquisa está assentada na análise proposta por Ana Paula Frota, em sua dissertação de mestrado, cujo título é A Expressão do pejorativo em construções morfológicas (PUC-RJ, 1985).

Como não fosse suficiente apenas enfocar o tema sob o aspecto gramatical, valemo-nos de lições tomadas à Lingüística Textual, apresentadas por Koch e Travaglia na obra A Coerência Textual (2003), de que são co-autores, e por Luiz Carlos Travaglia em seu livro Gramática e Interação: uma proposta para o ensino de gramática (2003). Acrescente-se a esse elenco A Gramática Funcional (1997), de Maria Helena de Moura Neves, de cuja obra colhemos algumas contribuições teóricas acerca da Pragmática e funções da linguagem.

Tendo em vista essa síntese bibliográfica, vamo-nos deter na apresentação e na discussão das formações sufixais pejorativas, visando, assim, a determinar os sufixos de que os falantes nativos do português se valem para a expressão da pejoratividade.

Esclarece-nos Frota em sua dissertação que o enfoque de sua análise é gramatical. Essa abordagem será adotada aqui, a fim de que forneçamos um quadro da sistematicidade da expressão do pejorativo nas construções morfológicas sufixais, conquanto, em nosso trabalho, se faça necessário extrapolar esse nível de análise. Como a autora não se ocupasse da influência do contexto sobre a expressão do componente pejorativo, cabe-nos investiga-la oportunamente. Leve-se em conta também a atenção dispensada ao aspecto semântico do fenômeno em pauta naquele trabalho.

Uma das motivações para a realização de nosso trabalho é o reconhecimento de que a tradição gramatical não dá conta de forma cabal das formações sufixais a que podemos atribuir um valor pejorativo. Deveras, a literatura gramatical tradicional cinge-se a mencionar o valor pejorativo de alguns sufixos, sem, contudo, pormenorizar a questão. Ademais, urge observar que essa mesma tradição enfoca um mesmo tema sob pontos de vista divergentes. Veja-se, por exemplo, que, em Rocha Lima (2001: 208), os sufixos são “vazios” de significação, ao contrário dos prefixos, que, segundo o autor, “guardam certo sentido” (p. 207). Para Bechara (2002: 357), os sufixos “revestem-se de múltiplas acepções”. Trata-se, como se vê, de duas visões divergentes sobre a mesma questão. Ressalte-se, de passagem, que as gramáticas normativas, em geral, cingem-se a listar e classificar os sufixos de acordo com a classe gramatical das formas derivantes e das formas derivadas.

Dada a precariedade da descrição gramatical tradicional apresentada, parece-nos conveniente apresentar um estudo mais detido nas formações sufixais pejorativas do português L1, visando à aplicação teórica ao português L2. Nesta síntese de nosso trabalho, circunscrevemo-nos a explicitar e discutir alguns exemplos de construções morfológicas sufixais cuja pejoratividade se depreende pelo recurso ao contexto.

Faltam-nos ainda alguns esclarecimentos sobre os pressupostos e procedimentos de análise. Importam dois pressupostos:

a) Os sufixos podem encerrar significado;

b) A relação entre os sufixos e os significados que eles veiculam é regular.

No que toca ao desenvolvimento da análise, importa considerar:

1) aspectos gramaticais e semânticos das bases;

2) a parcela de significado veiculado pelo sufixo, sem perder de vista o significado geral das formas derivadas;

3) a localização da pejoratividade: no sufixo, na base, ou em ambos.

Finalmente, é preciso ter em conta, consoante se pode ver em 3), que o princípio responsável por sistematizar a atualização do componente pejorativo na formação sufixal consiste em estar a pejoratividade contida ou na base, ou no sufixo, ou em ambos.

As formações analisadas são categorizadas como substantivos e adjetivos, havendo, eventualmente, flutuação entre as duas categorias. Os sufixos mais produtivos, enquanto formadores de palavras pejorativas, apresentados por Frota (1985) são: -ão, -eiro, -ento, -udo, -ação, -ice, -ada e –aria.

Intentando dedicar atenção à influência do contexto sobre essas formações, nosso corpus encerra palavras formadas por sufixos que não aparecem nesse elenco, entre os quais se incluem –ela, -ico, -ão (aumentativo), -inho e –ura. Evidentemente, a pejoratividade das formações em que eles se acham se deve, na maioria dos casos, a fatores contextuais.

Como seja nosso objetivo, nesta sumária exposição, discutir casos cuja interpretação pejorativa é depreendida do contexto, cingir-nos-emos a apresentar um quadro sinótico das formações sufixais nas quais o componente pejorativo se atualiza sempre, independentemente do contexto em que ocorram.

