GLOSSÁRIO
DA ANTOLOGIA DE ALBERTO DE OLIVEIRA
PARA O SESQUICENTENÁRIO
Camillo Cavalcanti (UFRJ e UFF)
FONTES
Alberto de Oliveira (1857-1937), o maior parnasiano brasileiro, estaria fazendo 150 anos, portanto, trata-se de um Sesquicentenário a ser comemorado. Em sua obra, encontram-se referências a Ferreira de Araújo, Banville, Henrich Heine, Sainte-Beuve, Gonçalves Crespo e Artur de Oliveira (em Meridionais); Souza Macedo e Petrarca (em Sonetos e poemas); Raimundo Correia, Valentim Magalhães, La Barra, Sully Prud'homme (em Versos e rimas); Afonso Celso Jr. (em Por amor de uma lágrima); Shakespeare e Calderón (em Livro de Ema); Mégnin, Antônio Vieira, Leconte de Lisle e Baudelaire (em Alma livre); Magalhães de Azeredo e Burger (em Terra Natal); Virgílio (em Alma em flor); Camillo Castelo Branco (em Flores da serra); Augusto de Lima e Machado de Assis (no pórtico de Poesias, 3ª série); Haydée (em Céu noturno), Antero de Quental, Antônio Vieira [bis] e Augusto de Lima [bis] (em Sala de baile); Jorge Jobim, Maria Eugênia Celso, Bedros Tourian, Francisco Villaespesa, Camillo Castelo Branco [bis], Amado Nervo, e Olavo Bilac em (Alma e céu); Olavo Bilac [bis], e Índio do Brasil (em Câmara-Ardente); Aluísio de Castro, Medeiros e Albuquerque, Victor Hugo e José de Morais Silva (em Póstuma), além de um espantoso domínio da cultura greco-romana (mitologia, poesia, oratória etc.)
Os depoimentos de Alberto de Oliveira, de outra sorte, indicam fontes predominantemente brasileiras, principalmente quando de suas primeiras leituras na biblioteca de Itaboraí, como se entende do trecho de “Começo de vida”:
Decorrem dois anos depois de eu deixar a escola[,] e minha família muda-se para Itaboraí. Foi na biblioteca pública do município de Joaquim Manoel de Macedo que começou de formar-se em mim o gosto da leitura, principalmente da leitura de versos. Aí suspirava saudades da infância deixada no Palmital [de Saquarema], lendo Casimiro de Abreu e Gonçalves Dias, acendia-se-me a imaginação folheando Álvares de Azevedo e Varela, corria os olhos por Magalhães e Porto Alegre... Castro Alves creio não estava ainda publicado ou não o possuía a biblioteca. (Oliveira, 1979: III, 222)
Antes de Itaboraí, os estudos primários lhe deram leitura da mitologia grega e de Camões, que, a despeito da má administração dos versos nas aulas, tornou-se o poeta mais admirado por Alberto de Oliveira em nossa língua.
A entrevista concedida a Prudente de Morais, neto, também é bastante esclarecedora das leituras do grande parnasiano, mormente após o período de formação acadêmica:
– Quais foram as influências que o senhor recebeu no começo?
– Diversas. Gonçalves Crespo, Teófilo Braga, Junqueiro, Baudelaire, Hugo, Heine, Copée, Banville, Sully Prod[']homme... Li também algumas daquelas epopéias portuguesas... Ulisséia, Málaca Conquistada, Viriato Trágico...
– Data daí seu gosto pelos estudos de português?
– Não. Esses estudos vêm de 1900 para cá e foi João Ribeiro quem me despertou a curiosidade por tais assuntos, quem me educou no gosto dos clássicos. Naquele tempo, eu não sabia colocar pronomes...
– Quais são os seus escritores preferidos?
– Dos nossos poetas, Gonçalves Dias, Castro Alves, Fagundes Varela, principalmente o primeiro, por sua correção de linguagem. Em Varela admiro o cunho de nossa natureza, que tão se reflete em suas páginas. Em Castro Alves, a imaginação, os surtos geniais, o vigor...
Dos nossos prosadores, merece-me predileção Machado de Assis, que é também excelente poeta.
Dos de fora, Calderón, Campoamor, Zorilla, na Espanha; Petrarca e Dante, na Itália; Shakespeare, Byron, Shelley, Keats e Robert Burns, na Inglaterra; Heine e principalmente Goethe na Alemanha. (Oliveira, 1979: III, 295-296)
É uma bibliografia invejável – seja dito. O maior estímulo para a sua poesia vinha de José Mariano de Oliveira, seu irmão, poeta também, que incitava o caçula Antônio (nome de batismo de Alberto, ainda secundarista), a escrever versos como forma de participar do círculo literário que em sua casa de estudante acontecia, entre gente universitária.
