NOMENCLATURA AUTO-EXPLICATIVA

Francisco Dequi (FATIPUC)

 

INTRODUÇÃO

A nomenclatura tradicional recomendada pela Academia Brasileira de Letras está infestada de incoerências e de equívocos que prejudicam muito a apreensão dos fatos gramaticais. Ela foi estruturada por notáveis, é verdade, mas que estavam afastados das atividades docentes, o que não a fez ser pedagógica e objetiva. Veja-se, por exemplo, a dualidade e a redundância nomenclaturais adotadas oficialmente: uma para a morfologia e outra para a sintaxe. Advérbio  / adjunto adverbial, adjetivo / adjunto adnominal.

O Centro de Estudos Sintagramaticais, há muito, vem propondo um esquema nomenclatural natural, lógico e auto-explicativo que deixe transparente a taxionomia das palavras e a sua dinâmica no estruturar textos. Para que a nomenclatura tenha essa característica e essa função, terá que se alicerçar nos binômios NOME/VERBO e DETERMINANTE /DETERMINADO, isto é, seguirá as orientações básicas da Sintagramática e da Carta Magna da Língua Portuguesa.

Alguém, um dia, inexplicavelmente, chamou de "substantivo" a palavra que nomeia seres reais ou imaginários. Veja-se, palavra que "nomeia" os seres ... por que não chamá-la de "nome"? O caminho não seria mais direto e mais curto? E mais: chamam de "pronome" a palavra que, na fórmula da oração, substitui o "substantivo". Por que, então, não chamá-lo de "pró-substantivo"? E creiam: a palavra que acompanha o nome classificam como "pronome" ao invés de "adnome". Tudo isso sugere que a nomenclatura lógica e precisa para o dito "substantivo" seria indubitavelmente "nome".

O determinante máximo do nome 1 da fórmula da oração batizou-se como "verbo", nomenclatura justa, pois "verbum", no Latim, significa palavra, o vocábulo que DIZ algo do nome 1, sendo-lhe determinante máximo. Realmente, verbo é a palavra que diz.

Aí estão os dois pilares da linguagem humana: nome e verbo. Em torno desses dois núcleos tecem-se as periferias dos determinantes: adnomes e advérbios, complementos nominais e complementos verbais. Tudo numa lógica natural, tudo postado dentro da fórmula da oração normal. Mas nossa gramática parece que não quis ser natural e simples. Estruturou-se dentro de um projeto complexo e ditatorial, imposto - feito para ser decorado e não compreendido. Urge ajustar!

 

Sintagramática

Sintagramática é a gramática pedagógica moderna que conduz o estudioso à identificação dos pólos determinante e determinado. Classifica todas as palavras através do critério sintático. Para dinamizar, visualizar e informatizar suas demonstrações, a sua didática utiliza símbolos visuais, códigos gráficos, chamados "sintagramas". Sua linguagem visual mostra a referência e a coesão das palavras na formação dos textos. Tem como objetivo levar a compreender a gramática viva que comanda a arquitetura dos nossos textos.

 

Fórmula da oração

Fórmula da oração é a representação básica da estrutura de uma frase normal da linguagem humana. Considera-se oração normal a frase estruturada com nome 1 + verbo 2 + nome 3 + nome 4.

Pela fórmula da oração, é possível perceber também que qualquer NOME pode ser determinado por um termo 5 (adnome ou complemento nominal), formando o grupo nominal que pode ocupar qualquer das posições reservadas ao nome.

Sintagramas são convenções visuais e gráficas que auxiliam a interpretar as funções sintáticas dos termos da oração. Basicamente são três setas com corpos diferentes.

 

Sintagrama essencial

O sintagrama essencial (seta dupla) aplicado no texto INTERPRETA e nos diz quem é o nome 1 e quem é verbo 2; quem é o determinado e quem é o determinante; quem é o sujeito e quem é o predicado. Deixa claro ainda que os pólos ligados pela seta dupla são termos essenciais e se sua colocação está na ordem direta (determinado + determinante) ou, na ordem indireta (determinante + determinado).

