Amazônia
da visão dos naturalistas
em suas viagens filosóficas
aos compositores populares
um grito pela preservação

Ivone da Silva Rebello (PCRJ e UCAM)
Eliana da Cunha Lopes (PCRJ e FGS)

 

O presente trabalho consiste num estudo crítico-literário e histórico sobre a Amazônia, tomando-se como corpus manuscritos e músicas populares. A crise ambiental, que grassa sobre a Terra, tem posto em risco a sobrevivência de todos os seres vivos, especialmente o homem. Diante desse quadro, surgiu a idéia de se fazer um estudo sobre a Amazônia, partindo-se de manuscritos (Roteiros de Viagens Filosóficas, de 1600 a 1850), escritos por Naturalistas em suas viagens pelo interior do Brasil, por ordem da Coroa Portuguesa, com a finalidade de demarcar as terras ou confirmar e reconhecer o que já pertencia ao Estado Português. Tais viagens foram relatadas com admiração pelos antigos desbravadores ao se depararem com a grandeza do espaço natural, alimentado por águas cristalinas do Amazonas e seus afluentes, cuja nascente ...quer o Peru vangloriar-se pelo princípio e nascimento d’este grande rio, celebrando-o e aclamando-o como o rei dos outros. (D’Acuña, 1639) Naturalistas da época se surpreendem diante dessa paisagem formada por nativos, riquíssima fauna e flora, rios, tudo observado minuciosamente com um olhar científico e, ao mesmo tempo, de curiosidade diante do cenário natural, pois realmente, a Amazônia é a última página, ainda a escrever-se, do Gênesis. (Euclides da Cunha) Nesse quadro paradisíaco, a floresta e a grande bacia hidrográfica, além de sintetizar uma cultura construída e/ou destruída ao longo dos séculos, foram eleitas como cânones em composições modernas e na voz de cantores populares, tendo sido aclamadas como o espaço ambiental de reflexão do homem contra a destruição. Hoje, a saga da Amazônia é sua luta pela sobrevivência; as dores que ela suporta na superfície da sua pele e na sua epiderme talvez pareçam toleráveis, mas, no fundo, toda a ânsia pela riqueza leva aos crimes, às matanças e a própria destruição da vida.