A notícia “Ouvindo o Príncipe dos Poetas Brasileiros” revela mais alguns nomes que influenciam a formação intelectual e, por isso, o seu estro: “ao lado de Baudelaire, ele ama Haine, Gautier, Vigny, Musset, Chernier” (Oliveira, 1979: III, 305).
O POETA E O PÚBLICO
Quando da estréia de Alberto de Oliveira nos jornais do Rio de Janeiro, o editor Ferreira de Araújo, da Gazeta de Notícias, vislumbrando o talento do grande poeta, convidou-o para aumentar sua participação no jornal e para a publicação posterior de seus poemas em forma de livro.
Foi então que o volume de Canções Românticas (1878) chegou às principais livrarias. O apuro formal do grande mestre do Parnaso romântico já se afirmava desde então. Entretanto, há uma violenta surpresa quando se sabe que nosso poeta-ourives disse:
Dei meus versos a ler ao Fontoura [Xavier], que descobriu dois ou três quebrados e me falou em tratado de versificação. "Tratado de versificação, que é isso?" – Se você não conhece metrificação, como faz esses versos?" – "Faço-os de ouvido" (Oliveira, 1979: III, 295)
A partir dessa declaração, alguns chavões, que não refletem mais do que inverdades, podem ser desfeitos em favor de uma reformulação de juízos a respeito de Alberto de Oliveira: onde está o esmero da forma esquadrinhada em normas versificatórias? Não é de hoje que a crítica nacional se arrisca em palpites, que não encontram, após uma reflexão, nenhuma sustentação:
– [...] Não haveria nisso, no seu caso, ao menos uma sugestão de Shelley?
– Por essa época, eu ainda não conhecia Shelley. Só mais tarde o li, quando alguém, escrevendo sobre um livro meu, disse: "O senhor Alberto de Oliveira, que percorre Shelley com mão diurna e noturna..." Foi essa frase que me deu curiosidade de ler o grande poeta. (Oliveira, 1979: III, 294)
Em 1879, Machado de Assis (1942), consagrado nome das Letras, publica o artigo “A Nova Geração”, publicado na Revista Brasileira. De importância cabal para a consolidação das novas tendências poéticas, as palavras de Machado de Assis, respeitadas pelo público leitor, davam boas-vindas aos jovens poetas, que, em geral, tentavam soluções estéticas para além do sentimentalismo chavão, desgastado desde os protestos avant la lettre de Álvares de Azevedo contra o sentimentalismo piegas.
TEMA GREGO
Pode-se facilmente ratificar que as temáticas predominantes, na obra de Alberto de Oliveira, formam um tripé: natureza, erotismo, memória (esta, muitas vezes, articulada com os outros dois). A análise vocabular, englobando, portanto, a temática, demonstra claramente que o repertório de helenismo, paganismo e demais arqueologismos fantásticos ocupa pouco espaço, considerando-se os outros três relevos já mencionados. Como disse Sânzio de Azevedo, com muita propriedade: “textos assim, porém, acompanhando de perto o Parnasianismo francês, não são muito comuns na obra do autor, como se pensa” (Azevedo, 2004: 470). Por exemplo, em nível contável, se Por amor de uma lágrima for lido como um só poema de doze partes, há cento e trinta e cinco poemas na Primeira Série de Poesias, englobando Canções Românticas (1878), Meridionais (1884), Sonetos e poemas (1885) e Versos e Rimas (1894) – que respondem, segundo a crítica, pelo momento “mais parnasiano” do poeta, no sentido de, entre outras características, ser o período mais inclinado à mitologia greco-romana. E, de fato, assim acontece, mas numa ínfima dimensão, ao contrário da habitual caracterização do poeta pela crítica que, em sua quase totalidade, afirma uma “predominância de temas da cultura greco-romana”, sentença elaborada de diversas formas segundo a bibliografia. Isto porque, dos cento e trinta e cinco poemas da “fase” mais parnasiana e pagã da poesia de Alberto de Oliveira, apenas vinte e três possuem alguma menção a ícones de cultura não-cristã (note-se que nem todos esses vinte e três poemas trazem a mitologia grega ou qualquer outra como tema principal), dentre elas, do Egito Antigo, da Mesopotâmia, do Oriente e da própria Grécia ou Roma: a) “Aparição nas águas”, de Canções Românticas; b) “Sabor das lágrimas”, “A volta da galera”, “A uma artista”, “Afrodite”, “Velha página”, “Vida nova”, de Meridionais; c) “A Galera de Cleópatra”, “Estátua”, “Galatéia”, “Manto real”, “Que venha o inverno desflorindo a entrada”, “Siringe”, “Lendo os antigos”, “Titânia”, “De volta do circo”, “A lagarta”, de Sonetos e poemas; d) “Nova Diana”, “A taça de Hafiz”, “A um amigo”, “Jóia perdida”, “Paganismo”, “O sonho de Titânia”, de Versos e rimas.
