Funções administrativas e trabalho docente:
a burocracia em uma Instituição Pública
de Ensino Superior

Fernando Neves (CEFET/RJ)

 

A administração burocrática ainda em vigor nesse começo de século tem normas rígidas, estratégias de curto prazo, um grande volume de formalizações, paternalista, preponderantemente normativa, regulamentadora, centralizadora e hierarquizada (Bresser, 1999). O nível de entraves na administração pública provocado por um modelo de gestão burocrático agravado por crises e escândalos sucessivos nos faz pensar sobre a efetividade do atual modelo de gestão burocrático e como este pode influenciar o trabalho docente. No presente trabalho, temos como objetivo discutir os efeitos do modelo burocrático de organização no trinômio Ensino, Pesquisa e Extensão no cenário de uma Instituição Federal de Ensino Superior (IFEs) cenário Institucional do Serviço público Federal, pois acreditamos que tais entraves burocráticos ocorrem da mesma forma que no restante da esfera federal. Pretendemos, dessa forma, verificar como acontece no cotidiano de trabalho do professor a relação com as questões administrativas, dar maior visibilidade às funções administrativas relacionadas ao trabalho docente, demonstrando que o desempenho de tais funções é constitutivo do trabalho do professor. Buscamos em nosso quadro teórico atender a especificidades de propostas que consideram a produtividade de investigações voltadas para análises de discursos que circulam, de certa forma, sobre o trabalho. Para tal, do ponto de vista da teoria, a linguagem é aqui compreendida como resultado de uma atividade humana, de um agir discursivo no mundo que nos situa, numa posição que confere especial destaque a contribuições interdisciplinares referentes ao mundo do trabalho (Schwartz, Lacoste, Nouroudine), à perspectiva dialógica da linguagem (Bakhtin)