A
retórica do consumo
estudo lingüístico-semiológico
do
discurso publicitário
Guilherme Nery Atem
O
tema que apresento é o da
construção lingüístico-semiológica do
sentido, a
partir de uma
análise
crítica das
mensagens
verbais e não-verbais provenientes do
discurso publicitário, o qual precisa
direcionar as “interpretações
possíveis” (problema da polissemia), tornando-as “interpretações necessárias” (para
que o anunciante atinja
seu público-alvo
com a
eficácia da persuasão). Apesar de se
saber,
hoje,
que a
Semiologia difere
essencial e
fundamentalmente da
Semiótica, pretendo
levar
em
conta o
conceito de “Interpretante”,
tão
caro a
Charles Sanders Peirce.
Para
este, “Interpretante” é
tudo
aquilo
que
um
signo está
apto a
produzir na
mente do
intérprete. Se o
indivíduo
receptor (consumidor,
ou, no
limite,
todos
nós) tem
maior
ou
menor
capacidade de
interpretar
singularmente uma
mensagem
publicitária,
eis uma
questão
que dependerá indissoluvelmente das
estratégias
retóricas construídas,
com
maior
ou
menor
eficácia,
pelo
sistema midiático-publicitário de
estímulo ao
consumo.
Como objetivo, perguntamo-nos: como se constróem as
bases lingüístico-semiológicas do
discurso
publicitário, e
que fundamentam a
natureza e a
função da “retórica do consumo”? Todo
discurso carrega
algum
grau de
persuasão,
mais
ou
menos
explícito. Se levarmos
em
conta a
teoria performativa da linguagem, de John Austin, e
também o
conceito de “ilocutório”,
em Ducrot, chegaremos à
noção de
linguagem
que vislumbramos aqui: a
sua
posição e
função na
estrutura sociocultural do
cotidiano – pois, ao
dizer,
não
apenas faço algo,
mas faço
com
que façam – neste
sentido, trata-se da
linguagem
como palavra-de-ordem.