É mister destacar que muitos destes poemas apresentam alguma imagem de culturas antigas de modo incidental, periférico ou breve, ilustrando um aspecto sensível, o mais das vezes visual, de figuras poéticas coevas do sujeito lírico – qual um hibridismo enriquecedor das imagens, sugestionado pela referência e pela “reminiscência” projetada, adivinhada e idealizada do eu-lírico. É o caso, por exemplo, de “De volta do circo”, “A lagarta” e “Nova Diana”, em que se vê claramente o lugar periférico das referências a culturas antigas não-cristãs: determinado aspecto dos artistas circenses sugeria certa comparação com ideações sobre a Antiguidade; o motivo grego é aproveitado apenas na primeira das nove partes do poema para ilustrar como a lagarta é triste; e Diana surge, no último exemplo, apenas para ser ultrapassada por uma nova mulher que nasce, nesses tempos não-antigos e não-pagãos.
TEMA NATURAL COM VALOR NACIONAL
O vocabulário da obra poética de Alberto de Oliveira indica dois grandes eixos lexicográficos: o registro culto e o inventário aberto sobre determinantes locais (natureza, homem e sociedade) da nossa brasilidade. Percebe-se, na expressão poética, fantástica erudição. Não obstante, sua habilidade na escritura compatibiliza tão grave e impressionante riqueza vocabular com a musicalidade suave e deleitosa, conseqüência de seus estudos de metrificação, ritmo, rima, tropos e demais categorias da versificação. Resulta então um texto fluente e pungente, cuja densidade desperta, no leitor, tênues impressões de exotismo, conjugadas, ora à exploração de nosso patrimônio histórico ou natural, ora a uma Grécia fantasiada, território utópico afastado de uma arqueologia restauradora, em termos realistas, da Antiguidade. No primeiro caso, é notório o encantamento do sujeito frente à exuberância magnífica da vegetação, do clima, do relevo do Brasil, tomados, de imediato, como referências identitárias, buscando a formação de paradigmas que nomeiem exclusivamente uma ambientação brasileira. Tal processo ocorre de modo implícito, sem flâmulas ou estandartes de acirrada militância nacionalista. A poesia de Alberto é nacional, não nacionalista; seus temas são nacionais, sem a pretensão de erguer planos, projetos ou moldes de nacionalidade. Dessa forma, sua poética é um recolho de signos nacionais, não formatando o que é ser brasileiro em simples e infiel ideal de artista sobre “a nação”, conceito este já forjado e dessemelhante, porque ideal, sobre a cultura de um povo. Por isso, na obra de Alberto de Oliveira não há fronteiras fechadas e excludentes, e sim, o diálogo aberto com outras perspectivas. O natural é exaltado longe da visão pitoresca e edênica do Brasil, exaltação esta que, se por um lado condenada pela crítica nacional, por outro ainda constitui opção melhor do que a metáfora idílica do paraíso terrestre.
TEMA MARINHO
Nesse contato com os elementos naturais, cria-se uma atmosfera de harmonia entre todos os signos, sugerindo certo aspecto panteísta ou mesmo uma preocupação ecológica. Por exemplo, o mar é uma figura poética muito presente na obra de Alberto de Oliveira: “Aparição nas Águas” e “Ondulações”, de Canções românticas, são dedicadas especialmente ao mar. Como o primeiro poema trata de assunto pagão, a rica imaginação inspira os versos com balouços marítimos e sensuais, pois, à beira da praia, Vênus, o “Cisne do mar Iônio” banha-se por entre vagas verde-azuis e brumas fantasiosas. O mar Iônio se localiza entre Grécia e Itália, de onde uma deusa fabulosa e lasciva é flagrada às margens marítimas, numa concha gigante (já que, no poema, ela é “pérola do Amor”), qual uma nave no momento de aportar. Esse momento de atracação se repete em “A Volta da Galera”, de Meridionais. No mesmo livro, “Afrodite” é mais uma vez flagrada, desta vez em três sonetos; inclusive, Clítia também aparece, na confusão imagística entre deusa e mulher, na conformação do sagrado no humano, do transcendente no condicionado, provocando indicando o êxtase subjetivo na observação da beleza feminina. O estilo também contribui para a expressão das vagas e correntes marítimas, pelas sínqueses propositalmente criadas a fim de acompanhar o ritmo do mar, monocórdio, porém inconstante, abrindo pequenos, médios e largos ressonos.
