O
formador de professores
e
sua
atividade de trabalho
Talita de Assis Barreto (UERJ, PUC-Rio e UFRJ)
Esta
comunicação tem
como
objetivo
apresentar
nosso
projeto de
doutorado
que
ainda se
encontra
em
fase
inicial. A
investigação enfoca o
trabalho do
formador de
professores de
língua
estrangeira e
parte do pressuposto de
que a
reflexão
sobre a
atividade de
trabalho deste
profissional pode
colaborar
para a
discussão
sobre a complexidade de
seu
trabalho e das
competências
que
lhe
são exigidas
para a concretização de
sua
atividade. Baseamo-nos na
concepção
dialógica de
linguagem de Bakhtin (2003) e
nos
estudos de Schwartz (1997) no
que se refere às
Ciências de
Trabalho.
Partimos do pressuposto de
que uma
abordagem dos
estudos da
linguagem no
trabalho exige a
elaboração de uma
metodologia adequada
para
cada
situação
específica. Pretendemos,
portanto,
propiciar
um
espaço
para
criação de
falas do
professor
formador
sobre
seu
trabalho,
como
forma de
observar
como se constrói discursivamente
sua
concepção de
língua e de
ensino
como
trabalho.
Apresentamos, a
seguir,
quatro
seções: a
primeira
com uma
breve
exposição da
concepção
dialógica de
linguagem, a
segunda
com
um
breve
panorama das
contribuições da Ergologia ao
estudo
sobre o
trabalho do
professor
formador, a
terceira
com uma
primeira
aproximação à
pesquisa e,
finalmente, as
considerações
finais.
A
concepção
dialógica de linguagem
Tendo
em
vista o
objetivo de
criar
um
espaço
para
que o
professor
formador possa
inscrever a
sua
voz, tomamos
como
ponto de
partida
teórico a
noção de dialogismo (Bakhtin, 2003), a
qual sintetiza a
idéia de
que o
sentido é
algo
que se tece
em
conjunto, estabelecendo
elos
entre as
diferentes
vozes
presentes no
enunciado.
Segundo a
concepção baktiniana de
linguagem, nas
relações dialógicas
entre os
diferentes
enunciados ocorre a
construção do
sentido
pelos
diferentes
sujeitos. Nesse
processo, a
interpretação do
enunciado exige a mobilização de
saberes
diversos, a
formulação de
hipóteses
que possibilitam
algo
além do preestabelecido.
O
interlocutor,
segundo essa
perspectiva teórica,
já
não é compreendido
como
um
simples
receptor, passando a
assumir de
maneira
ativa a
interlocução.
Isso significa
que o
enunciado, nessa
teoria dialógica do
discurso,
não é
visto
como apresentando
um
sentido
estável, predeterminado
pelo enunciador.
Desse
modo, é possível
afirmar que
Todo
enunciado
concreto é
um
elo na
cadeia da
comunicação discursiva de
um
determinado
campo. Os
próprios
limites do
enunciado
são
determinados
pela
alternância dos
sujeitos do
discurso. Os
enunciados
não
são
indiferentes
entre
si
nem se bastam
cada
um a
si
mesmos; uns conhecem os
outros e se refletem mutuamente uns
nos
outros.
Esses
reflexos
mútuos
lhes determinam o
caráter.
Cada
enunciado é
pleno de
ecos e
ressonâncias de
outros
enunciados
com os
quais está ligado
pela
identidade da
esfera de
comunicação discursiva. [...]
Por
isso,
cada
enunciado é
pleno de variadas
atitudes responsivas a
outros
enunciados de
dada
esfera da
comunicação discursiva. (Bakhtin , 2003: 297)
O
sujeito,
para expressar-se, considera a
reação de
seu
interlocutor ao
que se
lhe está sendo
dito e
isso influencia
sua
fala. O
professor,
por
exemplo,
sujeito co-construtor de
significado e de
sentido nesta
proposta de
pesquisa, ao
falar
sobre
sua
atividade de
trabalho,
não está
sozinho e
suas
palavras
não representam o
eco
apenas de
seu
pensamento. No
discurso
que constrói, coloca
em
jogo
muitos
outros
pontos de
vista
que se interpenetram
em
seu
mundo ideológico de
ser
professor.
