Vestígios de línguas pré-célticas
nas ilhas britânicas

João Bittencourt de Oliveira (UERJ/UNESA)

 

Esta comunicação pretende apresentar e discutir os resultados de pesquisas antigas e recentes sobre os vestígios de línguas pré-célticas nas Ilhas Britânicas. Conforme já salientamos em trabalhos anteriores, essas ilhas foram palco de inúmeras invasões. Os celtas haviam se estabelecido na região durante vários séculos antes da invasão dos romanos em 55 a.C. Os saxões, que habitavam a área entre o rio Reno e toda a região correspondente atualmente à Dinamarca, provavelmente conquistaram a ilha em dois estágios. No primeiro, que se inicia por volta de 449 a.D., desbravaram impetuosamente a atual Grã-Bretanha em sucessivas ondas de ataques e saques. Aportando seus barcos ao longo dos rios navegáveis, cruzaram as ilhas alcançando o Mar Ocidental e regressando pelas estradas que os romanos haviam construído para se defenderem (por ironia, seis séculos mais tarde os Normandos utilizaram essas mesmas estradas para a conquista dos anglo-saxônicos). No segundo estágio, que se inicia pouco depois e se estende até o final do século V, grupos oriundos da região correspondente ao atual norte da Alemanha chegaram para colonizar, cultivar e comercializar.

Os antigos britônicos, sem dúvida, possuíam tradições relacionadas às suas origens e passado histórico. Porém, os guardiões mais influentes desse conhecimento, os druidas, foram massacrados pelos romanos nos primeiros anos da conquista (que durou cerca de quatro séculos). A Irlanda, entretanto, permaneceu fora do alcance do poderoso Império Romano. Ali, uma comunidade druídica logrou relativo sucesso em preservar e transmitir seus conhecimentos de outrora.

Evidências irrefutáveis da sobrevivência de línguas pré-célticas na região provêm do norte da Grã-Bretanha e seus últimos guardiões foram os pictos.

 

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