Toda essa ambientação marítima se conjuga ao impulso erótico, pois há uma figura feminina flagrada nas praias, seja deusa, seja mulher. “Junto ao Mar” também apresenta erotismo – desta vez recalcado – por se tratar de uma criança protegida e confortada nos braços de um adulto, que a consola enquanto segreda consigo a súbita comparação entre o mar e o coração humano. O hibridismo de imagens entre o mar e o coração esboça nesse soneto a dimensão ecológica claramente vista em outros poemas, como “Magia selvagem” e “Ao ar livre”.
Se a preocupação ecológica for de fato um impulso verdadeiro e sincero em busca de um novo convívio entre o ser humano e o planeta Terra, a poesia de Alberto de Oliveira já mostra aberto o caminho para essa comunhão natural, como previu Sávio Soares de Souza, no Centenário do Poeta, em 1957, muito antes do Terceiro Milênio: “a cidade, para Alberto de Oliveira, é sempre símbolo de imundície, de contaminação” – e acrescenta: “a preocupação de pureza, de limpeza obsessiona o poeta”:
Essa ojeriza de Alberto de Oliveira não é responsável pelo seu anseio de procurar os climas puros, a salubridade de Petrópolis, a simplicidade hígida e calma da vida em Saquarema? Especialmente, se esse medo mesmo não é também responsável pela sua longevidade? (Souza, 1957)
O GLOSSÁRIO
Quanto à feitura do glossário, cabe ressaltar que eu publicarei a antologia, acompanhada de uma tese introdutória, ainda este ano, provavelmente em concomitância com outras. Alberto de Oliveira é um excelente vernaculista, cuja profundidade no conhecimento do idioma se iguala facilmente a um Rui Barbosa, por exemplo. Nosso poeta parnasiano, além de resgatar formas em desuso, principalmente acerca de nossas peculiaridades naturais ou humanas, na formação cultural de nosso povo, além desse trabalho de resgate das mais profundas e legítimas raízes do Brasil, através da palavra, o poeta saquaremense é um grande criador de vocabulário, constituindo-se em um dos maiores contribuintes para o aumento de nosso léxico, o inventário aberto. É certo notar as inúmeras criações de palavras poéticas que ora na simplicidade se referem aos costumes, tradições, marcas ou seres de nossa terra, ora no exame dos registros cultos recupera um uso ainda possível de palavras e sintaxes, fornecidas pelos nossos maiores vernaculistas, como Camões, Pe. Antônio Vieira, Alexandre Herculano. São verdadeiros tesouros, raras preciosidades que suas Poesias querem revelar e aguardam ansiosamente uma leitura despojada dos preconceitos modernistas e atuais com relação à sua linguagem trabalhada, ao esmero da forma sintática e ao rebuscamento vocabular.
Seus usos do idioma enriquece o repertório de possibilidades, dobrando a língua ao entusiasmo da linguagem e principalmente levando as classes populares aos bastidores da intelectualidade.
Assim, o filho de mestre-de-obras, com muito esforço e dedicação, chega à glória literária, amplamente reconhecida tanto no nível estético quanto no estilístico-filológico, como dão testemunho Araripe Júnior e João Ribeiro. Seu nome: Antônio, nosso Alberto de Oliveira.
BIBLIOGRAFIA
AZEVEDO, Sânzio de. Alberto de Oliveira: a ortodoxia em questão. In: JUNQUEIRA, Ivan. Escolas literárias no Brasil. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras, 2004.
OLIVEIRA, Alberto de. Poesias completas. Edição crítica de Marco Aurélio de Melo Reis. Rio de Janeiro: EDUERJ, 1978-79 (3 vols.)
