CAIO FERNANDO
ABREU
UMA ESCRITURA EM PALIMPSESTOS
Rodrigo da Costa Araujo (UFF e FAFIMA)
Passados 10 anos da morte de Caio Fernando Abreu (1946-2006), muitas leituras ainda podem ser operadas a respeito de sua produção e, conseqüentemente, sobre o próprio escritor, uma vez que ele, ao escrever, também se escrevia nas entrecenas da escritura, deixando na grafia não só as pegadas de tal prática, como também daquele que a praticou. Desse modo, ao estudarmos neste trabalho o processo de representações da vida, paralelo ao corpo escritural, se levanta e se questiona, no cenário dos textos, um corpo aquém e além do real, porque advindo da ficção, mas que, pelas leituras aqui abordadas, fazem lembrar a imagem-corpo do escritor que se constrói na recepção do leitor em contato com a obra do escritor. Corpo escritural e corpo autoral são os recortes do olhar que (re)constrói o retrato biografêmico e conceitua o que vem a ser a escritura do gaúcho transgressor Caio Fernando Abreu. É nesse espaço intervalar, de imagens que se compõem em resíduos, que é possível pressupor, em reciprocidade, o escritor na escritura, revertendo sab(o)eres biográficos e escriturais – uma leitura vingada nos meandros da sua produção sígnica. O corpus deste trabalho será investigado primeiramente como escritura em palimpsesto e, num segundo momento, como escritura em fragmentos. A semiologia barthesiana insere-se, portanto, como teoria para significar o que o texto diz e como ele faz para dizer o que diz desse viver-escrever, tão marcante em Caio Fernando Abreu.
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