A seta essencial aplicada no texto nos INFORMA os fatos gramaticais acima mencionados. O analista, ao interpretar o texto através dos sintagramas, pode também INFORMAR a sua visão gramatical a outrem. Ou seja, os sintagramas servem para INFORMAR nossa interpretação, ou para SERMOS INFORMADOS da interpretação de outrem sobre o texto.

Enfim, a seta essencial sempre nasce do verbo e incide sobre o nome 1 (sujeito) ou sobre seu representante.

 

Sintagrama integrante

O sintagrama integrante (seta simples, mas compacta) serve para INFORMAR que o determinante é complemento da palavra apontada; que é termo regido e necessário para expressar a mensagem que se tem em mente. Daí o traço simples, mas compacto, forte.

 

Sintagrama acessório

O sintagrama acessório (Seta simples, mas pontilhada, fraca) INFORMA que o determinante é adnome ou advérbio. Ambos são secundários, não regidos. Daí a seta acessória ser pontilhada e fraca.

 

Sintagrama do predicativo

O predicativo é um termo pós-verbo-de-ligação. Injeta determinância importante no nome apontado. Daí o corpo integrante de sua seta. Por ser mediado por verbo de ligação, faz, nessa palavra, um ponto de pouso, e, só depois, ruma para o seu determinado.

 

Sintagrama da coordenação

O sintagrama da COORDENAÇÃO liga termos que não formam pólos determinante / determinado. Anexa peças equivalentes entre si. Mostra que um pólo não é subordinado a outro.

 

Sintagramas de abrangência

O Centro de Estudos Sintagramaticais utiliza, além dos sintagramas básicos, alguns sintagramas auxiliares, como os da regência, da elipse e dos conectivos.

Servem para delimitar um termo, ou seja, mostram, qual o conjunto de palavras que constituem o determinante global, e que devem ser consideradas como um todo.

 

Interpretação por código numérico

Para analisar e interpretar a estrutura oracional, a Neodidática utiliza também convenção numérica fixa. Esta técnica, além de ser sintética, possibilita exercícios sintáticos e interpretativos no próprio texto. Daí sua importância pedagógica.

  • O código 1 sempre lembra o nome-sujeito ou seu representante;
  • O código 2 sempre identifica o verbo (simples ou composto);
  • O código 3 sempre marca o termo pós-verbal (regido ou importante);
  • O código 4 sempre revela circunstância adverbial;
  • O código 5 sempre mostra que este determinante é periferia do nome (adnome, ou complemento nominal, ou nome-adnome = aposto);

 

Grande utilidade pedagógica

O domínio da linguagem sucinta dos sintagramas e dos códigos numéricos possibilita a realização de variados e modernos exercícios lúdicos e informatizados. Por isso, vale a pena reter esses símbolos e essa linguagem visual. Além disso, suas convenções ensejam analisar, interpretar qualquer texto pela simples superposição de sintagramas ou de números nas palavras ou nos conjuntos de palavras, sem esfacelar os textos.

Por exemplo, um professor pode entregar um simples panfleto publicitário a seus alunos e solicitar-lhes que apliquem os códigos numéricos em todas as palavras ou em determinados conjuntos de palavras por ele definidos. Ao realizar a tarefa, o aluno é levado a fazer uma verdadeira análise sintática, o que, na verdade, é uma interpretação objetiva. Ao escrever uma oração no quadro negro e aplicar nela sintagramas e solicitar que os alunos descubram um desses gráficos que intencionalmente o mestre aplicou de forma inadequada, verá a turma concentrada procurando o erro da análise. O aluno, para chegar a uma conclusão, é levado ao raciocínio, à releitura e à interpretação. Tudo pode ser feito de maneira rápida e em linguagem sucinta dos sintagramas ou dos códigos numéricos.

 

Forma do determinante e do determinado

A fórmula da oração serve para introduzir qualquer lição gramatical ligada à sintaxe ou à toxionomia das palavras. A posição 1 dessa fórmula pode ser ocupada por um nome, por um grupo nominal, por uma oração reduzida ou por uma oração desenvolvida.

