MEMÓRIA E GEOLINGÜÍSTICA
O QUESTIONÁRIO SEMÂNTICO-LEXICAL

Irenilde Pereira dos Santos (USP)

 

Nas últimas décadas, observa-se o aumento da produção de atlas regionais, estudos geolingüísticos e monografias dialetais no Brasil. Essas publicações constituem-se em estudos de cunho descritivo do fazer lingüístico em numerosas localidades brasileiras. Além do exame da variação diatópica, logram apontar a designação que os falantes/ouvintes atribuem ao mundo/espaço dito real e, ao mesmo tempo, buscam mostrar como esse mundo/espaço é elaborado e reelaborado pelos falantes/ouvintes, enquanto membros de determinadas comunidades lingüísticas e segmentos sociais, em suas relações intersubjetivas. Constituem-se, portanto, em elementos discursivo-textuais de comunidades lingüísticas e grupos sociais. A investigação do percurso teórico-metodológico desses estudos revela-se significativa, na medida em que contribui para o registro da memória de comunidades lingüísticas brasileiras.

O presente trabalho busca apresentar e discutir o percurso teórico-metodológico da abordagem do componente semântico-lexical em atlas regionais e estudos geolingüísticos brasileiros. Com base em Swiggers (1990), visa a explicitar a dimensão do conhecimento lingüístico dentro de um determinado contexto. Considerando que pretende investigar a trajetória e conseqüentes mudanças ocorridas na abordagem semântico-lexical, parte do exame do questionário semântico-lexical – QSL, instrumento largamente utilizado na coleta de dados semântico-lexicais em Geolingüística. Enfoca a constituição, formulação e, principalmente, as diversas possibilidades de respostas, as quais correspondem às ocorrências atribuídas aos falantes/ouvintes de uma dada comunidade lingüística. Essas ocorrências, relacionadas a cada pergunta, item ou questão, encontram-se visualizadas nas listas e cartas. Acrescentam-se informações relativas ao uso de uma dada forma e/ou o contexto de fala, presentes em alguns trabalhos.

 

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