A LINGUAGEM FEUDOVASSÁLICA
NOS YSOPETS DE MARIE DE FRANCE

Cristina Maria Teixeira Martinho (USS)

 

Marie de France, a primeira escritora européia de obras de ficção, registra fábulas que, como outras manifestações da cultura, são um instrumento de práticas sociais de caráter comunicativo necessárias para produzir e reproduzir determinadas estruturas na sociedade. Os Ysopets, fábulas à maneira de Esopo, ao expressarem o momento político do chamado Renascimento medieval, na Inglaterra e na França, deixam transparecer a intervenção da autora, interessada em fortalecer a ordem ideológica. Essas histórias contêm referências caracterizadoras, tanto do contexto político feudal, como das relações entre os membros da nobreza e desta com a realeza. Com um discurso sofisticado e consciente da necessidade de preservar a memória cultural, Marie busca uma linguagem semanticamente articulada com a Antigüidade para expor efeitos sociais, políticos e psicológicos de sua época. O objetivo deste presente trabalho é analisar os recursos lingüísticos e literários mediante os quais as funções socioculturais são estabelecidas. A alegoria e a linguagem simbólica fundamentam a concepção comunicativa desta  obra literária,  que constitui um documento importante para a transformação histórica do século XII.