No entanto, à título de ilustração, daremos a conhecer dois exemplos de formas cuja pejoratividade se patenteia independentemente do contexto. É preciso antes apresentar a definição de pejorativo.

À página 6 de sua dissertação, Ana Paula Frota define o pejorativo como:

(...) uma marca lingüística, característica de expressões que designam algo negativamente por um grupo social, falante de determinada língua. Caracteriza-se por ser um conceito metalingüístico, ou seja, sé é aplicável a palavras ou grupo de palavras (talvez também a entonações), e não ao referente das mesmas.

O pejorativo, segundo a autora, se acha em palavras que se referem, muitas vezes, a pessoas, a uma atividade humana ou a um produto dessa atividade, bem como a qualidades, sentimentos, estados próprios do ser humano, embora também se ache em palavras que designam outros seres ou coisas.

Trata-se, pois, de um componente lingüístico cuja atualização está condicionada a fatores sócio-culturais. Uma palavra é pejorativa porque os membros de uma sociedade lhe atribuem um valor negativo. Não se pode, assim, considerar a pejoratividade como resultado da interpretação subjetiva de um falante.

Vale lembrar que, em Frota, não se verifica um tratamento aos sufixos diminutivos e aumentativos, porquanto, segundo a autora, eles acentuam ou atenuam a carga semântica da base, independentemente de ser pejorativa ou não. Cuidamos, entretanto, que esse caso se demonstra bastante relevante ao ensino de português L2, já que a pejoratividade não é tão flagrante – parece depender, muita vez, do contexto.

Bastam-nos dois exemplos da análise adotada em Frota. Primeiramente, tomando a palavra “adivinhão”, pode-se dizer se tratar de uma forma em cuja estrutura mórfica se acha o sufixo “-ão”, ao qual devemos a acepção ‘agente’ da atividade designada pela base, que é verbal. Esse sufixo também veicula a noção de ‘iteração excessiva’ da ação expressa pela base verbal “adivinhar”.

A pejoratividade de formações como essa é depreendida dessa noção de ‘excesso’, a saber, da expressão de uma ação que é realizada de maneira desmedida por um agente. Acrescente-se que a pejoratividade está contida no sufixo, caso em que este se agrega a bases neutras; mas também pode está contida na base, caso em que a base e o sufixo se combinam para a expressão da pejoratividade. Seguem-se outros exemplos:

Babar     babão                                              Cagar         cagão

Chora     chorão                                             Entrar         entrão

Considerando-se agora a palavra “baderneiro”, pode-se dizer que sua estrutura mórfica compõe-se da base “baderna” e do sufixo “-eiro”, o qual designa ‘agentivo em relação a X’. O processo que aí se verifica consiste no acréscimo de “-eiro” à base substantiva[4] para a formação de substantivos. Há que se notar duas características semânticas do sufixo “-eiro”:

1) acrescenta à base o significado de ‘agente’;

2) marca o excesso na freqüência da ação expressa pelo substantivo.

Seguem-se alguns exemplos:

Baderna       baderneiro

Bagunça       bagunceiro

Política         politiqueiro

As bases a que se agrega o sufixo “-eiro”, que tem valor pejorativo, são também pejorativas, muito embora possa ele agregar-se a bases neutras.

Segue, abaixo, um quadro sinótico dos sufixos a que dispensou tratamento Frota:

1) Formação de adjetivos pejorativos:

a) sufixos –ão e –eiro: são responsáveis pela expressão do excesso com que uma ação é realizada, quer seja a ação valorizada, quer não o seja. O primeiro sufixo ajunta-se a bases verbais; o segundo, a bases substantivas.

Ex.: babão, baderneiro.

b) sufixo –udo: também expressa o excesso, mas o faz em relação à quantidade ou tamanho de certas partes do corpo humano. As formações resultantes, na maioria das vezes, expressam referentes que estão em desacordo com os padrões estéticos estabelecidos socialmente.

Ex.: narigudo.

c) sufixo –ento: somado quase sempre a bases pejorativas, o sufixo “-ento” deriva palavras que designam indivíduos ou coisas que suscitam rejeição, ou indivíduos cujo comportamento é socialmente estigmatizado.

Ex.: barulhento, fedorento.

 

2) Formações de substantivos:

a) sufixo –eiro: é tradicionalmente utilizado para designar atividades pouco prestigiadas socialmente; disso resulta o seu uso como sufixo pejorativizador. Semanticamente, as formações em “-eiro” designam ‘aquele que desempenha mal uma atividade’.