A gramática tradicional classifica o nome 1 da oração com a nomenclatura "sujeito". Não há no CES a preocupação em substituir essa classificação, mas apenas em sugerir a nomenclatura mais coerente e fácil que leve realmente a compreender o fato gramatical. Portanto, deve-se aceitar as duas: sujeito, ou nome 1. Por incrível que pareça, a taxionomia de "nome 1" transmite a importância que tem esse nome - sujeito, pois é aí que cai toda a determinância do verbo e seus determinantes.

 

Forma do determinante máximo - verbo 2

O verbo, o determinante máximo dentro da oração, pode apresentar-se na forma simples (cantei), ou na composta (tenho cantado), ocupando a posição 2 da fórmula da oração. O verbo, para revelar sua subordinação e determinância dirigida ao nome 1, efetua concordância verbal com esse sujeito. Os instrumentos de concordância são as terminações chamadas de "desinências". Os sintagramas são hábeis demonstradores desses fatos sintáticos.

 

Nome 3

O nome 3, o complemento verbal, preposicionado ou não, igualmente pode apresentar-se numa das quatro formas: palavra, grupo nominal, oração reduzida, ou oração desenvolvida.

 

Predicativo 3 = nome ou adnome natos

O determinante predicativo, sendo pós-verbo de ligação, ocupa igualmente a posição 3 da fórmula da oração. O titular determinante desta posição 3, pós-verbo de ligação, pode ter forma de palavra, grupo nominal, oração reduzida, ou oração desenvolvida. Além disso, se for palavra, esta pode ser um nome nato (substantivo do dicionário), ou adnome nato (adjetivo dicionarizado).

 

Nome 3 – agente da passiva

O nome agente da voz passiva também é ocupante da posição 3 da fórmula da oração. Entretanto, é inviável apresentar-se nas formas de oração, pois frases não praticam ação.

 

Nome 4 – advérbio

O nome 4 é advérbio, o determinante que expressa uma circunstância de lugar, tempo, modo ... sempre dirigida ao verbo, o que justifica a nomenclatura de "advérbio", junto do verbo. Este termo 4 - de fundo nominal - pode apresentar-se numa das quatro formas: palavra, grupo nominal, oração reduzida, ou oração desenvolvida. Quando tiver forma de palavra (nome ou pronome real ou fossilizado), introduz-se por preposição pura ou por introdutor zero; quando se apresentar em forma de grupo nominal, inicia-se por preposição; quando tiver forma de oração reduzida, terá introdutor zero ou uma preposição; quando possuir formato de oração desenvolvida, começa com conjunção adverbiativa e seu verbo apresentar-se-á numa forma finita (conjugada).

 

Determinantes - nome 5 ou adnome 5

Finalmente, o determinante 5, que pode ser acessório ou integrante: adnome, complemento nominal, ou nome-adnome - os três possuidores de quadrimorfia.

 

Nomenclatura pedagógica

A nomenclatura será pedagógica e auto-explicativa se realmente expressar com precisão o fato gramatical e se derivar dos dois pólos da língua: nome e verbo. Os sintagramas sempre apontarão para um desses dois pilares e daí nasce a classificação lógica baseada em critério sintático.

A nomenclatura completa é, pelo mínimo, bifacial: traduz o aspecto sintático e o aspecto semântico. Quando se diz "pronome", está-se dizendo "no lugar do nome". É o aspecto sintático que se está mencionando. Quando se diz "possessivo", está-se destacando o aspecto semântico da palavra focalizada, pois se salienta o significado adicionado à palavra determinada.

 

NOMENCLATURA AUTO-EXPLICATIVA
Nomenclatura Sintática Genérica
– determinante / determinado

Qualquer termo que explica, completa, circunstancia ou predica uma palavra subordina-se a essa palavra e a determina. Daí o surgimento da nomenclatura bipolar e genérica "determinante / determinado". Essa antítese é também bifacial, pois possui simultaneamente papel sintático e semântico. Ao mesmo tempo em que aponta com quem se relaciona (sintaxe), injeta, nesse determinado, carga significativa (semântica). Portanto, sempre que, na linguagem dos sintagramas, virmos uma seta, tenha-se a certeza de que, na ponta da seta, estará o determinado (nome ou verbo), e, na extremidade cega, estará o determinante.

