IDADE DE FERRO

Amós Coêlho da Silva (UERJ)

 

Em Hesíodo (final de VIII a.C.), nos Trabalhos e os Dias, narra-se o mito das cinco raças (de 109-201). Vai desde a ‘khrýseon guénos’, a ‘guénos sidéreon’, da raça do ouro à de ferro, ou seja, quatro metais - ouro, prata, bronze e ferro - conforme a qualidade do metal, teríamos a qualidade de vida: assim, o ouro significaria abrigo aos males e dificuldades... A de ferro, a condição humana de descomedimento e de desrespeito religioso, sintetizados na antítese: Violência, ‘Hýbris’ oposta à Justiça, ‘Díke’. Os mortais criaram o mundo ambíguo, do bem e do mal, do nascimento e morte, do homem em oposição à mulher...

Uma das fontes de Ovídio (43 a. C  a 18 d. C.) foi Hesíodo para escrever as suas Metamorfoses, poema que descreve a Idade de Ferro a partir do hexâmetro datílico 127.

O Antigo Testamento contém também esse elemento de violência do homem. Em Daniel, 2, o sonho de Nabucodonosor simboliza que Deus teria conferido ao reinado de Nabudonosor o sentimento de cooperação entre os homens.

Em latim, este sentimento, o respeito recíproco, se denomina pietas: governo em que o povo pode confiar.