ANTENOR NASCENTES[1]
(1886-1972)
Antenor de Veras Nascentes, filólogo, lingüista e lexicógrafo brasileiro, nasceu a 17 de junho de 1886 na cidade do Rio de Janeiro, onde morreu a 6 de setembro de 1972, com 86 anos.
Em 1902, concluiu, como aluno laureado, o curso de Ciências e Letras pelo Ginásio Nacional (hoje Colégio Pedro II) e começou a lecionar humanidades em 1903. Formou-se em Direito pela Faculdade Livre de Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro em 1908 e exerceu a profissão como funcionário da Secretaria de Estado da Justiça e Negócios Interiores. Em 1919, vencendo concurso em 1° lugar, foi o primeiro professor catedrático de Espanhol do Colégio Pedro II. Nove anos depois, transferiu-se da cátedra de Espanhol para a de Português, por decreto de 23 de janeiro de 1928.
Mais tarde foi professor universitário, tendo ocupado a cátedra de Filologia Românica da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade do Rio de Janeiro.
Do empenho de Antenor Nascentes em anotar as leituras resultou riquíssimo fichário, que lhe serviu de suporte para os consistentes verbetes de seus dicionários.
Seu interesse pela Filologia começou cedo. E a prova se pode ler na dedicatória de seu Dicionário Etimológico a dois professores do Colégio Pedro II: “À memória de Fausto Barreto e Vicente de Sousa, os saudosos mestres que despertaram em mim o gosto dos estudos filológicos.”
Lia os autores gregos e latinos no original, o que lhe deu maior segurança nas pesquisas que envolviam o grego e o latim. Conhecia as principais línguas românicas e fez incursões pelo germânico e anglo-saxão. Falou e traduziu o alemão, língua que ele considerava instrumento indispensável ao filólogo.
Colaborou em várias revistas especializadas brasileiras e estrangeiras. Procurando acompanhar as publicações de sua área, era impossível encontrá-lo em descompasso com os avanços da Filologia., segundo comenta o Professor Silvio Elia em seus Ensaios de Filologia e Lingüística (3ª ed. Rio de Janeiro: Grifo, 1976, p. 140).
As ligações de Antenor Nascentes com os filólogos e lingüistas estrangeiros explicam um fato singular: seu Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa saiu em 1932 com prefácio (em alemão) de W. Meyer Lübke, o mestre que consolidou os estudos da Lingüística Românica.
Notável pesquisador, distinguiu-se como didata, sendo também tradutor e editor de textos.
Em 1933, a Academia Brasileira de Letras concedeu-lhe o primeiro prêmio Francisco Alves para a melhor obra sobre a língua portuguesa. Em 1935, a Congregação do Liceu de Goiás conferiu-lhe o título de Doutor Honoris Causa. Em 19 de setembro de 1936, foi condecorado pelo Governo Português com o Oficialato da Instrução Pública pelos serviços prestados às letras portuguesas.
Em 1952, recebeu o título de Professor Emérito do Colégio Pedro II.
Obras publicadas
Após acurada pesquisa, relaciono a seguir as suas obras, com a data da 1ª edição:
1. Ligeiras Notas sobre Redação Oficial (1914).
2. Um Ensaio de Fonética Diferencial Luso-Castelhana - Dos elementos gregos que se encontram em espanhol (1919).
3. Método Prático de Análise Lógica (1920).
4. Gramática da Língua Espanhola (1920).
5. Método Prático de Análise Gramatical (1921).
6. O Linguajar Carioca em 1922 (1922).
7. Apostilas de Português (1923).
8. Tradução do Teatro de Beaumarchais (1923).
9. O Idioma Nacional, vol. I (1926).
10. O Idioma Nacional, vol. II (1927).
11. O Idioma Nacional, vol. III (1928).
12. O Idioma Nacional, vol. IV (1928).
13. Noções de Estilística e Literatura (mais tarde chamado O Idioma Nacional, vol. V) (1929)
14. Os Lusíadas. Edição escolar comentada (1930).
15. Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa (1932).
16. Num País Fabuloso: Viagem (1933).
17. O Idioma Nacional na Escola Secundária (1935).
18. O Idioma Nacional: Síntese dos três primeiros volumes (1937).
19. América do Sul: Viagens (1937).
20. Estudos Filológicos (1939).
21. A Ortografia Simplificada ao Alcance de Todos (1940).
22. Dicionário de Dúvidas e Dificuldades do Idioma Nacional (1941).
23. Antologia Espanhola e Hispano-Americana (1941).
24. O Problema da Regência (1944).
25. O Idioma Nacional: Gramática para o Ginásio (1944).
26. O Idioma Nacional: Antologia pra o Ginásio (1944).
27. O Idioma Nacional: Gramática para o Colégio (1944).
28. O Idioma Nacional: Antologia para o Colégio (1944).
29. Tesouro da Fraseologia Brasileira (1945).
30. Léxico de Nomenclatura Gramatical Brasileira (1946).
31. Dicionário Básico do Português do Brasil (1949).
32. Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa: Nomes próprios (1952).
33. A Gíria Brasileira (1953).
34. Crítica da Musa do Parnaso, de Manuel Botelho de Oliveira (1953).
35. Elementos de Filologia românica (1954).
36. Dicionário de Sinônimos (1957).
37. Efemérides Cariocas (1957).
38. Bases para a Elaboração do Atlas Lingüístico do Brasil (1958) Saiu volume 2 em 1961.
39. Dificuldades da Análise Sintática (1959).
40. Comentário à Nomenclatura Gramatical Brasileira (1959).
41. Dicionário da Língua Portuguesa, 4 volumes (1961-1967).
42. Edição Crítica das Poesias Completas de Laurindo Rabelo (1963).
43. Tradução do Fausto de Goethe, em colaboração com José Júlio Ferreira de Sousa (1964).
44. Dicionário Etimológico Resumido (1966).
45. Dicionário Ilustrado da Língua Portuguesa da Academia Brasileira de Letras, 4 volumes (1972).
46. Dicionário da Língua Portuguesa da Academia Brasileira de Letras (1988).
Além dessa bibliografia, numerosa, há muitos artigos seus em jornais e revistas, brasileiras e estrangeiras, que já poderiam estar reunidos em volume.
Boa parte dessa obra tem lugar reservado no ensino da língua portuguesa. Mas é o Dicionário Etimológico, editado em 1932, que fez de Antenor Nascentes um dos autores brasileiros mais citados fora do Brasil.
[1] PENHA, João Alves Pereira. Filólogos Brasileiros. Franca: Editora Ribeirão Gráfica, 2002, p. 67-72.
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