A materialidade da linguagem
na história e na ciência

Carlos Alvarez Maia (UERJ)

alvarez@iis.com.br

 

Este trabalho avança para além do território estrito da lingüística porém toma para si termos, conceitos e procedimentos usuais desse campo acadêmico e os aplica à uma linhagem de estudos inovadores, reconhecidos internacionalmente por sua denominação inglesa como Social Studies of Science.

A pesquisa aqui retratada situa-se no continente História e foca os processos sociais de produção dos saberes considerados como práticas discursivas exercidas por agentes societários integrados em coletivos de pensamento e de linguagem.  Tais agentes – historiadores e cientistas – mantêm um objetivo realista em suas investigações, isto é, perseguem a captura através do discurso das ocorrências que hipoteticamente dão-se no mundo que lhes é exterior. Assim designam seu objeto como uma “realidade histórica” ou como uma “realidade natural”.  Trata-se, em ambos os casos, da sobrevivência da idéia de um referente “real”, em si, que o investigador (seja historiador, seja cientista) pretende conhecer.

Esse realismo diferencia-se do adotado pelo século XIX no qual a apreensão simbólica do mundo através das teorias ditas objetivas era tomada como um reflexo inteligível do real obtido pela linguagem como produção mental da racionalidade humana. Hoje, nos Social Studies of Science, aquelas antigas dicotomias – mental-material, sujeito-objeto, subjetivo-objetivo, inteligível-sensível – esgotaram-se e as pesquisas recentes incorporam instrumentos semiológicos que avançam sobre coisas e objetos.  A partir daí delineia-se uma compreensão de linguagem mais-que-literal que enforma uma historiografia para os saberes centrada no conceito de “inscrição material de sentido”, o foco desta apresentação.

 

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