Clíticos acusativo e dativo em português
e o contínuo oralidade-letramento

Gilson Costa Freire (UFRJ)

 

Estudos sobre o português falado no Brasil (PB) vêm demonstrando um significativo decréscimo no uso dos clíticos acusativo e dativo de terceira pessoa, substituídos por outras variantes, tais como pronomes tônicos, SNs anafóricos ou SPs, e por uma categoria vazia. O português europeu (PE), por outro lado, exibe um sistema rico de clíticos de terceira pessoa. Este trabalho procura verificar como se dá a recuperação desses clíticos na escrita brasileira em comparação com sua ocorrência na escrita lusitana, com base em uma amostra constituída de diferentes gêneros textuais das duas variedades, distribuídos ao longo de um contínuo oralidade-letramento. Os resultados apontam consideráveis diferenças entre as duas variedades: embora o processo de escolarização consiga recuperar ambos os clíticos em PB, eles estão em clara competição com as variantes encontradas na fala; no PE, como esperado, eles aparecem como estratégias preferenciais. Finalmente, o trabalho contribui para discutir o modo pelo qual se desenvolve a gramática do letrado e permite algumas reflexões sobre o papel da escola na tarefa de ensinar formas ainda presentes na escrita embora ausentes da fala.

 

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