Ex. jornaleiro/ jornalista; bicheiro.

b) sufixo –ção: associado a verbos, tem acentuado valor pejorativo, porquanto expressa a depreciação do caráter iterativo ou durativo da realização de uma ação.

Ex.: lambeção, beijação, bateção.

c) sufixo –agem: semanticamente, confere às formações em que figura as noções de ‘ato’, ‘qualidade’, ‘comportamento’ ou ‘coletivo’. Via de regra, só é aceitável quando acrescentado a bases pejorativas. Somado a bases não-verbais, caso em que se verifica um deslocamento muito acentuado de seu sentido primário, apresenta baixa produtividade.

Ex.:malandragem, politicagem, poetagem.

d) sufixo –ice: este sufixo é somado a bases cujas características gramaticais e semânticas são diferentes. Deriva formas indiscutivelmente pejorativas, como também formas cuja pejoratividade só se depreende do contexto. Designa ‘ato’ e/ou ‘qualidade’.

Ex.: doutorice, gramatiquice, babaquice,cafonice.


 

CORPUS – Alguns exemplos.

A) sufixo -ão

(1) “(...) Eu falei de mandar, de dar ordem... esse jeito mandão dele!”

B) sufixo –ão (aumentativo)

(2) “Olha aqui, ô grosseirão! Só estou dizendo pra você que não vai ter mais motivo pra briga, ta entendendo!?”

C) sufixo –ona (aumentativo)

(3) “A que você acha que não era é mais cachorrona ainda que a outra”.

D) sufixo –ice

(4) “Você tem essa mania chata de me chatear com chatice...”

E) sufixo –ento

(6) “Pára! Cê tá gosmenta!”

F) sufixo –ada

(7) “(...) Você não acha um problema a pessoa fazer uma tremenda de uma cocozada”.

G) sufixo –ico:

(8) “Você é a histérica da sauna”.

H) sufixo –ura

(9) “Aqui, Rui, você vai continuar com essa frescura”.


 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA Filho, José Carlos P. de & FÁVERO, Leonor L. (orgs.). O ensino de português para estrangeiros. São Paulo: Pontes, 1997.

Basílio, Margarida. Formação e classes de palavras no português do Brasil. São Paulo: Contexto, 2004.

Basílio, Margarida. Teoria lexical. São Paulo: Ática, 2003.

Bechara, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002.

Frota, Maria Paula. A expressão do pejorativo em construções morfológicas. Rio de Janeiro: PUC-RJ, 1985.

Koch, Ingedore Villaça & Travaglia, Luiz Carlos. A coerência textual. São Paulo: Contexto, 2003.

Lima, Rocha C. H. Gramática normativa da língua portuguesa. Rio de Janeiro: José Olympio, 2001.

Lyons, Jhon. Língua(gem) e lingüística. Rio de Janeiro: LTC, 1987.

Neves, Maria Helena de Moura. A gramática funcional. São Paulo: Martins, 1997.

Travaglia, Luiz Carlos. Gramática e interação: uma proposta para o ensino de gramática. São Paulo: Cortez, 2003.


 

[1] O termo “base” corresponde, morfologicamente, em nosso trabalho, à palavra.

[2] Evidentemente, só em contexto muito especiais, em que se faz sentir a pilhéria ou a ironia, podemos usar-se de “criançada” na acepção de ‘alimento feito de criança’.

[3] A contenda entre muitos lingüistas encontra alicerce nessa realidade. Deveras, trata-se de uma discussão que só se justifica pela inclinação para uma ou outra teoria que leve em consideração um ou outro aspecto. Apresentando a língua uma estrutura interna, complexa e coesa, é perfeitamente possível que, em alguns estudos, a essa estrutura se dedique atenção, em detrimento de sua face sócio-cultural, que é ressaltada em outros estudos. Portanto, por um lado, não se pode negar a influência do fator sócio-cultural na descrição lingüística; por outro lado, não reconhecer a possibilidade de se fazer uma descrição estrutural, sem o suporte sócio-cultural, é negar todo o avanço descritivo da Lingüística do século XX até hoje.

[4] Consoante observa Frota (p. 18), o fato de não haver forma verbal correspondente a muitos substantivos, ou quando há, de muitos falantes a desconhecerem permite admitir que a base dessas formações é um substantivo, não obstante a existência de pares como “fofoca/ fofocar”, “trapaça/ trapaceiro”. Veja-se que para “boato”, “cascata” (mentira) não há formas verbais.