DESVENDANDO O POLÍTICO E O ECOLÓGICO
EM PASSAREDO

Aline Moraes Oliveira (UFES)
Lúcia Helena Peyroton da Rocha (UFES)

 

A canção Passaredo, de Chico Buarque e Francis Hime, composta em 1975/1976, permite-nos trilhar por dois percursos: o político e o ecológico. Para tecermos a leitura política desta canção, consideramos importante observar, dentre outros aspectos, a ancoragem temporal, pois como nos assegura Koch (2004) a data da produção dos discursos é um fator preponderante para a construção do sentido. Há que se considerar nesse viés que o Brasil continuava experimentando o gosto amargo da Ditadura Militar, sob o comando do General Ernesto Geisel (1974 – 1979) e que o cenário político-econômico-social permanecia conturbado: fim do milagre econômico, crise internacional do petróleo, lutas internas pela abertura política, torturas, desaparecimentos e mortes. É inegável o grito de Chico, em sua letra, e de Francis Hime, em sua música. Concordamos, em parte, com Werneck (1989) que “uma letra de música, na verdade, é muitas vezes uma peça de pura ficção”, por isso não vamos enquadrar a obra em questão como canção de protesto, nem mesmo como uma obra ecológica, porém como pesquisadoras, pretendemos trabalhar com as leituras que Passaredo possibilita.