 

Nomenclatura específica

Obviamente, uma nomenclatura gramatical coerente, objetiva e lógica funciona como pré-requisito para a exposição e explanação claras do projeto ora debatido. A Carta Magna da Língua Portuguesa traz o roteiro básico para uma gramática objetiva, lógica, clara e pedagógica voltada à docência do nosso idioma. O livro Bases Gramaticais Multilíngües, da página 35 à 41, apresenta acessível síntese sobre um projeto ideal para nomenclatura gramatical.

A taxionomia será coerente e pedagógica se traduzir, com justeza, a estrutura e o funcionamento da língua e se levar à compreensão dos fatos gramaticais.

Vimos assim que a Neodidática utiliza dois binômios nomenclaturais básicos: nome / verbo e determinante / determinado. Nome e verbo são os dois pólos onde incidem quase todos os determinantes dos textos. Quase todas as setas rumam para um desses núcleos. Tal binômio constitui a base para estabelecer uma nomenclatura mais específica, mais particularizada.

Assim, revisando, podemos dizer que determinante e determinado é nomenclatura genérica e sintático-semântica, que lembra simultaneamente o referente e o referido. Na ponta de qualquer seta, sempre estará o determinado e, na outra extremidade, o determinante. Desta forma, o binômio nome/verbo cria o fundamento para a nomenclatura mais específica.

 

Nome

Definição sintática: NOME é a palavra que ocupa ou pode ocupar a posição 1 da fórmula da oração e tem ou pode ter determinantes concordantes.

Do núcleo NOME podem derivar as nomenclaturas coerentes como estas:

Pronome:

Mara veio? – Sim, ELA veio.

Adnome:

O MEU carro ESPORTIVO é potente.

Complemento nominal:

Fizeste alusão A UM ERRO.

Regência nominal:

A confiança EM Deus continua em mim.

Concordância nominal ou adnominal:

AS atentAS alunAS contratadAS chegaram satisfeitAS.

Grupo nominal:

TODAS AS PESSOAS PRESENTES o viram.

Oração adnominal:

O monstro QUE VIMOS não era assim.

Oração nominal:

Pressentimos QUE ELES SE RECUSARIAM.

Portanto, nome é uma das duas nomenclaturas básicas utilizadas pela Sintagramática. Dele derivam as nomenclaturas periféricas.

 

Verbo

Definição sintática: Verbo é o ocupante da posição 2 da fórmula da oração. É o determinante essencial do nome 1. É o núcleo sintático da predicação dirigida ao nome-sujeito. Semanticamente expressa ação, ou fato. Se for apenas copulativo, será vazio de significação e funciona como simples verbo de ligação. Mesmo nestas condições de mero verbo de ligação, funciona como líder sintático do predicado, pois lhe cabe apresentar internamente as marcas modo-temporais e os instrumentos da concordância verbal; incumbe-lhe também receber os determinantes complementos verbais e os advérbios em qualquer de suas quatro formas.

Do núcleo VERBO podem derivar as nomenclaturas coerentes como estas:

Advérbio:

Completaste o trabalho NA SEMANA PASSADA.

Complemento verbal:

Fizemos UM BOM NEGÓCIO.

Regência verbal:

Todos dependemos DE você.

Concordância verbal:

Os dois atletas FORAM felizes.

Portanto, o verbo é a segunda nomenclatura básica utilizada pela Sintagramática. Dele derivam as nomenclaturas periféricas.

Eis aí os pólos da nomenclatura fundamental da gramática objetiva, coerente e nitidamente pedagógica. Veja-se também a nomenclatura de outras palavras que podem entrar na estruturação de textos:

 

Preposição

Preposição é palavra essencialmente INTRODUTORA de determinantes em qualquer das quatro formas. Onde há uma preposição, há o começo de um determinante. Pode posicionar-se também antes de conjunção integrante ou de pronome relativo que igualmente são introdutores de determinantes. Entretanto, estes têm forma de oração desenvolvida.

 

Conjunção

Conjunção é palavra introdutora de determinante em forma de oração desenvolvida adverbial ou nominal. Conjunção adverbiativa é a que introduz oração adverbial; conjunção nominativa (integrante) é a que introduz oração nominal (substantiva). O determinante encabeçado por conjunção terá inevitavelmente forma de oração desenvolvida. A conjunção, além de ser introdutora do determinante constitui indício claro que esse determinante tem forma desenvolvida.