Sua
fala,
portanto, está
repleta de
considerações
que
são
determinantes
para
que
dê
forma e
significado ao
seu
pensamento no
ato
verbal.
Assim, o
sujeito faz
soar
em
seu
discurso o já-dito
em
outro
lugar,
em
outro
tempo, mobilizando
diversos
saberes
para
sua
compreensão.
Entretanto,
O
enunciado
não está ligado
apenas aos
elos precedentes
mas
também aos
subseqüentes da
comunicação discursiva.
Quando o
enunciado é
criado
por
um
falante,
tais
elos
ainda
não existem.
Desde o
início,
porém, o
enunciado se constrói levando
em
conta as
atitudes responsivas,
em
prol das
quais
ele,
em
essência, é
criado. O
papel dos
outros,
para
quem se constrói o
enunciado, é
excepcionalmente
grande,
como
já dissemos.
Já dissemos
que
esses
outros,
para os
quais o
meu
pensamento
pela
primeira
vez se
torna
um
pensamento
real (e deste
modo
também
para
mim
mesmo),
não
são
ouvintes
passivos,
mas participantes
ativos da
comunicação discursiva.
Desde o
início o
falante aguarda a
resposta deles,
espera uma
ativa
compreensão responsiva. É
como se
todo o
enunciado se construísse ao
encontro dessa
resposta. (Bakhtin, 2003: 301)
A
partir dessa
concepção de
linguagem,
este
estudo adota a
teoria do
enunciado dialógico
por entendermos
que esta oferece
um
quadro teórico de
onde se podem
extrair os
conceitos e
noções teóricas
pertinentes aos
objetivos previamente traçados.
As contribuições
da
abordagem ergológica da atividade
A
reflexão
sobre a
atividade do
professor
formador pode
contribuir
para a
compreensão de
seu
trabalho
bem
como
dar
visibilidade a
aspectos
que
são muitas
vezes “ocultos” aos
que
não vivenciam essa
experiência e,
principalmente, aos
próprios
professores
formadores. O
senso
comum conduz, de
certo
modo, à
visão do
trabalho
docente relacionado à
sala de
aula especificamente e ao
processo de
ensino.
O
investigador
que tem
interesse
em
pesquisar “os
mundos” do
trabalho do
professor se
vê impelido a voltar-se
para os estudos das
Ciências do
Trabalho e dos
conceitos
que embasam
suas
teorias.
De
acordo
com Schwartz (1997), o
trabalho é
um
tema
cuja
abordagem deve
estar
preparada
para
enfrentar
muitos
enigmas e é possível
encontrar no domínio do
trabalho “áreas de
interesse,
imersões
diferentes na
realidade
industriosa e histórico-social
que suscitam e requerem
por
parte dos
protagonistas "usos de
si"
em
parte
comuns,
em
parte
diferentes” (Schwartz, 1998: 4).
O
que
quer
dizer a
expressão “usos de
si”? O
conceito provém da
constatação de
que o
trabalhador
não é
aquele
que executa
meramente as
tarefas impostas
por
seu
empregador,
conforme pressupõe o
modelo de
organização taylorista-fordista do
trabalho. O
uso de
si se apresenta
quando se assume
que
todo
trabalhador coloca
em
movimento
seu
corpo,
sua história
pessoal e
coletiva, o
conjunto de
valores
com os
quais orienta
suas
ações
em
sociedade. Esta
idéia se construiu ao
longo do
tempo,
especialmente a
partir da
Ergonomia da
Atividade e da Ergologia,
campos científicos
que têm
por
base a
concepção de
Trabalho,
pano de
fundo
para a
compreensão da
atividade
docente,
tema deste
estudo.
A
ergonomia apresenta o
conceito de
trabalho prescrito evidenciando,
por
meio da
análise do
trabalho
real, a
distância existente
entre o
que se orienta
que seja
feito e o
que se concretiza no
trabalho; o
real
não corresponde
exatamente ao esperado. A
abordagem ergonômica
visa a
proceder à
análise do
trabalho, descrevendo-o e emitindo
observações
sobre os
possíveis desfuncionamentos, propondo uma
mudança de
situação.