SOUZA, Sávio Soares de. A outra face de Alberto de Oliveira. Rio de Janeiro, 1957. Livreto da palestra de 21/07/1957 na Prefeitura de Saquarema, sem paginação
GLOSSÁRIO
*ab aeterno = para sempre *abóbada = cobertura encurvada de pedra*absorto = concentrado, compenetrado *acerbo = azedo *achumbados = de chumbo *açoitar = chicotear *Actéon = Nome de dois personagens mitológicos: 1º Um dos cavalos do sol. 2º Filho de Aristeu e neto de Cadmo. Caçador que Diana transformou em veado, e entregou à voracidade da própria matilha por tê-la, indiscretamente, surpreendido no banho. *açucena = flor *afouto = afoito *Afrodite = deusa grega da beleza * agoureira = anunciadora de desgraças *ajaezado = adornado de jaezes (aparelho para bestas) *albufeira = laguna *alcantilada = despenhadeiro longo *alcíon; alcíone; alcione = ave fabulosa dos antigos; uma das estrelas da Plêiade *alfombra = tapete fofo e ou de grama verde *algoso = “de algas” *alígeros = alíferos, ligeiros *alpestres = alpino, dos Alpes *altaneira = enlevado, muito alto *alteia-se = põe-se ao alto, ergue-se *alvacento = quase branco, esbranquiçado *alveário = colméia, enxame ou concha da orelha *álveo = leito ou sulco *alvinitente = de alvura imaculada *alvor = primeira luz da manhã, alvura, brancura *âmbar = substância sólida de cheiro almiscarado *Anacreonte = poeta de Teos, amante do vinho *anfracto = saliente, sinuoso *anoso = idoso *antera = pequena bolsa da flor onde ficam os pólens *anu-do-brejo = animal típico *anuns = ave devoradora de insetos *Aônia = fonte da Beócia onde Homero saciou a sede. *apraz = causa prazer *apraza = cause prazer *Aquário = Hebes ou Ganimedes; constelação *Áquilo = Aquilon ou Bóreas, um titã *araucária = árvores grandes, pinhões brasileiros e sul-americanos *arcadas = abertura em forma de arco, série de arcos acima das portadas *ardentia = bioluminescência marítima *areal = região de areias *argentados = prateados *argênteo = prateados *arqueados = com forma de arco *arquear = curvar em forma de arco *arrealvada = cheia de relvas(?) *arrebaldes = cercanias da cidade, subúrbio*arrebol = vermelhidão do amanhecer ou entardecer *arrostar = encarar sem medo *às tontas = tonteando *aspeito = aspecto (vocalização) *assentes = neol. assentados, -as *assolação = devastação *Atala = deusa grega *atalaia = vigia, sentinela *Aura = vento branco, halo iniciático *auras = espíritos *áureas = de ouro *aurifulgentes = brilhoso como o ouro *aurora = manhã
azinhavrado = crosta esverdeada nas superfícies de cobre *azorragues = açoite *babugem = espuma da água *bastos = espessos, densos ou lombilho *batel sem remos = pequeno barco *bauínia = bauhínia = árvores leguminosas *beldade = beleza ou mulher bonita *berilo = pedra semipreciosa *Bernardim Ribeiro = poeta português que acompanhou Sá de Miranda à Itália, cujas poesias estão inclusas no Cancioneiro Geral de Garcia de Resende *bico-rateiro = bico-rasteiro = ave brejeira, preta e amarela, típica do Brasil/América do Sul *“boas-noites” = trepadeira ornamental *boninas = bela-margarida ou maravilha, flor *Bóreas = Titã do vento *borrascas = ventos fortíssimos*botelha = frasco *brame = rugir, gritar *brenha = mata espessa *bruma = nevoeiro *caieiras = fábrica de cal ou forno de olaria *cálidos = quentes ou apaixonados *cálix = variante de cálice *câmara-ardente = sala do velório *campanário = torre de sinos *campônio = camponês *Campos = cidade fluminense, RJ *cândida = alvo, imaculado, inocente *carcás = aljava *cárcere = prisioneiro *cárdea = rel. ao cardo *cardo = planta daninha *carmes = versos líricos *catraia = pequeno barco ou meretriz *cavos = côncavo, vazio *cecens = açucena *célere = rápido *célico = celeste *ceno = lodaçal *cérea = de cera *Ceres = deusa romana da agricultura *cérula = cerúlea = do céu *cetínea = cetinoso = macio como o cetim *choça = choupana, cabana, habitação humilde *chusmas = grande quantidade *cibo = comida *cimo = cume, alto *cingir = rodear, ligar em volta *cintado = à cintura ou fiada de chapas protetoras do casco *cinzel = ponteiro para esculpir *circunfuso = rodeado *cirros = nuvem de cristais de gelo ou ligaduras entre plantas vizinhas *cismativo = cismado *cítaras = instrumentos de corda