 

Conectivo coordenativo

Conectivo coordenativo, ou simplesmente conectivo, liga termos equivalentes em qualquer das quatro formas, sem fazê-los determinante / determinado um do outro. Liga, portanto, palavras, grupos nominais, orações reduzidas ou orações desenvolvidas.

A rigor, somente existem dois tipos de conectivos coordenativos: os aditivos e os alternativos.

 

Assintagmas

Assintagmas são palavras, expressões, ou conectivos sem número posicional dentro da fórmula da oração. Funcionam como simples introdutor ou como expressão emotiva. Seu sintagrama (seta com a ponta cortada) e seu número posicional zero (0) traduzem essa sua característica.

Rui, Marina e Aurélio confiam em você.

OBS.: A preposição pura considera-se assintagma, com número posicional zero e sete cortada. Entretanto, se estiver combinada, normalmente adota o código posicional 5.

 

Nomenclatura semântica

Até aqui vimos estrutura nomenclatural estribada na sintaxe. Saiba-se, entretanto, que os determinantes adicionam algo semântico ao determinado, ampliando ou alterando o seu significado. Por isso, quase toda nomenclatura sintática se faz acompanhada também de nomenclatura que salienta o aspecto SEMÂNTICO. Daí...

 

Adnome

ADNOME: nomenclatura sintática. + ????? nomenclatura semântica). Observe-se:

Adnome definidor:

O garoto cumprimentou AS meninas.

Adnome indefinidor:

UM garoto cumprimentou UMAS meninas.

Adnome possessivo:

TEU anel é mais caro que AQUELE relógio.

Adnome demonstrativo:

ESTE anel é mais caro que AQUELE relógio.

Adnome interrogativo:

QUAIS casas e QUANTAS assinaturas...?

Adnome numeral cardinal:

DOIS homens contribuíram.

Adnome numeral ordinal:

O QUINTO lugar ficou com você.

Adnome qualificativo:

A casa BRANCA tem chaminé REDONDA.

Adnome relativo:

O carro de CUJA cor falaste é novo.

Observe-se como realmente a primeira nomenclatura diz respeito à sintaxe e a segunda liga-se à semântica.

 

Pronome

PRONOME: No aspecto sintático, pronome é a palavra que substitui o nome na fórmula da oração (pro = no lugar de). O pronome igualmente pode trazer matizes semânticas (possessivo, demonstrativo, etc.).

Pronome indefinidor:

Vimos TUDO. Não cremos em NINGUÉM.

Pronome possessivo:

A minha caneta é azul. A TUA é vermelha.

Pronome demonstrativo:

Esta caneta é azul. AQUELA é vermelha.

Pronome interrogativo:

QUEM te contou isso? QUAL é teu irmão?

Pronome numeral cardinal:

CINCO vieram. DOIS desistiram.

Pronome numeral ordinal:

O TERCEIRO é melhor.

Pronome qualificativo:

Os dois são bons. O BRANCO parece melhor.

Pronome relativo:

O material QUE comprei tem defeito.

Pronome Relativo: introdutor bivalente que encabeça oração adnominal e representa o nome antecedente na nova oração.

Assim, substituir um nome é exercer papel sintático, e tipificar o significado é dar seu matiz semântico.

Como classificar o tradicional artigo que antecede os pronomes como:

A minha é nova.
Os três foram premiados.
O novo é caro.

A simplificação aconselha que se continue classificando esse determinante como adnome - seria um adnome do nome substituído. O conjunto continua sendo considerado grupo nominal.

 

Advérbio

ADVÉRBIO: Palavra que se junta ao verbo adicionando circunstâncias. Portanto, o advérbio também pode ser classificado com adendo semântico e apresentar-se sob uma das quatro formas: forma de palavra, forma de grupo nominal, forma de oração reduzida ou forma de oração desenvolvida. Observe-se:

Advérbio de lugar:

AQUI pintam-se carros.

Advérbio de tempo:

ONTEM percebi o equivoco.

Advérbio de modo:

O proprietário quis ASSIM.

Advérbio de dúvida:

TALVEZ, eles não exijam tanto.

