APORIAS DA VERDADE E DA MENTIRA -
Estudo de caso na literatura

Carlinda Fragale Pate Nuñez (UERJ)

 

Excessos de verdade ou de mentira sufocam a mentira, que requer, para se desenvolver, de medidas preventivas.  Essas medidas são eficazes, quando mascaradas pelos inúmeros elementos da verdade que sagazmente ditos com intenção de enganar.  A verdade desconcerta, porque pode ser imprevisível e irreversível.  A mentira, em contrapartida, é mais flexível, pode tornar-se natural, evidente, até mesmo “humano”, sobretudo se é consolidado por elementos de verdade.  Essa comunicação tecerá comentários sobre a correlação entre os dois conceitos e proprorá um estudo de caso que é fornecido pela trapaça indireta de Iago, na tragédia de Shakespeare (1662).  A personagem maldita refaz a representação bíblica do demônio, referida por João como “pai da mentira” (Jo 8, 44), mas também serve de paradigma para uma estética tributária dos atributos do falso.

 

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