aperfeiçoados da lira *clâmide = manto dos antigos gregos *coléricos = irados, raivosos *colmada = coberta, toldada *colo = (poet.) pescoço, embora na poesia albertiana também signifique o vértice entre coxas e abdômen, como no coloquial *coma = cabeleira, revestimento *combure = comburir, queimar *combusto = queimado *conspurcar = sujar, macular *corimbos = inflorescência irregular nas bases e de mesmo nível no cimo *corcéis = cavalos robustos *corola = conjunto das pétalas *covis = pl. de covil, toca de feras, rancho de bandidos *crispar = encrespar *crômula = (neolog.) micro pigmento (?) *Dafne = ninfa perseguida por Apolo, transformada em loureiro *deidades = divindades *descantar = cantarolar *desimplanta = extrai com violência *desornada = sem ornatos, sem enfeites *deslembrar = esquecer *desparzida = espalhada *diadema = faixa ornamental da cabeça dos soberanos *dileta = predileta *dilúculo = alvorada, nascer-do-sol *direitura = qualidade do que é reto ou direito *dispartia = distribuir *dossel = sobrecéu, toalha, cobertura de flores *douda = (var.) doida *Éden = jardim criado por Deus para Adão *eflúvios = emanação invisível de um fluido, exalação, perfume *efundir = derramar *eito = limpeza de plantações com enxada *elando = prendendo com elo *elmos = capacete das armaduras antigas *em áscuas = com repulsa *embarafustar = entrar desordenadamente *embate = choque, colisão *emergir = subir à superfície (aquosa) *enastrado = enrolado com fitas *enfarar = enfastiar, entediar *enfermo = doente *entremostrar = mostrar incompletamente, deixar entrever *eólia = do vento, da tribo helênica migrada para Eólia *equóreo = relativo ao mar alto *Erínias = criaturas nascidas do sangue fecundado na terra, deusas furiosas *ermo = lugar deserto *erradia = errante *errante = sem destino *ervado = envenenado com ervas *esbelta = alta, magra e elegante *escampo = tempo estiado *escarpada = íngreme *esconsa = oblíquo, escondido *escruta = investiga *escumilha = chumbo para caçar pássaros ou tecido fino de gaza *esfazer = neol. esfacelar, desfazer *esfuzir = (var.) esfuziar = (var.) esfuzilar = zunir como fuzis *esguio = liso, magro, esbelto *esmaiada = (var.) desmaiar *espádua = ossatura do ombro *esparcelada = neol. prefixo de intensidade + parcelada *esparzido = espalhado *esparzir = espalhar *espata = bráctea que envolve as espigas *espátula de flor = (diminutivo) bráctea que envolve a flor *espessura = (poet.) grossura ou mata densa *esplender = resplandecer *espraiar = estender ao mar, alastrar *estância = morada, paragem, fazenda *estival = próprio do estio *esto = calor, paixão *estorcer = torcer com força *estouraz = que estoura *estragoso = estragador, que estraga *estreme = puro, genuíno *estridor = ruído forte *estrídula = estridente, barulhento *estrige = estronda, faz estrondo *esvão = vão, fenda, entre telhado e forro *esvazada = vazia *Éter = espaço celeste, região superior, transcendência *etérea = de Éter, sublime, puro *Eurotas = rio do Peloponeso que banhava Esparta *evolar = talvez verbo derivado de evulsão *evulsão = extração violenta *exagitado = prefixo de intensidade + agitado *exangue = sem sangue *exíguo = escasso *exsurge = erguer-se *extático = com êxtase *extenuada = enfraquecido *exulcerantes = aflitivo, causador de úlceras *exulcerar = causar úlcerar, magoar, atormentar *fadário = destino ruim *fanar = murchar, amputar *fátuo = néscio, tolo, vaidoso, fugaz *fauce = garganta *faunos = divindade campestre com aspectos de cabra *feral = fúnebre *feraz = fértil, produtivo *festões = ramalhetes de flores ou ornato com forma de grinalda *firmamento = o céu *flâmula = pequena chama ou bandeira *flava = loura *flébil = choroso *flóreo = de flor *flux = fluxo, jorro *fojo = arapuca cavada ou fundura do rio ou caverna *fragas = rochas *frágua = fornalha, calor intenso *fragura = penhascoso ou de difícil acesso *fronde = copa das árvores *fronte = testa ou rosto ou dianteira *frouxéis = penas macias *fulgor = brilho *funesta = mortuária, fatal *furnas = cavernas ou subterrâneos *gameleira = quaxinduba = árvore típica de matas úmidas cujo látex é venenoso *garço = verde-azulado *Graças = glórias *gráceis = delgados, graciosos *Grécia = país