A Saudação ao Príncipe José, irmão de D. João VI

Amós Coelho da Silva (UERJ)

 

O encômio, do grego ‘enkómion’, criado por Simônides de Ceos, do século V a.C., era um canto entoado durante uma festividade e louvava o anfitrião. Atribuir-lhe o significado de elogio é pouco, já que era um canto coral. Assim, nesse mesmo estilo grego, tivemos a exaltação à vitória dos heróis na guerra e nos jogos olímpicos, formando antologia lírica em canto coral.

O discurso latino de Alexandre Rodrigues Ferreira destaca a preparação da vida do Príncipe José para uma administração régia da nação portuguesa. O cuidado a que é submetida a vida deste Príncipe é um apanágio da difícil estrada da realeza. Primeiramente, o autor Alexandre evidencia como fato público o aniversário do Príncipe. Ainda mais: se pessoa é pública, e de tal estirpe, goza de uma Juventude Instruída e Religiosa em cujo comportamento geral não tem nenhuma intencionalidade egoísta do poder: sua ação, nunca amesquinhada, é de não caçar qualquer sufrágio compatriota, bem como não ficar perturbado deprimentemente diante um elogio que jogue com outros interesses, ou mesmo até tirara proveito pessoal diante de um elogio oriundo dos bons.

A síntese do pensamento do romano Juvenal (60 a 128 d.C.), ou seja, mens sana in corpore sano (Sátiras X,356), se aplica, no discurso do latinista Alexandre, ao Príncipe no que tange a uma vida de enfrentamento de trabalhos hercúleos, mas não em troca de reconhecimento gratificante ou glorificador, e sim no exercício de um dom recebido do Céu.

 

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