FIGURAS, TROPOS E METAPLASMOS
NA OBRA DE GONÇALVES DIAS

Maria Lucilia Ruy (USP)

 

O presente trabalho visa à avaliação do uso de tropos, metaplasmos e figuras – bem como de impropriedades, barbarismos e solecismos –, na obra de Antonio Gonçalves Dias, mediante análise de três de suas poesias: I Juca-Pirama, Meu Canto de Morte e Loa da Princesa Santa (doravante IJ-P, MCM e LPS).

A escolha desse escritor se deve, primeiro, ao fato de o mesmo ser um dos maiores representantes – ao lado de José de Alencar – da primeira geração de poetas do Romantismo no Brasil. Segundo, porque sua obra poética – lírica ou épica – enquadrada no tema “povo americano”, incorpora assuntos e paisagens brasileiros. Isso, ao lado da natureza local, o faz discorrer sobre o índio – nosso homem primitivo – que, com suas lendas e mitos, dramas e conflitos, lutas e amores, e sua fusão com o branco, oferece a Gonçalves Dias um riquíssimo mundo de significações.

Investigamos nessas poesias como nosso escritor consegue conciliar esse uso com a manutenção do tema nelas abordado, sem a quebra do ritmo buscado, ou melhor, como ele consegue lançar-mão dessas “mudanças” sem parecer propositada essa busca. E, ainda, se tropos, figuras, metaplasmos, impropriedades, solecismos e barbarismos ocorrem na prática da mesma forma com que gramáticos e retores latinos e gregos – também os filósofos que trataram desse assunto – pensaram que poderiam ocorrer.

Para tanto, dividimos o presente trabalho em duas partes. Na primeira, trataremos sobre a ocorrência – e suas implicações – de tropos e impropriedades, de um lado, e de figuras e solecismos, de outro, em IJ-P e MCM. Na segunda, de metaplasmos e barbarismos, em LPS. Analisamos também quando tais “mudanças” ocorrem incidentalmente – portanto, viciosas – e quando são buscadas – então, virtuosas. E, em decorrência disso, avaliamos com que critérios podemos distinguir vício de virtude.

 

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