berço da civilização ocidental *grei = rebanho *gretado = com aberturas provocadas pelo calor *grimpas = ponto mais alto *grota = vale ou depressão profunda *grotões = grotas grandes *hartos = forte ou grosso *Hélade = Mundo helênico *heras = trepadeiras *hirsuto = peludo *hirtas = eriçadas, eretas, esticadas *Horácio = teórico da poesia *hurra = exclamação de entusiasmo *íbis = aves pernaltas da Europa e Norte da África *ígneas = de fogo*ignotas = desconhecidas *Ilíadas = feitos heróicos *imbaíba = umbaúba = árvore de tronco indiviso, cujas estípulas são preferidas pelas preguiças *Imbuí = cascata em Teresópolis *imoto = imóvel *impudentes = sem pudor *inambu = inhambu = aves americanas sem cauda * inclemente = sem clemência, sem misericódia *indolente = insensível, sem dor *indômita = indomada *infectos = infectados *informe = sem forma *ingazeiros = árvore de flores densas, cujo fruto é o ingá *insofrida = não sofredor ou impaciente para sofrer *intricado = intrincado = obscuro, confuso *Iônio = Jônio = Jônico = mar entre Grécia e Itália *iriada = com as cores do arco-íris *Issedônia = na Antiguidade, região da Sibéria *Itaboraí = cidade fluminense, RJ *Jano = deus romano de duas ou quatro cabeças, cujo nome originou janeiro *jaspe = pedra preciosa ligada à fundação *jazia = repousava, deitava, como morto *jônia = relativo às Ilhas Jônicas ou à Jônia turca *juncam = cobrem de junco (espécie de gramínea) *Juno = esposa de Saturno, deus soberano da mitologia romana *labores = trabalhos, tarefas *Lácio = região da Itália donde provém o Latim *lácteo sideral = rel. à Via-Láctea, nossa galáxia *laia = qualidade, casta, estirpe ou prata *lascivo = sensual e libidinoso *lasso = cansado ou frouxo*ledos = alegres *lentejoulada = pequeno enfeite circular do tecido *lesta = ágil *Levante = nascer-do-sol *lho = contração dos pronomes “lhe” e “o” *liana = trepadeiras tropicais *libar = beber, sugar *libo = bebo, sugo *Lília = a flor lírio *linfa = líquido, água *liquens = simbiose entre alga verde ou azul e fungo superior (cogumelo) *lisins = veio da madeira ou sulco de pedras e mármores *lúbrica = úmido e escorregadiço, sensual *lucilar = brilhar frouxamente *lufada = rajada ou método de pesca *lufa-lufa =grande afã, agitação *lúgubre = de luto, fúnebre *lumes = luzes, clarões *macular = manchar (a honra) *madressilvas = trepadeira de perfumadas flores *mangangás = peixes atlânticos; no Brasil, pardos e peçonhentos *mármor = (apócope) mármore *marnel = pântano *medas = montões, montes, molhos *medra = medrança, crescimento *Menalcas = pastor poeta latino, célebre no desafio com Dametas nas Bucólicas vigilianas *merencória = melancólica *miasma = (obsoleto) emanação fétida e nociva causadora de males *mica = mineral dessa família, por exemplo, malacacheta ou migalha *miosótis = herbácea de flores pequeninas dispostas em racemos, “não-te-esqueças” *moimento = monumento *moitões = lugares com moitas *moribundo = funesto, morrente *mormaços = tempo/clima abafado *nácar = substância branca e brilhante do interior das conchas *náiades = ninfa dos rios e das fontes *nastros = fitas, cadarços *nau = embarcação *Nero = imperador romano que pôs fogo em Roma *níveo = de neve *nixes = demônios aquáticos temperamentais *Oberon = rei dos elfos na peça shakespeareana Midsummer Night’s Dreams *Ocaso = pôr-do-sol *odienta = que guarda ódio *Ofélia = personagem da peça shakespeareana Hamlet, príncipe dinamarquês por ela interessado *Olimpo = lugar dos deuses *olmo = árvore européia de folhas simples e dísticas, importante para comercialização *ondina = ninfas das águas *onixes = ônixes = plural de ônix *opalas = pedras preciosas azuladas e leitosas *opima = excelente *pairando = movendo-se com lentidão no alto *pálio = manto, capa *Pandora = deusa que guardava a caixa dos males *paragem = lugar aconchegante *Paros = ilha da Grécia *pascer = pastar o gado, dar recreio *pávido = pavoroso, assombroso *pedrouços = montão de pedras *pelourinho = coluna onde se castigavam escravos e criminosos *penedia = reunião de penedos, de rochedos *penedo = rochedo *penhascais = série de penhascos, rochedos *peregrina = (poet.) contaminação semântica de caminhante e excelente *pétrea = de