A trajetória advérbio > conjunção
sob a perspectiva funcionalista

Fernanda Costa Demier Rodrigues

 

A maioria dos estudos sobre os advérbios assinala que tais termos apresentam  uma flutuação funcional que gera, conseqüentemente, a dificuldade de sua conceituação.  É neste aspecto que se concentra um dos pontos centrais desta pesquisa: a trajetória advérbio > conjunção.  Não se encontra uma definição consensual da categoria por parte dos estudiosos.  Isso se deve à própria natureza híbrida da classe.  Neste contexto, suas funções ora se incluem em uma classe gramatical, ora em outra.  A proposta de estudo deste trabalho inspira-se no paradigma funcionalista, o qual prevê que as estruturas da língua realizam, ao longo do tempo, como assinala Heine et alli (1991), a trajetória espaço > tempo > texto.  Os itens analisados nessa abordagem – os advérbios temporais agora, então, e depois – são vistos como elementos que passam por transformações de sentido e de forma durante o período de tempo que são utilizados, por interferência de fatores de ordem interacional, de freqüência de uso, além de pressões de natureza cognitiva. Dessa forma, os objetos de pesquisa aqui tratados assumem funções diferentes de suas prototípicas, deixando, por vezes, de exercer usos gramaticais e passando a exercer usos mais discursivos, efetuando, assim, a trajetória advérbio > conjunção.

 

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