Descrição e Argumentação
em classificados de imóveis

Renata G. Palmeira (UERJ)

 

Ao abrir um jornal na sessão de classificados ou ao acessar a Internet na página de classificados de uma imobiliária, em busca de um imóvel para compra, nos deparamos com o que, a princípio, nos parece ser a descrição do nosso (provável) objeto de desejo. Contudo, na distância entre o objeto descrito (o imóvel) através de um texto escrito, quase cifrado, vemos a presença da argumentação por parte do anunciante (o proprietário ou a corretora de imóveis) que pretende convencer os compradores em potencial das vantagens do produto oferecido.

Considerando essas duas forças, descrição (Adam, 1993) e argumentação, a primeira operando a serviço da outra e ambas a serviço dos classificados de imóveis, vistos aqui como gênero, necessitamos identificar, então, o que o texto não diz, assim como também o que ele não nega, isto é, tudo aquilo que mais nos distancia da realidade.

Este trabalho que está sendo desenvolvido como projeto de Iniciação Científica na área da Lingüística Aplicada, tem como objetivo, a partir da comparação dos classificados, identificar nestes a presença de afirmações que apresentem uma negação implícita.

Nosso corpus de análise compõe-se de recortes de anúncios de classificados de imóveis referentes a apartamentos de sala e um quarto no bairro de Copacabana, publicados no jornal O Globo, nos finais de semana dos meses de maio e junho de 2007.