pedra *píncaros = altos, cimos *piques = lanças antigas *piscas = grãozinhos *plaga = região, extensão de terra *plaustro = carro descoberto *Poente = pôr-do-sol *polés = antigo instrumento de tortura para pendurar castigados com pesos nos pés *Pompéia = cidade sepultada pela erupção do Vesúvio (Nápoles) *porfia = discussão, competição, rivalidade *prásios = (latim “prasios”, verde claro) esmeraldas*prístinos = antigos *procela = tempestade marítima, agitação, turba (multidão) *prometeana = relativo a Prometeu, titã que deu o fogo da vida aos humanos *pungir = ferir, furar (também moralmente) ou estimular, incentivar *puníceos = da cor da romã, vermelho *pútrido = podre *quebrantar = quebrar, abater, violar *quebros = inflexões da voz, requebros *quedo = caído, ao chão *queimor = ardor, sabor picante *rabel = (árabe “arrabil”) espécie de rabeca, por extensão “rabel de flores” = arranjo de flores *rebentões = brotos que surgem da raiz e formam nova planta ou arbustos de terrenos incultos *refulgência = brilho intenso *regato = curso de água estreito, riacho *regougando = gritando *reposteiro = cortina de estofo pendente nas portas das casas *rés = sing. raso, rente, rasante *resmoneia = resmonear = resmungar *réstia = corda entrelaçada *retorsos = (neol.) muito torcido *retumbar = estrondar, ecoar *ribeiro = riacho *rifão = provérbio *Robim = personagem encantada que enfeitiça os jovens na peça shakespeareana Midsummer Night’s Dreams *rofas = rugosas *rogo = pedido em prece *ronda = volta de inspeção *rota (ô) = que se rompeu *rubro = vermelho *rudo = rude *rútilo = muito brilhante *sáfara = inculta, agreste, rude *saltear = atacar de salto ou de repente, assaltar, roubar *sanfonina = pequena sanfona/rabeca/acordeão típica da Ibéria *sanguissedenta = neol. sedenta de sangue, sanguinária *sanhudo = irado, rancoroso, furioso ou temível *sassafrás = árvore grande de casca medicinal e cheirosa, cuja madeira é de lei *sátiros = semideus da floresta, com chifres curtos e pés de bode *sazão = estação *sedu-la = indicativo “seduz” + pronome “a”; “a seduz” *semi-ânime = neol. semimorto *semicapros = ser fantástico metade homem e metade bode *sequioso = ávido, sedento *serpes = serpentes *sidéreo = sideral *silente = silencioso *silvos = apitos, estalidos *socava = dar socos, esmigalhar ou brotar *soidão = solidão *soturna = tristonha, taciturna, pavorosa *surdir = sair da terra, brotar ou emergir ou navegar adiante *surrão = bolsa de couro para farnel *sus! = (interjeição) eia!, zás! *sustida = suspensa, sustentada *té = (aférese) até *tecto = teto *tenro = mole, macio, fresco *Teócrito = (310 A.C – 250 A.C.) poeta grego, autor de Idílios *Teos = radical grego referente a Deus *tétrica = fúnebre, horrível, medonho *tetro = neol. síncope de “tétrico” *tília = árvore de folhas alternas e cordadas, de fruto drupáceo e flores em cimos *Tirses = deidades femininas extremamente belas.*to = contração de dois pronomes: “te” + “o” *torrente = curso de água temporário e violento *torreões = torres largas *torvelim = (apócope) torvelinho; redemoinho *transida = penetrada, trespassada ou assombrada, assustada *trás si = atrás de si *trebelhar = fazer trebelho, brincar *treda = traiçoeiro, falso *trépido = trêmulo de susto, o que treme ou trepida *troar = trovejar, estrondear *tropel = tumulto de multidão *tropelia = tumulto de multidão *túrbida = perturbadora *uivar = expelir som de cão ou lobo *umbela = guarda chuva ou manto sacerdotal ou inflorescência equânime das flores *undoso = onduloso, ondeante *úsnea = líquen *val = (apócope) vale *várzea = planície fértil e cultivada *vasa = (subst.) lama inconsistente do oceano, lodo ou vaso onde gira a mó do moinho *vertem = fazem curso próprio *Vésper = estrela *Vesúvio = vulcão inativo de Nápoles *viajor = viajante *virentes = verdes, verdejantes *volatear = esvoaçar *Vulcano = deus do fogo *volúpia = grande prazer *volúvel = que gira com facilidade *Willis = demônios eólicos *Zagala = neófita do pastor *zagais = jovens pastores *Zéfiro = Vento do Ocidente, filho de Éolo e de Aurora *Zeus = deus grego soberano do Olimpo *zinir = zunir = causar barulho como ventos ou insetos *zunintes = barulhentos como vento ou inseto