Compreender
melhor a
atividade de
trabalho “só se justifica se
permitir a transformação do
trabalho.” (Guérin et al., 2001).
A
partir dos
conceitos
teóricos da
Ergonomia situada, Schwartz (1997) propõe uma
abordagem ergológica voltada
para a
produção de
saberes
sobre o
trabalho. Nessa
abordagem, a
idéia de
trabalho prescrito e
real é ampliada
para os
conceitos de
normas
antecedentes e renormalizações. Essas
normas abarcam os “saberes
científicos e
técnicos
que se constituem
em
instalações, procedimentos,
normas de
utilização e
também codificações organizacionais,
ligadas às
formas
sociais do
trabalho, às
redes de
poder e
autoridade” (Alvarez; Telles, 2001: 18).
A
proposta é de uma
nova
abordagem do
objeto
trabalho. Schwartz sugere “pensá-lo
como
um
objeto
denso e
não
como uma
obviedade
ou
algo
transparente
sobre o
qual
não há
necessidade de uma
abordagem
em
profundidade” (apud Freitas, 2004: 30). Recomenda
que o
trabalho seja encarado
como
algo
novo,
que exija aprendizagem e
reflexão. Ao
atentar
para a
atividade de
trabalho, observamos o
modo
como o
indivíduo realiza
seu
trabalho, levando
em
consideração
seus
valores,
sua
posição
social. Schwartz afirma que
Toda
atividade
humana é
sempre, e
em
todos os
graus imagináveis
entre o
explícito e o não-formulado,
entre o
verbo e o
corpo,
entre a
história
coletiva e o
itinerário
singular, o
lugar de
um
debate
incessantemente reinstaurado
entre
normas
antecedentes a serem definidas a
cada
vez
em
função das
circunstâncias e
processos
parciais de renormatizações, centrados na
entidade
atuante (Schwartz, 2002b: 135).
A ergologia é considerada uma “disciplina de
pensamento”
que,
embora tenha
como
finalidade a
construção de “conceitos
rigorosos, deve
indicar nestes
conceitos
como e
onde se situa o
espaço das (re)singularizações
parciais,
inerentes às
atividades de
trabalho” (Schwartz, 2000: 45). A
atividade está intimamente relacionada ao
indivíduo
que a realiza sendo,
portanto,
inevitável
que ocorram
tais (re)singularizações
por
parte de
cada
trabalhador.
Amigues (2004) afirma
que, nessas
emergências
que surgem no
cotidiano laboral, o
profissional tem a
oportunidade de
experimentar
novos
modos de
fazer, realizando
além do
que estava
previsto
porque, às
vezes,
ele
precisa
ir
contra o esperado
para
que possa
encontrar a
solução do
problema
que enfrenta naquele
momento.
Jamais se faz uma
atividade de
maneira
idêntica. A
repetição existe,
mas
mesmo na
repetição há
modificação.
Ao
propor o
conceito de
uso de
si, Schwartz (apud Muniz et al., 2004: 323) defende que
[...]
dizer
que o
trabalho é
uso de
si significa
dizer
que é
lugar de
um
problema, de uma
tensão
problemática,
um
espaço de
possíveis
sempre negociáveis:
não há
execução,
mas
uso, e
isso supõe
um
espectro
contínuo de
modalidades. É o
indivíduo
em
seu
ser
que é convocado,
ainda
que
não
aparentemente; a
tarefa
cotidiana requer
recursos e
capacidades
infinitamente
mais vastas do
que aquelas
que
são explicitadas.
O
saber
que
cada
indivíduo possui
sobre o
fazer de
sua
atividade permite
que
ele faça
esse
uso de
si, de
forma a
singularizar a
atividade, realizando as
adaptações necessárias
para
sua concretização na
atividade de
trabalho.
Para o
autor, o
enfoque ergológico pressupõe
mudança na
maneira de
olhar o
trabalho
como
objeto de
investigação, considerando-o
não
somente “enquanto
atividade,
mas
como
atividade pertencente à
história, o
que pressupõe a
aceitação de
que
toda
mudança
para
ser
eficaz implica uma reinvenção
local a
partir de
um
patrimônio
antecedente” (Souza-e-Silva, 2002: 64)
O
trabalho é
execução de
ações
que
não
são verbalizadas nas
prescrições
porque
elas
não
são
capazes de
prever
tudo
aquilo
que o
trabalhador vai
realizar
bem
como
não
são
capazes de
prever
acidentes e/ou
incidentes
que possam
ocorrer
durante o
processo de
atividade de
trabalho.