Advérbio de quantidade:

Todos falaram POUCO.

Advérbio de afirmação:

SIM, nós também o compramos.

Advérbio de negação:

Os sócios NÃO o quiseram fora do clube.

Advérbio de aprovação:

O chefe postou-se FAVORAVELMENTE.

Advérbio de oposição:

O chefe postou-se CONTRARIAMENTE.

Advérbio de causa:

Reforçou a segurança POR CAUSA DE TI.

Advérbio de finalidade:

Falou assim A FIM DE ATINGIR-ME.

Advérbio de condição:

SEM ESTA CARTELA, não ingressarás.

Advérbio de concessão:

APESAR DAS FALHAS, foi aceito.

Advérbio de modo:

Contratou-o CONFORME A LEI.

Advérbio de comparação:

Estudou menos DO QUE SUA IRMÃ.

Advérbio de meio:

Conquistou-os POR MEIO DE NOTAS BOAS.

Advérbio de conseqüência:

Lutou tanto QUE VENCEU.

Advérbio de preço:

Comprou-a POR TRÊS REAIS.

Advérbio de assunto:

Escreveu SOBRE A BOMBA ATÔMICA.

Advérbio de proporção:

À PROPORÇÃO QUE OS DIAS PASSAVAM,
a firma solidificava-se.

Sem dúvida, nos advérbios também a boa nomenclatura é bifacial. Menciona o aspecto sintático (advérbio) e o aspecto semântico (o do significado injetado).

 

CONCLUSÃO

A nomenclatura objetiva, coerente e clara funciona como grande auxiliar de compreensão do fato gramatical. Ela somente será pedagógica se for auto-explicativa. Se alguém nomenclaturar um termo como “complemento nominal”, dispensará qualquer explicação. A nomenclatura é clara e diz tudo.

Caso alguém classifique “aos jogos” da oração

“Os meninos favoráveis aos jogos ficam à esquerda.”

como sendo um complemento adnominal, teria que dar mais explicações? Ou a nomenclatura é suficientemente clara?

Se um analista nomenclaturar “da escola” da oração

“Esses anjinhos moram longe da escola.”

como sendo um complemento adverbial, teria deixado dúvidas? Ou a nomenclatura informa tudo com nitidez e objetividade?

O absurdo é classificar como advérbio, por exemplo, o que se vê que advérbio não é; chamar de pronome o que acompanha o nome. Onde ficaria a lógica da gramática?

A divisão do ensino sintático em “análise sintática interna e análise externa” duplicou o trabalho do docente e complicou o aprendizado do aluno. Evidentemente, melhor seria trabalhar com a quadrimorfia dos determinantes que adota um único processo fazendo desaparecer a mencionada divisão interna e externa.

Que se quer com essa sugestão de nomenclatura auto-explicativa? Que um dia seja aprovada e adotada?

Não alimentamos esta esperança. Queremos apenas contribuir para a melhoria do nosso ensino. Assim, mesmo que essa nomenclatura objetiva e altamente pedagógica não seja adotada, ela sempre abrirá os olhos dos pesquisadores, sempre despertará o espírito crítico, sempre levará a refletir sobre os fatos gramaticais nomenclaturados com nova visão fazendo emergir as atuais incoerências da nomenclatura oficial. Por isso, sempre nos sentiremos recompensados.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DEQUI, Francisco. Bases gramaticais multilíngües – Português. Canoas: CES, 2004.

––––––. Carta magna da língua portuguesa. Canoas: CES, 2006.

––––––. Interpretação objetiva. Canoas: CES, 2006.

––––––. Neopedagogia da gramática – 18 teses surpreendentes. Canoas: CES, 2006.

––––––. Português – Fono-orto-morfo. 5ª ed. Canoas: CES, 2002.

––––––. Projeto pequeno pesquisador. Canoas: CES, 2006.

––––––. Redação por recomposição. 12ª ed. Canoas: CES, 2002.

––––––. Sintagramática – Identificação de determinantes e determinados. 5ª ed. Canoas: EDIPUC, 2001.

––––––. Sintagramática. 6ª ed. Canoas: CES, 2002.

––––––. Verbo diagramado. 7ª ed. Canoas: CES, 2002.