o
discurso
da alteridade
através
da técnica do
discurso
indireto livre
em
Vidas
secas
Evanete Barboza de
Lima (UERJ)
A
construção do
ponto de
vista narrativo em
Vidas
secas (Ramos,
1986) se realiza a
partir de uma
rápida
oscilação do narrador, ora no interior, ora no
exterior das
personagens.
Segundo Rui
Mourão,
com
esse
contraste
sutil,
mas
constante, a
banalidade da
visão de
mundo dessas
figuras acaba saltando à
vista do
leitor, e a
visão
crítica do narrador se coloca
sem a
necessidade de
julgar explicitamente
suas
criaturas. A
escolha desse
registro
ajuda a
instaurar a
superposição –
quase
confusão – dos
planos do narrador e das
personagens (Mourão,
apud Bueno, 1997). A
obra,
além de
apresentar
foco narrativo
em
terceira
pessoa, é tecida a
partir do
discurso
indireto
livre, no
qual se tem a
fusão do "eu" da
personagem e do narrador.
Conforme os
comentários de Fábio Freixeiro
em “O
estilo
indireto
livre
em Graciliano
Ramos”,
pela
primeira
vez, nesta
análise,
esse
estilo serve
não
mais ao
pensamento, ao
estado
mental da
personagem,
linguagem de
seu
cérebro
rudimentar,
mas à
expressão
sensível da
sua
própria
linguagem.
Segundo Maingueneau, há no
discurso
indireto
livre uma
mistura
tão
perfeita de
vozes (narrador e
personagem)
que
não se pode
dizer
que
palavras pertencem a
quem.
Assim, o
objetivo deste
trabalho é
repensar, a
partir das fontes citadas, o
discurso da
alteridade
através da
técnica do
discurso
indireto
livre
em
Vidas
secas.
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