Assim, na
hora de o
professor
colocar
em
prática
seu
planejamento,
muitos
são os
elementos
que entram nesse
processo de renormalização,
tais
como as
condições do
ambiente da
aula, a participação dos
alunos, os
recursos
disponíveis, os
acontecimentos
sociais etc. O
sucesso do
ensino,
portanto,
não está
circunscrito
apenas ao
campo das
atividades realizadas
pelo
professor,
mas
também às
condições
que o cercam.
Em
síntese,
O
trabalho do
ensino consiste, a
partir das
prescrições
que
lhe
são
feitas,
em
organizar as
condições de
estudo dos
estudantes. Considerado
dentro de uma
organização
escolar, o
trabalho é o
objeto de uma reelaboração
constante dos
professores, de
acordo
com as
tarefas
que
lhes
são prescritas, aquelas
que
eles prescrevem aos
estudantes de
acordo
com o
público
ou os
níveis
correspondentes. (Amigues, 2004)[2]
Amigues destaca
como o
professor deve
estar
sempre
em
processo de reelaboração de
sua
atividade. No
processo de
ensino, prossegue o
autor, pode
acontecer de o
professor
aplicar
determinada
atividade
que resulte interessante e
até
mesmo divertida
para
seu alunado. Os
discentes participam
ativamente,
porém,
nem
sempre o
objetivo proposto é alcançado. Há
aqueles
alunos
que
simplesmente
não conseguem,
por variados
fatores,
atingir o
objetivo.
Isso exige
que o
professor esteja num
constante
processo de reelaboração de
sua
atividade,
em
um
constante
pensar e
repensar de
seu
trabalho, buscando
novas
maneiras de
ação.
Porém, relativas às
normas
que antecedem ao
trabalho do
professor,
em
específico,
em
nosso
estudo, o
formador de
professores de
língua espanhola, várias
são as
atribuições prescritas aos
docentes no
desempenho da
profissão
que ultrapassam
esse
espaço:
planejamento de
aulas e avaliações, envolvimento do
docente
com
pesquisa,
orientação de
monografias,
correção de
trabalhos, participação
em
eventos,
cursos de aperfeiçoamento etc.
Nosso
objetivo é
trazer uma
reflexão
sobre o
trabalho desse
professor,
atuante
em
universidades públicas brasileiras,
responsável
pela
formação de
professores de
língua espanhola. A
universidade
pública,
em
geral,
prima
pela
atuação do
professor no
ensino, na
pesquisa e na
extensão.
Embora haja
universidades
privadas
com
esse
perfil, sabe-se
que
não é
algo
muito
freqüente,
portanto parece-nos
mais adequado
direcionar esta
pesquisa ao
professor de
universidades públicas.
O
trabalho do
formador de
professores
em foco
Ao propormos uma
análise da
situação de
trabalho do
professor
formador, esperamos
atingir os
seguintes
objetivos
gerais:
contribuir
para a
compreensão da
atividade de
trabalho do
professor
formador de
professores de
língua
estrangeira e
colaborar
para o
desenvolvimento
teórico e metodológico da
interface
linguagem/traba-lho.
A
partir da
compreensão de
que o
problema de
pesquisa
demanda
um
estudo
sobre o
trabalho e baseando-nos na
concepção teórico-metodológica dos
estudos da
linguagem
em
situação de
trabalho, propomo-nos a
observar as
atividades de
trabalho do
professor
formador, acompanhando-o
durante o
desempenho de
suas várias
facetas
enquanto
profissional
durante
um
período de
um
semestre.
Por
meio da
interface
entre a
Lingüística Aplicada e as
Ciências do
Trabalho, recorremos à
entrevista
agregada a uma
pesquisa de
campo inspirada na
análise de
situações de
trabalho,
método
por
excelência da
Ergonomia situada e da Ergologia.
Adotamos a
entrevista
sob uma
perspectiva enunciativa da
linguagem, reconhecendo
ser
impossível considerá-la
como
pura
revelação de uma
verdade.
Para Bakhtin (2003), o
enunciado é
dialógico
sempre e
não existe
fora da
comunicação
entre os
sujeitos do
discurso, uma
vez
que a
enunciação é
dialógica e pressupõe a participação
ativa dos envolvidos no
ato
comunicativo. Considerando
esse
caráter
dialógico de
toda
situação de
fala, o
dispositivo metodológico a
que recorremos nesta
pesquisa tem
por
base o pressuposto de
que o
diálogo
não está restrito ao
momento de
troca
entre os
interlocutores –
ou seja, ao
instante
específico
em
que estão
em
interação
face a
face.
Assim,
esse
dispositivo
bem
como a
análise das
trocas empreendidas
pelos
protagonistas da
comunidade dialógica de
pesquisa realizada subentende
que o
sujeito, ao
formular
seu
enunciado, está
sempre estabelecendo
relações
com o
que
já foi
dito
por
outros,
com
aquilo
que pode
estar pensando
seu
interlocutor,
até
mesmo
com o
objetivo de
refutar
ou
confirmar o
dizer do
outro (Bakhtin, 2003). Na
enunciação,
portanto, há uma
íntima
relação
entre o
seu
próprio
enunciado e o do
outro, sendo
este – o
enunciado do
outro –
responsável
pela
forma
como o enunciador constrói o
sentido,
pois está
constantemente fazendo
suas
escolhas
diante das
considerações a
respeito do
sentido
que pode
estar construindo
seu co-enunciador. A
entrevista,
assim compreendida,
visa à
construção de
um
texto
que retoma
situações de
enunciação
anteriores e
que estão
inacessíveis ao
pesquisador (Daher; Rocha; Sant’Anna, 2004).
A
Análise Ergonômica do
Trabalho (AET)
busca
analisar e
compreender a
conduta dos
trabalhadores
em
sua
situação
real de
trabalho. As
etapas desse
dispositivo metodológico
são as
seguintes:
análise da
demanda;
estudos
preliminares;
escolha das situações-chave;
análise
global das
atividades; pré-diagnósticos das
situações estudadas;
construção do
diagnóstico ergonômico;
restituição e
validação;
elaboração de
um
caderno de
encargos (Wisner
apud França, 2002: 18 e 111).
Vale
ressaltar,
entretanto,
que
não há uma
obrigatoriedade de
seguir
exatamente
todos
esses
passos,
pois a
pesquisa deve amoldar-se à
situação
específica abordada.
O
objetivo ao propor-nos a
usar
esse
recurso é o de
realizar,
inicialmente, uma
primeira
aproximação ao
trabalho do
professor
formador
que constituirá a
comunidade
dialógica de
pesquisa.
Este
conceito foi
criado
para
distinguir
um
coletivo de
pesquisa no
qual se adota
um
posicionamento epistemológico
que considera a historicidade das
palavras no
meio no
espaço e no
tempo
em
que
determinada
pesquisa se desenvolve (França, 2002). Possibilita-se,
assim, uma
situação de
fala
sobre e no
seu
trabalho (Lacoste, 1998). Acrescenta-se a
isso o
intuito de
construção de
um
texto
sobre
sua
formação,
suas
experiências e
seu
posicionamento
quanto à
sua
atividade. O
uso da
entrevista concebida dessa
forma é
favorável
porque
não
só permite uma confrontação das
hipóteses construídas
com as
respostas do entrevistado
como
também
com os
resultados da
pesquisa de
campo realizada
em
um
segundo
momento.
Considerações finais
Este
texto apresentou,
devido aos
limites
impostos,
apenas
um
esboço do
que pretendemos
investigar
durante o
nosso
curso de
Doutorado. Cremos
ser de
vital
relevância o
tema proposto
devido ao
fato de
que
pouco se explora a
reflexão
sobre os
modos
como o
professor realiza
suas
tarefas. O
trabalho do
professor ultrapassa as
relações diretas
com os
alunos, estando
subordinado a
outros
muitos
fatores
tais
como
relações inter-humanas
em
sua
instituição de
ensino
bem
como
entre
docentes e
discentes
com os
objetos de
ensino.
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